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O Governo deveria estatizar o Uber e privatizar a Petrobras
Já está provado que a proibição de uma tecnologia nunca foi bem sucedida. Ela sempre é cultivada por entusiastas e reaparece anos depois e é estimulada por novos grupos no poder ou apropriada de uma nova forma.
Mas é importante que não confundamos a tecnologia com o agente dela. A Apple é a empresa que inovou em computadores, o Google com uma ferramenta de busca, a Facebook com uma rede social. O Uber inova em serviço. A tecnologia de comunicação e pagamento por celular não é igual ao Uber e pode e deve ser apropriada por outros agentes.
Não se pode negar que o modelo de negócio é muito esperto. O Uber criou uma categoria de serviço que lucra muito, não paga impostos e obriga o Estado a fiscalizar, até mesmo porque é o único que consegue isso. Além disso, nem precisa investir muito em propaganda, pois os próprios usuários já fazem isso espontaneamente. Sem contar que a melhor ferramenta de marketing do UBER são os próprios taxistas, que alardeiam a chegada do concorrente gritando a todo pulmão, e param as cidades para promover a marca da empresa.
Deixando de lado o aspecto descolado e moderno de sua proposta, não devemos esquecer que tal empresa é uma multinacional que visa exclusivamente o lucro. O UBER não é “bonzinho”, é um negócio agressivo que está promovendo disrupção num modelo estabelecido, tornando-se um novo intermediário num mercado degradado, ao promover uma forma de transporte mais “burguesa”.
O Uber não é esse profeta da Era Digital que pintam, nem veio resolver nossos problemas de mobilidade urbana. É um app que dá conforto e comodidade para a parcela da população que pode pagar por esse privilégio e não usa uma tecnologia tão revolucionária por si só.
O mais curioso é ver as pessoas defenderem o Uber dizendo que estão proibindo por motivos “econômicos”. Por acaso o Uber é um serviço público? Mas deveria.
Apesar de a startup ter um valor de mercado elevadíssimo, na casa dos US$ 50 bilhões (superando todas as empresas da Bovespa, menos a Ambev), tem uma estrutura enxuta e um potencial gigantesco. Se fosse uma empresa pública, não seria uma boa opção para cabides de empregos. O Governo, que já teria que controlar e fiscalizar o serviço mesmo, também lucraria com esse novo modelo de negócio.
Daria até para resolver um outro problema e privatizar a Petrobrás, que vale hoje um pouco mais da metade do Uber (US$ 29 bilhões) e nem seria preciso explicar os motivos, dadas as atuais circunstâncias observadas nos noticiários diariamente. Mas mesmo se não faça isso, estatizar o conceito do Uber é algo que deveria ser feito urgentemente. Eu apostaria que o primeiro país que fizesse isso geraria um efeito em cascata de outros países rapidamente.
Todos ganhariam com isso, passageiros, motoristas e o governo. Bom, todos menos o Uber. Mas aí já é um problema dele, não tenho pena.
Por:Pedro Guadalupe, Diretor do portal Bhaz e profissional de marketing político digital, publicado no BR 247.