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Isto Posto…Professor Universitário: que ética adotar?
Recentemente a comunidade acadêmica da FACAPE tomou conhecimento de publicação feita no blog de Carlos Britto, onde o Diretório Central Estudantil – DCE e o Diretório Acadêmico do Curso de Direito – DA repudiavam a atitude de determinado professor, através de nota pública, reputada por eles de antiética devido aos comentários maldosos tecidos em grupos de WhatsApp sobre de erros gráficos – e de observância das regras gramaticais – encontrados quando da correção de provas de seus alunos.
O primeiro ponto é definir se o comportamento do referido professor é de fato antiético, uma vez que as maledicências foram externadas em grupos privados da Rede Social WhatsApp. Mas, para isso precisamos entender o que vem a ser Ética. E, primordialmente, qual o comportamento ético esperado de um professor, já que pela diversidade de interações sociais entre indivíduos diversos, a Ética tende a se apresentar múltipla, em conformidade com os interesses em jogo.
Num sentido puramente denotativo, consoante encontrado em qualquer dicionário, temos que Ética é a parte da filosofia responsável pela investigação dos princípios que motivam, distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento humano, refletindo especialmente a essência das normas, valores, prescrições e exortações presentes em qualquer realidade social, ou seja, o conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa e moral de um indivíduo, de um grupo social ou de uma sociedade.
Doutro modo, tomando-se o sentido mais acadêmico desta disciplina – aquela à qual estaria atrelado à observância o doutor – poder-se-ia, a priori, dizer como o faz Marilena Chauí em seu livro Convite à Filosofia (2008), que a ética é resultante da educação da vontade, ou seja, nasceria quando se passa a indagar o que são, de onde vêm e o que valem os costumes, como senso moral e consciência moral individual que contribuirá para compreensão do caráter de cada pessoa.
Quer isto dizer, segundo Chauí, que nos cabe fazer avaliações da conduta que empreenderemos, pois responderemos por elas perante os outros.
Por fim, temos que nossas vontades e nossos desejos, de acordo com a Filosofia, não podem ser barcos à deriva, flutuando perdidos no mar e produzindo um caráter de inconstância, porque tornariam a vida social impossível.
Nesta esteira, retornando ao professor, fácil é perceber que o limite ético do seu comportamento é definido pela instituição onde leciona, cuja missão inclui no Regimento Interno, art. 3º[1], como valores institucionais, dentre outros não menos importantes, a ética como norteadora do seu comportamento nas interações com alunos e colegas de trabalho.
Logo, como não observou os valores que permitem nossa vida em comum, nosso caro doutor demonstra não ter ainda educado sua vontade.
Assim sendo, segundo a Ética adotada pela FACAPE, o referido professor, ao invés de menosprezar seus discípulos ao perceber certa deficiência instrutiva deles, demonstrada pelo atropelo às normas gramaticais, bem poderia levar a situação à instâncias internas responsáveis pela avaliação do ensino-aprendizagem, e propor programas destinados ao aprimoramento da escrita dos bacharelandos da instituição, se fosse ele imbuído dessa boa-fé pela leitura do Regimento Interno.
Não o fez, Preferiu tripudiar das falhas dos alunos.
Isto posto, eu mesmo fui aluno do doutor e poderia, agindo sem a devida postura ética, dizer que a maioria dos textos de sua autoria aos quais tive acesso são de uma profunda infantilidade intelectual, mas não direi. Digo apenas que são dignos de um típico doutor brasileiro. E o blog está à disposição para constatarmos isso.
Por: Adão Lima de Souza
[1] Art. 3º. São valores institucionais na AEVSF/FACAPE:
- a) ética – como norteadora do comportamento humano;
- b) pluralidade de ideias – como meio de valorizar pela educação o respeito à liberdade, à conscientização dos valores humanos e a responsabilidade social;
- c) criatividade – como meio de permitir ao ser humano, de forma única e original, Expressar-se e encontrar soluções;
- d) consciência – como fator fundamental na preparação integral do cidadão, estimulando-o à reflexão sobre os valores humanos e sobre seu papel social;
- e) cooperação – como base para a integração de esforços e objetivos, mediante um trabalho conjunto e harmônico;
- f) participação – crença firme de que a democracia é o melhor caminho para uma instituição em que, por sua natureza, a opinião é quase sempre produto da reflexão;
- g) sensibilidade – como dimensão significativa do processo de desenvolvimento do homem.
