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Tuma Jr.: “Lula mentiu outra vez”

20140603101918_cv_lula_gdeAutor do livro “Assassinato de Reputações”, obra na qual revela ações de órgãos do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para forjar dossiês contra adversários políticos, o ex-secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Junior, voltou a criticar o dirigente petista, na tarde de ontem (2), por declarações feitas com relação ao livro “O que sei de Lula”, do jornalista José Nêumanne Pinto.

Questionado sobre o conteúdo da obra e sua possível proximidade com um dos mais prestigiados e polêmicos colunistas políticos do Brasil, o ex-presidente se limitou a dizer que não conhece o jornalista e que nunca esteve com ele. Ao ser informado da declaração, Tuma Jr. fez uso de seu perfil no Facebook para, segundo ele, provar que o petista “mentiu outra vez”.

“Em entrevista à Carta Capital, Lula, instruído por algum idiota mal informado, refere-se ao livro ‘O que sei de Lula’, publicado pela Topbooks, sem citar o autor e diz que o mesmo nunca esteve com ele e nem o conhece. Engraçado que ele se refere a isso após três anos da publicação do excelente jornalista, poeta e escritor José Nêumanne Pinto, com quem Lula dividia momentos íntimos no passado, como pode-se comprovar na foto acima”, escreve Tuminha.

“Eu diria que trata-se de uma foto CaPTa CaPTal, por ser prova material de que o Barba, mal assessorado, mentiu outra vez”, completa o ex-secretário.

A Política dos Partidos pelo Poder: Distraídos venceremos, já dizia o Leminski.

images (1)Não é só o PT que perdeu a nobreza das boas intenções, os partidos no Brasil só se unem para obter poder, lutam pelo poder e usam o poder que têm para adquirir mais poder. E durante esse processo, fazem de tudo para manter esse poder, ressalte-se, fazem de tudo! Inclusive cometer alguns vícios éticos imperdoáveis que muito condenavam antes.

Se o poder é que corrompe o homem e não o inverso como disse Ulysses Guimarães, não sei, mas ele estava certo quando falou que os partidos políticos existem para alcançar o poder, e nada mais. Por isso o Senador Cristóvão Buarque estava coberto de razão quando sugeriu a extinção dos partidos, coberto de razão, se vivêssemos num país onde o interesse fosse realmente o bem-comum, mas vivemos numa supremacia dos interesses privados, aristocráticos, oligárquicos, em que alguns decidem por todos. Diante disso, claro, promoveram um linchamento ideológico contra o Buarque. Mas isso foi só a comprovação das palavras de Aung San Suu Kyi: “Não é o poder que corrompe, mas sim o medo. O medo de perder o poder…”.

Então, o PT tem medo de perder o poder, por isso faz de tudo para mantê-lo, enquanto os outros partidos fazem de tudo para obtê-lo, para alcançar o poder. E esse esquema político pelo poder só me lembra das sábias palavras de H.L. Mencken, que descreve tão bem o empenho e a ineficiência útil dos partidos, disse ele:

“Na democracia, um partido sempre dedica suas principais energias tentando provar que o outro partido não está preparado para governar. Em geral, ambos são bem-sucedidos e têm razão.”

Daí, nós, brasileiros sensatos, indagamos: se o PT não presta e as opções restantes também não, que faremos para exercer a cidadania de maneira responsável?

Se tudo é farinha do mesmo saco, mandiocas das mesmas terras, de que adianta ter uma urna eletrônica brilhante se não temos boas opções?
Melhor seria uma intervenção divina, pois precisamos é de um milagre.

 Por: Smadson Sipeli
‘Deformado’ em Letras.

Qui iure vindcet? – Direitos Humanos é o novo nome do Niilismo Político.

LuisQuando Jeanne Deroin, em 1849, se candidatou à eleição de cuja participação estava excluída por ser mulher, buscava com tal ato político demonstrar a contradição de um sufrágio universal que exclui o sexo feminino. 

