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CPI do Futebol solicitará informações das polícias suíça e norte-americana
Membro da CPI do Futebol, criada para investigar possíveis irregularidades em contratos da CBF, o líder do PT no Senado, Humberto Costa, foi, ontem ao Ministério Público Federal para se reunir com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o delegado-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello.
Junto com os demais integrantes do colegiado, Humberto conversou sobre a melhor estratégia para que as autoridades brasileiras solicitem às polícias suíça e norte-americana informações sobre as investigações que resultaram na prisão de José Maria Marin e José Hawilla.
Os dois serão ouvidos pela CPI, que aprovou nesta terça-feira requerimentos para que sejam tomados os depoimentos deles diante de uma comitiva formada por três senadores. Marin exerceu a presidência da CBF entre 2012 e 2015 e está preso na Suíça. Hawilla, fundador e dono do Grupo Traffic, está detido nos Estados Unidos. De acordo com o FBI, os dois estão envolvidos com desvios de dinheiro do futebol.
Os parlamentares também aprovaram requerimento que convida os presidentes das entidades regionais de administração do desporto da modalidade, incluindo as 26 federações estaduais de futebol e a Federação Brasiliense de Futebol (FBF).
“É importante que comecemos os trabalhos da CPI solicitando o auxílio dos órgãos investigativos competentes de outros poderes e ouvindo os principais personagens do nosso futebol. O objetivo da CPI é analisar com uma lupa toda a administração do futebol brasileiro para passar a limpo toda essa história de corrupção que existe no principal esporte do país”, avalia Humberto.
Operação da polícia suíça tem seleção brasileira como alvo
A polícia suíça fez uma operação para confiscar documentos na sede da Kentaro na Suíça, empresa que entre 2006 e 2012 organizou os jogos da seleção brasileira em nome de investidores sauditas. A suspeita é de que um dos jogos, entre Brasil e Argentina no Catar, foi a forma pela qual o Catar pagou propinas para Ricardo Teixeira e Julio Grondona para garantir o Mundial de 2022.
A suspeita do Ministério Público da Suíça é de que, em novembro de 2010, o jogo entre Brasil e Argentina no Catar foi realizado como forma de transferir dinheiro para dirigentes. As investigações sobre o Catar confirmam a reportagem do Estado que, em 2013, revelou com exclusividade como os amistosos da seleção eram usados por dirigentes para o enriquecimento de dirigentes e troca de favores. Os recursos passavam ainda por paraísos fiscais e contas em Andorra.
Para a FIFA, porém, o dinheiro daquela partida não estaria “conectado” com a compra de votos para que o Catar recebesse a Copa de 2022. O Estado apurou que cada federação recebeu três vezes o valor de uma partida normal. Dois contratos separados foram assinados. Um deles trazia o valor oficial. O outro seria para o dinheiro que beneficiaria cartolas.
Oficialmente, o Catar indicou que gastou 4 milhões de euros no jogo e, naquele momento, o discurso de seus cartolas era de que a partida era uma forma de mostrar que o país estava “pronto para receber o Mundial”. Três semanas depois, tanto o Brasil como a Argentina votaram pelos árabes na escolha da sede da Copa. Mesmo negando a relação entre o jogo e o voto, a FIFA sugere que, a partir de agora, amistosos em países que concorrem a um evento sejam “mais transparentes”. A entidade também quer que qualquer acordo assinado no mesmo evento, inclusive de transmissão e comerciais, sejam anunciados.
O alerta não ocorre por acaso. Naquele mesmo dia do jogo, ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, assinaria uma extensão do contrato com uma empresa árabe, a ISE, prolongando os direitos da companhia até 2022 para organizar os amistosos da seleção brasileira. Teixeira declarou ainda que votou pelo Catar e era um aliado de Mohamed Bin Hammam, do Catar.
O informe da Fifa aponta que uma empresa que pertencia a um conglomerado do Catar “financiou o evento”. “Um rico sócio da entidade do Catar organizou o apoio, supostamente para fazer lobby por um investimento no setor do esporte”, indicou o informe, sem dar detalhes.
Segundo os organizadores da Copa de 2002, a entidade que pagou pelo evento não tem relação com o torneio da FIFA e nem com a Associação de Futebol do Catar. De acordo com esses dirigentes, “os fundos para organizar o jogo não veio do Catar 2022 e nem da Associação e o total pago para financiar o jogo era comparável às taxas que se pagam por outros jogos envolvendo times de elite”.
Apesar da versão dos dirigentes, a investigação indicou que os contratos para o jogo podem ser violações do Código de Ética da FIFA. “O financiamento do evento e sua estrutura contratual levantam, em parte, preocupações em particular em relação a certos arranjos relacionados com pagamentos para a Associação de Futebol da Argentina”.