Facape: Chapa de Oposição pede anulação de edital das eleições na justiça
Na manhã desta quarta-feira (05), o candidato de oposição à presidência da Autarquia Educacional do Vale do São Francisco – AEVSF- FACAPE, professor Celso Franca, ingressou através do núcleo jurídico da Chapa 2, composto pelos professores e advogados Luís Eduardo, Edmilson Mello e Pedro Henrique, na justiça com um Mandado de Segurança contra ato do senhor Rinaldo Remigio que nomeou o professor Pedro Noberto para presidir a Comissão Eleitoral.
Na ação judicial, a chapa opositora pede a dissolução da Comissão e a anulação do Edital das eleições marcada para 04 de novembro, sob alegação de existência de várias irregularidades no processo eleitoral como a nomeação irregular dos membros da Comissão Eleitoral pelo atual presidente da autarquia, usurpando função do Conselho Deliberativo Autárquico-CDA, instância máxima da instituição; tempo escasso de campanha; restrição ilegal dos locais de campanha; proibição de campanha nos pontos externos de concentração de alunos; permissão dada ao presidente da Comissão Eleitoral para alterar o regulamento eleitoral quando achar conveniente durante o processo eleitoral; acumulação indevida de cargos por membros da Comissão Eleitoral; irregularidades dos suplentes da Comissão Eleitoral; uso da máquina institucional pela chapa da direção e o favorecimento à chapa montada e apoiada pela atual diretoria da Facape.
Isto Posto… O que fazia o presidente da AEVSF festejando um ProUni que só beneficia empresas privadas e ameaça a existência da FACAPE?
PETROLINA – Anunciado desde 2013, o ProUni Municipal que beneficia empresas privadas de ensino superior em Petrolina teve sessão solene para assinatura do Decreto que o institui pelo prefeito municipal Júlio Lossio, no último dia 26/07/2016, com a participação do Presidente da Autarquia Educacional do São Francisco – AEVSF, mantenedora da Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina – FACAPE.
O Decreto regulamenta a Lei Municipal nº 2.801 de março de 2016 que institui o Programa de incentivos fiscais a empreendimentos privados prestadores de serviços de ensino superior, semelhante ao oferecido pelo Governo Federal, compreende a renúncia de até 60% do Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza (ISS), a fim de beneficiar especialmente a Faculdade Maurício de Nassau, cujo grupo controlador mantém oferta de ações em Wall Street.
A Diretora da Nassau Petrolina, Anna Cristina de Araújo, esteve presente na solenidade de assinatura representando o Grupo Ser Educacional e mostrou-se feliz em fazer parte deste marco histórico para a educação. “Viemos para ver a cidade crescer cada vez mais e fazer com que a educação avance junto à sociedade”, afirmou.
As Instituições de Ensino Superior (IES) que aderirem ao Programa deverão incluir na bolsa todos os encargos educacionais, inclusive matrículas e disciplinas cursadas em virtude de reprovação. Contudo, é vedado o direcionamento das bolsas a alunos que já estejam cursando em instituição pública, ou seja, embora contasse a solenidade com a presença do Presidente da AEVSF, este não estava lá para tentar buscar programa semelhante para financiar alunos da FACAPE, porque esta na condição de instituição pública não pode ser beneficiada com o ProUni Municipal.
Na ocasião da assinatura do Decreto, Lossio ressaltou a importância da instalação da Maurício de Nassau na cidade, e disse está contribuindo para o crescimento municipal já que o Sistema Público é demorado.
