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Justiça ignora vídeo, e arquiva processo de PM que matou camelô

CAMELO

Vídeos e fotos com imagens do disparo contra o camelô Carlos Augusto Muniz não bastaram para que o soldado da Polícia Militar Henrique Dias Bueno de Araújo, 31, fosse julgado pela morte, à luz do dia, no dia 17 de setembro de 2014. O caso de violência policial e assassinato ocorreu na movimentada rua 12 de Outubro, no bairro da Lapa, em São Paulo. O processo foi arquivado pela juíza Eliana Cassales Tosi de Melo a pedido do Ministério Público Estadual de São Paulo. O promotor que pediu o encerramento do caso, Rogério Zagallo, ficou famoso por afirmar na rede social Facebook em 2013 que arquivaria processos contra policiais que matassem manifestantes contra o aumento das passagens de ônibus.

UPP: FAXINA ÉTNICA

BRASIL: A Copa da Repressão

Rio

RIO DE JANEIRO – Faltando 50 dias para o início da Copa do Mundo, as autoridades estaduais e federais se deparam com o fracasso da Política de Segurança, fundada na truculência contra o povo pobre brasileiro, posta em prática para assegurar o sucesso da Copa das Copas.

A imprensa internacional, como ocaso do Jornal El País, veicula diariamente os acontecimentos que a mídia brasileira tenta esconder, a exemplo das imagens dos conflitos de terça-feira (22) no Rio de Janeiro, amplamente divulgadas, lançando dúvidas acerca da capacidade de o Brasil organizar um evento de grandes proporções sem incidentes.

Os conflitos abordados na matéria aconteceram por volta das 18h desta terça-feira, quando uma manifestação tomou conta do entorno da comunidade Pavão-Pavãozinho, na Zona Sul do Rio. O protesto teve carros queimados, ruas foram fechadas e o dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira foi encontrado morto.

Na matéria, o jornal diz também que armas de guerra voltaram a se disseminar nos subúrbios cariocas em paralelo ao sentimento de insatisfação nas comunidades com a ineficiência das Unidades de Polícia Pacificadora, que seriam vistas como uma versão romantizada da Polícia Militar – conhecida pelos altos índices de corrupção “até a medula” e truculência, de acordo com a reportagem.

El País chama atenção ainda para dois fatores que colocariam o Brasil em uma situação bastante delicada. O primeiro seria um forte ressentimento acumulado pelos moradores das favelas por terem sido tradicionalmente tratados pela sociedade e pelos governantes como “cidadãos de segunda categoria”. Por conta disso, os moradores dessas comunidades estariam se sentindo ainda mais estimulados pelos protestos que estouraram no país todo em junho de 2013 e hoje em dia estariam se manifestando com ainda mais fúria.

As favelas estariam mais propensas a atacar as unidades policiais que eles acusam de violação de direitos, incendiar veículos, fechar ruas e avenidas em manifestações.

O segundo fator que o jornal espanhol enfoca são as recentes tensões policiais terem acontecido justamente no bairro de Copacabana. Considerado pelo jornal a parte mais turística do Rio, o bairro foi palco de um aumento da criminalidade, de operações policiais e, desde setembro de 2013.

Somada a isso tudo pesa contra a ação policial o número alarmante de homicídio de populares, passando já dos 500 casos não investigados, e o desaparecimento de outros milhares de moradores da noite para o dia.

Segundo o jornal, as promessas feitas pela presidente Dilma Rousseff para acalmar as manifestações de junho de 2013 nunca chegaram a ser efetivamente colocadas em prática e isso está criando uma situação de insatisfação que pode complicar a vida dos governantes e da própria Fifa nesse momento e afastar os turistas do evento.