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Isto Posto…Caminhamos para uma Nova Ordem Mundial
Dois eventos ocorridos ontem se sobrepõem como indícios fortíssimos de que se começa a inaugurar uma Nova Ordem no mundo. São eles o acordo de paz firmado entre o governo colombiano e as Farc e a decisão do Reino Unido de sair da União Europeia. Cada um em suas peculiaridades aponta para um novo rearranjo das forças políticas em dois dos mais relevantes continentes do planeta.
Na América, o acordo de paz entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia representa um enorme salto no fortalecimento da democracia naquele país, pois a partir de agora, pensamentos antagônicos como socialismo e capitalismo terão como cenário de luta o campo eleitoral, se se confirmar a transformação da Farc em partido político respeitado pelas autoridades colombianas, ao invés do conflito sangrento que já se arrasta a mais de meio século, ceifando vidas de um lado e de outro, sem a menor chance de solução já que interesses conflitantes das castas distintas conduzem a guerra entre as denominadas forças “regulares” e as forças “terroristas” sem a participação do povo colombiano.
Na Europa, a saída do Reino Unido do bloco político da União Europeia indica dois prováveis acontecimentos com força capaz de produzir dos possíveis resultados, ambos desastrosos para o próprio continente e, consequentemente, para o mundo todo.
De um lado, a saída pode, ao contrário da motivação britânica, enfraquecer o Reino Unido, havendo certa medida de isolamento nas negociações com outros países ou blocos de países já que há uma tendência clara, desde o fim da segunda guerra, de agrupamento de forças pela união dos iguais, a exemplo do MERCOSUL e a própria União Europeia, para fazer frente às grandes potências comerciais e políticas. Prevalecendo a possibilidade de isolamento, o Reino Unido passaria por processo de possível dissolução, pois pode ser deflagrado um movimento separatista que tem se fortalecido na Escócia, na Irlanda do Norte e no País de Gales pela independeria da coroa britânica, sem falar nas embrionárias correntes que conclamam pela instauração de uma República.
Do outro lado, temos o chamado efeito dominó que poderia ser desencadeado pela saída dos britânicos ao estimular a consulta popular em países como França, onde é crescente o desejo de separação do bloco devido à insatisfação dos trabalhadores com as reformas impostas pela União Europeia e o fortalecimento de forças políticas conservadoras extremistas como a liderada pela família Le Pen; e também na Espanha, onde o separatismo pode ganhar respaldo popular em consequência da crise econômica persistente e das imposições duras do bloco político europeu, tomando como exemplo o gesto britânico.
Porquanto, extrapolando o território da Europa, a saída do Reino Unido provocando o efeito dominó cogitado poderia enfraquecer significativamente o bloco político de União Europeia, esfacelando, com isso, a segurança dada ao mundo de que dificilmente haverá um conflito armado no continente como os vividos em duas grandes guerras no século dezenove. O que, por si só, já é um ganho extraordinário para a população mundial que estaria, embora a persistência de guerras localizadas movidas pela ganância dos Estados Unidos e das grandes potências europeias, livre de um conflito de proporções planetárias e catastróficas como uma terceira guerra mundial.
Isto posto, vemos no continente americano dois movimentos distintos, como o acordo de paz selado entre históricos inimigos e a derrocada do modelo que se convencionou chamar de bolivarianismo, apontando para um apaziguamento relativo impulsionado pela acomodação de forças antagônicas dentro de um modelo de combate padronizado pelo suposto democrático sufrágio eleitoral, quiçá, semelhante ao usado para saída do britânicos da União Europeia.
Enquanto que na velha Europa, o modelo democrático de solução diplomática que é o sufrágio eleitoral, se comprovadas as teses suscitadas, poderá ser o estopim de um retorno a insegurança pelo reavivamento da beligerância histórica entre britânicos e franceses que nunca se amaram e franceses e alemães que sempre dominaram os palcos de luta armada em lados contrários. Ou seja, pode-se estar diante de uma nova Ordem Mundial que será apenas um feedback de conflitos que pareciam superados pelos movimentos civilizatórios encampados no sintagma UNIÃO.