Isto posto, enquanto isso o presidente da FACAPE nada disse, apenas ficou lá embevecido como se seu gesto fosse de extrema importância para a instituição que preside, como se depois pudesse vir um plano elaborado pelo prefeito generoso para saldar a dívida de R$ 7 milhões resultantes das bolsas concedidas pela Prefeitura.
Por: Adão Lima de Souza
GESTOR DA FACAPE TAMBÉM APARECE COMO FICHA SUJA.
Isto Posto… A má gestão e o suplício financeiro do aluno conduzem a FACAPE à bancarrota!
A FACAPE, embora seja Instituição Pública de Ensino Superior que por permissivo legal se furte a obrigatoriedade de observar o Princípio da Gratuidade insculpido no art. 206, inciso IV da Constituição Federal, nem por isso pode deixar de obedecer aos demais comandos normativos preceituados no mesmo dispositivo constitucional.
Deste modo, como a educação tem por objetivo social o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho, nenhuma instituição pública (nem privada) de ensino poderá se recusar a cumprir seu dever constitucional de implementar medidas que assegurem a igualdade de condições para o acesso e permanência, garantindo-se sempre a liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; e ainda, o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, além da garantia de padrão de qualidade do ensino e o direito a uma gestão democrática, na forma da lei, que garanta a todos os segmentos da universidade espaços de participação e compartilhamento das decisões sobre a condução do ensino e seu custeio.
A FACAPE, ao contrário das demais instituições públicas de ensino superior, parece se reger por leis próprias, inventadas, á toque de caixa, pelos seus atuais gestores. A práxis administrativa da direção atual se envereda cotidianamente em direção à sofismável certeza de que gestão financeira se consubstancia no ato de cada vez mais gastar e gastar… E gastar desarrazoadamente, já que qualquer insuficiência de caixa poderá ser sempre suprida com novas e abusivas majorações de mensalidades a serem pagas pelos alunos.
Assim, ano após ano, a atual gestão, embora alardeie aos quatros quantos que sua maior contribuição à FACAPE tenha sido promover o equilíbrio financeiro das despesas, mesmo estas se mostrando sempre exorbitantes, haja vista ter passado de um superávit de R$ 530 mil em 2013 para um déficit crescente em 2015, jamais colocou em prática um plano eficiente de contenção de despesas, e segue, principalmente com folha de pessoal, consumindo quase a totalidade da receita arrecada em mensalidades, gerando, com isso, constantemente a necessidade de aumentos cada vez maiores nos preços dos serviços educacionais prestados ao aluno.
Portanto, sendo a FACAPE instituição pública se aproveita da imunidade tributária, cuja carga altíssima é lastimada pelas empresas privadas obrigadas a suportá-la, ao mesmo tempo pratica todos os atos próprios de entidades particulares, podendo custear os desmandos financeiros e a ganância com sucessivos e abusivos aumentos de mensalidades, enquanto as instituições privadas e de ensino sentam à mesa de negociações com representantes estudantis para decidir em conjunto o percentual da majoração mensal.
Isto posto, como não há preocupação da atual gestão em buscar novas fontes de renda para a instituição junto ao mercado, nem nunca houve gestão financeira condizente com as reais necessidades da FACAPE, os atuais diretores se arvoram eternamente na outorga que lhe é concedida pelo Conselho Deliberativo Autárquico (CDA), instância máxima da autarquia e dos votos previsíveis e cativos, e mais uma vez, à revelia dos estudantes, majoraram as mensalidades acima da média do aumento efetivados pelas universidades privadas.
Ousar lutar, ousar vencer! (Carlos Lamarca)
Por: Adão Lima de Souza.
Servidora da prefeitura cedida à Facape estaria recebendo dois salários sem trabalhar, denuncia presidente do DCE
Em tempos de clamor nacional pelo fim da corrupção, o presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Faculdade de Ciências Sociais e Aplicadas de Petrolina (Facape), Adonjones Fernandes, surge com uma grave denúncia que deve gerar ainda mais indignação.
Segundo ele, uma servidora da prefeitura de Petrolina cedida à Facape estaria recebendo salário, mesmo sem trabalhar. Adonjones denuncia ainda que a servidora identificada como Camila Cruz nem mesmo mora na cidade e ainda assim – sem dar expediente algum – estaria recebendo seus salários tanto pela prefeitura de Petrolina quanto pela autarquia.
