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MÁXIMAS DO BARÃO DE ITARARÉ

einsteinSenso de humor é o sentimento que
faz voce rir daquilo que o deixaria
louco de raiva se acontecesse a você.

 

Cunha diz ser “absurda” a prisão de Marcelo Odebrecht

Eduardo-CunhaEm debate nesta segunda-feira em São Paulo, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), classificou as investigações da Lava Jato como um “filme de terror” cujo final ainda é desconhecido.

Cunha criticou “exageros” do juiz Sergio Moro e chamou de “absurda” a prisão de Marcelo Odebrecht, presidente da empreiteira que leva o nome da família, e dos demais executivos na semana passada.

Enquanto os advogados da empresa já impetraram habeas corpus para três dos diretores presos, o de Marcelo ainda não tinha ficado pronto. A fundamentação da defesa do presidente é diferente da dos outros,, pelos interesses que a empresa representa no mundo.

Isto Posto… As novas utopias do LULA

lula-barbaO comandante “Mor” desse barco sem rumo, nau à deriva no mar de pilhagem e patifaria em que se transformou o governo de Dilma Rousseff, o velho lobo do mar, alcunhado com carinho pelos brasileiros de LULA, disse dias atrás que o PT perdeu a utopia por “está velho”, “só pensar em cargo” e ter sucumbido ao “cansaço”, numa referência clara ao modo desastroso com que sua pupila, dantes definida por ele próprio como exemplo de gestão e competência, estaria conduzindo o governo em direção ao naufrágio político do partido e de seu maior expoente.

Tais observações foram, sem dúvida, as coisas mais sábias produzidas pelo LULA desde que deixou a Presidência da República e passou a distribuir informações privilegiadas aos empresários que ora se veem envoltos pelas denúncias de corrupção investigadas pela Polícia Federal e o Ministério Público na Operação Lava Jato, o Petrolão, em troca de palestras organizadas e pagas pelas empresas interessadas no que tinha para lhes dizer o então homem mais influente de toda república.

De fato, o Partido dos Trabalhadores sucumbiu não só ao cansaço como insinua o velho LULA. Mas que isso, o PT se entregou ao modo peculiar de se conduzir os negócios públicos no Brasil, sempre calcados em relações institucionais mediadas pela  chantagem entre os três Poderes e pela compra efetiva de parlamentares através do pagamento sistemáticos de propinas e da distribuição de cargos na estrutura governamental, como regra inescapável para manter a governabilidade.

Contudo, embora a análise do LULA sobre o seu PT seja pertinente e oportuna, a história se constrói de acontecimentos já consumados no tempo, ou seja, de eventos passados sobre os quais se possam deter o historiador a fim de reproduzir com alguma fidelidade os fatos relevantes. Também assim se dará no caso do LULA quando sua história tiver que ser contada no futuro. Os fatos a serem considerados serão os do passado e, dentre estes, a maneira perversa como este velho caudilho, populista e demagogo conseguiu destroçar as utopias do povo brasileiro ao desmobilizar toda resistência política desse país, cooptando associações e sindicatos de trabalhadores e dispersando os movimentos sociais que antes simbolizavam uma possível insurgência no Brasil.

Então, cabe agora indagar que novas utopias ainda animam o coração dessa velha raposa política que se traduzam na renovação da esperança desse povo que assistiu o próprio LULA negociar os sonhos de uma nação igualitária e emancipada. A resposta talvez ele mesmo não saiba, mas acredite ser seu retorno ao poder em 2018, simplesmente para alimentar sua ambição ou fomentar novas utopias, sem atentar para o pensamento sábio que diz que “o ignorante não é apenas um lastro, mas um perigo da embarcação social”.

Isto posto, deixo esta reflexão do pensamento Hindu: “A mente jungida aos sentidos vê romper-se o seu leme da sabedoria, tal qual uma nau na tormenta deriva para o naufrágio e a morte”.

Por: Adão Lima de Souza

Renan: Senado vai mudar MP da Previdência

RENANO presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), sinalizou, hoje, que o Congresso vai fazer mudanças na Medida Provisória 676, que institui uma nova fórmula para o cálculo da aposentadoria.

