Isto Posto … Tiradentes: herói necessário ou conveniente.
Durante a Educação Fundamental, o senhor Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes (1746/1792), um ativista político do Brasil Colônia (1530-1815), é-nos mostrado como um grande herói nacional, pois desafiou a força da Coroa Portuguesa para instituir no Brasil uma república aos moldes francês ou Estadunidense. Para tal se valeu, juntos com outros intelectuais, da insurreição contra a ganância de Dom João V em cobrar impostos cada vez maiores, a fim de custear o luxo dos nobres portugueses.
O estopim da revolta fora a instituição da Derrama, medida administrativa que permitia a cobrança forçada de impostos com prisão do devedor, de modo que fosse garantido o chamado Quinto, imposto pago semestralmente em arrobas de prata ou ouro destinadas a Real Fazenda.
O movimento se iniciaria na noite da insurreição: os líderes inconfidentes sairiam às ruas de Vila Maria dando vivas à República, com o que ganhariam a imediata adesão da população. Porém, antes que a conspiração se transformasse em revolução, em 15 de março de 1789 foi delatada aos portugueses por Joaquim Silvério dos Reis e outros sacripantas a serviço de Portugal.
Daí, a revolta foi sufocada e Tiradentes esquartejado e exibido aos pedaços pelas ruas para servir de exemplo. O Alferes foi sumariamente condenado pelo o crime de lesa-majestade, tão abominável como uma blasfêmia contra Deus, segundo consta dos anais da História:
“Lesa-majestade quer dizer traição cometida contra a pessoa do Rei, ou seu Real Estado, que é tão grave e abominável crime, e que os antigos Sabedores o comparavam à lepra; porque assim como esta enfermidade enche todo o corpo, sem nunca mais se poder curar, e empece ainda aos descendentes de quem a tem e aos com quem ele conversa. Pelo que é apartado da comunicação da gente: assim o erro de traição condena o que a comete, e empece e infama os que de sua linha descendem, posto que não tenham culpa.”
Entretanto, o mais notável nessa história trágica é como Tiradentes, ao longo dos anos, a depender de quem estivesse governando o Brasil, se militar ou civil, passou de bandido a herói segundo as conveniências do momento político.
Hoje, talvez devido à falta de instrução ou coragem dos brasileiros em coroar seus heróis verdadeiros como os Índios, Zumbi dos Palmares, Francisco Julião, Josué de Castro, as Vítimas do Regime Militar, dentre tantos outros que arriscaram sua segurança, sua vida em prol de construir um Brasil melhor, a exemplo dos sindicalistas tratados como bandidos por partidos de direita ou de esquerda – cite-se o soldado baiano preso pelo governo do PT – ou assassinados como Chico Mendes, Tiradentes seja, ainda o melhor exemplo de heroísmo que este país tem: Herói forjado na mentira e manipulável conforme os interesses de políticas mesquinhas e genocidas.
Isto Posto… Nunca é inoportuno lembrar que heróis de verdade são aqueles que perseguem um ideal de justiça como os camponeses trucidados, diariamente, por grileiros nos rincões do Brasil ou bravos soldados baianos que resistem à tirania de gerentes do Capital.
Por: Adão Lima de Souza
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