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Cabral pede a Gilmar Mendes liberdade, prisão domiciliar ou transferência para sala de Estado Maior

LAVA JATO – A defesa de Sérgio Cabral (MDB) pediu nesta quarta-feira (8) ao ministro Gilmar Mendes, relator dos casos da Lava Jato do Rio de Janeiro no Supremo Tribunal Federal (STF), que seja concedida a liberdade ao ex-governador, prisão domiciliar ou transferência para uma sala de Estado Maior.

Não há prazo para o ministro Gilmar Mendes analisar a questão. Cabral está preso desde novembro de 2016 e atualmente está em cela coletiva no presídio de Bangu 8.

A defesa pediu que Cabral seja beneficiado pela mesma decisão que soltou Hudson Braga, ex-secretário de Obras do Rio, preso junto com o ex-governador. Gilmar Mendes mandou soltar Braga em maio deste ano.

“Rogando o deferimento, reforça-se o pedido de concessão liminar do pedido para que o requerente/paciente seja contemplado com a extensão da ordem já concedida ao corréu Hudson Braga, em quaisquer das três dimensões postuladas: liberdade, prisão domiciliar ou determinação de transferência do ex-governador a uma sala de Estado Maior”, afirmou a defesa na solicitação.

Cabral é acusado de chefiar uma organização criminosa e responde a mais de 20 processos da Lava Jato. Ele já teve seis condenações em primeira instância.

A lucrativa parceria de Cabral e Eike

Há dez anos, Eike Batista fez sua estreia como alvo da Polícia Federal. O empresário teve a casa vasculhada na Operação Toque de Midas. Era suspeito de se beneficiar de fraudes na licitação de uma ferrovia no Amapá.

Eike contratou o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos, que era considerado o advogado mais caro do país. Mas seu principal defensor foi Sérgio Cabral. Dias depois da batida da PF, o governador abriu o Palácio Guanabara para homenageá-lo.

“Vá em frente. Os teus negócios são maravilhosos. Você é um homem limpo”, desmanchou-se. “Você anda de cabeça erguida na rua porque você é um brasileiro extraordinário, um carioca extraordinário”.

Empolgado, Cabral citou Max Weber, Nelson Rodrigues e Tom Jobim para exaltar as virtudes de Eike. “Você é o anti-complexo de vira-latas”, festejou. “É um filantropo”, prosseguiu. “É um exemplo para nós. Um orgulho para o Rio de Janeiro”, arrematou. O empresário ficou tão sensibilizado que chorou diante dos fotógrafos.

Ontem o juiz Marcelo Bretas condenou Cabral e Eike por corrupção e lavagem de dinheiro. O ex-governador pegou mais 22 anos de cadeia. O ex-bilionário foi sentenciado a 30. Ele já passou três meses preso, mas foi libertado por Gilmar Mendes.

Em 119 páginas, a sentença descreve uma longa relação de promiscuidade, troca de favores e “comércio da função pública”. Na transação mais explícita, Eike depositou US$ 16,5 milhões numa das contas que escondiam a fortuna de Cabral no exterior.

O empresário também patrocinou campanhas, bancou mordomias e manteve um jatinho à disposição do político. Uma única viagem às Bahamas custou mais de R$ 600 mil, conta Malu Gaspar no livro “Tudo ou Nada”. O roteiro incluiu idas e vindas para buscar governador, primeira-dama, crianças e babás.

O filantropo tinha interesses bem materiais. Queria garantir influência, liberar licenças e agilizar os empreendimentos no estado. Cabral se comportava como um despachante de luxo, e usava a máquina oficial para facilitar os negócios do amigo.

A relação era tão escancarada que o governador se sentia à vontade para fazer piadas em público. “Vamos anunciar nos próximos dias que o Vasco da Gama passa a se chamar Vasco X”, disse, na cerimônia de 2008. Por um bom dinheiro, ele venderia até o seu time de coração.

Por: Bernardo Mello Franco, O Globo

Ministério Público Pede Pena Máxima A Cabral Por ‘Ganância Desenfreada’

CABRALO Ministério Público Federal do Rio pediu a aplicação de pena máxima ao ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Nas alegações finais ao juiz Marcelo Bretas no processo que trata de propina da empreiteira Andrade Gutierrez, a procuradoria afirma que “ao longo da instrução restou evidenciado ter o réu agido com ganância desenfreada, imbuído da intenção de ostentar padrão de vida cada vez mais luxuoso, ainda que para tanto fosse sacrificada a higidez da administração pública estadual”.

