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Messi comenta aposentadoria do ídolo Pablo Aimar: “Obrigado pela magia”
O veterano Pablo Aimar anunciou sua aposentadoria dos gramados nesta quarta-feira, em meio à disputa das semifinais da Copa Libertadores com o River Plate. A notícia causou comoção no futebol argentino, levando até o craque Lionel Messi a se manifestar.
“Se aposenta um gigante, um dos meus ídolos. Pablo Aimar, te desejo o melhor na sua nova etapa. Obrigado por toda a magia que nos deu a oportunidade de desfrutar”, escreveu o argentino em sua página do Facebook.
Ídolo de River Plate, Valencia e Benfica, Aimar sempre teve em Messi um fã ilustre. Desde a infância, o atual camisa 10 do Barcelona via o veterano como exemplo. Posteriormente, os dois chegaram a defender a seleção da Argentina juntos.
A admiração parece ser recíproca. Na última edição da Bola de Ouro, entregue pela Fifa em parceria com a revista France Football, Aimar manifestou seu apoio incondicional a Messi, mesmo que o português Cristiano Ronaldo tenha levado o prêmio. “Para mim, vai ser sempre o melhor”, publicou o ídolo do River.
Deputado propõe transformar clubes de futebol em Sociedades Anônimas
O deputado federal Augusto Coutinho (Solidariedade) apresentou o Projeto de Lei nº2104/2015 que transforma os clubes de futebol em sociedades anônimas desportivas. Atualmente os clubes brasileiros são constituídos como associação e não podem ter acionistas e distribuir lucros aos associados.
A apresentação da matéria surgiu do apelo de vários clubes de futebol no Brasil, que reivindicam migrar de uma estrutura associativa para uma modalidade societária como uma entidade empresarial. Para o parlamentar, isso vai trazer mais transparência e profissionalismo na contabilidade e principalmente na gestão. o modelo foi inspirado da legislação portuguesa, que através de um decreto-lei de 2013 permitiu o maior controle dos clubes evitando casos de corrupção, por exemplo.
Pela matéria do deputado Augusto Coutinho, o clube desportivo que optar por constituir uma sociedade desportiva não poderá voltar a participar de competições de caráter profissional a não ser sob o novo estatuto jurídico. A sociedade formada deverá ter um valor mínimo de investimento para poder participar das competições profissionais de futebol, com valores que variam de R$ 100 mil a R$ 1 milhão.
O aparecimento das Sociedades Anônimas Desportivas (SAD) vai trazer mais transparência aos negócios desportivos, que passam à margem da vida fiscal de qualquer cidadão contribuinte. “Não podemos ignorar as irregularidades cometidas no negócio do futebol, com incidência especial para o futebol. O que está ocorrendo com a Fifa é um claro exemplo disso com uma avalanche de escândalos. A sociedade brasileira clama por regras mais rígidas”, disse Coutinho.
Isto Posto… MP do Futebol: A gandaia dos Cartolas continua
Na véspera do dia em que o Brasil comemorava a escrachante derrota de 7X1 para o time da Alemanha, o Plenário da Câmara dos Deputados aprovou Projeto de Lei de Conversão n. 10/2015, que valida o relatório da comissão mista para a Medida Provisória 671/15.
Esta Medida Provisória, segundo o texto aprovado, institui o Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro, dispondo, ainda, sobre a gestão temerária no âmbito das entidades desportivas profissionais, ou seja, é a velha jogada de, por meio de um projeto recheado de “boas e moralizadoras” medidas bem intencionadas, anistiar o calote reiterado pelos inescrupulosos cartolas nas finanças das agremiações desportivas que comandam e desmandam.
O tal projeto, como tantos outros concebidos e desrespeitados ao longo dos anos, pretende definir as condições para o refinanciamento das dívidas fiscais e trabalhistas dos clubes e obrigar as entidades esportivas que aderirem ao programa a cumprir uma série de contrapartidas estabelecidas na Lei, sob o risco de sofrerem penalidades, podendo, ainda, os dirigentes serem responsabilizados.
