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Rede realiza mutirões de coleta de assinaturas
Passadas as eleições 2014, a Rede Sustentabilidade retoma sua saga para validar a legenda na Justiça Eleitoral. Neste fim de semana, mais de 100 mutirões foram realizados em todo o país para coletar assinaturas de apoio à certificação do partido da ex-presidenciável Marina Silva, hoje abrigada no PSB.
No Recife, foram cerca de 500 assinaturas na Praça do Arsenal, Recife Antigo, no último domingo à tarde, e 300 no Parque Dona Lindu, em Boa Viagem, no sábado, de acordo com Roberto Leandro, membro da Executiva Nacional e porta-voz da Rede em Pernambuco.
“Está havendo coleta também no interior. Em Salgueiro, Quipapá, Garanhuns, Petrolina, entre outros municípios”, informa. Leandro conta que a meta de coleta para o estado é de quatro mil assinaturas até o final de fevereiro. Nacionalmente, a Rede pretende angariar 100 mil apoios nesse prazo. No final dessa semana, a Executiva Nacional se reúne em Brasília (DF) para fazer um balanço do andamento das ações e encaminhamentos em relação ao registro da legenda.
O porta-voz pernambucano destaca que são necessárias apenas 32 mil assinaturas certificadas, mas a coleta de mais 100 mil garante uma “margem de segurança”. Em 2013, a Rede teve apenas 442.525 assinaturas reconhecidas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), das 668 mil enviadas aos cartórios e 904 mil coletadas, o que impediu o partido de ser registrado em tempo hábil para disputar as eleições de 2014. A conta para chegar ao número de apoios necessários para garantir o registro é feita a partir de 1% do número de votantes para o cargo de deputado federal na última eleição, algo em torno de 480 mil.
Isto Posto… Sobre Norte e Sul
O que resta de escolha a quem vive subjugado numa prisão sem muros senão optar entre a aflição do corpo e a servidão da consciência?
O Brasil precisa – e os novos tempos exigem – que os postulantes aos cargos republicanos como o de Presidente da República mantenham uma postura de respeito para com os representados, comportando-se de maneira civilizada, evitando deixar um legado de ódio após a campanha se se contentarem em seguir cegamente as ordens de marqueteiros inescrupulosos e deletérios que mediante o ganho de somas expressivas de dinheiro colocam palavras na boca dos candidatos, transformando-os em meros fantoches ludibriados pelo desejo insano de poder.
Então, depois de findo o processo eleitoral, com a vitória legítima e reconhecida nas urnas do governo sobre seu opositor, a fim de apaziguar os ânimos, ainda mais quando já bastante acirrados pela postura maniqueísta e irresponsável adotada durante a campanha, ao conduzirem a disputa como se fosse uma batalha campal do “bem contra o mal, de nós contra eles, dos pobres do norte contra os afortunados do sul”, é dever dos ex-candidatos Dilma e Aécio, pelos cargos que ocupam de presidente e senador da república, vir à público e juntos conclamarem à nação ao arrefecimento dos espíritos antes que tragédias maiores se concretizem, descambando para violência real os ataques verbais virulentos veiculados até então pelas redes sociais.
Pois, não se pode permitir que a disputa se prolongue com ataques desmedidos e impensados de uma parte da população contra a outra. Muito menos culpar aqueles que acreditando na viabilidade de certo projeto de governança se saíram vitoriosos nas urnas porque a proposta que abraçaram tivera mais votos em determinada região, se confirmando como proposta mais agregadora que a do adversário.
Assim, parece salutar à manutenção e fortalecimento da democracia, Dilma e Aécio convocarem urgentemente uma coletiva de imprensa para dizerem ao povo brasileiro que, encerrada a corrida eleitoral, o ódio político devem ser posto de lado e todos trabalharem pelo progresso do país, sendo de responsabilidade da presidente eleita a execução de suas promessas de campanha e do candidato vencido a fiscalização dos atos do governo.
Por: Adão Lima de Souza
Isto Posto… Quem dará nome aos bois?
Estamos a poucos dias da eleição que definirá quem governará o país pelos próximos quatro anos e ninguém se deu conta ainda de qual projeto goza de sua preferência enquanto eleitor, melhor, enquanto cidadão diretamente afetado pelas decisões provenientes de Brasília. Decisões estas, quase sempre tomadas sob o calor das discursões vazias e a efervescência costumeira dos estratagemas de corrupção.