“O fundamental é que a medida provisória seja aprimorada no Congresso Nacional. Ela parte do 85/95, isso já é um avanço. O que nós precisamos é mudar a regra de progressividade para que ela não acabe comendo o 85/95. Esse é o papel do Congresso”, disse.

O Planalto editou uma MP hoje que assegura, para a aposentadoria integral, a regra de 85 pontos (idade+tempo de contribuição para mulheres) e 95 pontos (idade+tempo de contribuição para homens). Essa fórmula já havia sido aprovada pelo Congresso na MP 664, vetada por Dilma.

A partir de 2017, no entanto, esse cálculo de 85/95, de acordo com a nova MP, será alterado progressivamente. O texto diz que essas somas de idade e de tempo de contribuição serão majoradas em um ponto em “1º de janeiro de 2017; 1º de janeiro de 2019; 1º de janeiro de 2020; 1º de janeiro de 2021; e 1º de janeiro de 2022”.

Questionado se pensava em devolver a medida para o Executivo, como chegou a propor o senador petista Walter Pinheiro (BA), Renan afirmou que “por enquanto” essa hipótese não estava em discussão.

“O que aconteceu em junho de 2013 no Brasil ainda não acabou”

HARVEYA multidão de jovens que se aglomerava na última terça-feira na porta do Sesc Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, poderia dar a impressão de que alguma grande banda descolada se apresentaria em breve. Mas a grande atração do dia era o geógrafo marxista David Harvey (Kent, 1935), professor de antropologia da Universidade da Cidade de Nova York (Cuny), que veio ao Brasil para participar do Seminário Internacional Cidades Rebeldes, promovido pela Boitempo Editorial. Na programação, quatro aulas de introdução a sua obra ministradas pelos principais nomes da geografia, do urbanismo e da filosofia do Brasil, como Raquel Rolnik e Erminia Maricato.

Apresentando a edição traduzida de sua obra “Paris, capital da modernidade”, que chega agora às livrarias brasileiras, o próprio Harvey tomou o palco naquela tarde para apresentar sua análise de como a exclusão promovida pela urbanização de massa nas cidades desencadeia o descontentamento e as revoltas populares. E, como em alguns casos, a consequência se dá nos cenários políticos. Foi assim na Paris de 1848, analisada por ele em seu livro, na Baltimore de 1968 pós-morte do líder negro Martin Luther King, também estudada por ele, e na “pandemia de revoltas populares” vividas nos últimos anos em países como Espanha (com o movimento dos Indignados), Turquia (com os jovens em defesa do parque Gezi) e o Brasil, com as revoltas de junho de 2013, que teve seu auge há exatos dois anos neste dia 13, quando o ato, em São Paulo, foi reprimido violentamente pela polícia, deixou centenas de feridos, e incendiou os protestos pelo país.

Dois dias depois de sua palestra, um otimista Harvey conversou com o EL PAÍS sobre esses movimentos e suas consequências.

Pergunta. Na sua palestra você fez um paralelo entre os distúrbios de Baltimore após a morte de Luther King, em 1968, e os ocorridos em 2015, após a morte de Freddie Gray pela polícia. Como esses episódios tão distantes no tempo são semelhantes?

Resposta. Em 1968, basicamente, estávamos lidando com a situação do surgimento do movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos. O movimento de massa que havia lá era organizado de uma forma muito poderosa. No final dos anos 1960, isso começou a ficar muito perigoso para a estrutura política de poder e o perigo foi aumentando porque estava emergindo uma conexão entre a marginalização racial e a distinção de classe. E, quando você coloca raça e classe juntas, é como uma dinamite. Foi isso que os Panteras Negras fizeram e eles eram, basicamente, perseguidos e mortos. Malcolm X e Luther King foram mortos. De forma muito simplificada, uma força política muito poderosa foi suprimida. A resposta, em algum nível, foi que alguma pressão teve que ser retirada da repressão sofrida pelos negros. Então, seguimos por um número de anos em que a classe média negra, educada, pode desabrochar. É uma minoria, mas ainda assim importante. E chegamos ao ponto de termos um presidente negro saindo disso.