Sobre a suposta ilegalidade, o Blog questionou a assessoria de comunicação da Facape que se comprometeu em esclarecer os fatos, mas até o momento não se pronunciou. A prefeitura de Petrolina também foi procurada pelo Blog para comentar o assunto, mas ainda não recebemos retorno.
Fonte: Blog do Carlos Britto
Supereu: a inquebrantável (?) cultura jurídica
“(…) Mas do silêncio em que está encerrado é como se dissesse: ouve-me.” (Avalovara, Osman Lins)
Que personagem, o jurista! Dentre todos, o mais ingênuo – quando da exclusão da faceta assaz esperta, por suposto. Não afirmo tal em desamparo. Muitos me servem de arrimo. Warat e Osman, por exemplo.
O ingênuo não tem clareza a respeito de si mesmo. Pensa-se além da própria insignificância. Seguro – falsamente – de si, acredita deliberar a propósito dos seus atos. O que, sabemos, não parece verossímil. Ao revés, toda a sua prática está condicionada, adstrita a um espaço de há muito construído. Um títere, valha-me Deus!, a delirar com o manejo dos cordéis.
Em “O futuro de uma ilusão”, Freud esclarece: “(…) Faz parte do curso de nosso desenvolvimento que a coerção externa seja gradativamente interiorizada na medida em que uma instância psíquica especial, o supereu do homem, a inclui entre seus mandamentos”. No caso do jurista, tal se vê recrudescido. O nosso personagem, mais do qualquer outro, detém grande capacidade de interiorizar a coerção externa. Isto, está visto, desde o período universitário, em que o impedimento é tomado por norte pedagógico. Cá, o círculo vicioso de tolhimento dos impulsos. Castrá-lo implica em ausência de perturbação ante os alicerces.
O jurista é, antes de tudo, um crédulo. Disparate? Recordemos o já citado Warat. Em seu “A ciência jurídica e seus dois maridos”, o argentino fala-nos numa “cultura-detergente”. Precisamente, o maior cometimento cultural do jurista. Tal, diz-nos o jusfilósofo, representa piamente um pensamento sem sujeira. Crente, o nosso personagem julga toda a construção jurídica algo cristalino, translúcido. Ora, um advogado dissera-me pensar o direito como instrumento de pacificação social. Quanta candura!
Falta, ao direito, certo pirronismo. Justamente por não ousar a dúvida é que o jurista abisma-se nas significações instituídas. Ora, Jakobson nos ensinara que um idioma se define menos pelo que ele permite dizer, do que por aquilo que ele obriga a dizer. O nosso personagem, porque ingênuo, toma emprestado, abruptamente, certo arcabouço linguístico. Em pouco tempo, vocábulos ressonam, reverberam – e nada dizem. O jurista, assim, ainda no período de formação, é, sem o notar, coagido à repetição de palavras cujas acepções desconhecem. Diz-se, portanto, “garantia da ordem pública”, “sujeito de direito”, “homem médio” etc. A vaguidão, como se vê, reclama certa estultice bucólica.
Em leitura livre de Freud, aventuro-me à determinada aproximação. Tomemos o direito por religião. Dessarte, estabeleçamos o jurista e o direito como uma “relação com o pai”. Isto, claro, no plano social, não-metafísico. De tal modo, chegamos na ambivalência, tratada por Freud. Eis o temor e a admiração, em convivência plena. O jurista raciocina (com raciocínio autorizado), conclui que será sempre uma criança. Necessita, pois, proteção contra poderes desconhecidos – ou não. A estes, enfim, empresta-lhes a figura paterna – aqui, o direito.
Inevitável, como já se vê, pelejar com a linguagem. Trapacear a língua, como nos ensinara Barthes. Para tanto, a compreensão não-oficial dos sentidos, entonada por Warat, cai-nos como exigência inadiável. O jurista, ao saber do sentido comum teórico, obterá o clarão necessário para operar internamente, lá onde são inoculados os discursos, as palavras permitidas, os valores-ídolos.
