DIA DA MULHER: Aviso da Lua que Menstrua

 O blog Cidadania Ativa, por meio destes versos de autoria da atriz e poetisa Elisa Lucinda, homenageia todas as mulheres neste que é seu dia. Acrescenta ainda que estamos filiados a todas as ações que visem combater  a violência contra a mulher, as atitudes discriminatórias, sejam por diferenças de gênero ou fruto da perversidade dos que idealizam subterfúgios para sustentarem condições de desigualdade inaceitáveis num mundo construído pela união entre homens e mulheres em busca da felicidade.

Por fim, informa que o cidadania Ativa está a disposição das mulheres que busquem espaço para divulgarem sua ideias.

Elisa Lucinda

Moço, cuidado com ela!

Há que se ter cautela com esta gente que menstrua…

Imagine uma cachoeira às avessas:

cada ato que faz, o corpo confessa.

Cuidado, moço

às vezes parece erva, parece hera

cuidado com essa gente que gera

essa gente que se metamorfoseia

metade legível, metade sereia

Barriga cresce, explode humanidades

e ainda volta pro lugar que é o mesmo lugar

mas é outro lugar, aí é que está:

cada palavra dita, antes de dizer, homem, reflita…

Sua boca maldita não sabe que cada palavra é ingrediente

que vai cair no mesmo planeta panela.

Cuidado com cada letra que manda pra ela!

Tá acostumada a viver por dentro,

transforma fato em elemento

a tudo refoga, ferve, frita

ainda sangra tudo no próximo mês.

Cuidado moço, quando cê pensa que escapou

é que chegou a sua vez!

Porque sou muito sua amiga

é que tô falando na “vera”

conheço cada uma, além de ser uma delas.

Você que saiu da fresta dela

delicada força quando voltar a ela.

Não vá sem ser convidado

ou sem os devidos cortejos…

Às vezes pela ponte de um beijo

já se alcança a “cidade secreta”

a Atlântida perdida.

Outras vezes várias metidas e mais se afasta dela.

Cuidado, moço, por você ter uma cobra entre as pernas

cai na condição de ser displicente

diante da própria serpente.

Ela é uma cobra de avental.

Não despreze a meditação doméstica.

É da poeira do cotidiano

que a mulher extrai filosofia

cozinhando, costurando

e você chega com a mão no bolso

julgando a arte do almoço: Eca!…

Você que não sabe onde está sua cueca?

Ah, meu cão desejado

tão preocupado em rosnar, ladrar e latir

então esquece de morder devagar

esquece de saber curtir, dividir.

E aí quando quer agredir

chama de vaca e galinha.

São duas dignas vizinhas do mundo daqui!

O que você tem pra falar de vaca?

O que você tem eu vou dizer e não se queixe:

VACA é sua mãe. De leite.

Vaca e galinha…

ora, não ofende. Enaltece, elogia:

comparando rainha com rainha

óvulo, ovo e leite

pensando que está agredindo

que tá falando palavrão imundo.

Tá, não, homem.

Tá citando o princípio do mundo!

Por: Elisa Lucinda

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