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Isto Posto… Venezuela: um passo a mais em direção ao abismo.

VenezuelaEDITORIAL – O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, numa tentativa de reverter a derrota sofrida nas últimas eleições legislativas de 2015, quando o povo entregou a maioria dos assentos na Assembleia Nacional à coalização oposicionista Mesa da Unidade Democrática – MUD, e valendo-se do referendo convocatório instituído por Hugo Chaves na Constituição de 1999, convocou eleições para formação de assembleia constituinte para o dia 30 de julho de 2017.

E embora as manifestações de opositores ao regime de Maduro tenham se intensificado desde primeiro de maio contra a realização dessas eleições, pois são vistas como uma manobra do governo para destituir a Assembleia Nacional comandada pela oposição, ela ocorreu ontem com a participação de 8 milhões  (ou 41,53%) dos eleitores venezuelanos, segundo o Conselho Nacional Eleitoral ligado ao governo ou apenas,  2,5 milhões (12,4% ) como afirma a coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática – MUD.

A verdade, no entanto, é que esta nova assembleia terá a missão de redigir uma nova Constituição, suplantando a grande Constituição Chavista de 1999, cujos índices de participação do povo venezuelano, tanto no referendo como na eleição da assembleia, foram altíssimos e tentar apaziguar a sociedade em vias de comoção social.

A história do chavismo, em breves linhas é: Chávez elegeu-se presidente em 1998, com uma campanha centrada no combate à pobreza. Reelegeu-se, vencendo os pleitos de 2000 – pois ao aprovar a nova Constituição se submeteu a nova avaliação nas urnas – e 2006.

Durante seus mandados, Hugo Chaves colocou em práticas políticas de inclusão social e transferência de renda que reduziram a pobreza de 49,4%, em 1999, para 27,8%, em 2010, porém, agora retornando ao estado de pobreza anterior com o governo Maduro.

No plano político interno, Chávez fundiu os vários partidos de esquerda no PSUV, fortaleceu os movimentos e as organizações populares, estabelecendo uma forte aliança com as classes mais pobres.

Em 2002, Chávez foi vítima de tentativa de golpe de Estado rechaçada pela comunidade internacional – inclusive o Brasil.

Reassumiu o poder três dias depois e, no final do mesmo ano, mediante um referendo revocatório, chamou a população para dizer se concordava ou não com a revogação do mandato de Hugo Chaves como Presidente da República Bolivariana da Venezuela?” O “não” venceu com 59% dos votos válidos, contra 41% do “sim”, na votação que contou com participação de 69% dos eleitores, sob a vigilância de observadores internacionais como o ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter, assegurando que a consulta ocorreu de maneira “livre e justa”.

Já a história de Nicolás Maduro, embora não tão representativa quanto à de seu predecessor Hugo Chaves, não se pode tomá-la como menos importante na luta pelo Socialismo Bolivariano inaugurado 1999. Maduro foi motorista, sindicalista, deputado da Assembleia Nacional, ministro e vice-presidente de Chaves.

No entanto, desde que assumiu a presidência após a morte de Chaves, só conseguiu acirrar as divisões internas da sociedade venezuelana de e do próprio chavismo, recrudesceu a violência contra manifestantes contrários ao seu governo desastroso, decretou a prisão de opositores, mergulhou o país numa crise econômica aguda, com inflação na casa de 800% para 2017, e previsão de 2200% para o ano vindouro, tabelamento de preços e manutenção do petróleo como fonte única de renda, o esfacelamento da agricultura familiar, pois preferiu importar alimentos a cultivá-los.

Apesar de tanto descalabro, mantém-se no poder sustentado pelas Forças Armadas e as velhas muletas da esquerda anacrônica sulamericana de que é vítima de um golpe orquestrado pela grande mídia e o imperialismo ianque.

Assim, o que temos na verdade na Venezuela é um governo que reza pela mesma cartilha empregada no Brasil. Ou seja, temos um modelo falido de Estado por ser perdulário, corrupto e ineficiente.

Contudo, apoiado ainda por intelectuais reticentes como Boaventura Sousa Santos e Leonardo Boff que teimam em não reconhecer que como a espúria direita os governos ditos progressistas na América Latina nada fizeram, como dissera Caetano Veloso, “senão confirmar a incompetência da América católica que sempre precisará de ridículos tiranos”.