Acredita-se que com esse novo beneplácito programa de salvaguarda da gestão temerária dos clubes brasileiros, o país esteja dando um grande passo para recuperar a credibilidade de nosso futebol. Entretanto, todos sabem que este esforço não passará de ensaio para daqui a alguns anos ser novamente editada medida semelhante, cujo objetivo seja o refinanciamento da dívida dos clubes de futebol, uma vez que se trata de recurso sem nenhuma fiscalização por parte do governo ou da sociedade.
Contudo, um projeto sério para o futebol brasileiro perpassa por adotar medidas de inviabilizem ou pelo menos dificulte as ações nocivas de velhos e indigestos cartolas do tipo Havelange, Teixeira, Marin, Del Nero e os outros tantos que se eternizam nas demais vinte e sete federações e no sem-número de clubes espalhados pelo Brasil. E, para isso, o primeiro passo seria definir de uma vez por todas a natureza jurídica dos clubes – se são públicos ou privados. Pois dependendo dessa natureza se poderia definir um órgão fiscalizador ou, permanecendo a prática de gestão temerária, a decretar a falência do clube no caso de se adotar a condição de entidade privada para as agremiações, como a possibilidade clara de prisão para os responsáveis.
Isto posto, a menos que haja a esperada moralização sinalizada pelos Estados Unidos, quando da prisão de conhecidos cartolas do continente Americano, durante reunião da FIFA, teremos apenas mais uma medida paliativa e, portanto, inócua, porém defendida pelo Bom Senso Futebol Clube.
Por: Adão Lima de Souza
FUTEBOL: Um ano depois, a decadência além do fundo do poço
Um ano depois do episódio estarrecedor, o fatídico 7X1 aplicado pela seleção alemã no escrete canarinho, durante uma das semifinais da Copa da FIFA realizada no Brasil, denominado desde então de Mineraço, o futebol no país parece caminhar a passos lagos para a decadência, uma vez que os cartolas que comandam o esporte são os mesmos jurássicos de outrora.
Deixando de lado as outras modalidades desportivas, que há muito são preteridas no Brasil. Os sinais desse mergulho na zona abissal do fracasso futebolístico são clarividentes. Basta considerar que após o fiasco de 2014, a CBF, num gesto inconfundível de anacronismo e arbitrariedade, digno dessa velharia imprestável que contribui pesadamente para a derrocada da “Paixão Nacional”, resolveu reconduzir ao cargo de treinador o senhor Dunga, cujo legado tinha sido o desastre de 2010, na África do Sul.
Passado alguns meses, e depois de dez vitórias inexpressivas em amistosos desimportantes, o velho Dunga apresentou o resultado de seu trabalho: uma seleção apática e desprovida de qualquer talento, excetuando o Neymar, apesar de não passar de coadjuvante no Barcelona de Messi e ter se tornado especialista em abandonar o barco quando alguém lhe avisa que afundará. Foi assim durante a Copa do Mundo e agora na Copa América. Ou seja, o trabalho de um ano inteiro foi, talvez, a formação da pior seleção já montada.
Porém, isso não é tudo. É preciso atentar para a ópera completa, e não apenas para o resumo. E a tragédia, um ano após a repetição dos mesmos erros é mais assustadora, embora a mídia esportiva não tenha dado a devida atenção. Vejamos, então.
A seleção brasileira tendo já chegado desacreditada na Copa América não decepcionou os seus críticos. Primeira partida insípida contra o Peru, uma derrota frente à Colômbia, o jogo feio contra a Venezuela e, finalmente, a queda nas quartas-de-final diante da fraquíssima seleção Paraguaia, no dia vinte e sete de junho. Antes disso, no dia vinte e um, a seleção feminina de futebol havia tombado diante da Austrália, no Mundial da FIFA, no Canadá. E o pior, a nova geração do futebol brasileiro, a seleção sub-20, na longínqua Nova Zelândia, sucumbia aos pés da seleção sérvia, no dia dezenove. E este é o roteiro macabro do futebol no Brasil: as diversas modalidades representativas do futebol – juvenil, feminino e masculino – no curto prazo de oito dias foram destroçadas por não termos atentado há um ano atrás que o melhor das derrotas é o que se aprende. Quando se aprende!
