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O Brasil da TV e o Brasil real.

Copa

A socióloga Maria Eduarda da Mota Rocha, analisando o público brasileiro da Copa, chama atenção para um fenômeno ainda fortemente presente na sociedade brasileira, a composição de uma etnia preponderantemente branca mostrada pela televisão que destoa da realidade de nosso país.

Segundo a pesquisadora:

A imprensa internacional já se deu conta da discrepância entre a composição racial brasileira e os rostos que vemos pela TV nas arquibancadas dos estádios, durante os jogos da Copa. A julgar por essas imagens, os desavisados poderiam até pensar que o Brasil é um país de brancos.

Na verdade, a quase ausência de negros e mestiços nas arquibancadas dos estádios reproduz um fenômeno muito antigo: a invisibilidade dos pobres na sociedade brasileira.

Até a década de 1970, a TV se voltava a um público quase exclusivamente composto pelas elites e classes médias altas. As tramas e ambientes da telenovela, por exemplo, tinham uma clara função pedagógica: dizer como deviam se comportar e consumir os membros daquelas classes, tanto os mais antigos quanto aqueles que ascendiam socialmente aproveitando-se dos postos de trabalho e oportunidades de negócio abertos pela intensa modernização capitalista do período.

A TV, hoje, tem respondido, sobretudo, com programas policialescos, que retratam casos de violência ocorridos principalmente na periferia, e que estigmatizam os moradores destes lugares diante de outros públicos e de si próprios. Tratando a violência em chave melodramática, tais programas baseiam-se nas figuras da “vítima” e do “bandido” como tipos extremos, a bondade e a maldade em sua pureza.

Desta forma, moralizam um tema que precisa ser analisado sociologicamente e atacado politicamente: as formas pelas quais a violência se reproduz dia após dia, assentada em condições sociais, econômicas, políticas e culturais profundas.

A dualidade entre a visão do Brasil como lugar de festa e de violência é uma marca profunda da nossa experiência de brasileiros. Desde a criação do mito de que somos um lugar onde não existe racismo, na década de 1930, a cultura parece tentar juntar o que a sociedade separa, e a festa é esse momento de conjunção. Entretanto, em muitas ocasiões, somos obrigados a nos confrontar com a fragilidade dessa sutura.

Para superar tais dualidades, é fundamental recolocar em pauta o problema da desigualdade brasileira, gritante sob um ponto de vista político, cultural e econômico, apesar da recente tendência de distribuição de renda. Ela reverbera tanto na forma da violência quanto da festa que busca a sua superação.

Maria Eduarda da Mota Rocha é doutora em Sociologia e professora adjunta da UFPE.

 

Pela sexta vez nas Copas, dois sul-americanos são semifinalistas

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Apesar de partidas apertadas, difíceis, e das críticas sobre suas atuações, Brasil e Argentina conseguiram chegar às semifinais da Copa do Mundo. Pela primeira vez desde 1970, duas seleções sul-americanas estarão entre as quatro primeiras de um Mundial.

Será a sexta vez que isso vai acontecer. Apenas em 1930 e 50 times sul-americanos fizeram a decisão. Em 30, uruguaios venceram os argentinos e em 50, bateram o Brasil. Na atual edição, Brasil e Argentina poderão decidir o troféu caso passem respectivamente por Alemanha e Holanda.

Em 1930, Uruguai e Argentina foram semifinalistas ao lado de Estados Unidos e Iugoslávia; em 1962, no Chile, o time da casa disputou um lugar na final contra o Brasil; em 1970, a Seleção triunfou diante do Uruguai nas semifinais.

 Em 1950, Brasil e Uruguai participaram do quadrangular final e em 1978, os finalistas saíram de grupos e tinham Brasil e Argentina.

Neymar está fora da Copa do Brasil da FIFA

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Neymar está fora da Copa do Mundo. O jogador fraturou a vértebra depois de tomar uma pancada nas costas de Zuñiga. O camisa 10 deixou o campo de maca e depois foi levado para o Hospital São Carlos, em Fortaleza, onde foi confirmada a lesão.

Antes de ser cofirmada a fratura, o técnico Felipão já não estava esperançoso com a volta do atacante. “Pelo que vi, é difícil ele jogar. E aí eu pergunto: nem cartão amarelo? O Thiago vai passando diante do goleiro e recebe”, disse o treinador na entrevista coletiva após o jogo.

“Todo mundo sabia que seria caçado. Mas ninguém acha que isso é verdade. Só os jogadores da Alemanha e dos outros times são caçados”, afirmou Felipão, em tom irônico.

