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Isto Posto… Carmem Lúcia e o surrado mantra: “Apurar as irregularidades, punir os responsáveis?”

STFTão logo o Procurador-Geral da República anunciou o propósito de rever os benefícios dos irmãos Joesley e Wesley Batista, dados em compensação à colaboração premiada deles e de outros executivos da JBS, a ministra-presidente (ou presidenta?) da Suprema Corte de Justiça reagiu prontamente determinando a imediata abertura de investigações contra o que Rodrigo Janot denominou de conteúdo ‘gravíssimo’ dos áudios entregues à PGR.

E todo esse frenesi se dera porque, segundo alardeou o chefe do Ministério Público Federal, havia nos citados áudios menções nada honrosas a alguns dos insuspeitos ministros do STF, tratando-se, pois, nas palavras da senhora Carmem Lúcia de agressão inédita à dignidade institucional da corte, além de frontal e injusto ataque a honradez de seus membros, assim se manifestando: “Agride-se, de maneira inédita na história do país, a dignidade institucional deste Supremo Tribunal Federal e a honorabilidade de seus integrantes”  

E em seguida sentenciar “Impõe-se, pois, com transparência absoluta, urgência, prioridade e presteza” à apuração “clara, profunda e definitiva das alegações, em respeito ao direito dos cidadãos brasileiros a um Judiciário honrado”.

Diante de tão indignada e destemida atitude, nós brasileiros desavisados, acreditávamos que no dia seguinte a dupla sertaneja de irmão batista, os demais executivos da JBS, o procurador-traidor-mor Marcelo Miller, o Geddel Vieira e o dono do apartamento-cofre onde estavam escondidos R$ 51 milhões, seriam todos, impiedosamente trancafiados numa cela escura da Papuda por tempo suficiente para apagarem da memória as belas paisagens nova-iorquinas e soteropolitanas, ao tempo em que deveria ser investigado o grau de envolvimento dos tais ministros citados.

Todavia, nada disso aconteceu. Os malfeitores continuam impunes em seus bangalôs, enquanto os honoráveis ministros da Corte Suprema discutem a possibilidade de invalidar toda e qualquer prova obtida na Operação Lava Jato, sob a pecha de serem imprestáveis e, assim, salvaguardar todos os corruptos poderosos, historicamente protegidos pela complacência do Supremo Tribunal Federal.

Isto posto, incauto cidadão, o que a ministra-chefe da justiça brasileira fez é tão somente repetir o velho mantra surrado, dito sempre que uma grande imoralidade pública vem à tona, que é: “vamos  apurar as irregularidades e punir os responsáveis” que de fato quer dizer: nada será investigado, ninguém será punido! Ou seja, Bravata! Bravata! Bravata!

Por: Adão Lima de Souza

Temer aciona Justiça contra Joesley Batista

temer-joesleyA defesa do presidente Michel Temer protocolou na Justiça, hoje, uma queixa crime por calúnia contra o dono do grupo J&S e delator da Lava Jato, Joesley Batista. A ação será analisada pelo juiz Marcus Vinícius Reis Bastos, da 12ª Vara Federal de Justiça do Distrito Federal.

A ação foi apresentada após a acusação do empresário, em entrevista à revista Época, de que Temer chefia “a maior e mais perigosa organização criminosa do Brasil”.

Na reportagem, o empresário também afirma que o presidente não fazia “cerimônia” ao pedir dinheiro para o PMDB. Ele descreve uma relação de intimidade com o presidente.

Joesley foi responsável pela gravação secreta de uma reunião com o presidente que deflagrou a atual crise política, a pior desde que Temer assumiu a presidência. Num dos trechos do áudio, segundo procuradores da República, Joesley fala que segue pagando propina todo mês a Eduardo Cunha, obtendo a anuência de Temer.

A delação de Joesley motivou um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga Temer no âmbito da Lava Jato. A suspeita é de que o presidente teria cometido os crimes de corrupção passiva, organização criminosa e obstrução à Justiça. A relatoria é do ministro Edson Fachin.

Com os desdobramentos do caso, Temer aguarda o provável oferecimento de uma denúncia contra ele pela Procuradoria-Geral da República (PGR). A denúncia tem que ser aceita por 342 dos 523 deputados da Câmara para que o Supremo Tribunal Federal fique autorizado a investigar Michel Temer.