Por: Adão Lima de Souza.
Estados Unidos investigam contrato da Nike com o Brasil
A Nike volta a aparecer na trama de corrupção descoberta pelos Estados Unidos no seio da FIFA. As autoridades responsáveis pelo inquérito deverão examinar os pagamentos efetuados pela marca esportiva no âmbito do acordo de patrocínio assinado com o Brasil em 1996, avaliado em 160 milhões de dólares (cerca de 500 milhões de reais). Neste momento não há nenhuma acusação formal contra a empresa, uma vez que ainda se deve determinar se houve conduta irregular.
A mais recente revelação acaba de ser feita pelo The Wall Street Journal, embora a Nike já tivesse sido citada nas perguntas feitas à procuradora-geral dos Estados Unidos, Loretta Lynch, na entrevista coletiva em que foram anunciadas as acusações penais contra 14 diretores e empresários envolvidos no escândalo. Na ocasião, ela se limitou a dizer que os subornos incluíam “acordos de patrocínio” da seleção brasileira “por uma grande empresa de roupa esportiva norte-americana”. A Polícia Federal brasileira e o Ministério Público brasileiro também abriram um inquérito sobre os contratos com a Nike, um caso que respinga no ex-presidente do Barcelona e ex-executivo da multinacional de roupa esportiva, Sandro Rosell, como informou dias atrás o EL PAÍS.
Esses mesmos termos aparecem nas 164 páginas do documento com a acusação oficial contra diretores da instituição que comanda o futebol. O diário financeiro de Nova York, citando fontes familiarizadas com o inquérito, confirmou que a suposta empresa é a Nike. A sociedade norte-americana emitiu um comunicado horas depois do anúncio das acusações para dizer que estava cooperando com a investigação e negou qualquer envolvimento.
“Como qualquer fã de futebol, nos preocupamos apaixonadamente com esse jogo e estamos preocupados com essas alegações muito graves”, diz o comunicado tornado público, que também afirmava que a Nike acredita firmemente no jogo limpo, tanto no esporte como nos negócios. “Nós nos opomos a qualquer forma de manipulação ou suborno”. A revelação do Journal, portanto, confirmaria que a Nike continua sendo parte de interesse na investigação.
Lynch disse que o anúncio feito em 27 de maio foi apenas o começo, e que sua equipe, em conjunto com o FBI, estava ampliando a investigação. Outra coisa bem diferente é que o Ministério Público do EUA possa provar que a empresa e seus funcionários eram parte de uma atividade criminosa ou irregular. O que se trata de determinar paralelamente é se as empresas de marketing esportivo, que operavam como intermediários, usaram o dinheiro desses contratos para pagar subornos.
As auditorias realizadas na Confederação Brasileira de Futebolrevelaram que os pagamentos da Nike durante os 10 anos de duração do contrato de patrocínio foram feitos em várias ocasiões em diferentes contas, por meio de uma triangulação de bancos. Por conta disso, foram solicitadas explicações. Nos EUA, os investigadores identificam a empresa Traffic Group, que tinha um acordo separado com a Nike, como uma das envolvidas na trama.
Fonte: EL País.
Operação da polícia suíça tem seleção brasileira como alvo
A polícia suíça fez uma operação para confiscar documentos na sede da Kentaro na Suíça, empresa que entre 2006 e 2012 organizou os jogos da seleção brasileira em nome de investidores sauditas. A suspeita é de que um dos jogos, entre Brasil e Argentina no Catar, foi a forma pela qual o Catar pagou propinas para Ricardo Teixeira e Julio Grondona para garantir o Mundial de 2022.