O lance da lesão aconteceu já aos 41 minutos do segundo tempo. Após bola afastada da defesa brasileira, Neymar foi para dominar e acabou tomando uma joelhada nas costas de Zuñiga. Ele foi imediatamente substituído por Henrique e deixou o campo com a mão no rosto. O camisa 10 deixou o estádio chorando muito.

“Ele foi primeiro para a clínica do estádio. Foi encaminhado para uma clínica com o Doutor Runco. Ele foi fazer uma série de exames. Ficou chorando de dor. Não será fácil uma recuperação. Pelo que o doutor nos passou, e a dor que ele sente, e sendo coluna, vamos ver e esperar”, explicou o treinador.

Neymar é a segunda baixa de Felipão. O comandante brasileiro já não poderá contar com o seu capitão, já que Thiago Silva tomou cartão amarelo, o segundo dele na Copa, e está suspenso para o jogo diante da Alemanha.

Sobre mordidas e legados

dinesEm matéria de repercussão, sem dúvida, é a Copa das Copas. Obama, o cestinha, acendeu a luz verde ao posar para fotos a bordo do Air Force One assistindo ao embate da sua seleção com a Alemanha e a porta-voz do Departamento de Estado compareceu ao briefing matinal com a imprensa com o agasalho da seleção ianque.

Também no âmbito da geopolítica o resultado é superlativo: despachados de volta três gigantes (Inglaterra, Itália e Espanha), a Europa futebolística assemelha-se à Europa política, amarrada a velhos vícios, desfibrada. A esta altura do campeonato, Américas e África consolidam-se como as grandes reservas para o futebol do futuro. O que não impedirá que o Velho Mundo através da Alemanha, Holanda e França ainda venham a empalmar a Jules Rimet na final da 20a edição do Mundial de Futebol.

A globalização está ganhando de goleada: a dentada de Luis Suárez no italiano Chielini tornou-se, a partir da última terça, a peça central das preocupações humanas só perdendo neste segmento para uma abocanhada mais desastrosa e celebrada – a de Eva mordiscando a maçã proibida e experimentado as delícias do pecado. Ambas mudaram o mundo, trouxeram inapelavelmente a questão do crime e castigo para a realidade de bilhões de anjos e vilões.

O mago Lula da Silva estava certo quando apostou todas as fichas no pleito do Brasil para sediar a Copa de 2014. Já o estadista que atende pelo mesmo nome, elegeu um poste, porém não cuidou para que ficasse firme e ligado à rede. Coisas da política.

O pressentido caos ainda não se materializou e certamente não se materializará, mas o preço pode ser alto: o país foi obrigado a parar. Sem sistemas de transporte de massa nas cidades-sede a opção ao caos foram férias remuneradas. São Paulo, a imparável, parou nos últimos seis dias (desde o confronto com os camaronenses), concentrada diante de altares de tela plana, em botecos ou churrascarias.

Turistas e jornalistas estrangeiros que não conheciam o país admiram-se: estavam preparados para uma bagunça, esperavam o auê, baixaram expectativas e exigências, parecem felizes. No inverno ameno, um povo festeiro, contenta-se em contagiar os visitantes e faturar alguns trocados. Sua magia é tornar tudo distante: apesar do céu azul, daqui não se enxerga a Ucrânia, nem o Iraque, sequer a vizinha Argentina.

A sensação do “day after” já se manifesta em Cuiabá, Natal, Curitiba e Manaus, enquanto suas arenas ainda com cheiro de tinta fresca começam a metamorfosear-se em elefantes brancos e o adjetivo faraônico começa a ser entendido.

Ainda em andamento, sem campeão à vista e muitas surpresas pela frente, a Copa das Copas já entrou para a história com um acervo de lições imperecíveis. Submetidos às aflições de prazos rígidos e padrões impecáveis, saímos pela tangente oferecendo ao mundo a idéia da precariedade feliz, da transitoriedade permanente, do relaxar e gozar, do vai levando e deixa rolar.

Intraduzíveis, estas sensações logo estarão sendo clonadas e o mundo, sem o perceber, se sentirá mais feliz. Nossos craques não mordem, em compensação as autoridades não estão nem ai para os legados.

Alberto Dines é colunista do EL País.

