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PSDB moverá ação questionando a ida de ministros à sabatina na CNI
O PSDB vai entrar com uma ação para questionar a ida de vários ministros do governo federal ao evento organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), realizado na tarde de ontem, em Brasília, para sabatinar candidatos à Presidência da República.
“Estou fazendo um levantamento dos ministros do governo federal e de todos os funcionários públicos que estavam no ato de campanha durante horário de trabalho”, afirmou Aécio Neves.
Conforme informou mais cedo o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, a plateia de ouvintes de Dilma na CNI incluiu os ministros da Previdência, Garibaldi Alves Filho; do Desenvolvimento, Mauro Borges; da Ciência e Tecnologia, Clélio Campolina; da Micro e Pequena Empresa, Guilherme Afif Domingos; da Casa Civil, Aloizio Mercadante; de Comunicação Social, Thomas Traumann; e da Fazenda, Guido Mantega.
O vice-presidente Michel Temer também integrou a comitiva presidencial, além dos presidentes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho; e do Banco do Brasil, Aldemir Bendine.
O grupo de Dilma incluiu, ainda, parlamentares da base aliada e a equipe da campanha, como o presidente do PT, Rui Falcão, que justificou a presença dos ministros no evento em horário de expediente como “normal”, por ser um encontro com empresários e não um ato de campanha.
A Copa e os 2 Brasis: Brasildinávia e Brasilquistão
Num passe de mágica, que o jeitinho brasileiro conhece bem, conseguiram ludibriar os jornalistas estrangeiros, durante a Copa do Mundo, escondendo deles o Brasilquistão (o Brasil que não deu certo: violento, desigual, desumano, concentrador de riquezas, pobre, sujo, sangrento, corrupto, serviços públicos de quinta categoria etc.).
Mostraram para eles o Brasildinávia (o Brasil que está com a ponta da proa virada para a Escandinávia). Mais da metade dos 438 jornalistas pesquisados (pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, contratada pelo Ministério do Turismo) tiveram suas expectativas superadas e quase 100% (98,6%) acharam o mundial “muito bom” ou “bom”; 96,5% recomendariam uma viagem ao Brasil. As avaliações positivas deles foram as seguintes: aeroportos: 88% de aprovação; táxi: 87,7%; segurança pública: 81,8%; rodovias: 81,6%; limpeza pública: 80,4%; sinalização de trânsito e turística: 75,9%; disponibilidade de voos no Brasil: 75,1%; rodoviárias interestaduais: 69,5%; mobilidade urbana: 67,9%; telefonia e acesso à internet: 52,1%; imagem do Brasil após a Copa: melhorou (59,4%) (Carta Capital 23/7/14: 26).
O que eles não viram? Não viram o Brasilquistão, com 276 mortes epidêmicas e diárias (154 assassinatos e 122 óbitos no trânsito) e mais de 101 mil anuais. Viram a tragédia do nosso futebol (10 a 1, em dois jogos), mas não sentiram o drama na economia (que não cresce e ainda padece de forte inflação), na saúde (pessoas morrendo nas portas dos hospitais), nos transportes públicos fora da Copa (e fora dos feriados), na segurança pública (o Brasil é o 12º país mais violento do planeta e 16 das 50 cidades mais homicidas estão aqui), na indústria (que está ultrapassada), nas comunicações (que funcionam precariamente), na educação (3/4 da população é analfabeta funcional), na inovação, no uso inteligente das tecnologias, na burocracia, na política corrupta, nos partidos decrépitos, na Justiça que tarda, na polícia que mata (e que também morre, no genocídio estatal), na criminalidade organizada que expande etc.
Durante o mês da Copa as televisões e rádios monopolizaram suas atenções no futebol. Ficamos com a impressão de que os furtos, roubos, latrocínios, tiros, assassinatos e corrupções tinham tirado férias. Todo esse inferno diário foi eclipsado para se mostrar o paraíso (cheio de Adãos e Evas nús e sensuais, escondendo-se obviamente as serpentes e seus ovos).