A suspeita do Ministério Público da Suíça é de que, em novembro de 2010, o jogo entre Brasil e Argentina no Catar foi realizado como forma de transferir dinheiro para dirigentes. As investigações sobre o Catar confirmam a reportagem do Estado que, em 2013, revelou com exclusividade como os amistosos da seleção eram usados por dirigentes para o enriquecimento de dirigentes e troca de favores. Os recursos passavam ainda por paraísos fiscais e contas em Andorra.
Para a FIFA, porém, o dinheiro daquela partida não estaria “conectado” com a compra de votos para que o Catar recebesse a Copa de 2022. O Estado apurou que cada federação recebeu três vezes o valor de uma partida normal. Dois contratos separados foram assinados. Um deles trazia o valor oficial. O outro seria para o dinheiro que beneficiaria cartolas.
Oficialmente, o Catar indicou que gastou 4 milhões de euros no jogo e, naquele momento, o discurso de seus cartolas era de que a partida era uma forma de mostrar que o país estava “pronto para receber o Mundial”. Três semanas depois, tanto o Brasil como a Argentina votaram pelos árabes na escolha da sede da Copa. Mesmo negando a relação entre o jogo e o voto, a FIFA sugere que, a partir de agora, amistosos em países que concorrem a um evento sejam “mais transparentes”. A entidade também quer que qualquer acordo assinado no mesmo evento, inclusive de transmissão e comerciais, sejam anunciados.
O alerta não ocorre por acaso. Naquele mesmo dia do jogo, ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, assinaria uma extensão do contrato com uma empresa árabe, a ISE, prolongando os direitos da companhia até 2022 para organizar os amistosos da seleção brasileira. Teixeira declarou ainda que votou pelo Catar e era um aliado de Mohamed Bin Hammam, do Catar.
O informe da Fifa aponta que uma empresa que pertencia a um conglomerado do Catar “financiou o evento”. “Um rico sócio da entidade do Catar organizou o apoio, supostamente para fazer lobby por um investimento no setor do esporte”, indicou o informe, sem dar detalhes.
Segundo os organizadores da Copa de 2002, a entidade que pagou pelo evento não tem relação com o torneio da FIFA e nem com a Associação de Futebol do Catar. De acordo com esses dirigentes, “os fundos para organizar o jogo não veio do Catar 2022 e nem da Associação e o total pago para financiar o jogo era comparável às taxas que se pagam por outros jogos envolvendo times de elite”.
Apesar da versão dos dirigentes, a investigação indicou que os contratos para o jogo podem ser violações do Código de Ética da FIFA. “O financiamento do evento e sua estrutura contratual levantam, em parte, preocupações em particular em relação a certos arranjos relacionados com pagamentos para a Associação de Futebol da Argentina”.
Por que a Caixa Econômica Federal não patrocina hospitais em vez de times de futebol?
Ao contrário do Banco do Brasil, qualificado como de economia mista, pois, possui na formação de seu capital tanto dinheiro público como dinheiro de particulares, a Caixa Econômica Federal é um banco inteiramente público, controlado e mantido pelo tesouro nacional, atua no setor privado do ramo bancário como instrumento de intervenção estatal para regulação do mercado financeiro.
A função da CEF é, portanto, tentar coibir a usura dos banqueiros através da concorrência direta na oferta de crédito a taxas de juros mais baixas, forçando a iniciativa privada a adequar sua margem de lucros a ágios menores pelo empréstimo de capitais aos particulares e, agindo assim, colaborar para o controle inflacionário e a manutenção da disponibilidade de crédito para o fomento das atividades econômicas, no país.
Desse modo, por ser instituição pública, a Caixa econômica Federal desfruta dos benefícios e isenções fiscais que lei assegura. O que configura para as entidades estatais enorme vantagem em relação aos bancos privados no que diz respeito à sua presença no mercado financeiro, uma vez que sua expansão depende apenas de políticas governamentais, já que se trata de negócio autossustentável economicamente.
