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FACAPE: a faculdade que temos e a que queremos.

Para o Professor Celso Franca o único caminho para reafirmar a grandeza da FACAPE é mudar a direção das coisas.

Celso FrancaO blog Cidadania Ativa, convidando os alunos, neste volta às aulas, a uma reflexão sobre os rumos da FACAPE, e, sobretudo, tendo em vista os resultados da OAB, do ENADE e a chegada de instituições privadas de ensino superior na cidade, publica a recente entrevista que o sociólogo e Professor Celso Franca concedeu ao radialista Marcelo Damasceno. Leiam.

PERGUNTA: A FACAPE é uma autarquia pública. Como compreender sua política de bolsa de estudo e qual o índice econômico da sua mensalidade?

RESPOSTA: A FACAPE é uma autarquia pública, embora seus dirigentes, ao longo do tempo, tenham ignorado que por ser pública não pode ter finalidade lucrativa. O que implica em adotar uma política de reajuste das mensalidades condizente com a necessidade de pagamento da folha de pessoal e suficiente para gerar uma pequena margem financeira para investimento nas melhorias indispensáveis.

Entretanto, o que se ver na FACAPE é uma política benevolente com pagamento de pessoal, por meio de uma multiplicidade de cargos de confiança, obrigando a majorações cada vez mais agressivas da contraprestação pecuniária dos estudantes.

No tocante às bolsas de estudo, estas são formas disfarçadas de barateamento de mão-de-obra, pois exige do aluno uma contrapartida em trabalho – que o impede de estudar – de 08 horas diárias no primeiro ano em que a bolsa é integral, seguido de progressiva cobrança das mensalidades nos percentuais de 25% no segundo ano; 50%, no terceiro; 75%, no quarto; e, por fim, 100% no quinto ano.

PERGUNTA: A FACAPE deveria passar por um processo de privatização hoje, mormente ser autarquia municipal? Não atrapalha a FACAPE está nessa dicotomia?

RESPOSTA: Não há necessidade de privatização. A FACAPE deve permanecer pública, seja mantida com recursos próprios como é atualmente através de cobrança de mensalidades; seja com recursos oriundos da Prefeitura Municipal, do Estado, da União ou de ambos por meio de convênios autorizados em Lei.

A dicotomia instaurada pelo fato da FACAPE ser pública e cobrar mensalidades não é suficiente para gerar atrapalhos, desde que os gestores da autarquia compreendam que, pela sua natureza de instituição sem fins lucrativos, a política de reajuste deve ser pautada por um planejamento eficiente dos gastos com pessoal e manutenção da faculdade, através de medidas eficazes de contenção de despesas e de otimização dos recursos financeiros advindos da mensalidade paga por estudantes que são hoje, predominantemente, trabalhadores e filhos de trabalhadores.

PERGUNTA: Qual o termômetro de satisfação hoje entre os docentes quanto à atual política que conduz influente Instituição e tão premiada por mérito técnico quanto aos seus cursos?

RESPOSTA: Há uma insatisfação crescente não só de docentes, como de alunos, e, creio eu, da própria sociedade, à medida que a instituição tem excluído do processo decisório parcela considerável da comunidade.

Quanto aos méritos técnicos festejados pela nossa faculdade, não devemos nos esquecer de que parte deles, como a excelente colocação atestada pela OAB/PE, o ENADE, em menor destaque, é fruto mais da dedicação individual dos formandos do que de esforços concentrados pela FACAPE na direção destas conquistas. O que é mais visível nesta atual gestão é que ela se deixou perder por um fordismo enferrujado e ignaro, onde impera a quantidade e não a qualidade do ensino-aprendizagem.

Diante disso, parece-nos que o único caminho para reafirmar a grandeza da FACAPE é mudar a direção das coisas.

Celso Franca, Professor de Sociologia da FACAPE.