Como é fantástica a sensação do Brasildináviae como é massacrante e torturante o nosso diaadia de Brasilquistão, com tiroteios diários nas favelas “pacificadas”, com mortes nas portas dos hospitais, com ignorância dentro das escolas, com políticos filmados embolsando o dinheiro da corrupção financiada por empresas e bancos… Que calmaria ver nas televisões apenas tiros de meta (não de canhões do Exército), tirombaços aos gols (não contra os jovens negros), ataques eficientes das seleções (não os ataques nas ruas contra nossa integridade).
O paraíso se instalou no lugar do inferno, mas este está voltando ao seu “normal” (errático, sorumbático e morfético). Foi elogiada a segurança nos estádios e das equipes, sem se dizer que estamos em pleno regime de exceção (a ponto de se mobilizar em todo momento o Exército, que só atua em situações excepcionais). Eliane Castanhêde (Folha 22/7/14: A2) foi informada de que mais de 12 mil argentinos foram vítimas de roubo/furto (segundo o G1), os furtos nos trens, metrôs e ônibus aumentaram 379% em São Paulo e por aí vai. Os números completos sairão nos próximos dias.
Esse Brasilquistão (que é o que nos pega no cotidiano) não tem nada a ver com o Brasildinávia que os jornalistas estrangeiros viram. Eles acharam bonitas até mesmo as nossas indecentes rodoviárias! (“sabe de nada, inocente”).
Luiz Flávio Gomes: Jurista e professor. Fundador da Rede de Ensino LFG. Diretor-presidente do Instituto Avante Brasil. Foi Promotor de Justiça (1980 a 1983), Juiz de Direito (1983 a 1998) e Advogado (1999 a 2001).
Dilma 38%, Aécio 22% e Eduardo 8%.
O vice-presidente Michel Temer afirmou na noite desta terça-feira (22), após se reunir com a presidente Dilma Rousseff e presidentes de partidos que integram a coligação da petista pela reeleição, que a pesquisa Ibope divulgada nesta noite confirmou o ‘otimismo’ da campanha. O candidato do PSDB, Aécio Neves, divulgou nota na qual afirma que a pesquisa ‘aponta para a realização de segundo turno’.
Segundo a pesquisa, a presidente tem 38% das intenções de voto, o candidato do PSDB, Aécio Neves, 22%, e o do PSB, Eduardo Campos, 8%. Somados, os rivais de Dilma têm 37%, o que, segundo avaliação do Ibope, não permite dizer se haverá segundo turno.
Para Aécio Neves, a pesquisa demonstrou que o ‘sentimento de mudança é crescente’. “É mais uma pesquisa que aponta para a realização de segundo turno. E a minha percepção é que o sentimento de mudança no Brasil é crescente, ampliado a cada dia pelos preocupantes resultados na economia e pela incapacidade do governo de dar respostas às questões fundamentais que afetam a vida do brasileiro, como educação, saúde e segurança pública”, afirmou o candidato tucano.
OS NÚMEROS
Confira abaixo os números do Ibope, segundo a pesquisa estimulada, em que os nomes de todos os candidatos são apresentados ao eleitor (os candidatos que aparecem com 0% são os que tiveram menos de 1% das menções cada um):
– Dilma Rousseff (PT): 38%
– Aécio Neves (PSDB): 22%
– Eduardo Campos (PSB): 8%
– Pastor Everaldo (PSC): 3%
– Luciana Genro (PSOL): 1%
– Zé Maria (PSTU): 1%
– Eduardo Jorge (PV): 1%
– Eymael (PSDC): 0%
– Levy Fidelix (PRTB): 0%
– Mauro Iasi (PCB): 0%
– Rui Costa Pimenta (PCO): 0%
– Branco/nulo: 16%
– Não sabe/não respondeu: 9%
O Ibope fez a pesquisa entre as últimas sexta (18) e segunda (21). O instituto ouviu 2.002 eleitores em 143 municípios. A margem de erro é de dois pontos, para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%. Isso quer dizer que o instituto tem 95% de certeza de que os resultados obtidos estão dentro da margem de erro. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o número BR-00235/2014.
