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O Brasil para inglês ver

Rufato*Luiz Ruffato

A pedido, listamos mais algumas informações sobre o Brasil, que esperamos ser úteis para os cerca de 600 mil torcedores que deverão desembarcar aqui por ocasião da Copa do Mundo de Futebol.

NOSSOS UNIVERSITÁRIOS – Pesquisa do Instituto Paulo Montenegro e da Ong Ação Educativa revela que 38% dos estudantes do ensino superior são analfabetos funcionais, ou seja, um em cada três universitários não domina habilidades básicas de leitura e escrita.

NOSSAS UNIVERSIDADES – Apesar de importantes ações afirmativas, como a criação de cotas raciais e sociais, mantém-se uma estranha distorção no ensino superior: os filhos de famílias ricas usufruem de boas universidades públicas (ou seja, estudam de graça), enquanto os filhos de famílias pobres cursam universidades privadas de qualidade duvidosa (ou seja, pagam para estudar, diretamente ou por meio de financiamento governamental). Segundo dados do Ministério da Educação, oito em cada dez universitários estão matriculados em instituições que cobram matrícula e mensalidade.

NOSSO SISTEMA DE SAÚDE – Embora todos tenham direito ao Sistema Único de Saúde, a má qualidade dos serviços oferecidos empurrou 48 milhões de pessoas para planos de saúde privados. Entre 2005 e 2012, segundo o Conselho Federal de Medicina, o número de leitos hospitalares credenciados pelo SUS diminuiu 10,5%. A presença de médicos na rede privada é quatro vezes maior que na rede pública. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam a existência de 17,6 médicos para cada 10 mil habitantes – metade do encontrado em países da Europa. Em alguns estados, como o Maranhão, esse número cai para sete médicos para cada 10 mil habitantes.

NOSSA MORTALIDADE INFANTIL – O Brasil diminuiu em 73% a taxa de mortalidade infantil (crianças que não chegam a atingir um ano de idade) nos últimos vinte anos. No entanto, o índice permanece alto, 16,7 por mil nascidas vivas, segundo a OMS, longe do ideal, que é de 10 mortes por mil nascimentos. O Brasil ocupa o 97º lugar no ranking mundial.

NOSSO SANEAMENTO BÁSICO – Apenas 46% do total das residências têm coleta de esgoto – e, destes, somente 38% dos dejetos recebe tratamento, conforme dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento do Ministério das Cidades. Estudo do Instituto Trata Brasil e do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável revela que 340 mil pessoas tiveram infecções gastrintestinais em 2013, registrando 2.235 mortes.

NOSSOS RIOS – Levantamento da Ong SOS Mata Atlântica, que avaliou 96 rios em sete estados, constatou que a qualidade da água em 49% deles é regular, 35% ruim e 9% péssima. Apenas 11% dos rios e mananciais mostraram boa qualidade. E nenhum dos locais analisados foi avaliado como ótimo.

NOSSAS FLORESTAS – De acordo com o IBGE, restam apenas 12% de mata nativa da Mata Atlântica, 46% da caatinga e do pampa, 51% do cerrado, 80% da Amazônia e 85% do Pantanal. Entre 2000 e 2005, o Brasil se tornou o maior desmatador do mundo, respondendo por 47% das perdas globais. Na Amazônia, entre agosto de 2012 e junho de 2013, as perdas acumuladas chegaram a 1.885 quilômetros quadrados, um aumento de 103% em relação ao período anterior. Existem 650 espécies em risco de extinção no país.

NOSSO SALÁRIO MÍNIMO – Com R$ 724 (cerca de 324 dólares) o trabalhador deve suprir suas necessidades básicas e de sua família: alimentação, moradia, educação, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social. É o que consta da nossa Constituição. Em 2012, conforme pesquisa do IBGE, 43% das famílias brasileiras apresentaram renda média mensal equivalente a menos de um salário mínimo.

NOSSA DISTRIBUIÇÃO DE RENDA – Segundo pesquisa do IBGE, 10% da população ganha, por mês, o equivalente à metade de toda a renda recebida pelos brasileiros. De um total de 190 milhões de habitantes, 760 mil pessoas, ou 0,4% da população, recebem acima de 20 salários mínimos por mês (R$ 14.480 ou 6,5 mil dólares). A lista de bilionários da revista Forbes deste ano inclui 65 brasileiros – eram 46 no ano passado.

NOSSA MOBILIDADE – No ar, a cidade de São Paulo concentra 411 helicópteros em operação, a maior frota do mundo – são 2.200 pousos e decolagens por dia. No chão, conforme dados do Denatram, são seis milhões de veículos, e a cada dia são incorporados novos 365 – com média de um carro para cada dois habitantes. Por conta do trânsito, em 2008, 63% dos paulistanos perdiam entre 30 minutos e três horas por dia para se deslocar entre a casa e o trabalho ou a escola.

NOSSOS IMÓVEIS – O índice FipeZap mostra que, desde janeiro de 2008, quando foi criado, o preço dos imóveis subiu 200% em São Paulo e 250% no Rio de Janeiro.

NOSSA ECONOMIA – O Brasil é a sétima maior economia do mundo, movimentando 2,2 trilhões de dólares em produtos e serviços por ano.

*Luiz Ruffato é colunista do Jornal El País.