Ao nosso Partido
Se trapos e farpas bruxuleiam no desconsolo
O partido urde o conjunto inabalável
Se o trigo demora e a chuva tarda
Os rios se turvam
Os oceanos se fecham
E os astros se despenham perdidos
O partido organiza as oníricas projeções
e as insere em diagramas fecundos
Se a vindima não viça
E as charruas travam sobre o cultivo
Não brota no pão o fogo vivo do trabalho
E nos fornos em convulsão a brasa lenta
Não fornece o dia necessário
Se nas casas de farinhas
Nos vergéis sonhados pelo camponês pela camponesa
Nos engenhos o mel não brota
O nosso partido organiza o conjunto inabalável
A beleza perdida
Os choros pungentes
O nosso partido sabe que não há justificação
E organiza o conjunto inabalável
e fecunda o tempo
e faz de cada vinha
de cada fábrica
o redivivo sonho inabalável dos que, no passado,
não puderam existir
e engendra o alimento
de todas as manhãs
e fecunda o calor
de todas as noites
Por: Luís Eduardo Gomes do Nascimento, Advogado e Professor da UNEB.
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