Por derradeiro, a sempre pertinente lição da literatura. Desta vez, Osman Lins, em “Avalovara”: “- A palavra sagra os reis, exorciza os possessos, efetiva os encantamentos. Capaz de muitos usos, também é a bala dos desarmados e o bicho que descobre as carcaças podres”.
Por: Breno S. Amorim
Isto Posto…FACAPE: A imoralidade dos altos salários
A FACAPE é uma instituição de ensino superior sem finalidade lucrativa. Assim está definida sua natureza, pois, por ser entidade pública deve primar pelos princípios éticos mais radicais, dispensando até mesmo um possível ‘legitimo’ enriquecimento advindo da alta lucratividade produzida pela diferença entre os custos operacionais e o valor cobrado a título de mensalidade pelas faculdades privadas em funcionamento no mercado da educação, já que a outorga que recebera da Constituição estar restrita a cobrança de uma módica taxa que lhe assegure a manutenção e alguma margem de investimento.
Acontece que quando olharmos o modo como a FACAPE vem sendo administrada por sucessivas gestões aptas em dilapidar o patrimônio da autarquia, tratando-a como se negócio de família fosse, diante desta afirmação de que se trata de uma entidade sem fins lucrativos, hoje descabida fora de uma acepção legal, não nos restaria alternativa senão perguntarmos, principalmente pela crescente relativização deste princípio com progressivos aumentos de mensalidades e de inchaço da folha de pagamento: Sem fins lucrativos, para quem?
Porque se olharmos atentamente a consolidação dos gastos com pessoal encontraremos uma casta de Marajás encalacrada nas entranhas das finanças da instituição que nem chatos nas partes pudendas, se favorecendo da oportunidade de enriquecimento sem causa patrocinado pela generosidade desavisada do alunado que anualmente vem bancando essa farra com valores de mensalidade cada vez mais igual aos das faculdades particulares.
Pelas folhas postadas no Portal da Transparência, somando-se os vinte maiores salários de professores (R$ 11.683,10, R$ 11.348,25, R$ 12.495,02, R$ 11.603,34, R$ 11.539,02, R$ 11.595,65, R$ 15.661,04, R$13.432,22, R$ 15.222,62, R$ 22.095,59, R$ 22.208,43,R$ 11.360,19,R$ 16.088,11,R$ 19.521,07, R$11.360,19,R$ 11.464,02,R$ 11.188,38,R$ 11.683,10, R$10.933,11, R$ 11.464,02, R$ 12.495,02, R$ 13.420,77, R$ 19.293,07) temos um montante assustador de R$ 303.795,78 (trezentos e três mil, setecentos e noventa e cinco reais e setenta e oito centavos) por mês, que quando multiplicado por treze meses são quase R$ 4 milhões, que em termos percentuais é aproximadamente 15% do orçamento anual da FACAPE.
Comparando-se os salários pagos em outras instituições de ensino vemos que de acordo com a proposta do Ministério da Educação para o ano de 2015, doutores ingressariam como professores assistentes recebendo R$ 8.639,50 e progrediriam com perspectiva de chegar ao final da carreira em menos de 20 anos a classe de titular, com remuneração de R$ 17.057,74, abaixo de alguns salários atuais na FACAPE.
Isto posto, caro aluno, resta-lhe duas alternativas: conclamar para que “nos locupletemos todos ou então que se restabeleça a moral”
Por: Adão Lima de Souza
FACAPE: a faculdade que temos e a que queremos.
Para o Professor Celso Franca o único caminho para reafirmar a grandeza da FACAPE é mudar a direção das coisas.
O blog Cidadania Ativa, convidando os alunos, neste volta às aulas, a uma reflexão sobre os rumos da FACAPE, e, sobretudo, tendo em vista os resultados da OAB, do ENADE e a chegada de instituições privadas de ensino superior na cidade, publica a recente entrevista que o sociólogo e Professor Celso Franca concedeu ao radialista Marcelo Damasceno. Leiam.
