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Sergipano passa de novo em medicina: “Fiz para mostrar que não foi sorte”
ENEM – E a história se repete. O sergipano José Victor Menezes Teles, agora com 15 anos, está entre os aprovados do curso de medicina da UFS (Universidade Federal de Sergipe). No ano passado, ele conquistou a vaga no mesmo curso, aos 14 anos. O garoto, natural de Itabaiana, diz que resolveu fazer mais uma vez um Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), para mostrar que no primeiro sucesso não foi uma questão de sorte.
“O pessoal não disse que foi sorte? Então pensei: vamos ver se essa sorte acontece duas vezes. Ouvia piadas de que passei na sorte. Resolvi fazer e está aí o resultado e com mais intensidade”, comemorou o garoto. No Enem 2015, José Victor obteve 767,74 pontos na média final contra 751,16 do ano passado. Na redação foram 940 pontos no Enem 2015 contra 960 pontos do ano anterior.
Com esta média final, José Victor obteria vaga nos cursos de medicina nas universidades federais do Ceará, de Goiás, de Viçosa (MG), e da própria UFS, porém descartou a possibilidade de se transferir para uma dessas universidades. “Como disse, só fiz para mostrar que minha aprovação no Enem do ano passado não foi uma questão de sorte. Fiz 16 pontos a mais”, afirmou.
Junto com o resultado da aprovação do Enem 2015, José Victor iniciou na última segunda (18) as aulas do curso de Medicina na UFS. As aulas deveriam ser iniciadas em agosto do ano passado, mas a greve de quase cinco meses dos professores e de servidores técnicos administrativos da Universidade atrasaram o início do ano letivo. Mas isso não tirou a alegria do garoto. “Um desafio na minha vida. A turma é muito jovem e mostra que os jovens vêm conquistando espaço e isso mostra que não devemos julgar pela idade, mas pela maturidade”, analisou.
Apesar da correria de se deslocar os cerca de 55 quilômetros entre Itabaiana e o Campus da UFS, na cidade de São Cristóvão, José Victor avisa que não deixará de realizar palestras que fez ao longo deste intervalo entre a aprovação no Enem e o início da aulas, como também pretende divulgar o livro lançado no final do ano passado “Como vencer aos 14”.
Pernambucanas tiram nota mil na redação do Enem
Diante do tema A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira, as pernambucanas Andreza Cavalcanti, 17, e Laís Vasconcelos, 20, utilizaram elementos bem diferentes para compor suas redações no Enem. Andreza escreveu sobre a exploração do corpo feminino nos comerciais de cerveja. Laís optou por falar dos abusos sofridos pelo personagem central de A bela adormecida. Expressando-se com propriedade sobre o tema, na visão dos avaliadores, ambas obtiveram o mesmo resultado: a nota 1000, alcançada por apenas 104 dos 5,8 milhões de candidatos.
Andreza, que estudou até o 3º ano na Escola Estadual Professor Trajano de Mendonça, descobriu que fazia parte dos seleto grupo que tirou nota máxima às 20h da última sexta-feira, quando finalmente conseguiu acessar o sistema. Momentos antes havia fechado os olhos com medo de se decepcionar, mas a alegria tomou conta dela.
Ela conta que a dedicação a um projeto social na escola chamado Rosa e Lilás lhe ajudou a conhecer de perto o combate à violência contra a mulher e favoreceu na construção do argumento. “É obvio que a mulher só está ali (nos comerciais de cerveja) para ilustrar e vira um produto.”
Por experiência, no exame de 2014 ela conseguiu 680 na redação. Quem ajudou Andreza a sair dessa nota baixa foi a professora do curso Fernandinho e Cia, Tereza Albuquerque, 40, mestra em gênero pela UFRPE. “O Enem tem uma forma própria de exigir do aluno uma produção textual. E um dos discursos é a preocupação com os excluídos. A importância do reconhecimento da lei, a luta contra o preconceito. Se eu levo em consideração a importância desses fatores, a nota vai ser alta”.
A mãe de Andreza, Maria Betânia Pereira, 48, ficou emocionada ao saber do resultado. “Não tem tamanho, é muita felicidade uma filha sair do ensino médio, entrando numa universidade com 17 anos, é muita emoção”, comemorou.
Laís Vasconcelos, 20, também alcançou a nota máxima na redação do Enem. A estudante mostrou que é possível lutar em defesa de dias melhores e um mundo com mais respeito às mulheres. “Citei a Bela adormecida para mostrar a questão da violência simbólica que a mulher sofre e abordei como isso é relacionado com a violência física, pois isso é imposto no consciente desde criança. Aparentemente é simples, mas na prática pode naturalizar muitos tipos de violência”, argumentou Laís. Ela desistiu do curso de design na Universidade de Pernambuco (UFPE) para sair em busca do sonho de ser médica. (DP).