Quando Rosa Park , em 1955, sentou em um banco da frente do ônibus, lugar proibido aos negros por força das leis, mostrou os limites de uma constituição cuja premissa era a evidência (evidência, veja bem) de que os homens nascem iguais em direitos.

Ambas revelaram que a declaração universal dos direitos do homem trazia em sua gênese um processo de exclusão que lhe servia de complemento.

Os afamados direitos humanos são axiomas que convivem com inúmeras exclusões. Não obstante, são elevados à condição de motor da luta política. Afirma Lefort que ‘’apartir do momento que os direitos são postos como referência última, o direito estabelecido está destinado ao questionamento. Ele é sempre mais questionável à medida que vontades coletivas ou, se se prefere, que agentes sociais portadores de novas reivindicações mobilizam um força em oposição à que tende a conter os efeitos dos direitos reconhecidos. Ora, ali onde o direito está em questão, a sociedade, entenda-se a ordem estabelecida, está em questão.” 

Será que sob o pálio dos direitos humanos se pode empreender uma verdadeira política?

Seguindo Ranciére, a política existe quando a ordem natural da dominação é interrompida pela instituição de uma parcela dos sem-parcela. Destarte, os direitos do homem não servem hoje como mecanismo ideológico para que não exista a verdadeira política? Não promove uma espécie de resignação ao capital-parlamentarismo cuja única universalidade que conhece é a do dinheiro?

Como alerta Alain Badiou, o que subjaz na promoção dos direitos do homem é a concepção vitimária do homem, isto é, concepção de que é a condição de animal sofredor que define o homem. De um lado, existe o que sofre. De outro, o que identifica o sofrimento e luta para cessá-lo.

Desta concepção, a única ”política” que emerge é a da piedade e do envio de alimentos e remédios aos esfarrapados. Quanto à proposta de alteração radical das condições socio-econômicas que permitem a existência de ‘sofredores’, o silêncio é total. Este humanismo é semelhante à ética de Maritain, conforme a qual os pobres deveriam demonstrar sua superioridade aceitando com o orgulho sua miséria. Enquanto houver vítimas, entroniza-se a lógica do sacerdote que fere e encontra o remédio para melhor sedimentar seu poder.

O que escapou a Lefort foi o caráter niilista dos direitos humanos. Na Genealogia da Moral, Nietzsche revela que o homem prefere querer o nada a nada querer. Niilismo nada mais é do querer o nada. Os direitos do homem, por acalentar a concepção vitimária do homem, implicam no niilismo, isto é, no querer o nada que aparece, na nossa sociedade, organizado como a aceitação da necessidade do capitalismo e no empobrecimento do valor ativo dos princípios. 

A mídia aprecia captar um nordestino, um negro ou índio chorando e lamuriando, mas quando estes se organizam politicamente são tratados como baderneiros. Que Zumbi tenha o direito de lamuriar-se é certo, mas querer a liberdade é demais. Eis a lógica dominante. Que todos tenham o direito de lamentar e nada mais. Que esperem como o Pedro Pedreiro de Chico Buarque as coisas se ajustarem por si só.

Citemos Aristóteles: “A natureza, dizemos, nada faz em vão. O homem só, entre todos os animais, tem o dom da palavra; a voz é o sinal da dor e do prazer, e é por isso que ela foi também concedida aos outros animais.”

Daí que hoje não podemos falar que há política, pois só se concede ao homem o direito de emitir a sua dor, reduzindo-o à mera animalidade. Como afirma Ranciére, o titular puro e simples do direito não é nada mais que a vítima sem frase, a última figura daqueles que é excluído do logos, provido apenas da voz que exprime a queixa monótona, a queixa de um sofrimento nu.

Na verdade, os direitos dos homens existem para acabar com uma política real de emancipação. É preciso resgatar, então, o valor ativo dos princípios políticos e uma imagem mais ativa do ”homem”. Enfim, uma verdadeira política de emancipação.

 Luís Eduardo Gomes do Nascimento
Advogado e Professor da FACAPE E UNEB.