A expectativa é de que esta denúncia seja oferecida ainda nesta semana, quando o presidente estará em viagem oficial à Rússia e à Noruega. O embarque estava marcado para a manhã desta segunda. Mas, foi adiado em cima da hora para o início da tarde, mesmo sem a inclusão de novos compromissos na agenda do presidente.

Temer: ‘Fui vítima de armação de bandidos que saquearam o País e querem sair impunes’

TEMERBRASÍLIA – Minutos depois do pronunciamento que fez sobre a crise que atinge seu governo, Michel Temer reafirmou ao Estadão sua recusa a renunciar à Presidência, se disse vítima de “armação”, negou que tenha participado de um plano para comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha e disse estranhar que a delação da JBS, que o atingiu, tenha sido selada “no momento em que a economia começa a se recuperar”.

Temer concedeu uma entrevista exclusiva ao Estadão por telefone. Disse estar convencido da capacidade de rearticulação política do governo, deu sua versão para o encontro que teve com Joesley Batista, da JBS, em março — que foi gravado e entregue ao Ministério Público Federal, o que desencadeou a delação do grupo, e criticou os termos da colaboração negociada com o empresário pela Lava Jato.

“Esse sujeito me ligou seguidamente, ao longo de vários dias, me pedindo para ser recebido”, afirmou o presidente. Segundo ele, a segurança da Presidência vive repreendendo-o por “atender o celular”. “Eu tenho o hábito, que a segurança do Planalto vive reclamando, de atender o celular, responder mensagem. É um mau hábito pela liturgia do cargo, mas que eu adquiri da experiência parlamentar”, disse Temer.

Segundo ele, depois de muita insistência por parte de Joesley, ele concordou em recebê-lo no Palácio do Jaburu. Questionado sobre o horário tardio da conversa, Temer disse que a razão foi o fato de que, anteriormente, ele compareceu à festa de aniversário da carreira do jornalista Ricardo Noblat. “Disse a ele: estou na festa do Noblat. Se quiser, passa mais tarde no Jaburu. E ele concordou.”

Temer afirmou que já conhecia Joesley, e que tem o costume de receber empresários para conversas. “Já recebi dezenas de empresários. Em São Paulo, no Jaburu, no Planalto. Muitas dessas reuniões acontecem fora da agenda”, disse o peemedebista.

Questionado sobre os assuntos tratados na reunião, alguns deles a confissão de crimes como o suborno a um procurador e supostamente a dois juízes, Temer disse ter atribuído o teor da conversa ao fato de Joesley ser alguém acuado por investigações e contrariado por não obter acesso que tinha antes a altas autoridades do governo. “Logo de cara, vi que ele era um falastrão”, afirmou.

Ele afirmou ter achado “estranho” o teor da conversa, mas que não levou a sério as afirmações. “Mas você veja que comecei a ser cada vez mais monossilábico, quando a conversa dele começou a enveredar para o pedido de que precisaria ter acesso a esse ou aquele setor do governo.”

Temer afirmou que a divulgação do áudio da conversa demonstra que ele não deu aval à compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, conforme se divulgou inicialmente. “Veja que ele diz que está mantendo uma boa relação com ele, e incentivo que deveria manter, apenas isso.”

Sobre o eventual interesse em evitar uma delação de Cunha, Temer evoca o fato de o ex-aliado tê-lo arrolado como testemunha: “Que silêncio do Cunha eu poderia comprar? Se ele me mandou 21 perguntas num processo e 17 em outro, todas claramente tentativas de me incriminar, e o próprio juiz Sergio Moro tratou de indeferir?”.

A respeito da sugestão para que Joesley procurasse o ex-assessor especial da Presidência e deputado afastado Rodrigo Rocha Loures, Temer disse que apenas confirmou uma sugestão do empresário. “Falei que poderia falar com o Rodrigo sobre assuntos do grupo, como poderia falar o Moreira, ou o Padilha”, justificou.

Temer disse acreditar que Rocha Loures “deve ter sido seduzido” pela promessa de receber R$ 500 mil ao longo de 20 anos. Questionado pelo Estadão se tomou conhecimento, em algum momento, da negociação de recursos por Rocha Loures, ou se autorizou a transação, o presidente negou.

