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SUN YAT-SEN: O CIMENTO DA REVOLUÇÃO DE OUTUBRO
“Alguns acontecimentos históricos se consolidam sob a maneira de uma data. Mesmo sendo uma convenção, ganham a forma de signos explicativos. Penso em 01 de Julho, data de fundação do Partido Comunista da China e, em alusão à data, ao texto magnífico de Mao Tsé-Tung dedicado ao 28 aniversário do Partido. O texto é profundo e invoca dois personagens erigidos em personagens conceituais de tal forma que adensam as correntes e tendências e devir histórico da nação. As continuidades e as descontinuidades de uma revolução, os pactos necessários com o inimigo, a hora delicada em que, no curso dos acontecimentos, até o amigo se torna suspeito: é a chamada hora do lobo. O reacionário e inimigo da classe operária Chiang Kai-shek com o qual Mao, no auge da guerra anti-imperialista contra o Japão, precisa dialogar em nome da unidade nacional e da luta anti-imperialista. Era aí que conversava com meus amigos sobre a figura inusitada de Yukio Mishima e a importância da Revolução Cultural. Outrossim, aparece, no texto, a personalidade que representa a continuidade histórica das revoluções nacionalista e operária no momento de interregno: Sun Yat-sen. Declara Mao Tsè-Tung: “No auge do mais profundo desespero, Sun Yat-sen encontra a Revolução de Outubro e o Partido Comunista da China”. O que pensar desse personagem que, inicialmente, inaugura o movimento que fez os olhos e a inteligência de Lenin brilharem: os punhos da justiça e da concordância, o movimento que cimentou a Revolução. O próprio Lenin, no momento mais incerto da revolução de 1917, considerado agente alemão, mergulhou na mais profunda inquietude e no receio de ser considerado traidor. Toda revolução tem que atravessar os momentos nebulosos de incerteza, paranóia e dúvida. Nunca recusar o apoio de um aliado. É singular que, no ápice da luta nacionalista, Sun-Yat-sen tenha encontrado a classe obreira e classe campesina e tenha, no fundo do abismo em que toda revolução se funda, celebrado a Revolução de Outubro e o Partido Comunista da China, representando a mais profunda continuidade na descontinuidade histórica. Eu vi que os olhos de meus amigos brilharam ao citar este texto. E veio um verso de Paul Celan: Sobre as inconsistências se apoiar. Somos destinados à alteridade do outro e isto é a revolução. Nacionalistas e, ao mesmo tempo, internacionalistas, nos legou Sun-Yat-sen”
O retrato do filósofo nas solidões das colônias