Por: Adão Lima de Souza
Reino Unido: decidiu pela saída da União Europeia
Os britânicos tomaram nesta quinta (23) a decisão histórica de se separarem da União Europeia, o bloco político e econômico que hoje congrega 28 países e ao qual aderiram em 1973. O processo ainda precisa passar pelo Parlamento, mas um veto pelos legisladores é considerado suicídio político.
A negociação da ruptura -o Brexit, fusão das palavras “saída” e “britânica” em inglês- deve levar dois anos.
Com votos de 377 dos 382 distritos do Reino Unido apurados, a opção por deixar a União Europeia prevalecia por 51,8% a 48,2%, abalando mercados financeiros e provocando uma onda de choque e incredulidade global. As principais redes de TV britânicas -BBC, Sky News e ITV- projetaram a vitória da saída logo após as 4h30 de Londres (0h30 do Brasil).
No início da madrugada, manhã na Ásia, a libra chegava ao menor valor em relação ao dólar em 31 anos. A cotação estava em US$ 1,32, queda de 11% em relação ao fechamento de quinta (23). Na Ásia, as bolsas despencavam em Tóquio (–7,22%), Hong Kong (-4,67%) e Seul (-4,09%).
As consequências econômicas de uma saída devem se estender para o comércio —com prejuízo maior para Londres do que para Bruxelas, já que os britânicos dirigem metade de suas exportações à UE.
O resultado oficial seria formalmente anunciado por volta das 7h de Londres (3h em Brasília). A consulta popular registrou índice histórico de comparecimento —71% do eleitorado— e recorde de 46,5 milhões de eleitores registrados.
Até 2h15 (hora de Brasília). o premiê conservador, David Cameron, principal fiador do voto pró-UE, não havia se manifestado. Em caso de vitória da saída, sua liderança no Partido Conservador e o cargo de premiê poderão ser contestados.
Seu maior rival na disputa, Boris Johnson, ex-prefeito de Londres e líder da campanha pró-saída, tampouco havia falado. Já o líder do partido ultranacionalista Ukip, Nigel Farage, que defende a saída, ensaiava celebrar no final da noite.
“Agora ouso sonhar que o amanhecer de um Reino Unido independente está chegando”, tuitou duas horas após dizer que “a permanência ficaria na frente”.
EFEITO DOMINÓ
A campanha do plebiscito foi influenciada nos últimos dias pelo assassinato da deputada trabalhista Jo Cox, pró-Europa, por um ultranacionalista, dia 16. Até então, a saída levava ligeira vantagem na margem de erro.
Pesquisa do instituto YouGov divulgada logo após o fim da votação apontava 52% para a permanência e 48% para a saída da UE —sinal de quão acirrada foi a disputa. Esta não seria, porém, a primeira vez que os institutos britânicos errariam resultados. O mesmo ocorreu nas eleições gerais de 2015.
Foram 15 horas de votação sob chuva, com alagamentos e interrupções no transporte.
O placar expõe um país dividido e, segundo analistas, despertará um sentimento anti-UE continente afora.
Há risco de efeito dominó em outros países do bloco, que podem imitar a consulta popular para obter vantagem em negociações, e de impulso a movimentos separatistas como o escocês e o catalão.
O professor de política Tim Bale, da Universidade Queen Mary, de Londres, pondera que o “efeito dominó” tem mais força se o Reino Unido deixar efetivamente o bloco.
Ainda que não signifique o início de um potencial desmonte, há muitos europeus interessados em, ao menos, debater benefícios e potenciais problemas caso seus países decidam deixar a UE.
Pesquisa feita pelo instituto Ipsos Mori com 6.000 pessoas em nove países europeus em março e abril deste ano indicou que 45% dos entrevistados apoiam a ideia de se fazer uma consulta popular em seu próprio país, e um terço disse que votaria para sair do bloco.