E isso, não resta dúvida, é consequência do inescrupuloso partidarismo que toma de assalto o eleitor brasileiro, em tempos de campanhas emocionantes e promessas renovadas de gentis candidatos que sorriem para nós e nos abraça afetuosamente falso, desviando-nos de fazer a mais importante pergunta, que assim poderia ser formulada:
Em quais projetos de governança estamos votando?
A resposta a tal questionamento seria, paradoxalmente, a pergunta: há projetos nos quais se votar? Ou nosso papel como eleitor jamais poderia ir além da adversidade entre essa ou aquela predileção por um ou outro candidato que mais ou menos consiga dizer aquilo que gostamos de ouvir, “que tudo mais mudar e agente será mais feliz inventando um lugar”, como um compositor baiano nos dissera certa vez, quando afirmava que “tudo era divino, tudo era maravilhoso”.
Então exercitemos a coragem! Façamos a indispensável pergunta sobre qual projeto escolher para ser por ele conduzido nosso destino nos anos vindouros. Analisemos, portanto, os três esboços grosseiros e grotescos postos a nossa disposição; o projeto Aécio, o projeto Marina e projeto Dilma, não necessariamente nessa ordem.
Em comum, todos sinalizam com uma mudança urgente e necessária. Falam de escola em tempo integral quando o que o país precisa é de educação integral; prometem melhorias na saúde, transporte, mobilidade urbana, enquanto recebem gordas contribuições às suas campanhas advindas dos empresários que se locupletaram à custa do sucateamento de hospitais e do transporte público em geral; alardeiam soluções mágicas para o setor de segurança partindo, ambos, do ponto equivocado de que segurança pública é caso de polícia; conclamam, por fim, a necessidade de eficientes mecanismos de combate à corrupção ao mesmo tempo em que mendiga o apoio político de notórios ladrões.
Assim sendo, quais são os projetos que temos a escolher?
O projeto Dilma é sustentado por um programa televisivo que mais parece cena do filme Matrix, mostrando um Brasil artificial, virtual, em detrimento do Brasil real que tem pessoas morrendo em macas fétidas de hospitais imundos, que tem trabalhadores disputando a cotoveladas uma vaga num ônibus ou metrô de qualquer uma das capitais, se quiser voltar para casa depois de sua jornada de trabalho, que tem uma polícia extremamente violenta torturando, matando ou fazendo desaparecer pessoas como o pedreiro Amarildo. Isso tudo num país onde, segundo o mesmo IBGE que só erra quando a verdade incomoda, mais de 60% dos cidadãos tem menos de cinco anos de escolaridade e outras 50 mil pessoas são assassinadas por ano.
Quanto ao projeto Aécio, este quer se valer de um discurso que não alcança ninguém. Não alcança a classe média nem a classe miserável que as estatísticas oficiais tentam esconder. Envelhecido, o discurso dele peca por se arrimar em diretrizes já experimentadas em governos passados, por conseguinte, também esgotado como o atual modelo de governo petista. Para Aécio só restaria o acolhimento da classe alta. Todavia, este segmento social está pouco se lixando para discursos, pois nesses estratos sociais ideologias se medem em dólar.
Por último, o projeto Marina, cuja proposta seria de uma “Nova Política contra o Pacto Mofado”, como definira seu antecessor Eduardo Campos. Entretanto, o que se vê é tanta rasura em seu esboço de governança que mesmo antes de findar já estar cheirando a mofo.
Resta, por fim, o não citado projeto PMDB, partido do qual tanto Aécio como Marina, a exemplo de Dilma, serão reféns, reafirmando a tese irrefutável de que as relações institucionais no Brasil se dão mediante chantagens.
Isto posto, caro eleitor, só lhe restará a ressaca no dia seguinte à votação e uma dor de cabeça que se prolongará por quatro anos, sem que o projeto escolhido por você lhe sirva de aspirina para sua enxaqueca moral.
Por: Adão Lima de Souza
O INTERESSE DO POVO NA FARSA ELEITORAL
Debates vazios de público e coalhados de hipocrisia, cabos eleitorais pagos para segurar bandeiras, avalanches de propaganda para tentar engabelar as massas com fraseologia vazia sobre saúde, educação e segurança e a apresentação de obras de fachada.