Pesquisa espontânea
Na parte da pesquisa em que os entrevistadores do Ibope simplesmente perguntaram ao eleitor em quem votará (sem apresentar a ele a relação dos candidatos), 26% mencionaram Dilma. Veja abaixo:
– Dilma Rousseff: 26%
– Aécio Neves: 12%
– Eduardo Campos: 4%
– Outros: 2%
– Brancos/nulos: 17%
– Não sabe/não respondeu: 39%
Segundo turno
O Ibope fez simulações de segundo turno entre Dilma e Aécio e entre Dilma e Campos. Os resultados são os seguintes:
– Dilma Rousseff: 41%
– Aécio Neves: 33%
– Branco/nulo: 18%
– Não sabe/não respondeu: 8%
– Dilma Rousseff: 41%
– Eduardo Campos: 29%
– Branco/nulo: 20%
– Não sabe/não respondeu: 10%
Rejeição
A pesquisa aferiu a taxa de rejeição de cada um dos candidatos, isto é, aquele em quem o eleitor diz que não votará de jeito nenhum. Dilma tem a maior rejeição e Eduardo Jorge, a menor:
– Dilma Rousseff: 36%
– Aécio Neves: 16%
– Pastor Everaldo: 11%
– Zé Maria: 9%
– Eduardo Campos: 8%
– Eymael: 8%
– Levy Fidelix: 8%
– Luciana Genro: 6%
– Mauro Iasi: 6%
– Rui Costa Pimenta: 6%
– Eduardo Jorge: 5%
– Poderia votar em todos: 13%
– Não sabe/não respondeu: 17%
Expectativa de vitória
De acordo com o Ibope, 54% dos entrevistados (independentemente da intenção de voto) acham que o futuro presidente da República será Dilma Rousseff; 16% opinaram que será Aécio Neves; 5% acreditam que será Eduardo Campos.
Desejo de mudança
Aumentou do desejo de mudança do eleitorado em relação à pesquisa anterior. No levantamento anterior, de maio, 65% diziam que gostariam de mudar tudo ou quase tudo no governo. Agora, os mudancistas são 70%. Eles se dividem em dois grupos: 29% gostariam que o próximo presidente mudasse totalmente o governo do País (eram 30% em maio), e outros 41% querem que o próximo governante mantenha alguns programas mas mude muita coisa – ante 35% na pesquisa anterior.
Segundo 18% dos eleitores, o próximo presidente deveria fazer poucas mudanças e manter muitas coisas – ante 21%. Para 10%, a próxima gestão deveria dar total continuidade ao atual governo. Os que queriam total continuidade eram 9% em maio.
Situação econômica
A maior parte dos eleitores classifica a atual situação econômica do Brasil como regular. É a opinião de 48%, segundo o Ibope. Partes equivalentes avaliam que a economia está boa ou ótima (24%), ou julgam que, ao contrário, a situação econômica está ruim ou péssima (25%).
O Ibope também perguntou aos eleitores sobre suas expectativas para a economia do País em 2015. A maior parte (41%) acredita que a situação estará no próximo ano igual a como está hoje. Outros 34% acreditam que estará melhor, e 18%, que ficará pior do que em 2014.
Avaliação do governo Dilma:
Bom/Ótimo – 31%
Regular – 36%
Ruim/Péssimo – 33%
Forma de governar de Dilma
Aprovam – 44%
Desaprovam – 50%
Pesquisa encomendada por: TV Globo e pelo jornal ‘O Estado de S. Paulo’.
Lula vai comandar campanha eleitoral de Dilma em São Paulo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu agir por conta própria antes da propaganda política, que começa em 19 de agosto, e vai comandar a campanha da companheira Dilma Rousseff (PT), à eleição, em São Paulo.
