O Racismo à brasileira

Você já imaginou o que é ser negro? Qual a situação do negro aqui no Brasil? Porque a sociedade discrimina as pessoas de cor preta?

O racismo é um problema mundial, mas geralmente aqui em nosso País, é tratado como se não existisse. Esse faz de conta deixa-nos bastante cômodos, e camufla uma situação de fato no nosso dia a dia, em ocasiões corriqueiras e conversas informais, piadinhas que veiculam imagens estereotipadas que inferiorizam o negro. Bem, depois das piadas serem contadas e certamente provocarem risos, há que dê um aperto e mão ou um tapinhas nas costas de um colega de cor preta e diga: “é brincadeira, apesar de negro, você é nosso amigo”.

A outra forma é o subterfúgio, espécie de artimanha de isenção de responsabilidade social, no qual as pessoas atribui ao negro a culpa pela sua situação, pelo seu “destino”. Assim, ao invés de vítima, passa a ser o algoz de si mesmo, e de agredido ele passa a ser o agressor. Essa burla dos fatos pode ser exemplificada em frases como “É o negro que discrimina!”; “O negro é que é racista!”; “O negro é pobre porque quer!”.

O Mito da Democracia Racial

No que diz respeito somente aos negros, no Brasil há um mito que impede que muitos deles se identifiquem propriamente como pessoas negras e partam, juntamente com outras pessoas comprometidas com sua causa, para ação política. É o mito da democracia racial, eficaz por negar que exista conflito entre negros e brancos. No nosso entendimento, o conflito racial existe, sutil, velado, não declarado.

A sociedade resiste em livrar-se de seus mitos porque é difícil encarar a realidade. Quando se torna impossível sustentar a tensão entre o real e o imaginário, entre o objetivo e o subjetivo, são buscadas medidas paliativas que pouco resolve. No nosso caso, a realidade é a existência do racismo; o imaginário é a negativa de que este exista.
O fato de nesse pequeno ensaio estarmos discutindo essa questão interna, mas o racismo no mundo é endêmico. Vários estudos apontam a etnocentria como fator preponderante, entre outros. No caso dos movimentos e protestos atuais nos Estados Unidos, em que pese o assassinato do negro George Floyd, nos remete às correntes de pensamentos ou sentimentos que à medida que circulam socialmente fazem eclodir generalizados movimentos de protesto.

Claro que em momento de pandemia as emoções se exacerbam diante do imprevisto e das temeridades. A tendência é que os protestos atuais venham a ser substituídos por outros temas de protestos, conforme a pauta de cada época. Uma mudança substancial dos atuais protestos poderia surgir se provocasse uma nova legislação ou um novo pacto de lideranças comprometidas com mudanças estruturais no seio das sociedades. Tem sido muito difícil construir novos pactos em decorrência apenas de protestos. A esperança é que surja algum estadista que crie um fato novo para melhor entendimento de processos étnicos e culturais.

Bem! A pergunta que deixo aqui é: o que estamos deixando para as próximas gerações?

Por Celso Franca, Doutor em Educação pela Facultad Interamericana de Ciencias Sociales; Mestre em Sociologia (UFPE); Especialização em Gestão de Negócios Internacionais (FGV); Graduado em Ciências Sociais (UNIFACS); Prof. da FACAPE; Vice – Coordenador do Projeto Escola Verde – PEV.

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