Tudo isso para tentar cacifar o podre e desacreditado processo eleitoral. O que é intencionalmente escondido pelas pesquisas encomendadas pelos eleitoreiros e monopólios é o número crescente de brasileiros que boicotam as eleições, não votando, anulando o voto ou votando em branco.
Nas últimas eleições o boicote ultrapassou os 35 milhões de pessoas, número também crescente e assustador para as classes dominantes nos últimos pleitos em países da América Latina e da Europa.
Desde que Marina Silva aportou no circo eleitoral na condição de cabeça de chapa para a gerência do velho Estado semifeudal e semicolonial brasileiro um novo truque eleitoreiro tomou conta das campanhas para presidente.
Já acostumados a empreender a farsa eleitoral sempre com caráter plebiscitário, PT e PSDB tentam se adaptar a um terceiro candidato com condições de rivalizar e, inclusive, segundo as mais recentes pesquisas de “intenção de voto”, de ganhar as eleições no segundo turno.
Marina chegou a essa posição através de duas manobras: primeiro, posando como viúva de Eduardo Campos e surfando na comoção de sua trágica morte, conseguindo capitalizar ao máximo tudo que isso poderia lhe render de dividendos. Segundo, e mais importante, conseguindo orientar o debate para além da dicotomia PT/PSDB, com um tão ensebado quanto falso discurso de “nova política”.
Cinicamente, Marina, com sua performance de Madre Tereza de Calcutá com fins lucrativos, tenta se apropriar do espírito das jornadas de protesto popular de junho/julho de 2013, se fazendo de tonta e tentando convencer de que ela é o que as ruas pediram, sendo sua “REDE” o protótipo de organização política dos que rechaçam a representatividade atual.
Recordem-se que Dilma fez algo bem ao estilo em julho do ano passado, ao dizer que “ouvia as ruas” e propondo coisas que nada tinham a ver com as reivindicações do povo em revolta. O que fez mesmo foi incrementar a repressão mais selvagem sobre as manifestações e sob o berreiro reacionário de sempre do monopólio de imprensa tachou os jovens combatentes de “arruaceiros” e “vândalos”, lançando diretivas aos aparelhos policiais e do judiciário para a cruzada de “caça às bruxas”.
Mas Marina nada tem de novo. Pelo contrário, ela representa o que há de mais velho e carcomido na política eleitoreira brasileira e nenhum véu novinho em folha pode disfarçá-lo. Seu histórico de ligação com as maiores ONGs ambientalistas estrangeiras bancadas pelas grandes corporações e governos do USA e UE qualificam-na e avalizam-na também a gerenciar o velho Estado, em nome do imperialismo, principalmente ianque.
Assim como Dilma e Aécio, Marina, como primeira medida, afirmou o apoio incondicional ao latifúndio de fachada nova, o “agronegócio”, praticamente o único setor econômico importante do país desde que retornaram o Brasil à condição de mero exportador de commodities.
Atarantados, Dilma, Aécio e seus correligionários passaram a atacar Marina subterraneamente por sua religiosidade. Se é verdade que ela é neopentecostal fundamentalista, não é menos verdade que Aécio não se furta de posar com altos executivos de qualquer igreja e que Dilma não pensa duas vezes em comparecer a inaugurações de templos suntuosos de adoração à época remota do escravismo e a declarar em eventos do estilo que “feliz é a nação cujo deus é o senhor”.
Concretamente, na gerência do velho Estado, nem PT nem PSDB jamais se atreveram a confrontar os interesses do Vaticano ou da chamada “bancada evangélica”.
Atacam ainda Marina por ter em seu staff banqueiros e economistas “neoliberais”, bem como de ter sido uma péssima ministra. E se nada disso é novo, também não é diferente dos demais principais candidatos. Como pode Dilma acusar Marina de ser assessorada pelo economista de Collor, se a própria Dilma tem entre os corifeus de sua base aliada o próprio Collor. Se Marina é apoiada pelo banco Itaú, no governo do PT os banqueiros têm lucrado “como nunca na história desse país”.