PERGUNTA: A FACAPE é uma autarquia pública. Como compreender sua política de bolsa de estudo e qual o índice econômico da sua mensalidade?
RESPOSTA: A FACAPE é uma autarquia pública, embora seus dirigentes, ao longo do tempo, tenham ignorado que por ser pública não pode ter finalidade lucrativa. O que implica em adotar uma política de reajuste das mensalidades condizente com a necessidade de pagamento da folha de pessoal e suficiente para gerar uma pequena margem financeira para investimento nas melhorias indispensáveis.
Entretanto, o que se ver na FACAPE é uma política benevolente com pagamento de pessoal, por meio de uma multiplicidade de cargos de confiança, obrigando a majorações cada vez mais agressivas da contraprestação pecuniária dos estudantes.
No tocante às bolsas de estudo, estas são formas disfarçadas de barateamento de mão-de-obra, pois exige do aluno uma contrapartida em trabalho – que o impede de estudar – de 08 horas diárias no primeiro ano em que a bolsa é integral, seguido de progressiva cobrança das mensalidades nos percentuais de 25% no segundo ano; 50%, no terceiro; 75%, no quarto; e, por fim, 100% no quinto ano.
PERGUNTA: A FACAPE deveria passar por um processo de privatização hoje, mormente ser autarquia municipal? Não atrapalha a FACAPE está nessa dicotomia?
RESPOSTA: Não há necessidade de privatização. A FACAPE deve permanecer pública, seja mantida com recursos próprios como é atualmente através de cobrança de mensalidades; seja com recursos oriundos da Prefeitura Municipal, do Estado, da União ou de ambos por meio de convênios autorizados em Lei.
A dicotomia instaurada pelo fato da FACAPE ser pública e cobrar mensalidades não é suficiente para gerar atrapalhos, desde que os gestores da autarquia compreendam que, pela sua natureza de instituição sem fins lucrativos, a política de reajuste deve ser pautada por um planejamento eficiente dos gastos com pessoal e manutenção da faculdade, através de medidas eficazes de contenção de despesas e de otimização dos recursos financeiros advindos da mensalidade paga por estudantes que são hoje, predominantemente, trabalhadores e filhos de trabalhadores.
PERGUNTA: Qual o termômetro de satisfação hoje entre os docentes quanto à atual política que conduz influente Instituição e tão premiada por mérito técnico quanto aos seus cursos?
RESPOSTA: Há uma insatisfação crescente não só de docentes, como de alunos, e, creio eu, da própria sociedade, à medida que a instituição tem excluído do processo decisório parcela considerável da comunidade.
Quanto aos méritos técnicos festejados pela nossa faculdade, não devemos nos esquecer de que parte deles, como a excelente colocação atestada pela OAB/PE, o ENADE, em menor destaque, é fruto mais da dedicação individual dos formandos do que de esforços concentrados pela FACAPE na direção destas conquistas. O que é mais visível nesta atual gestão é que ela se deixou perder por um fordismo enferrujado e ignaro, onde impera a quantidade e não a qualidade do ensino-aprendizagem.
Diante disso, parece-nos que o único caminho para reafirmar a grandeza da FACAPE é mudar a direção das coisas.
Celso Franca, Professor de Sociologia da FACAPE.
FACAPE: É PRECISO MUDAR A DIREÇÃO DAS COISAS
A construção do conhecimento como um processo dialético se dá pela compreensão e apreensão da realidade em suas múltiplas dimensões, num permanente movimento em que as partes e o todo possuem entre si uma íntima relação, em que o todo se cria a si mesmo na interação das partes.
Isto é assim, pois pretende fazer com que o aluno adquira continuadamente uma visão de totalidade do conhecimento produzido até aqui e, deste modo, seja capaz de compreender o imaginário social a partir do conhecimento sistêmico numa relação transdisciplinar e integradora do processo de ensino-aprendizagem.