Contudo, o fato de ser público, resulta para o banco a obrigatoriedade de adotar como finalidade específica para investimento dos recursos angariados, o interesse social, sob pena de desrespeitar os princípios norteadores da Administração Pública. Logo, antes de aplicar somas vultosas em projetos privados, deveria privilegiar os serviços públicos de educação e saúde. Assim, em vez de patrocinar times de futebol, a caixa Econômica Federal deveria patrocinar o interesse coletivo, como hospitais, por exemplo.
Pelos dados, de acordo com a Lei Geral de Acesso à Informação, a CEF financia, hoje, os principais clubes de futebol do país, com contratos no importe R$ 30 milhões por ano para o Corinthians; R$ 25 milhões para o Flamengo e R$ 15 milhões para o Vasco, além de outros listados abaixo.
Investimento por ano:
ASA de Arapiraca-AL – R$ 1 milhão, Atlético-GO – R$ 2,4 milhões, Atlético-PR – R$ 6 milhões, Chapecoense-SC – R$ 1 milhão, Coritiba-PR – R$ 6 milhões, Figueirense-SC – R$ 4,5 milhões, Paraná Clube-PR – R$ 2 milhões, Vitória-BA – R$ 6 milhões.
A Caixa, em que pese ser um banco comercial, atuando num mercado financeiro altamente competitivo, não pode pretender liderar o mercado de serviços financeiros e bancários, para não perder sua natureza instrumentária de regulação desse mercado. Porque isso acontecendo, quem regularia a Caixa Econômica Federal? Os bancos privados?
Razão pela qual, o patrocínio ao futebol, apesar de proporcionar expressivo retorno de mídia, mostra-se descabido e ilegal por gerar apenas oportunidade de ações de relacionamentos negociais, afastando esta entidade de sua finalidade de colaborar para a concreção de melhores serviços públicos.
Portanto, em vez de times de futebol, a CEF poderia patrocinar hospitais nas médias e pequenas cidades do país, cumprindo seu papel de instituição pública e honrando sua origem de ter sido criada para guardar os parcos recursos que os escravos economizavam para comprar a alforria.
Por: Adão Lima de Souza
Seis propostas para limpar a pestilência da FIFA
A FIFA blatterista é o Vaticano do futebol — na época dos Borgia. A FIFA blatterista é um árbitro que vende seus serviços a quem oferecer mais. A FIFA blatterista é uma máfia que, como toda boa máfia, investiu a maior parte de seus lucros para benefício da “família”, mas teve a astúcia de fazer doações de caridade à vizinhança para poder contar com sua lealdade. Os chefões enriqueceram com subornos, tráfico de influência, lavagem de dinheiro e ofertas que suas vítimas – como os países que querem realizar a Copa do Mundo – não poderiam rechaçar; mas também distribuíram quantidades não desprezíveis de dinheiro para projetos de desenvolvimento em nações pobres.
Então, e mudando mais uma vez de metáfora, como realizar a missão hercúlea de limpar os fétidos estábulos de Zurique? Aqui vão seis propostas.
Primeiro, eliminando a casta: que aqueles que tiveram a felicidade, até agora, de não serem imputados pela justiça norte-americana tenham a dignidade de pedir demissão, especialmente os que são íntimos ou defensores de Sepp Blatter como o primeiro vice-presidente da FIFA, o camaronês Issa Hayatou, e o também vice-presidente Ángel María Villar da Espanha. Seria absurdo confiar que os responsáveis do colossal descontrole saibam – ou queiram – fazer as reformas necessárias para que a FIFA cumpra sua missão explícita de trabalhar “a favor do futebol e do mundo”.
Segundo, transparência nas contas. A FIFA é uma empresa fechada e secreta apesar de que, supostamente, sua razão de ser é servir os interesses das centenas – talvez milhares – de milhões de indivíduos que se relacionam com o futebol quase como se fosse uma religião. Deveria existir um rígido controle, visível para todo mundo, do dinheiro que a FIFA envia pelo mundo para projetos de desenvolvimento com o objetivo de evitar que, no caminho, grandes porcentagens acabem nos bolsos dos presidentes ou vice-presidentes das federações nacionais vinculadas à FIFA. Também deveria ser de conhecimento público os salários e os gastos dos funcionários da FIFA. Não se sabe quanto ganha Blatter, mas segundo as pessoas que trabalharam na FIFA, a cifra está ao redor de dois milhões de dólares por mês; 25 vezes mais que o salário básico do diretor-presidente da Rolls Royce.