Tudo isso só atesta o avançado estado de decomposição em que está mergulhado todo o edifício estatal brasileiro e seu sistema político de governo, expressos tão bem nesta ciranda de mentiras, cinismo, corrupção e horror que é o processo eleitoral e seus parlamentos. Nada novo pode surgir desse sistema putrefato que só existe para garantir os interesses do imperialismo e das classes dominantes locais de grandes burgueses e latifundiários.
E, em vão, tentam as frações do Partido Único faturar sobre a revolta popular do último ano. O rechaço às bandeiras das agremiações eleitoreiras nos protestos é algo mais que um modismo apolítico que sociólogos burocratas a soldo e a politicalha parasita preferem crer. Muito além disto, representa uma verdadeira elevação da consciência política das massas populares, que aos poucos vão se libertando das chantagens eleitoreiras e das apelações demagógicas deste ou daquele postulante a cargo eletivo.
O rechaço às eleições está nas ruas, em todos os lugares. O boicote à farsa eleitoral se anuncia grande. E nem Marina com seu velho conto de “nova política” pode detê-lo em seu crescente contágio.
Fonte: A Nova Democracia
ELEIÇÕES: Os princípios, os fins, os meios
Princípios? Deixa pra lá. Beto Albuquerque, ligado ao agronegócio, é vice de Marina, que prefere a floresta como ela é. E ambos estão no Partido Socialista de Paulo Bornhausen, da mais tradicional oligarquia catarinense, para quem até há pouco a palavra “socialista” era usada apenas como xingamento.
Dilma, que considera Fidel Castro um personagem quase tão importante quanto Lula, que foi presa e torturada pela ditadura, está aliada a José Sarney, que foi presidente do partido de apoio à ditadura e que só tem em comum com Fidel Castro a predileção por um tipo de roupa – a farda, até há algum tempo, para um; o fardão, até hoje, para outro.
Aécio, o pragmático, que herdou do avô Tancredo a aversão às ideologias, tem como vice um ex-guerrilheiro comunista, ligado a seu adversário Serra – de quem agora gosta, mas preferiria bem-passado e com maçã na boca.
Há três bons motivos pelos quais os candidatos esquecem seus princípios: primeiro, porque nunca foram assim tão radicais; segundo, porque os fins a que se propõem (defesa do bem e combate ao mal, apoio à saúde e rejeição à doença, e outras platitudes) são tão importantes para o país que os princípios, tadinhos, têm de ser flexibilizados.
O terceiro motivo é o mais importante: para fazer campanha à vontade, gastando o que for preciso, é necessário obter os meios. Pela abundância de meios, políticos fazem boi voar e passarinho devorar o gato. Para eles, fora do poder não há salvação (embora sempre deem um jeito de salvar-se).
Para nós, cidadãos, estando eles dentro ou fora do poder, salvação não haverá.
Fonte: Escrito por Magno Martins no seu blog.
“A morte trágica de Campos fortalece a gana de mudança do eleitor”, diz socióloga.
A morte de Campos pode ter um alcance maior do que se supõe para o eleitor brasileiro, acredita a socióloga Fátima Pacheco Jordão. “A morte trágica de Campos reduz a distância entre a sociedade e a classe política”, avalia ela, que é diretora da D’Fatto pesquisa em Jornalismo. A última mensagem do presidenciável, numa entrevista ao Jornal Nacional, da rede Globo, um dia antes, “Não desistam do Brasil”, poderia ter um efeito importante para a juventude brasileira que anda tão refratária à política. “A ideia de renovação está escrita na sociedade. É uma mensagem que Eduardo Campos encampou”, afirma. A sua morte, explica, fortalece a gana de mudança do eleitor.
Pergunta. O que dá para concluir de uma tragédia tão inesperada que tirou a vida de um candidato na corrida eleitoral para a presidência?
Resposta. Esse trágico acontecimento pode vir a deixar um legado positivo. Eduardo Campos era alguém que nunca se meteu em escândalos nacionais, casado, tinha cinco filhos, toda uma configuração de um bom sujeito. Para um eleitorado que andava tão indiferente, ficou muito gravada a última fala dele em sua entrevista para o Jornal Nacional. “Não desistam do Brasil”, algo que pode ter um efeito importante para mobilizar os jovens.