Mas a distinção de classe sempre esteve lá e a camada mais pobre da sociedade americana continua sendo negra ou hispânica. Não é por acaso que elas ainda vivem sob os mesmos tipos de condição, de repressão e isolamento. Em alguns aspectos, vivem em situação pior que a que viviam no final dos anos 1960 porque os trabalhos industriais, decentes, desapareceram agora. Então, quando uma nova fase de distúrbios aconteceu em 2015, o que vimos foi uma revolta dessa população contra sua condição de vida. O que é verdade em todos os eventos urbanos que vimos ao redor do mundo recentemente é que o gatilho da revolta, em muitos casos, é a morte de jovens negros pela ação policial. Mas a situação não tomaria as dimensões que tomou não fosse a existência desse amplo senso de descontentamento e alienação, que está bastante espalhado na comunidade. Todo esse descontentamento aparece após um incidente como esse. Então, não é possível dizer que é por causa desse incidente que a revolta acontece, mas por causa das condições de vida daquela população naquele momento histórico.

P. Esse gatilho da violência policial apareceu em diversas outras ocasiões. Aqui no Brasil, na Turquia, na Espanha. Os protestos começam pequenos, segmentados, a polícia age com violência e eles se tornam algo grande. Por que?

R. É muito difícil dizer porque acontece. A maioria de nós, inclusive eu, ficamos bastante surpresos com o que aconteceu, por exemplo, em Ferguson, no Missouri, onde um protesto de rua é seguido por uma força policial que parece que está invadindo o Iraque. E que, de fato, usou o equipamento militar do Iraque na rua, contra uma população civil que está simplesmente protestando, de forma legítima. O que acontece é que há uma intenção crescente de militarizar o descontentamento popular. E receber o descontentamento popular com repressão. Isso é legitimado, cada vez mais, por essa retórica antiterrorismo, essa mentalidade antiterrorista de que todos que não estão agindo em conformidade com o sistema são potencialmente terroristas. Há essa mentalidade e a tendência de usar a força policial, e usá-la instantaneamente, para conter o descontentamento. O movimento Occupy, de Nova York, que era muito pequeno e, em muitas maneiras, até inocente, foi recebido por uma feroz repressão policial. E todos ficaram se questionando por que. No Brasil, assim como em Istambul, a violência da resposta policial se tornou parte do problema e criou uma guerra urbana, entre as forças militares e os manifestantes, que também se tornaram cada vez mais sofisticados para lutar batalhas de rua.

P. Essa resposta pode ser um sinal de que os Estados não estão conseguindo compreender o que de fato está acontecendo?

R. Acho que há uma distância em relação ao povo e aos sentimentos do povo. Parte do que está movendo a raiva da população é a sensação de que não há de fato uma democracia, canais reais de consulta e de engajamento ao processo político. O Estado e um pequeno grupo de líderes de negócios poderosos tomam decisões sobre a construção de um novo estádio de futebol, ou outros megaprojetos. Há um sentimento de alienação do processo político. E isso constrói uma importante base para a frustração e a raiva. Pessoas alienadas tendem a ser muito passivas até que alguma coisa aconteça e elas se tornem bravas. E aí se começa a ver protestos desse tipo, seguidos dessa repressão. Vimos isso em muitas cidades.