FELIPÃO: O Brasil imita Simeone

Brasil

Diz a edição brasileira da revista GQ que durante um mês que dura a Copa o treinador Luiz Felipe Scolari é o verdadeiro presidente do país. Scolari adora essa ideia. Populista visceral, o homem presta menos atenção às mensagens esportivas que às políticas. Por isso, usa seus jogadores mais carismáticos, incitando-os a transmitir para o povo as ideias difíceis de digerir. Como a que emitiu por intermédio do seu capitão, Thiago Silva, em 4 de junho. Em entrevista coletiva, o rapaz disse que, para ser campeão, a seleção do Brasil precisaria seguir os passos do do Atlético de Simeone.

“Hoje, no treino com o Daniel Alves e o Ramires, pedimos maior atenção na fase defensiva”, começou Thiago, progressivamente nervoso naquela entrevista. “A gente sabe que se não sofrermos gols nossas chances de ganhar as partidas por 1 x 0 são muito grandes. O objetivo é não levar gol. A parte defensiva da seleção é muito sólida, e acredito que será preciso trabalhá-la muito mais. Eu tenho confiança total em todos os jogadores no setor defensivo. Espero que acertemos nesse objetivo de sofrer zero gol até chegar à ansiada final do Maracanã.”

Enviado por seu chefe, Thiago continuou mergulhando no atoleiro: “Temos que fazer como o Atlético de Madri, que chegou a uma final da Champions porque quase não sofreu gols. Na final, infelizmente, marcaram quatro neles, mas foi uma temporada muito proveitosa para o Atlético. Se continuarmos nesse caminho, e principalmente pensamos em defender, poderemos ter sucesso mais adiante”.

“É um exemplo a seguir por seu estilo de jogo organizado, fechado”, diz o treinador da seleção.

Isto Posto… A Copa das Etnias.

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Duas coisas mais chamaram minha atenção nessa que o governo politicamente denominou de a “Copa das Copas”. A primeira, a grande mistura de raças dentro dos gramados que fazem desse mundial no Brasil “A Copa das Etnias”, contribuindo fortemente para o combate ao racismo no futebol, pois é notória a presença marcante de jogadores afrodescendentes em todas as equipes, principalmente europeias, oriundos de diversas nacionalidades, a exemplo da seleção francesa, cujo jogador de maior destaque no momento, Karim Benzema, não disfarça sua origem argelina, suas raízes árabes.

Mesmo a Holanda, uma das primeiras seleções a convocar jogadores negros, porém fortemente marcada, durante muito tempo, por oposições racistas, não escapa ao reconhecimento de que um de seus melhores jogadores, apesar dos holofotes mirados para Robben, Van Persie, Sneijder, é sem dúvida o meio-campista Nigel de Jong, enquanto a “squadra azzurra” depende inteiramente do atacante Mário Balotelli.

Decepcionante, porém, mostra-se o Brasil, com seu histórico escravocrata, cujo preconceito racial permanecendo velado se evidencia nos cabelos alisados de Neymar, tão próximos do padrão de beleza estabelecido como superior, quando deveria exaltar sua negritude e a mestiçagem que fazem desse país objeto de admiração pelo resto do mundo.

Isto posto, para terminar, a segunda coisa chamativa é o intenso calor dos estados brasileiros, derrotando a maioria das seleções europeias ainda no primeiro tempo, pois diminui seus rendimentos. Entretanto, sob este aspecto não recai nenhum tipo de preconceito já que o sol brilha para todos.

Por: Adão Lima de Souza

Possibilidade de perder no Rio preocupa Dilma

DilmaUma das maiores preocupações do PT é a eleição da presidente Dilma no Rio. Há consenso de que não será um passeio, como em 2010, porque o tucano Aécio Neves terá desempenho bem superior ao de José Serra há quatro anos.

”A equipe de campanha de Dilma chegou a pensar em montar comitês suprapartidários no Rio, com apoio de empresários e intelectuais. Como o cenário não é favorável, a ideia foi descartada para acompanharem o Estado mais de perto”.

Somado a isso, a cidade do Rio de Janeiro foi palco das maiores truculências do governo contra a população. Desocupações e expropriações de casas e comércios para as obras da Copa se deram com índices alarmantes de violência policial sob o comando do governo do estado com o apoio de Dilma.

Caixinhas de surpresas

dinesClichê, lugar-comum, platitude: ainda não se encontrou expressão melhor para caracterizar as incertezas e as espantosas possibilidades de um torneio ou match de futebol.