P. Mas a ponto de mexer com as intenções de votos já anunciadas?
R. A campanha andava fria, com um patamar de brancos e nulos num padrão razoável. E no qual 65% dos eleitores não tinham candidato quando os pesquisadores pediam para que citassem espontaneamente em quem iam votar, ou seja, sem ajuda de uma lista de nomes para escolher. Outras perguntas feitas ao eleitor também são relevantes. Quando se questiona se a sua intenção é certa, provável ou nunca votaria naquele candidato, você percebe que cada eleitor tem praticamente dois candidatos em mente. Ou seja, neste estágio, o eleitor tem mais de uma opção de voto. A classe política ainda não captou que a sociedade busca um novo modo de fazer política.
P. Está claro o que o brasileiro está pedindo?
R. A sociedade tem demandado isso há muito tempo. São muitos os indicadores de mudança, de rejeição à política e aos políticos. Ao menos 60% das pessoas repudiam os partidos. Portanto, essa ideia de renovação está escrita na sociedade. É uma mensagem da sociedade que Eduardo Campos encampou. Isso não impede que num momento de transição, Aécio Neves ou a própria Dilma, reforcem essa linha. Não é só renovação de governo, é de cultura política. Associar a dinâmica de fazer política, com governança. Confiou-se sempre na liderança pessoal na política brasileira. Isso está ganhando uma nova configuração, a partir do ano passado, com as pessoas exigindo mais da política, nas manifestações de junho. Tenho a impressão que isso não morre com o Eduardo. A Dilma já havia colocado há muito tempo, e o próprio PSDB na década de 90 veio com essa formulação. O conseguir ou não conseguir, tem a ver com a disposição do eleitorado que hoje está mais claramente enxergando essa perspectiva.
P. Marina é a candidata natural da coligação em torno do PSB agora?
R. Sim, é a candidata natural, e o PSB não tem outra saída. Não há nenhuma figura representativa que possa captar esses votos de Campos. Há várias lideranças dentro do partido que rejeitaram por muito tempo a candidatura do Campos e a aliança com Marina. Mas o sinal mais importante veio do irmão dele. A rigor, neste momento, sem nenhuma articulação política, planejamento, etc, a família é a única que pode se manifestar. Antonio representa a família, não partidária, e isso é muito forte. Campos tinha uma mãe combativa (Ana Arraes), com um cargo importante no Tribunal de Contas da União, tem uma família bem constituída, ele tem uma base familiar muito importante. Então, tenho a impressão que essa manifestação do irmão é uma sinalização muito forte, até para a Marina aceitar.
P. Ela estaria confortável?
R. Ela sabe dos limites dela dentro do próprio partido. Mas por essa indicação [a carta de Antonio Campos ao PSB], certamente o irmão conversou com a Marina. Nesse período ela se aproximou muito da família, especialmente da mulher dele [a viúva Renata]. Quando ela se manifestou depois da morte de Campos, a fala dela de pêsames, foi exclusivamente para a família. Eu interpreto não só que eleitoralmente é lógico, mas também que se ganhou um novo indicador que facilita para os dois lados. Facilita para o partido, e para a escolha da Marina.
P. Nem Dilma nem Aécio conseguem representar a vontade de mudança esperada pelo eleitorado?
R. Não representam. Dilma já tentou ser mais “gerente”, fazer faxina [da corrupção]. Dilma tentou captar, não conseguiu, mas introduziu essa questão. Ela tem forte rejeição, mas tem uma noção muito consistente. Cerca de 40% de intenção de votos, nos últimos meses, com todas as crises. Mantém esse patamar. Mas tanto Aécio, quanto Campos, captavam sim esse anseio. Não era tanto por mérito próprio, eram alternativas. Aécio, porém, não conseguiu introduzir na sua postura essas respostas.
P. Mas e esse vazio agora?
R. Neste momento houve um casamento. Há a conjunção de um desejo da sociedade e a comoção [com a morte de Campos] e conteúdo de elogios direcionados a ele, mostra que existe sim essa saída. Depende também cobrar esta direção. Quando a população reclama que a saúde não funciona. Ela ainda não está associando uma saída política em que os políticos possam dar, essa de gestão. É uma demanda que se avance para a governança.