Terceiro, se a FIFA é uma ONG, como disse Blatter, que acabe o esbanjamento de gastar duas vezes mais na grotescamente consentida burocracia da entidade do que em projetos internacionais de utilidade social.
Quarto, que exista um limite aos mandatos presidenciais da FIFA para que um indivíduo não possa se eternizar e inevitavelmente, dada a natureza humana, embriagar-se – e corromper-se – com tanto poder.
Quinto, que os votos nas eleições presidenciais deixem de ser secretos, que quando um país como a Espanha vota a favor de alguém – como, por exemplo, em Blatter na farsa eleitoral de sexta-feira passada – os espanhóis saibam no ato quem foi votado.
Sexto, que se realize uma honesta investigação interna paralela à do FBI, mas com o mesmo tenaz empenho, para que se saiba se as manifestas armadilhas na hora de escolher a Alemanha e a África do Sul como sedes da Copa do Mundo em 2006 e 2010 também aconteceram quando o comitê executivo da FIFA deu seus votos para a Rússia e Catar em 2018 e 2022.
O cumprimento dessas seis propostas seria apenas um começo. Há muito mais coisas por fazer antes que a FIFA recupere a credibilidade internacional e se transforme no que deveria ser, fiel representante da ilusão, inocente e infantil, que um enorme setor da humanidade investe na religião secular que é o futebol.
Fonte: Editorial do Jornal EL País de 03/06/2015.
Isto Posto… Os americanos entram no jogo.
Joseph Blatter e a caterva que forma a entidade máxima do futebol no mundo, FIFA, tentam, agora que a casa caiu para parte da súcia que sempre viveu da podridão e da chantagem, desqualificar a atuação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, buscando impregnar a ação moralizadora impetrada pelos americanos de retaliação por terem sidos preteridos na escolha para sediar a copa de 2022, que ficou com o Qatar.
Talvez, as velhas raposas do futebol não queiram ou não tenham se dado conta, ainda, que a intenção dos Estados Unidos é muito maior que a vindita suscitada como meio de defesa pelo senhor Blatter e seus lacaios. Pois, o que parece claro nesta investida americana é a decisão da maior economia do mundo assumir posição de relevância nesta modalidade desportiva que movimenta anualmente cerca de quinhentos bilhões de dólares. E para isso se faz necessário uma faxina geral na corrupção cotidiana do futebol no continente americano, estabelecendo-se novas regras de conduta e modificando as práticas de administração de clubes e federações e, principalmente, das confederações existentes no continente.
Para os bons observadores não passou despercebido o recardo dado pelos Estados Unidos à Europa e ao resto mundo, reeditando a velha Doutrina Monroe: “A América para os americanos”. Prova disso é o fato das prisões efetuadas se limitarem aos figurões do futebol que dirigiram ou dirigem entidades situadas no continente americano, como afirmação inconteste de que os americanos finalmente entraram no jogo das quatro linhas, dispostos a mudar as regras do jogo para fazer frente à supremacia europeia na captação de sua parte dos bilhões de dólares que o amor global pelo esporte despeja nessa indústria sem crises nem turbulências econômicas.
Isto posto, reproduzo aqui o conceito da velha Doutrina Monroe, para que os desatentos torcedores brasileiros e das outras américas, ao acordarem de seu estado letárgico, visualizem o que seria uma final da Taça Libertadores da América em Nova Iorque: “Julgarmos propício afirmar, como um princípio que afeta os direitos e interesses dos Estados Unidos, que os continentes americanos, em virtude da condição livre e independente que adquiriram e conservam, não podem mais ser considerados suscetíveis de colonização por nenhuma potência europeia”.
Por: Adão Lima de Souza.