Afirmou que o suborno ao deputado foi negociado pela obtenção de um acordo no Cade que foi negado. “O Cade resolveu? Não resolveu! Ele estava desesperado porque a Maria Silvia saneou o BNDES, ele teve de mudar a operação da empresa para outro país porque fechamos a torneira do BNDES”, afirmou o presidente.

Temer atacou os governos do PT e criticou os termos da delação oferecida ao grupo JBS. “Fui vítima de bandidos que saquearam o País nos governos passados e não obtiveram acesso ao nosso. E negociaram um acordo pelo qual querem sair impunes!”, afirmou o presidente, para em seguida dizer que tentará todos os recursos jurídicos para tentar anular o inquérito aberto contra ele no STF, que, segundo sua avaliação, se baseou em provas armadas.

Ele afirmou que não renunciará e que tentará recompor a base de sustentação do governo para aprovar as reformas. “Querem me tirar para continuar com as mesmas reformas que eu propus, com o meu programa. A quem interessa desestabilizar o governo?”, questionou o presidente.

Temer disse “estranhar” que a crise tenha sido “criada” justamente quando a economia começava a dar sinais de reação. E repetiu os dados que dissera no pronunciamento, de que a JBS lucrou com o câmbio e a venda de ações nos dias que antecederam a Operação Patmos.

Joesley e doleiro ligado a Cunha mantinham relação de amizade

JBSDesde que foi preso, em julho, o doleiro Lúcio Funaro resistiu a optar por uma delação premiada porque teria de entregar os negócios de Joesley Batista, dono do grupo J&F. Acabou perdendo a vez e foi entregue pelo próprio empresário, que se tornou delator nesta semana.

Para a Lava Jato, Joesley confessou que pagava uma mesada de R$ 400 mil ao operador mesmo após a sua prisão -Funaro é ligado ao ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e foi preso sob suspeita de corrupção.

Joesley completou que, via o corretor, pagou propina para parlamentares do PMDB na Câmara liderados por Eduardo Cunha e também ao próprio deputado cassado.

Joesley e Funaro sempre disseram que mantinham relações estritamente comerciais. O empresário afirmou ter conhecido operador quando este foi contratado para intermediar uma disputa da J&F com a família Bertin, dona de um frigorífico concorrente. Depois, Funaro atuou na compra da empresa Big Frango -transações que estão sob investigação.

DONOS DAS CASAS

O que Joesley ainda não contou em sua delação é que mantinha uma relação de amizade com o doleiro.

Há cerca de quatro anos, o dono do grupo J&F comprou a mansão do casal global Luciano Huck e Angélica em uma das ilhas de Angra dos Reis, no Rio.Em poucos meses, o local tornou-se ponto de encontro de parentes, amigos e executivos. Funaro se valia da amizade e desses momentos de intimidade para conseguir novos negócios.

Um desses empresários disse ter sido abordado dentro da piscina, em um churrasco ocorrido em 2014. Funaro teria oferecido facilidades junto à Caixa Econômica.

Naquele momento, o operador já era conhecido por ter sido dono de uma empresa usada para lavar dinheiro no mensalão. Ele se livrou da pena devido a um acordo de delação premiada.

Em 2015, foi um dos convidados para a festa de Réveillon de Joesley, que chamou um pequeno grupo de amigos e integrantes da alta cúpula do PT na época.A proximidade também fez Joesley “vender” sua casa no Jardim Europa, em São Paulo, para o amigo.

De acordo com delação premiada de Fábio Cleto, ex-vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa Econômica, e Alexandre Margotto, ex-sócio de Funaro, a casa na verdade foi adquirida com dinheiro de propina paga por Joesley.

Nas estimativas de Margotto, o imóvel valia cerca de R$ 20 milhões à época.Em mensagem enviada por sua assessoria, Joesley negou as afirmações de Margotto e afirmou que a casa foi efetivamente vendida à mulher de Funaro por cerca de R$ 9 milhões, em três prestações.

Segundo a afirmação, foram realizados dois pagamentos: de R$ 3,26 milhões, em setembro de 2015, e de R$ 2,86 milhões, em outubro de 2015. A última parcela, de R$ 2,8 milhões, com vencimento em novembro de 2015, encontra-se pendente -por isso, o imóvel está alienado à J&F, ainda de acordo com o empresário. Com informações da Folhapress.