P. Esta campanha já era curta com a Copa e agora entramos em inércia com a morte de Campos, não?
R. Será? Nunca foi tão quente como nas últimas 48 horas. Quando a Marina falar, seja como candidata ou não, ela enfatizará essa nova ideal da candidatura de Campos. E que provavelmente será a dela. Mas será inescapável que Dilma e Aécio também passem essa mensagem. Certamente os primeiros programas, tanto de Dilma como de Aécio, terão esse conteúdo. Agora, os políticos perceberam o que nós, pesquisadores, percebemos há muito tempo. Uma demanda que vai além das propostas dos partidos até o momento.
P. A Marina tem essa resposta à sociedade?
R. Sem dúvida. Vários tiveram, [o ex-governador de São Paulo] Mario Covas teve, [o ex-deputado do PMDB] Ulisses Guimarães teve, e Marina tem. O próprio Fernando Henrique Cardoso teve. Buscar uma mudança no modo de fazer política. De certa maneira Lula e Dilma reforçaram a maneira antiga de fazer política. Um aspecto do populismo, um mito, o Governo Bolsa Família. É uma tradição brasileira esse registro populista, que vem até a Dilma. No entanto, a sociedade está além disso. Nunca pensamos a sociedade na frente [da classe política], mas ela está. Assim como em meio ambiente, em comportamentos sexuais, direitos reprodutivos. Isso não emerge do nada. Não está na pauta de nenhum partido e são questões que estão pululando na sociedade. Direitos das mulheres, por exemplo, você não vê isso em nenhum partido. Há uma indiferença.
P. São dois mundos?
R. É um colapso, entre o que tem este sistema arcaico, e a sociedade, que tem uma rede de informações enorme. Este episódio trágico pode levar a um fechamento desse gap entre a sociedade e a classe política. Ele fortalece a gana de mudança. A população vai entender que havia e há expressões políticas que querem essa demanda e quais partidos não tinham introduzido. Toda a comunicação de Aécio e de Dilma, certamente, está sendo repensada.
P. A eleição está muito sujeita a mudanças até outubro?
R. Dado esse descompasso da classe política, haverá outros trancos no processo. Isso fica escancarado. Campos pode ter falado uma linguagem, com a sua morte, que a população entenda como ação de mudança. Isso vai mudar os candidatos atuais. Não é que a esquerda será a direita, mas haverá mais peso da voz da sociedade na sua programação política. Ate o momento os candidatos tiveram de ficar em plano interno de defesa de candidatura diante de inimigos internos, fogo amigo, racha entre o movimento “volta Lula” e Dilma dentro PT, os que queriam (José) Serra e Aécio, no PSDB. Agora estão tendo que unir trincheiras diferentes. Eu diria mais. Em termos de Brasil não é nem justificável o que separa Campos de Dilma, ou Lula de Fernando Henrique, quando se pensa o Brasil. Tenho a impressão que essa tragédia pode ajudar a focar melhor isso.
P. A Marina, se assumir a candidatura, pode vencer?
R. Muito difícil prever. Nenhum dos três presidenciáveis que estão na frente tem uma consistência total. Eles têm de fato um bloco de eleitores que permite sua eleição. Mas não tem a situação política. Dilma tem tudo isso, mas não consegue mostrar que a continuidade é o ideal. Terá de se basear em outros argumentos. E o Aécio, que poderia ter essas características, de mostrar novos caminhos, não consegue falar com a sociedade.
Fonte: EL País.
EDUARDO CAMPOS: A morte precoce da possível terceira via
O ex-governador Eduardo Campos fará falta ao processo eleitoral brasileiro, mormente a corrida presidencial em outubro, não somente por sua habilidade política forjada na companhia do saudoso Miguel Arraes, mas principalmente porque ele simbolizava, acenando já agora para a inevitável chegada de uma nova geração de brasileiros assumindo funções de poder, como uma possível terceira via capaz de desalojar do poder os velhos mandatários da política nacional.
Desse modo, poderia representar, embora o seu discurso de uma Política Nova contra o Pacto Mofado carecesse ainda de maior vigor e atitudes condizentes, o anseio de uma geração de brasileiros cujo destino se desprende de velhos caciques políticos contrários ou favoráveis ao regime ditatorial militar para sinalizar um lento, porém perceptível, alinhamento com os ditames da constituição de 1988, em que a consciência da cidadania pareça se afigurar como uma incipiente luz a tremeluzir no fim do túnel do desmando e desprezo pelos valores republicanos.
