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Isto posto… Os novos muros de Berlim.
Na canção Baihuno, do disco homônimo de 1993, o saudoso Belchior cantava: “Cai o Muro de Berlim – cai sobre ti, sobre mim, nova ordem mundial”. Hoje, dia 9 de novembro comemora-se os trinta anos deste acontecimento que pôs fim fim a chamada Guerra Fria e redirecionou o mundo para um inédito multilateralismo.
E, embora não seja apenas otimismo que o poeta cearense expressa em sua bela canção sobre a nova ordem mundial que cairia sobre nós, é imperioso admitir os avanços inegáveis trazidos pela cooperação internacional, manifesta no fortalecimento da União Europeia e na tomada conjunta de decisões por organismos representativos da comunidade mundial, tais como ONU, OMC, OTAN, notavelmente responsáveis por afastar novas catástrofes mundiais como as duas grandes guerras ocorridas no século vinte… Pelo menos até agora.
Todavia, analisando o atual cenário político global, é forçoso admitir que a ascensão de pensamentos conservadores de extrema direita, a proliferação do discurso de ódio às minorias e a normalização da intolerância com a diversidade de ideias e comportamentos, torna irrefutável a sentença de Demétrio Magnoli, colunista da Folha de São Paulo, quando diz que “as loucas esperanças do dia 9 de novembro de 1989, dia da queda do muro de Berlim, estilhaçaram-se contra os muros invisíveis da multifacética crise europeia, da ascensão de Donald Trump, da restauração da “Grande Rússia”, da ressurgência do fantasma do extremismo na Alemanha”.
Isto posto, caro leitor, também o Brasil, com seu atual governo de perseguições e intolerâncias, de estupidez e inclinação autoritária, de aturdimento e desinteligência contribui fortemente para soerguer novos muros de Berlim, fundados na violação de direitos humanos e no terror estatal.
Por: Adão Lima de Souza
Isto Posto… A queda do muro de Berlim e as novas “Cortinas de Ferro”
Em nove de novembro de 1989, depois de várias semanas de distúrbios civis ocorridos, causados pela onda revolucionária de libertação liderada por Moscou que varreu o Bloco comunista do Leste Europeu, ocasionando o futuro declínio da União Soviética, o governo da então República Democrática Alemã, parte oriental da Alemanha, de regime comunista, anunciou que todos os seus cidadãos poderiam visitar a Alemanha Ocidental.
Neste dia, multidões de alemães orientais subiram e atravessaram o Muro, juntando-se aos alemães ocidentais do outro lado, em uma atmosfera de celebração. Ao longo das semanas seguintes, partes do Muro foram destruídas por um público cada vez mais eufórico.
Este fora o ponto de partida para que se derrubasse a chamada “Cortina de Ferro” que dividira o país ao meio criando a Berlim Oriental e a Berlim Ocidental, ou seja, a República Democrática Alemã (RDA) e a República Federal da Alemanha (RFA), que durante mais de um quarto de século simbolizava, ao mesmo tempo, a divisão do mundo em dois blocos ou partes, respectivamente, Comunista, constituído pelos países sob o julgo do regime soviético e Capitalista formado pelos países liderado pelos Estados Unidos.
O muro, além de separar, até sua queda, dezenas de milhares de famílias berlinenses que ficaram divididas e sem contato algum, era patrulhado por militares da Alemanha Oriental Comunista com ordens de atirar para matar. Sendo até hoje os números de mortos, feridos e presos contestados por diversos órgãos internacionais de Direitos Humanos.
A queda do Muro de Berlim abriu o caminho para a reunificação alemã que foi formalmente celebrada em 3 de outubro de 1990. É também apontado por alguns historiadores como o momento que pôs fim da Guerra Fria.
Todavia, o desaparecimento desta barreira de concreto que impedia a união e o progresso de parte da humanidade, conforme alardeavam os adeptos do capitalismo, não impediu que em outras partes do planeta novos muros fossem erguidos, agora, sob novas égides como a origem das pessoas e a sua condição de miserabilidade. O que se consolidou como barreiras intransponíveis até mesmo maiores que o Muro de Berlim, porém sem existência física dos muros. É o caso das recentes repressões aos estrangeiros na França e em toda a Europa e do muro cultural e comercial e real existente na fronteira dos Estados Unidos com o México, que mesmo sem a divisão em blocos antagônicos como eram o Capitalista e Comunista persiste delimitando, como intransponível “Cortina de Ferro”, as oportunidades de povos latinos.
Isto posto, bem mais segregadoras, hoje, são as barreiras impostas por condições naturais das pessoas como sexo, cor, nacionalidade, inclinações religiosas que ao serem manifestas geram ódio e violência ratificados pelo Estado que cria leis que são muros difíceis de serem derrubados por se tratar de fronteiras invisíveis.
Por: Adão Lima de Souza