P. As próprias condições de vida e o processo de urbanização também contribuem?

R. Acho que como residente de uma cidade, eu sempre gostei de me sentir confortável na rua que eu vivo, de saber que eu tenho algo a dizer sobre a vida diária que se passa ao meu redor, e de ser capaz de desfrutar dessa vida. As pessoas não têm o tempo para desfrutar a vida. Esse tempo é tomado por uma série de demandas, como obrigações familiares e todo o resto. As pessoas estão estressadas. E pessoas estressadas tendem a ser revoltadas com as condições da vida. Ao mesmo tempo, elas se encontram frequentemente exploradas. Eu falo para os meus estudantes: ‘vocês podem não sentir isso na força de trabalho, mas e a companhia telefônica te explora? A empresa de cartão de crédito te explora?’ E eles dizem: ‘sim, sim! O proprietário do meu apartamento subiu o aluguel em mais de 30%!’ A vida é impossível. As pessoas vão a um trabalho, que muitas vezes sentem sem significado. Há uma lacuna de significado na vida. Há um descontentamento geral com as condições. E, ao mesmo tempo, elas pensam: ‘não há motivos para eu votar, se eu votar eles vão continuar fazendo a mesma coisa do mesmo jeito, não vão me consultar’. Há uma alienação com o processo político. Somando a isso, a segregação entra no quadro. As pessoas se sentem trancadas em sua parte da cidade e há essas comunidades muradas onde elas não podem ir, todos esses locais proibidos onde as pessoas não podem circular ao invés de a cidade ser um ambiente aberto, onde as pessoas podem circular, interagir.

P. Como o centro das cidades, que expulsam as populações pobres por se tornarem cada vez mais caros?
R. Muitas pessoas sentem que a cidade está sendo tirada delas. Que a cidade que antes elas sentiam ser delas, de alguma forma está sendo roubada delas. O que é interessante é que esse era um dos grandes sentimentos que existia já na comunidade de Paris em 1871, de que a reconstrução da cidade em volta de coisas muito burguesas forçou a massa da população para os subúrbios. Então vemos esses movimentos em que as pessoas, de forma revolucionária, tentam retomar a cidade.

P. Como em Istambul, como o parque Gezi, aqui no Brasil, com o Ocupe Estelita…

R. Sim, passei uma manhã muito agradável com eles em Recife, aliás.

P. A área, no fim, deve mesmo se tornar empreendimento imobiliário.

R. As pessoas vão lá e lutam e é muito raro que elas de fato ganhem. Mas o outro sinal importante de tudo isso, que foi verdade aqui no Brasil, em 2013, é que quando algo que emerge em uma só cidade acaba contagiando outras cidades paralelamente é um sinal importante de que há algo errado com toda a forma como o processo está funcionando. São as pessoas dizendo: ‘temos que mudar o processo radicalmente’.

P. E como mudar? Aqui no Brasil o aumento da tarifa desencadeou os protestos em várias cidades. Diferentes demandas surgiram, mas não vivemos uma mudança política como ocorreu na Espanha, com o Podemos, ou na Grécia, com o Syriza. Por acha que isso aconteceu?

R. Eu não sei. É algo que eu gostaria de saber de você. Acho que a questão que eu perguntaria é: tem certeza de que nada mudou? As pessoas vão para as ruas, a memória daquilo não desaparece da noite para o dia. Neste momento, provavelmente, tudo está um pouco confuso pelos protestos liderados pela ala da direita [contra a presidenta Dilma Rousseff] e ninguém sabe qual a forma política que os protestos de esquerda vão tomar. Ainda não se produziu um Podemos, um Syriza. Na Turquia, esse processo também promoveu um novo partido político, que é o curdo HDP, que foi eleito agora para o Parlamento e evitou que o presidente reescrevesse a Constituição para ter poderes absolutos, o que foi um momento importante para a democracia do país e que não teria acontecido sem o chamado processo Gezi [em referência à revolta gerada pela intenção de construir um shopping no local do parque Gezi]. Aqui, eu acho que o problema é que vocês têm a Dilma e o PT no poder. O PT se tornou mais neoliberal, está implementando uma série de políticas de austeridade e ninguém se sente animado a apoiar isso, a ir às ruas e apoiar Dilma e as políticas de austeridade. As pessoas gostariam de sair às ruas e apoiar algo diferente. Mas, no momento, esse algo diferente não existe. Pode vir no futuro, quem sabe. Eu suspeito que vai emergir.