O comitê da reeleição teme que o desgaste do PT paulista contamine a campanha. Lula tomou a decisão após aguardar sinal do comitê de Dilma. O ex-presidente já dá prioridade ao maior colégio eleitoral do País para melhorar a imagem do prefeito Fernando Haddad, tirar do limbo o candidato petista ao governo estadual, Alexandre Padilha, e transferir votos para Dilma. A tática teve início, na prática, na última sexta-feira (18), em ato pró-Padilha no centro paulistano.
O ex-presidente também escalou um cinturão de prefeitos do PT na Grande São Paulo e em cidades do interior para proteger os dois candidatos desta eleição na temporada pós-Copa, quando os olhos do eleitor se voltam para o que ele chama de “vida real”. Sob o comando do prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, coordenador da campanha de Dilma no Estado, o time será o grupo de defesa do PT, recorrendo ao expediente da “pronta resposta” para impedir o bombardeio adversário.
Dilma iniciará a campanha numa plenária da Central Única dos Trabalhadores (CUT), em São Paulo, no dia 31.
“A Justiça e o Estado estão criando o criminoso antes de o crime existir”
“O Brasil está fazendo a gestão da sua pobreza por meio do extermínio e por meio do encarceramento”
Jean Wyllys, deputado federal pelo PSOL-RJ em entrevista ao jornal EL PAÍS, denuncia as violações dos direitos fundamentais do cidadão brasileiro cometidas pelo Estado.
Leiam:
Pergunta. Como avalia essa Copa do Mundo?
Resposta. Tenho um relacionamento ambivalente com essa Copa porque eu acompanhei todas as manifestações, que cobravam transparência nos gastos e a autonomia do país frente às diretrizes da FIFA, que questionavam se era o momento certo [de ser feita] com todos os problemas de investimento que vive o país. Por ter me aproximado muito desse movimento e ter visto como o Estado reagiu a ele, com violência e prisão de manifestantes, sofro dessa ambiguidade. Assim, embora eu tenha ficado feliz porque o evento deu certo, fiquei muito triste com o resultado da seleção e com a maneira como o Estado reagiu. O Estado agiu com muita violência.
P. Se somamos a hospitalidade do brasileiro, o bom funcionamento das coisas durante a Copa, as vaias à presidenta Dilma, a derrota da seleção… que nota dá para a Copa?
R. Eu daria nota 7. É uma boa nota por causa da eficiência da Copa em si, como evento. As vaias à Dilma são vaias de um segmento da população. Não quero dizer que eles não tenham suas razões, embora eu acredite que não seja o lugar, que existe uma liturgia que deve ser respeitada. Ela é chefe da nação, do país anfitrião, ela merecia respeito naquele momento. Se as pessoas têm uma divergência com a presidenta que deem uma resposta nas urnas. Vaiá-la é mostrar uma falta de respeito. O Governo Federal até desrespeita certos direitos, mas eu não acho que a presidenta da República em si tenha desrespeitado o povo brasileiro.
P. O sucesso da Copa vai favorecer o Governo Federal?
R. Não acho. Nem as vaias nem a derrota da seleção vão prejudicá-lo. As pessoas estão superestimando o resultado dessa Copa. Daqui até outubro o resultado do torneio não estará mais no tabuleiro.
P. Como você explica a prisão dos 19 ativistas no Rio na véspera da final e a prisão de outros dois manifestantes que já estão há três semanas na cadeia em São Paulo?
R. Para nós que acreditamos no Estado democrático de direito, nas garantias jurídicas, na presunção de inocência, é difícil de entender. Essas prisões são um absurdo. Na Comissão de Direitos Humanos temos recorrido a uma série de juristas e perguntado se há algum principio de legalidade nelas. E não há. Há arbitrariedade. Tanto o juiz que expediu os mandados de prisão como o promotor, quanto o Governo Federal e o Estadual, que articularam a ação com a Justiça, estão sendo arbitrários. Eles estão fazendo com que o criminoso exista antes do crime. Eles prenderam pessoas diante de suposições de que elas realizariam atos ilícitos. Estão subvertendo a regra do direito penal.