A maioria dos franceses e italianos ouvidos concorda com um plebiscito. O instituto ouviu ainda cidadãos de Suécia, Espanha, Bélgica, Hungria, Polônia, Alemanha e do próprio Reino Unido.
Além do ceticismo quanto ao bloco, o plebiscito no Reino Unido despertou outro sentimento entre os europeus: o de não ser bem-vindo entre parte dos britânicos.
Cerca de 3 milhões de cidadãos de países-membros do bloco vivem no Reino Unido, e aproximadamente 2 milhões de britânicos estão nos outros 27 países da UE.
O livre trânsito de cidadãos da UE, uma das prerrogativas do bloco, transformou-se em um dos pontos de maior apelo durante a campanha do plebiscito. Favoráveis ao Brexit defendem que os imigrantes sobrecarregam o sistema de saúde, baixam os salários e “roubam” empregos.
Por isso, analistas avaliam que haverá muitas feridas a curar no Reino Unido após a votação. A disputa rachou o Partido Conservador e expôs fragilidades do Trabalhista. O cisma persistirá.
Isto Posto… A acertada decisão do povo Grego.
Ontem em referendo sobre se a Grécia deveria ou não se submeter aos caprichos dos capitalistas selvagens da União Europeia, o Povo Grego sabiamente disse não ao servilismo que lhes queriam impor, derrotando a pretensão gananciosa dos financistas cruéis do velho continente, sempre ávidos em obter lucro exorbitante e fácil através da chantagem e da extorsão praticada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
A Grécia disse não. E, assim fazendo, o povo grego disse não ao Capitalismo Desumano que tudo transforma em objeto para aniquilar o sujeito – histórica, social e humanamente – já que nesse sistema egoísta e cruel tudo e todas as pessoas são coisificadas para maximizar a mais valia.
Que bom que a Grécia disse não! Pois agora a União Europeia passa a enfrentar o dilema de sua existência enquanto comunidade de nações. Tendo, portanto, de decidir até que ponto haverá solidariedade entre os países membros, com mútua ajuda ao invés de subjugar os parceiros infringindo penosas sanções contra aqueles que demonstram incapacidade financeira de honrar a promessa de pagamento das sacrificantes parcelas exigidas pela agiotagem internacional, à custa da privação dos bens indispensáveis à sobrevivência e pela imposição da miséria à força produtiva.
Que admirável gesto de democracia a Grécia sinalizou ao dizer não a especulação do mercado financeiro e seus lacaios de plantão, hábeis em sacrificar o trabalhador a fim de manter abarrotados os cofres dos expropriadores. Porque, assim fazendo, disse não aos tolos que acreditam poder haver conciliação entre Capital e Trabalho. Não há. O Trabalho só sobrevive com a subjugação, a derrota do Capital. E a recíproca é verdadeira.
Agora, ou a União Capitalista Europeia sinaliza com um acordo em que amenize o sacrifício do povo grego já tão massacrado por anos de exploração e indignidade ou expulsa a Grécia da Zona do Euro, pelo calote anunciado, dando o primeiro passo para a dispersão geral e, por conseguinte, para o seu fim, uma vez que fortalecerá posições radicais contrárias à integração econômica como as manifestações crescentes na França e no Reino Unido, que por duas vezes já disseram não ao modelo de Comunidade Internacional esboçado na Europa.
Isto posto, que bom que tenha se dado o tão retumbante NÂO logo depois do povo grego conceder ao SYRIZA, uma aliança eleitoral de 13 partidos e organizações de esquerda, uma chance de provar que o mundo pode encontrar outros caminhos além do Capitalismo Desumano, do egoísmo e da frieza do vil metal que mercantiliza os sentimentos e as vidas pelo prazer do lucro, transformando o “Homem no lobo do próprio lobo”, conforme apregoava Thomas Hobbes.
A Grécia nos quer dizer com o NÂO que assim como o Capitalismo teve inúmeras oportunidades de provar ser uma escolha necrófila, a humanidade pode se dá o luxo de acreditar, como diz Slavoj Žižek, que a “Ditadura do Proletariado merece uma segunda chance”.
Por: Adão Lima de Souza