P. Seria possível, a essa altura, o PT voltar a ser o que era?

R. O PT poderia mudar. Mas a gente vê exemplos de outros países, como a Inglaterra, onde o Partido Trabalhista mudou para ser um partido mais radical e a resposta foi negativa. Eu suspeito que para o PT não vai ser mais possível. Isso iria requerer uma grande revolução dentro do partido. Há outros partidos de esquerda menores que tendem a ser mais sectários e que poderiam se unir, como aconteceu com o Syriza, em uma força política mais coerente. Nesse caso, eles com certeza invocariam o espírito de junho de 2013, sendo a base do que eles gostariam de fazer. Acho que o aconteceu em junho de 2013 ainda não acabou e as consequências ainda estão para ser conhecidas.

P. O Estado pode agir para mudar o que tem provocado esse descontentamento geral?

R. Depende da base social do aparato estatal. O aparato estatal tem uma burocracia que tende a operar de uma maneira própria, independentemente do poder político. Essa burocracia é mais alinhada com o que os desenvolvedores querem. Quando se trata de um poder com uma base política muito forte, então o lado político tende a ser mais combativo contra os grandes projetos. Pode parar alguns dos megaprojetos, começar a se colocar em parceria com os movimentos sociais. Então, um movimento de bairro que está demandando melhorias na qualidade de vida poderá achar um Estado que é parceiro, em oposição a um contra o qual ele tem que entrar em confronto. Será muito interessante de ver o que vai acontecer em Madri e em Barcelona, por exemplo, onde duas prefeitas foram eleitas com base em uma força social que dizia que é preciso fazer alguma coisa diferente. E vamos ver o quanto o que elas conseguem fazer é, de fato, diferente. Vimos em Nova York, um prefeito mais inclinado à esquerda sendo eleito. Mas, até agora, ele ainda não foi capaz de fazer muito porque os poderes financeiros o pararam.

P. Temos um processo parecido em São Paulo, com o prefeito Fernando Haddad. Como consequência, parece que houve um afastamento dos movimentos sociais que o apoiaram.

R. É sempre muito difícil manter essa conexão viva. O prefeito se transformar no parceiro dos movimentos sociais é sempre um pouco perigoso porque as pessoas que financiam as eleições não vão mais financiar aquele prefeito. É assim que a política local é dada. Mas, por outro lado, se os movimentos sociais são fortes e poderosos o suficiente, eles podem garantir a eleição do prefeito. É assim que a luta de classe pode começar a retomar as coisas. Los Angeles e Seattle estão agora demandando um salário mínimo para todos os que trabalham naquelas cidades. O salário mínimo federal é de 7 dólares a hora e eles estão elevando para 15, progressivamente. É a cidade se movendo porque a população decidiu eleger pessoas progressistas. E para eles continuarem a ser reeleitos, eles têm que continuar fazendo coisas progressistas, como isso de elevar o salário mínimo.

P. Você, então, parece otimista em relação a esses movimentos ao redor do mundo.

R. Acho que coisas interessantes estão acontecendo no momento, como o que aconteceu em Barcelona, como o que aconteceu em Madri, em Los Angeles, em Seattle. Há muitos movimentos acontecendo no momento. Passamos por dez anos em que não houve nenhum movimento nessa direção. Agora há um movimento que está indo na direção certa e que tende a se fortalecer e ir para algum lugar.

P. Mas você também destacou na sua palestra que a falha desses movimentos pode dar espaço para o fortalecimento da extrema direita.

R. Acho que essa é a outra possibilidade. E é por isso que eu acho que é crucial para as pessoas começarem a reconhecer que esse é um momento histórico importante, que essa abertura para a esquerda na política é muito mais difícil e as pessoas, às vezes, têm que deixar de lado as suas visões sectárias e dizer: ‘ok, é mais importante ser solidário do que estar certo’.

Fonte: EL País.

PT quer recuperar terreno com militância sem falar de corrupção

“Não temos tanto apoio como tínhamos há dez ou quinze anos. Precisamos retomar a confiança da nossa própria base”.

 PT

Delegados do PT, reunidos no luxuoso hotel na praia do Rio Vermelho em Salvador (Bahia) para o V Congresso Nacional da sigla, as frases se sucediam como mais um sinal do mal-estar instalado no maior partido brasileiro.

No poder há 12 anos, mas desgastado pela crise econômica e pelos escândalos, o PT decidiu passar ao largo de um tema que foi caro na construção de sua identidade: o combate à corrupção.

