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Isto Posto… Não Vai Ter Copa

imagesDepois de muitos protestos contra a corrupção no Brasil, cuja maior revolta se dera em virtude da construção de estádios caríssimos para abrigar jogos da Copa, os brasileiros, em sua grande maioria, principalmente aquela que nunca abandonou sua poltrona confortável para reclamar de coisa nenhuma, repentinamente se rendeu aos encantos da seleção canarinho e voltaram a ser os mesmos cidadãos pusilânimes que sempre marcou a mais intrínseca característica desse povo tupiniquim.

Entoam, agora, o discurso de que a Copa nada tem a ver com os seculares desmandos da classe política brasileira, da roubalheira desenfreada, da cotidiana orgia com o dinheiro público, enquanto o povo agoniza em escolas e hospitais sucateados e insuficientes, gritando todos a plenos pulmões, a cada gol que os milionários atletas brazucas fazem: “Sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”.

Estão convencidos de que na hora exata – a hora do voto – saberão diferenciar o joio do trigo como sempre souberam. E assim, o povo trabalhador dessas “terras brasilis” compram mais uma vez a falácia quincentenária de que o Brasil é o país do futuro, portanto, tudo se resolverá nas eleições, quer dizer, os mesmos sacripantas corruptos que roubam agora serão reeleitos para continuar representando um povo apático que crê num futuro sem nunca ter tido um presente.

Isto posto, faço minhas as palavras de Ruy Barbosa: “Brasil de ontem e de amanhã; dai-nos o de hoje que nos falta!”.

Por: Adão Lima de Souza

Isto Posto… Policiais Militares e o Impedimento de Greve: A Insegurança Institucionalizada.

PM

É permitido em Lei o Direito de Greve a toda e qualquer categoria de trabalhadores privados e, por analogia, também aos servidores públicos, excerto, aos militares, incluindo-se aí os Policiais Militares, como se estes não participassem da mesma relação de troca entre capital e trabalho, secularizada por um sistema econômico fortemente marcado pelos antagonismos entre os que comandam os mecanismos de produção e os que são obrigados a vender sua força laboral.

Diante de tal dissenso, produzido por uma interpretação equivocada de que estaria garantida a segurança geral, se mantidas ás forças auxiliares do poder de polícia da administração Pública o status de militar, o Brasil enfrenta agora um levante legítimo de trabalhadores submetidos a um longo regime de opressão operada por políticas de segurança inescrupulosas que desrespeitam os direitos e garantias trabalhistas sob a égide de uma norma, em que pese ser alçada ao patamar de constitucional, tem se mostrado injustiça e, por isso, perdido sua função preventiva, conforme se pode inferir das últimas greves da PM deflagradas na Bahia e Pernambuco.

O que se observa nesse embate de forças é de um lado governadores irresponsáveis, cujos privilégios legais de coerção contra a organização sindical dos Policiais Militares, festejando a disparidade de armas entre patrão e empregado, asseguram-lhes a desobrigação de negociar reivindicações da classe policial atinentes às condições inafastáveis de trabalho como salários decentes e benefícios legais, os quais deveriam fazer parte das atribuições dos gestores públicos para uma eficiente política de segurança.

E, assim, vê-se o cidadão aturdido em meio à insegurança institucionalizada por uma lei injusta que, ao oprimir, induz sua inobservância, pondo em xeque instituições fragilizadas, a exemplo do Ministério Público e o Poder Judiciário, que combalidos lançam mão de detritos autoritários como a lei de Segurança Nacional em flagrante desrespeito à Constituição Cidadã, a fim de fazer valer prerrogativas de governadores perniciosas ao republicanismo e ao Estado Democrático de Direito.

Isto posto, como a lei não previu contrapartida do Estado capaz de evitar greves de Policiais Militares, quem sabe uma Câmara de Mediação e Arbitragem, com competência para solucionar o dissídio trabalhista que ora se apresenta com o movimento paredista das forças de segurança, como acontece na Justiça do Trabalho, o que se esperar, então, do uso da repressão através da aplicação de leis perversas do tempo da Ditadura Militar senão o desmonte do regime democrático ocasionado pela insegurança institucionalizada promovida pelo Estado?

 Por: Adão Lima de Souza 

Isto Posto… Os Políticos não são o pior de nós.

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O mais comum no Brasil é ver o honorabilíssimo eleitor se lastimar da escolha errada que fez na última eleição. No entanto, além de tardia, a constatação do equívoco é inútil, pois pelos quatro anos do mandato, nada senão lamúrias o cidadão supostamente enganado poderá fazer para reverter as consequências danosas de sua malograda inclinação por este ou aquele candidato vendido pelos marqueteiros como produto de consumo.

Ademais, junte-se a isso um analfabetismo político crônico do eleitor brasileiro, somado à corrupção endêmica que vai do povo ao governo, e temos, então, um país chafurdado no lodaçal imundo da imoralidade administrativa, aonde princípios republicanos como a impessoalidade, a eficiência e probidade são relevados ao ostracismo por pessoas inescrupulosas, cujos propósitos são, desde outrora, saquear os cofres públicos a fim de enriquecer ilicitamente em detrimento da continuidade e suficiência da prestação de serviços essenciais de saúde, educação, segurança, lazer.

Todavia, forçoso é admitir que parcela considerável, senão a completitude das causas das mazelas na malversação do dinheiro do contribuinte, deve ser creditada ao eleitor, que movido por interesses pessoais, opta sempre por dar um voto de confiança justamente a quem se vale de expedientes escusos para captação ilícita do sufrágio.

Porque, inegavelmente, o cidadão brasileiro jamais cogita da efetividade de projetos eleitoreiros vendidos como soluções mágicas pelos candidatos a vereadores, por exemplo, para os problemas enfrentados cotidianamente nas cidades pequenas, médias ou grandes desse país continental.

Ao contrário disso, os vencedores das eleições nestas cidades, sejam vereadores, prefeitos, governadores, deputados, senadores e presidente, são beneficiados pela inclinação cultural de eleitores ávidos em apostar seu voto no concorrente que melhor sinaliza com a concessão de ganhos financeiros para o votante e sua família ou pessoa de seu círculo de relações, pouco ou nada se importando com o interesse coletivo.

Isto posto…Quando um político suspeito de roubo, fraude, desvio de verbas públicas ou outro ato qualquer de corrupção, diz estar ali representando a vontade do povo, devemos nos perguntar se realmente a nossa conduta seria diferente da dele, uma vez que é sedimentado no eleitor a certeza de que qualquer um – e isso nos inclui – lá estando, se não roubar é um tolo.

Então, caro eleitor, por que os políticos seriam o que de mais iníquo há em nossa sociedade, se são fieis a nossa vontade?

Por: Adão Lima de Souza