Ao analisarmos os discursos de candidatos como Dilma, fortemente inspirado no seu preceptor e patrono político Lula, bem como Aécio Neves, apesar da idade próxima a Eduardo, constataremos que a vertente principal de seus projetos de governo se respaldam numa conduta fundamentalmente influenciada por atores cuja relevância está intimamente ligada às ideologias acolhidas ou abominadas pelos personagens do período de exceção, ora se posicionando como vítima, ora reivindicando a herança de seus predecessores.
No caso específico de Eduardo Campos, não se abstendo, é claro, de trazer à tona as circunstâncias que o aproximava dos citados candidatos, haja vista sua participação nos governos e a inegável influência de Miguel Arraes, ele poderia vir a ser a primeira manifestação de que a geração que aí está precisa, o mais breve possível, ser defenestrada para ceder espaço a uma consciência onde a cidadania seja a bússola que dirigirá as ações do Estado.
Agora, resta-nos o pesar pela tragédia e as condolências aos familiares e amigos.
Por: Adão Lima de Souza
Fernando foca em campanha na Região Metropolitana
O candidato ao Senado pela Frente Popular, Fernando Bezerra Coelho (PSB), está intensificando a campanha na Região Metropolitana do Recife. Ontem ele cumpriu três compromissos na região e hoje há mais três agendados: encontro com a juventude, no Recife (15h30); Projeto É Nós, em Abreu e Lima (18h30) e Agenda 40, em Igarassu (19h).
A agenda de ontem começou com uma caminhada na Cidade Tabajara, em Olinda, ao lado do candidato ao governo do Estado, Paulo Câmara (PSB). Na sequência Fernando foi à Bomba do Hemetério, onde participou de um evento promovido pelo vereador Marco Aurélio. Os candidatos a federal, Fernando Filho, e a estadual, Miguel Coelho, também participaram da mobilização.
Fernando ressaltou a geração de emprego e a industrialização. “O emprego gera o salário, que proporciona o nosso sustento e dos nossos filhos. Em 2007, a taxa de desemprego na Região Metropolitana do Recife era de 16%. Hoje é de 7%. Caiu pela metade. Criamos em Pernambuco mais de meio milhão de empregos com carteira assinada, um recorde no Estado e no Nordeste”, afirmou Fernando.
O candidato encerrou a noite prestigiando o lançamento da candidatura de Lucas Ramos (PSB) a deputado estadual, na AABB da Jaqueira.
Falta sentimento democrático
Ainda é cedo, mas há fortes indícios de que o PT perderá as próximas eleições. Em que Estado com muitos eleitores seus candidatos a governador se mostram competitivos? Talvez em um. No total os petistas aparecem bem situados apenas em quatro Estados, se tanto, três deles com não muitos eleitores.
Quanto aos aliados, especialmente o principal, o PMDB, parece que andam em franca debandada em vários Estados. Também pudera, como pedir fidelidade no apoio à reeleição quando, além do pouco embalo da chapa presidencial, os candidatos da oposição e do próprio PMDB aos governos estaduais aparecem bem à frente dos candidatos do PT?
As taxas de rejeição da presidenta estão nas nuvens, não só em São Paulo, onde nem o céu é o limite. Também crescem nos pequenos municípios do Norte e do Nordeste para onde, nas asas das bolsas-família, migraram os apoios do partido que nasceu com os trabalhadores urbanos.
As raízes deste quadro se abeberam em vários mananciais: o das dificuldades econômicas, da tragédia das políticas energéticas (vale prêmio Nobel derrubar ao mesmo tempo o valor de bolsa da Petrobras e as chances do etanol e ainda encalacrar as empresas de energia elétrica), da confusão administrativa, do pântano das corrupções e assim por diante. Culpa da presidenta? Não necessariamente.
Há tempo, escrevi um artigo nesta coluna com o título de Herança Maldita. Fazia ironia, obviamente, com o estigma que petistas ilustres quiserem impingir a meu Governo. No artigo indicava que a origem das dificuldades não estava no atual Governo, vinha de seu predecessor. A cada oportunidade que tenho procuro separar a figura da presidenta, seu comportamento passado e atual, digno de consideração, dos erros que, eventualmente atribuo ora a ela, ora ao estilo petista de governar.