Assim sendo, pode o professor ajudá-lo a compreender a complexidade da realidade estrutural e conjuntural da sociedade, e o seu movimento histórico, fazendo-o tomar consciência das reais condições e modo de intervir na realidade a partir da utilização de instrumentos teórico-metodológicos que lhe proporcione ampla atuação na vida profissional.
Portanto, é preciso, para consolidar a mutualidade entre prática e teoria, o aluno buscar, captar a dinâmica que se verifica entre educação e sociedade, mediada pela prática de ensino dos vários atores que compõem a FACAPE, enquanto instituição de ensino voltada à formação profissional, partindo sempre da estreita relação SUJEITO-OBJETO para construir a organicidade da TEORIA-PRÁTICA.
Desse mofo, a verdadeira aprendizagem, a meu ver, ocorrerá pela busca no prazer de ensinar, que na qualidade de professor, aprende-se pela reflexão-ação-reflexão a respeito da própria prática não só individual, mas também, dentro de um movimento, de uma configuração dialógica com seus pares – os alunos – num movimento recíproco que não se reduz a educador/educando, mas, a todos os atores que fazem mover a nossa Faculdade.
Com efeito, esse diálogo pode ocorrer num entendimento a partir de relações mútuas de nosso referencial da palavra, e de atitudes, que embora, sendo a Faculdade como parte de uma totalidade mais ampla, pode funcionar como um laboratório, onde as relações de ensino aprendizagem se desvelam com toda a sua significação, que nas palavras de Paulo Freire, seria afirmar que “o educador já não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando que, ao ser educado, também educa. Ambos, assim, se tornam sujeitos do processo em que crescem juntos e em que os ‘argumentos de autoridade’ já não valem. Em que, para ser-se, funcionalmente, autoridade, se necessita de estar sendo com as liberdades e não contra elas”.
Logo, deve ser imbuído desse entendimento que se pode propor um processo ensino-aprendizagem fundado no diálogo, pois é sabido que na relação entre os atores que fazem a universidade – no nosso caso a FACAPE – se complementam, porque uns não podem se sobrepor aos demais, e, sim, cada um assumir a exata consciência do seu papel e das capacidades que possui.
Para Freire, e aí penso que está à importância do diálogo, sem o qual não se efetiva uma reforma qualitativa na nossa Instituição, viver não pode ser a partir de um empreendimento, individualista e solitário, pois “ninguém se conscientiza separadamente dos demais. A consciência se constitui como consciência do mundo”.
Isto implica, para o professor que quer fazer alguma transformação, o dever constante de trocar de papel com seus alunos, desfazendo aos poucos a imagem autoritária que arbitrariamente tornou-se intrínseca a sua prática profissional.
Quanto à FACAPE, este entendimento é perfeitamente possível e oportuno, para o propósito de qualificá-la a partir da sua comunidade dentro do objetivo maior que é oferecer um ensino cada vez mais de melhor qualidade.
Ao chegarem às salas de aula, nossos alunos precisam encontrar em nós professores um aliado que esteja ali não só para ensinar, como também para escutar, renovar suas ideias e aprender com cada deles e, sobretudo, conjuntamente, organizar e dirigir situações do cotidiano escolar, administrar a progressão do conhecimento, enfim, envolvê-los no processo de construção de sua própria educação, sempre trabalhando em equipe.
Com base no que foi dito acima, para uma adequada e cuidadosa compreensão dos problemas gerados na Instituição nesses últimos anos, nosso olhar deve se voltar para o aprimoramento do modelo de gestão, já que as decisões tomadas nos altos escalões repercutem em todo processo de ensino-aprendizagem, elidindo ou implementando certo distanciamento dos atores que movem a FACAPE.
Por fim, imprescindível é que se quebre velhos paradigmas para nos livrarmos de certos modelos superados, buscando sempre o modelo de Gestão Aberta. Aberta no sentido de partilhar de forma efetiva os espaços de tomada de decisões dentro da FACAPE. Pois somente assim, a universidade cumprirá seu papel social de instrumento essencial na formação dos alunos para a cidadania ativa.
Por: Celso Franca, Professor de Sociologia da FACAPE.