“A propina foi paga e elevou o padrão de vida de Sérgio Cabral a um nível impensável, digno de um magnata do setor privado e sem qualquer relação com o padrão econômico que um servidor público, mesmo um governador de Estado, pode pensar em ter”, afirmam os procuradores.

Cabral já foi condenado a 14 anos e 2 meses de prisão pelo juiz Sergio Moro por, no entendimento do magistrado, ter recebido R$ 2,7 milhões de propina da Andrade Gutierrez referente à obra do Comperj.

O processo no qual o MPF apresentou alegações finais nesta terça-feira (25) refere-se à propina de R$ 350 mil mensais solicitados à empreiteira por obras do Rio. De acordo com a denúncia, foram efetivamente pagos R$ 7,7 milhões.

JOIAS

Na peça, a procuradoria também defende a condenação de Cabral e da ex-primeira-dama Adriana Ancelmo por lavagem de dinheiro por meio de joias, num total de R$ 6,5 milhões.

O peemedebista afirmou em depoimento que as peças não foram adquiridas para ocultar patrimônio, como acusam os procuradores. Disse que foram compradas para presentear a mulher com sobras de caixa dois de campanha eleitoral.

“Se a compra várias vezes por ano, por um governador de Estado (que como vimos acima, recebia enormes valores em propina de empreiteiras) de quantidade expressiva de joias sem nota fiscal e com pagamento em espécie não for crime de lavagem, difícil imaginar que conduta configuraria esse delito”, afirmam os procuradores. O MPF cita que as joias mais valiosas ainda não foram encontradas.

“Saliente-se que a maior parte das joias compradas pelos réus não foi encontrada, o que denota o êxito na empreitada criminosa. Vale dizer, tendo a lavagem de dinheiro a finalidade de ocultar o patrimônio auferido ilicitamente, os réus tiveram êxito e permanecem delinquindo, na medida em que grande parte das joias compradas com recursos ilícitos não foram encontradas, continuando à disposição dos réus”, diz a peça.

Ancelmo também é acusada de auxiliar na lavagem de dinheiro por meio de seu escritório de advocacia. A alegação final da acusação diz que os repasses das empresas Reginaves (Frangos Rica) e do Hotel Portobello não foram precedidos de prestação de serviço.Ao pedir pena máxima, o MPF diz que o objetivo é desestimular novos atos de corrupção.

“Embora pareça, em primeira análise, uma pena rigorosa, ela não é, pois o seu parâmetro, além de tomar em conta a probabilidade de punição, deve ser a pena do homicídio, porque a corrupção de altos valores mata”, afirmam o procuradores.

O MPF pede condenação dos demais 12 réus, entre ex-secretários, ex-assessores e empresários.A defesa de Cabral não se pronunciou até a publicação desta nota. Em oportunidades anteriores, vem afirmando que o ex-governador não solicitou propina a empreiteiros.

Segundo a defesa do peemedebista, Cabral se apropriou de sobras de caixa dois de campanha eleitoral.A defesa da ex-primeira-dama não se pronunciou até o momento. Adriana Ancelmo afirmou em depoimento que todas as joias que adquiriu por conta própria teve a emissão de notas fiscais. Disse ainda que não sabe como Cabral pagava as peças que a presenteava.

A advogada também declarou em depoimento que todos os recursos recebidos por seu escritório tiveram prestação de serviço.

Fonte: Folhapress

Juiz Bretas espera que prisão domiciliar para Adriana Ancelmo seja exemplo para casos semelhantes

Marcelo BretasRIO DE JANEIRO – O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, assinou despacho para que a ex-primeira dama do Estado Adriana Ancelmo seja mantida em prisão domiciliar. Ela está presa preventivamente em Bangu 8 desde dezembro passado em decorrência das investigações da Operação Calicute, que apura esquema de propinas no governo do seu marido, o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB).

Bretas reiterou os argumentos para a prisão domiciliar, autorizada por ele em 17 de março e posteriormente contestada pelo Ministério Público Federal, de que o casal tem dois filhos com 11 e 14 anos, que precisam dos cuidados da mãe. “Espero que a decisão possa servir de exemplo a ser aplicado a muitas outras acusadas grávidas ou mãe de crianças que delas dependem e que respondem, encarceradas, a ações penais em todo território nacional”, escreveu o juiz no despacho.

Ele manteve as restrições impostas a Adriana: manter-se afastada da direção das empresas envolvidas nas investigações da Calicute, não ter acesso a telefones, internet e receber visitas de parentes até terceiro grau e advogados.