Isto Posto…Os hábitos burgueses da esquerda latino-americana

Particularmente no Brasil, as forças antagônicas do campo político, sociologicamente denominadas de liberais e progressistas, convencionaram adotar como designação uma da outra, nesta ordem, de “direita coxinha” e “esquerda caviar”, como forma de realçar o que consideram traço marcante da atuação político-partidária-ideológica de seu oponente.

Assim, temos hoje no país clara divisão entre aqueles a quem se pode chamar de força votante decisória, pela capacidade de influenciar e angariar adesões ao programa que defende, formando opiniões e conquistando votos que definem os rumos da sociedade.

Na América Latina, de forma geral, desde a ascensão de Hugo Chaves, tais alcunhas, e outros termos como “venezualização”, têm sido utilizados de modo pejorativo para menosprezar a importância do adversário político, atribuindo-lhes qualidades e predileções que contradizem o programa ideológico que defendem.

Todavia, tais designações não parecem ser de todo injustas, já que atitudes de pessoas ditas progressistas, bem como a manutenção de vícios por parte dos liberais, confirmam a inclinação de seus líderes políticos por privilégios e prerrogativas que destoam enormemente das ideias que pregam.

A título de exemplo, tomemos a defesa do Estado Mínimo pelos liberais e sua recorrência aos cofres públicos para obrigar o erário suportar os prejuízos de empreendimentos estrangulados pela mão invisível, na festejada autorregulação do mercado.

Noutra parte, a denominada esquerda caviar, embora não se deva negar certa inclinação de seus programas partidários para o atendimento das demandas populares, nunca conseguiu disfarçar seu gosto pelas benesses capitalistas, sejam elas manifestas na preferência por charutos cubanos, vinhos e whisky importados, ou pela escolha de cidades europeias ou americanas para estabelecer sua moradia, como é o caso de Rafael Correia, ex-presidente do Equador, hoje vivendo em Bruxelas, na Bélgica.

No Brasil, a Lava Jato revelou certa medida de ostentação de nossos esquerdistas, como obras de arte milionárias, adegas fartas de bebidas caras, tríplex de luxo, sítios com torre de telefonia e lago próprios, contas em paraísos fiscais, sofisticado esquema locupletação baseado no recebimento de propinas de empresas capitalistas, em troca de primazia nos contratos públicos.

Isto posto, as alcunhas empregadas fazem jus aos hábitos analisados. Como prova disso temos o cenário restante da aclamada primavera latina, onde floresceu e declinou o socialismo do século XXI, no qual líderes populistas se acostumaram às mordomias do poder, alargando o máximo seus mandatos e influência, ainda que contra a vontade popular como Evo Morales na Bolívia ou através da tentativa de aniquilar os oponentes como Nicolás Maduro, na Venezuela.

E nem é preciso ressaltar os casos de Lula no Brasil e Cristina Kirchner na Argentina e outros expoentes, a exemplo dos de políticos peruanos, processados, condenados, presos ou procurados.

E ainda cabe perguntar quando foi que Fidel Castro tomou um café sem açúcar?

 Por: Adão Lima de Souza

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