Mas, francamente, é demais não reconhecer que há motivos reais, objetivos, para o mal-estar que envolve a atual política brasileira sob a hegemonia petista.
Abro ao acaso os jornais desta semana: os europeus advertem que a produtividade do país está estagnada; o humor do varejo em São Paulo é o pior em três anos; a produção industrial e a confiança dos industriais não param de cair; o FMI publica documento oficial assinalando que nossa economia é das mais vulneráveis a uma mudança no cenário internacional e ajusta mais uma vez para baixo a projeção de crescimento do PIB brasileiro em 2014, para 1,3% (seriam otimistas?); o boletim Focus, do BC, prevê um crescimento ainda menor, de 0,9% (seriam os pessimistas?); o juro para a pessoa física atinge seu maior patamar em três anos; a geração de empregos é a menor para o mês de junho em dezesseis anos; para não falar na decisão do TCU de bloquear os bens dos dirigentes da Petrobras ao responsabilizá-los por prejuízos causados aos cofres públicos na compra da refinaria de Pasadena.
Espanta, portanto, que a remessa de análise conjuntural feita por analistas de um banco a seus clientes haja provocado reações tão inusitadas. O mercado não deve se intrometer na política, protestaram Governo e petistas. Talvez. Mas se intromete rotineiramente e quando o vento está a favor os governos se deixam embalar por seu sopro. Então, por que agora e por que de forma tão desproporcional ao fato, presidenta?
Não creio que seja por desconhecimento da situação nem muito menos por ingenuidade. Trata-se de estratégia: o ataque é a melhor defesa. E nisto Lula é mestre. Lá vêm aí de novo com as “zelites” (da qual faz parte) contra o povo pobre. Até aí, táticas eleitorais. Mas me preocupa a insistência em tapar o sol com a peneira.
Talvez queiram esconder o acúmulo de dificuldades que estão se avolumando para o próximo mandato: inflação subindo, com tarifas públicas e preço da gasolina represados; contas públicas que nem malabarismos fiscais conseguem ajustar; o BNDES com um duto ligado ao Tesouro, numa espécie de orçamento paralelo, como no passado remoto; as tarifas elétricas rebaixadas fora de hora e agora o Tesouro bancando os custos da manobra populista, e assim por diante. Em algum momento o próximo Governo, mesmo se for o do PT, terá de pôr cobro a tanto desatino. Mas, creem os governistas, enquanto der, vamos empurrando com a barriga.
Que fez o Governo do PSDB quando as pesquisas eleitorais de 2002 apontavam possível vitória do PT da época? Elevou os juros, antes mesmo das eleições, reduzindo as próprias chances eleitorais. Sustentou mundo afora, antes e depois das eleições, que não haveria perigo de irresponsabilidades, pois as leis e a cultura do país haviam mudado. Pediu um empréstimo ao FMI, com a prévia anuência pública de todos os candidatos a Presidente, inclusive e especificamente do candidato do PT.
O dinheiro seria desembolsado e utilizado pelo Governo a ser eleito para acalmar os mercados, que temiam um descontrole cambial e inflacionário e mesmo uma moratória com a vitória de Lula. Aprovamos ainda uma lei para dar tempo e condições ao novo Governo de se inteirar da situação e se organizar antes mesmo de tomar posse.
Agora, na eventualidade de vitória oposicionista (e, repito, é cedo para assegurá-la) que fazem os detentores do poder? Previnem-se ameaçando: faremos o controle social da mídia; criaremos um Governo paralelo, com comissões populares sob a batuta da Casa Civil que dará os rumos à sociedade; amedrontam bancos que apenas dizem o que todos sabem etc. Sei que são mais palavras equívocas do que realidades impositivas. Mas denotam um estado de espírito.
Em lugar de se prepararem para “aceitar o outro”, como em qualquer transição democrática decente, estigmatizam os adversários e ameaçam com um futuro do qual os outros estarão excluídos.
Vejo fantasmas? Pode ser, mas é melhor cuidar do que não lhes dar atenção. A democracia entre nós, já disseram melhor outros personagens, é como uma planta tenra que tem que ser cuidada e regada com exemplos, pensamentos, palavras e ações todos os dias. Cuidemos dela, pois.
Fernando Henrique Cardoso