Isto posto, tanto Lula como Hugo Chaves, Néstor Kirchner, Rafael Correia, todos persistiam na tese de que o Estado é o dono do país e não o povo. Por isso a Venezuela caminha cada vez mais para o abismo, aproximando-se perigosamente de uma Guerra Civil onde todos perdem.

Por: Adão Lima de Souza

Isto Posto … Mauricio Macri e a esquerda latino-americana

Há pouco tempo atrás, era resultado quase certo em toda pesquisa de opinião, os povos sulamericanos expressarem sua profunda decepção com os rumos que a incipiente democracia latino-americana havia tomado.

Os consultados afirmavam sempre que o modelo de sociedade adotado pós-ditaduras escancaradas, que varreram a esperança e a liberdade para longe do continente, estava sendo pautado pelos interesses minoritários daqueles que toda vida lucraram com o sistema de coisas que se impunha com crueldade contra os menos afortunados, pois que os regimes ditos democráticos tentavam sempre conciliar a privação suportada pela população fragilizada economicamente e o desperdício da opulência dos locupletados que faziam feira em Miami, nos Estados Unidos, pagos com o árduo esforço da classe trabalhadora.

A partir do final do século passado, por volta de 1998, por aí, outros ventos começaram a soprar na América do Sul. Os ventos da esperança traduzida numa promessa de uma nova política que satisfizesse a célebre frase dos Teólogos da Libertação, aqueles que como o nosso Leonardo Boff, afirmava que a política da mudança é aquela que se concretiza a partir de uma “opção preferencial pelos pobres”.

Então, assistimos, à revelia dos velhos imperialistas, governos mais inclinados à pauta de reivindicações populares, tomarem as rédeas de nações como Venezuela, Brasil, Argentina, Bolívia, Nicarágua, Guatemala, Paraguai, Uruguai e Peru, empunhando o grito dos excluídos pela promessa de um novo socialismo, o Bolivarismo, uma nova ditadura do proletariado, como ficou conhecido o alinhamento político com o presidente da Venezuela Hugo Chaves.

Agora, parece que ventos impiedosos voltam a soprar sobre a América do Sul, tangendo para longe a possibilidade de se firmarem governos que se coadunem com uma pauta contrária à velha agenda liberal dos capitalistas seculares e modernos, pois estes são eternamente cruéis na persecução do lucro a todo custo.

Então como foi que a esquerda fracassou na América do Sul?

Na Argentina, a vitória do candidato Mauricio Macri parece sinalizar uma direção oposta a governos como o de Dilma, o de Maduro, o de Evo Morales, o de Rafael Correa, o de Cristina Kirchner. Enquanto no Brasil e na Venezuela, reina o clima de insegurança política, de crise institucional, de governos sem credibilidade ou tentando manter sua credibilidade por meio de prisões dos seus opositores como é o caso mais agudo de Nicolas Maduro na Venezuela, cujas pesquisas mais recentes apontam para uma derrota eleitoral no dia 06 de dezembro.

E como explicar esse fracasso? Culpa exclusiva da direita capitalista que despreza qualquer agenda mais socializante? Ou culpa da ineficiência de governos populistas que descuidaram dos primados mais básicos da economia e gastaram o que tinham e o que não tinham, como fizeram Lula e Dilma, no Brasil, no projeto de escravidão de consciência que chamam de políticas afirmativas ou conquistas sociais?

Cabe a Ciência Política explicitar tais questionamentos, já que gozam os cientistas de legitimidade para isso. O que posso dizer é que tanto Lula como Dilma, como Chaves, Evo, Rafael Correa, como Fidel e Raul Castro, pagam o preço que é cobrado quando o outorgado do povo se embevece pelo poder e maquina para nele permanecer vitaliciamente. E a que preço estaria eu me referindo senão o da relutância e, portanto, incapacidade de preparar sucessores capazes de dar continuidade ao projeto de transformação social necessário.

O que geralmente acontece – e o Brasil e a Venezuela são exemplos irrefutáveis dessa prática – é, no apagar das luzes, o detentor do poder, ludibriado pela popularidade que angariou com medidas que mais estabelecem servidão que liberdade, decide escolher alguém sem a menor destreza para o cargo, apenas para provar sua força ou simplesmente não ter adversário a sua altura no próximo pleito. O resultado é o fracasso.

Isto posto, fiquemos atentos aos ventos que começam a soprar na sofrida América do Sul, para que o condor continue abrindo as asas sobre nós. E vivamos “o amor que traz a luz do dia. E deixa que o sol apareça. Sobre a América. Sobre a América, sobre a América do sul”.

Por: Adão Lima de Souza