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Isto Posto… Rio 2016: Da abertura suntuosa ao espetáculo pobre da vida real!
A cidade do Rio de Janeiro, com o espetáculo suntuoso que patrocinou para os estrangeiros se deleitarem com efeitos especiais durante a abertura das Olimpíadas 2016, pretendeu convencer a todos que não é a mesma cidade, que desde a Copa de 2014, tem imposto ao povo mais pobre tenebroso e truculento ‘estado de exceção’, resultante de cotidianos abusos dos direitos humanos e da expropriação das singelas, porém incômodas, propriedades de gente humilde que o fazer político brasileiro colocou como empecilho do progresso e dos jogos da integração mundial.
Não bastassem a UPP, pensada para o propósito de manter o povo pobre trancafiado em suas comunidades paupérrimas, impondo ao trabalhador verdadeiro estado de sítio, com violência policial e desaparecimento sistemático de pessoas indefesas da comunidade que ousam questionar os métodos selvagem de abordagem nas favelas por contingentes armados, há ainda a retirada truculenta da população pobre dos casebres próximos aos locais dos Jogos Olímpicos, escondendo dos estrangeiros o espetáculo real da pobreza ante os pés do imponente cristo de “braços sempre abertos, mas sem proteger ninguém”. Contudo, não se deixou de assegurar oportunidades milionárias para satisfazer a ganância da especulação imobiliária comandada apenas pelos ricos.
Isto posto, prezados brasileiros, as belas faixadas expostas para encantar o olhar despreocupado do rico visitante estrangeiro não se presta apenas para negar a existência da pobreza e da desigualdade, mas, principalmente, como reveladora de uma cruel e assassina política higienista contra a população pobre que necessita dos bilhões gastos com Olimpíadas para a expansão dos transportes públicos, a melhoria da segurança, enfim, para a construção e manutenção de hospitais destinados a conceder à população carioca agonizante alguma sobrevida. Ou seja, no fim, a grande soma de dinheiro que deveria beneficiar o cidadão mais pobre fora, como sempre, produtora de angústia e desamparo ao negá-lo como pertencente à Cidade Maravilhosa, cheia de encantos mil! Porém, havia aquela voz que insistia: O Rio de Janeiro continua lindo!
Por: Adão Lima de Souza