Nos discursos dos dois principais representantes do partido, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff, as menções ao tema ou repetiram fórmulas passadas ou foram genéricas. Rousseff repetiu que seu governo incentivou as investigações da Polícia Federal e a autonomia do Ministério Público. “Temos de ter determinação, que está refletindo pela primeira vez na punição de corruptos e de corruptores. Foi no nosso Governo, meu e do presidente Lula, que as duas pontas da corrupção tiveram uma legislação que condenavam o corrupto e o corruptor”.

Nenhum deles cobrou, por exemplo, uma punição aos petistas envolvidos em atos ilícitos. Lula chegou a dizer que o PT cometeu erros e que eles precisam ser corrigidos. Mas não especificou quais foram esses equívocos.

O presidente da sigla, o jornalista e ex-deputado estadual paulista Rui Falcão, justificou a ausência desse debate afirmando que “há em processo uma tentativa de criminalização” do partido e que nenhum petista está envolvido no “descaminho” da Petrobras. “O que há contra o PT é uma acusação infundada, sem provas. Ela tem sido paulatinamente desmontada a partir do momento em que tentou se apresentar as doações legais ao PT como ilícitas e aquelas que são feitas da mesma forma, pelas mesmas empresas, para outros partidos, como se fosse feita pela Irmã Dulce ou das quermesses que esses partidos realizam”, disse Falcão durante uma entrevista coletiva que antecedeu a abertura oficial do evento.

A presidente Dilma Rousseff pediu ao menos cinco vezes apoio dos petistas ao seu governo. Enquanto ela falava para a plateia de quase 500 pessoas, um grupo de petistas ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT), segurava uma faixa com a frase “Abaixo o Plano Levy”.

Nas proximidades do hotel onde ocorrem os debates, os sinais de insatisfação também apareciam. Separados por um cordão de isolamento formado por cerca de 100 policiais do batalhão de choque, um grupo de quase 200 pessoas, entre sindicalistas da Central Única dos Trabalhadores (CUT), militantes que receberam 30 reais para balançar as flâmulas petistas, uma espécie de uma fanfarra e artistas circenses. “Em outros tempos teríamos mais de 1.000 pessoas aqui. Vai ser difícil recuperar o apoio do trabalhador, ainda mais com esse ajuste fiscal”, lamentou um sindicalista baiano.

Lóssio sinaliza com possível apoio a Lucas Ramos

LóssioEm entrevista, hoje, no Frente a Frente, que vai ao ar todos os dias das 18 às 19 horas pela Rede Nordeste de Rádio, retransmitida aqui pela Petrolina FM, o prefeito de Petrolina, Júlio Lóssio (PMDB), admitiu, pela primeira vez, que o candidato a prefeito do seu grupo nas eleições do ano que vem pode ser o deputado estadual Lucas Ramos (PSB).

“Já temos um namoro antigo, que pode dar em casamento”, disse Lóssio.

Qual o limite para o financiamento privado de campanha?

MALUFA proposta, que trata das regras de financiamento, ainda terá que ser referendada em uma segunda votação na Câmara e em outra no Senado. Mas o que de fato precisa mudar sobre o assunto, na opinião de especialistas, ainda não está sendo debatido: qual será o limite que uma empresa ou uma pessoa terão para poder doar a partidos ou candidatos?

A forma de financiamento aprovada pelos deputados na última quarta-feira prevê que empresas só poderão fazer doações para partidos políticos. Atualmente, elas podem doar para candidatos também. Isso, em tese, pode diluir a influência, ou a relação muito estreita, entre uma companhia e um determinado político. Para pessoas físicas, no entanto, nada muda: elas poderão continuar financiando partidos e candidatos.

A regra, aprovada depois de uma manobra política do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, torna a medida, que já ocorre na prática, parte da Constituição brasileira, portanto com menos chance de ser alterada. Atualmente, o Supremo Tribunal Federal decide se a regra atende à Carta Magna brasileira. Ao torná-la constitucional, os deputados evitam que os ministros tenham poder de proibi-la.

