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Isto Posto… Carnaval: Orgia Momesca!
É CARNAVAL! A festa da carne! Orgia Momesca com o dinheiro público! Nesta data em que prefeitos e governadores presenteiam seus súditos com um circo luxuoso, gastando fortunas para a alegria geral e fuga em massa dos problemas que assolam o país como miséria, escassez de água e insegurança nas cidades. Mas, que importa isso? Todos dançam. Os que vão à festa e os que a assistem de casa pela televisão.
Todos dançam… E por alguns dias são reis, conhecem a felicidade… E se esbaldam como se fosse a última coisa a se fazer!
Como dizia o velho Raul: que pena não sermos burros! Tudo estaria resolvido. Seríamos todos reis… Momos, tudo bem, mas reis! Reis da cocada preta, do Cabaré das Virgens. Parodiando o carnaval de Chico Buarque, seguiríamos felizes nas alas deslumbrantes dos Barões famintos, dos Napoleões etílicos, errando cegos pelo continente.
Mas, não. Não somos reis em nada, mesmo durante o carnaval. Somos vítimas de nossa fugaz felicidade, nesse carnaval de ilusões, nesse circo de horrores onde os palhaços são tristes e imploram por comiseração.
E que importa quanto custa a farra de prefeitos e governadores com o carnaval do povo? Qualquer fortuna gasta será preço irrisório para pagar a imensa alegria que explode nos quatro cantos das cidades. O estado geral de felicidade personificado pelos refrãos renitentes e intermináveis do “Ai, que vida boa, olerê! Ai, que vida boa, olará! O estandarte do sanatório geral vai passar”
Afinal, o traço marcante de nossa gente é a felicidade espontânea, a alegria sem embaraço diante das tragédias cotidianas e previsíveis deste risível país de homens cordiais e bumbuns avantajados.
Que importa que governo e prefeitura de São Paulo tenham gastado milhões no financiamento da orgia momesca, com escolas de samba e blocos de rua, quando poderia importar água para saciar a sede de seu povo? Que se afoguem na eternidade desses cinco dias de majestade carnavalesca, no mar de alegria de seus reinados de araque.
E Pernambuco, com seus mais de dois milhões investidos em festas interior a fora, quem fará conta disto? Os enfermos dos hospitais em estado de coma? Os agricultores que agonizam na labuta da seca? Ou os mendigos que são varridos para longe do circuito de festas do povo?
E a Bahia? Ah, a Bahia… A Bahia é outra alegria! Todos são reis o ano todo! No carnaval é que perdem a majestade e viram “pipoca”.
Mas, a quem interessa esta retórica sentimental? “Se esta gente levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”? Que importa se dorme “nossa pátria mãe tão distraída, sem perceber que é subtraída em tenebrosas transações”? É CARNAVAL. Então, “ai, que vida boa, olerê! Ai, que vida boa, olará”!
Viva a ala dos Barões famintos! A ala do Napoleões etílicos! O carnaval vai passar!
Isto posto, Folião-Rei, cantemos todos nós “O teu cabelo não nega mulata, mas como a cor não pega” . “Tomara que chova três dias sem parar”. “Trabalho não me cansa, o que cansa é pensar, que lá em casa não tem água, nem pra cozinhar”. As águas vão rolar… O CARNAVAL VAI PASSAR!
“A felicidade do pobre parece
A grande ilusão do carnaval
A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento de sonho
Pra fazer a fantasia
De rei ou de pirata ou jardineira
Pra tudo se acabar na quarta-feira”.
“É CARNAVAL, CIDADE, ACORDA PRA VER”!
Por: Adão Lima de Souza