Inacreditável: chilenos cortaram a orelha do touro espanhol, costarricenses humilharam a arrogante azurra italiana, inspirados pelo presidente “Pepe” Mujica uruguaios mandam os inventores do futebol para o jardim-de-infância e o bravo México, pátria das revoluções, obriga o gigante adormecido, rei do futebol-improviso a tentar o que faz de melhor –improvisar.

A Copa das Copas, a esta altura, já consolidou um saldo concreto, visível: o continente das banana-republic entrou em campo repaginado, com um uniforme de seriedade, convicção e, sobretudo, gana. O substantivo tem em português uma conotação algo negativa, mas o filósofo-viajante alemão, Hermann Keyserling, no início do século 20 descobriu que este é o continente da vontade superior, imponderável, impulso firme, ímpeto sereno.

Aqui e agora, a palavra de ordem é re-invenção. Pronunciou-a o goleiro Júlio Cesar, evocou-a o sósia de Scolari numa entrevista que o verdadeiro seria incapaz de enunciar, antecipou-a Tarso Genro em 2005 quando clamou pela re-fundação do PT.

Reinventar-se independe de investimento, recursos e discursos. A re-invenção é um estalo – como o do padre Vieira – uma dor, clarão e o pavor de bater com a cara na parede. Re-invenções decorrem de situações-limite: sem aquela angustiazinha persistente, chata, sem comichão na alma, atolados na perplexidade não “cai a ficha”.

O triunfal “eureca” (encontrei!) berrado por Arquimedes na banheira levou-o a sair pelado pelas ruas de Siracusa entusiasmado com a solução do problema da medição do volume de um corpo.

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, teve um destes estalos quando a Câmara Municipal recusou seu pedido para feriar a próxima segunda, 23, quando o Brasil joga em Brasília e no Itaquerão enfrentam-se chilenos e holandeses. Diante do inevitável entupimento das vias, colapso, desdobramentos impensáveis, o prefeito deixou-se empurrar para a opção restante – atenuar o rush, escalonar o horário de saída dos diferentes segmentos, desconcentrar o movimento das massas, adotar outra pulsação para a cidade.

A caixinha de surpresas aberta pelo mega-torneio de futebol levou um prefeito legitimamente assustado a ensaiar um experimento testado em todas as megalópoles do planeta. Se adotado depois das jornadas de junho do ano passado teria evitado a implantação de medidas drásticas que penalizam uma parte da população. Em emergências deve aliviar e, se institucionalizada, alongará o período em que a cidade está mais viva.

Re-inventar a mobilidade urbana sem recorrer a obras faraônicas ou de science-fiction pode ser a solução mágica, o ovo de Colombo inspirador para uma virada tática da seleção. A caixinha de surpresas contém sempre algo extremamente simples e universal -o meio de campo faz milagres.

Alberto Dines é colunista do EL País.

Cidades-sede devem produzir 15 mil toneladas a mais de lixo

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Durante a Copa do Mundo, as cidades-sede vão produzir cerca de 15 mil toneladas de resíduos sólidos urbanos a mais do que elas normalmente geram. Essa é a estimativa de um estudo feito pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).

O cálculo considerou a produção dos estádios, das Fan Fests e também dos turistas fora desses locais, além de volume de visitantes esperados e atrações turísticas de cada cidade. As 12 juntas produzem por dia 43.443,60 toneladas. O lixo da Copa acrescentará 14.517,23 toneladas nesse volume.

Cuiabá e Natal são as cidades que mais devem ser impactadas, uma vez que a geração diária delas é pequena, e a produção proveniente da Copa será, por dia, maior do que a própria cidade produz. Na capital mato-grossense, o volume deve triplicar. A cidade produz por dia cerca de 500 toneladas.

O lixo da Copa sozinho será mais de duas vezes isso: 1.151,96 toneladas/dia.

 Em Natal a geração dobra: a regular é 777 e a da Copa será de 915,23. “Analisamos a geração das duas Copas anteriores, África do Sul e Alemanha, e houve aumento também. Mas no Brasil vemos que muitas cidades não dimensionaram nem se prepararam para o impacto da Copa sobre a geração adicional de lixo”, comenta.

Por Giovana Girardi, Bahia Notícias.

Ainda as vais e xingamentos à Dilma: Gilberto Carvalho: não partiram apenas da “Elite Branca”

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Causou mal-estar no partido a declaração do ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, para quem os xingamentos à presidente não partiram apenas da “elite branca”, como afirmou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

De acordo com o ministro, a avaliação de que o governo se locupletou com a corrupção “pegou” e chegou às classes menos favorecidas.