No Congresso, os parlamentares terão que definir os limites de cada modalidade de doação. Atualmente, na opinião de especialistas, a regra vigente, do Tribunal Superior Eleitoral, não é eficiente: para empresas, o teto é de 2% sobre o faturamento do ano anterior e, para pessoas físicas, de 10% do rendimento anual comprovado no imposto de renda.

Por: Adão Lima de Souza.

Pessimismo no Brasil bate recorde com crise econômica e corrupção

SINDICATOS

Uma pesquisa do Instituto Ibope, realizada em 141 cidades, revela que 36% dos brasileiros estão pessimistas em relação ao futuro do país, e outros 12% estão muito pessimistas. Ou seja, 47% da população está sem esperança sobre o que virá.

É o pior resultado desde 2001, ano do apagão, quando o racionamento de energia tirou o humor do país. Mais do que isso, mostra a rota descendente da confiança popular durante a gestão da presidenta Dilma Rousseff, o que explica a hostilidade persistente de alguns setores a sua pessoa.

No começo do seu primeiro mandato, em 2011, 73% se declaravam otimistas com o futuro. No ano passado, esse porcentual caiu para 49%. Agora, há um desânimo geral entre os brasileiros diante das notícias negativas deste ano.

Atualmente, 20% estão confiantes, e uma parcela de 28% não se diz nem otimista e nem pessimista. O estado de ânimo atual não chega a surpreender, diante dos escândalos de corrupção, e a crise econômica que afeta o cotidiano dos brasileiros.

Quando a avaliação leva em conta o poder de compra e a região dos entrevistados, os nordestinos e os de menor poder aquisitivo lideram o pessimismo, justamente os que compõem prioritariamente o perfil de eleitores da presidenta.

No Nordeste, 51% estão pessimistas ou muito pessimistas, contra 50% dos que foram ouvidos no Sudeste, 41% do Norte e Centro-Oeste e 46% do Sul.

Mais da metade (53%) dos que ganham até um salário mínimo está pessimista em relação ao futuro, contra 49% dos que ganham mais de cinco salários.

O levantamento divulgado nesta sexta, que ouviu 2002 pessoas, mostra que as principais preocupações da população residem na saúde (o mais relevante, segundo 25% dos entrevistados), seguido pelas drogas (14%) e corrupção (13%), em seguida, segurança e educação (9% para cada um).

Por: Adão Lima de Souza

FHC: sistema político do Brasil está quebrado

FHCO ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse, em entrevista ao jornal britânico Financial Times, que o atual sistema político do Brasil está quebrado e defendeu uma reforma política para restaurar a credibilidade do País. Na entrevista, Fernando Henrique identificou falta de interesse e descrença da população na política, que ele creditou aos “muitos erros que vêm ocorrendo nos últimos anos”.

Na visão do ex-presidente, o sistema político brasileiro está sendo, na prática, uma mistura de parlamentarismo e presidencialismo – embora, em tese, Executivo e Legislativo sejam independentes, o Executivo tem que nomear ministros de aliados no Congresso para evitar uma paralisia do sistema.

Para evitar que isso aconteça, o sociólogo disse que apoia a proposta do senador José Serra (PSDB-SP) de introduzir eleições majoritárias no Legislativo já para as próximas votações para vereador, em contraste com o atual sistema de voto proporcional. A medida seria, na visão de FHC, um primeiro passo para uma reforma política em nível nacional e evitaria fenômenos como os puxadores de voto, quando candidatos mais votados acabam elegendo outros que não tiveram votação expressiva. “Vamos testar se, pelo menos a nível local, é possível tentar outro sistema eleitoral. Se for tudo bem, ampliamos para outros níveis”, declarou.

O presidente disse também que entre os maiores sinais de que o atual sistema brasileiro está em crise estão a baixa popularidade da presidente Dilma Rousseff e os pedidos de impeachment de seu mandato apenas seis meses depois das eleições presidenciais. Apesar da crise do PT, Fernando Henrique Cardoso acredita que o ex-presidente Lula (PT) concorrerá novamente à presidência em 2018. “O PT não tem outra alternativa a não ser o Lula”, disse.