P. Como essas afirmações são coerentes em um Estado democrático?
R. Não são. O Estado democrático foi violado com as prisões. Isso é fato. As pessoas continuam presas. Há um embate de poderes. O poder legislativo por meio da Comissão de Direitos Humanos tem questionado essas autoridades. Eles desrespeitaram o Código Penal, a própria Constituição e o Estado democrático. E isso abre um precedente muito perigoso. O Brasil é signatário de tratados internacionais de direitos humanos e nossa Constituição incorpora esses princípios. As garantias jurídicas foram duramente conquistadas e elas foram claramente violadas no caso do Rio de Janeiro. Nós estamos de mãos atadas, esbarramos com a autonomia dos poderes. Nós não temos poder de polícia, a polícia está nas mãos do poder Executivo e eu sou do poder Legislativo. Não posso mobilizar a polícia. Se o Supremo Tribunal Federal não intervier, se o Conselho Nacional de Justiça não punir esse juiz e esse promotor vamos recorrer até a última instância internacional. Não podemos permitir que se mantenham essas prisões.
P. A presidenta Dilma disse que o controle da polícia não deveria pertencer mais aos Estados e que isso implicaria em uma mudança na Constituição. Isso é uma medida viável?
R: A possibilidade existe. Como existe uma possibilidade de reforma politica, uma reforma agrária, uma reforma tributária… Mas tudo fica no campo das possibilidades. De concreto, eu acho que a Dilma tem feito muito pouco para a desmilitarização da polícia ou para criar um diálogo com os governadores para tentar melhorar as nossas polícias, de criar um programa que barrasse do corpo a herança maldita da ditadura militar, a prática de tortura, o entendimento de que a polícia não está para defender direitos e sim para massacrar o cidadão em um Estado de direito. Isso seria muito mais honesto intelectualmente e plausível para a presidenta dizer.
P. Nessa mesma entrevista, Rousseff disse que a letalidade policial era um dos principais desafios do Brasil.
R. Concordo e fico contente que a presidenta fale de letalidade, eu só gostaria de ver uma ação mais eficaz. Claro que não é uma responsabilidade só do Governo Federal, mas o repasse de recursos aos Estados deveria estar condicionado a determinadas práticas que os governos deveriam garantir. Essa letalidade está aí e eu vejo muito pouco esforço dos Governos estaduais em acabar com ela. Nós acabamos de ver um vídeo da Polícia Militar do Rio durante a manifestação na final da Copa onde um policial espanca e rouba um cinegrafista canadense. Não é uma exceção, as polícias agem dessa maneira. Em muitos Estados eles viraram esquadrões da morte, eles aplicam a pena de morte no vácuo da legalidade. E o perfil nesses casos é sempre o mesmo: negros e pobres. O Brasil está fazendo a gestão da sua pobreza por meio do extermínio e por meio do encarceramento. Nenhum governo tratou disso com seriedade para mudar essa cultura, nenhum deles encarou a questão da droga no Brasil, de pensar uma nova política de drogas porque é claro que esse extermínio e essas prisões estão ligadas a uma política de drogas. Essas mortes são justificadas pela guerra das drogas.
P. Qual está sendo o caminho do Congresso após as manifestações de junho?
R. Desde as jornadas de junho nas assembleias legislativas e no Congresso Nacional vêm tramitando projetos de lei que reduzem os espaços da democracia e a participação popular. Com toda franqueza, depois de um mandato de quatro anos, a grande maioria daqueles deputados federais e daqueles senadores não representa a população brasileira. Eles representam seus interesses, os de corporações comerciais, os das igrejas, e não da população. O sistema político decidiu se fechar mesmo. Dois dias depois da grande manifestação participei de uma reunião e a grande proposta de alguns líderes das bancadas foi que fossem colocadas catracas eletrônicas para impedir a entrada das pessoas no Congresso. Mas vocês estão loucos?, falei. As pessoas reclamam que não participam e vocês vão colocar catracas? É assim como estão reagindo, ao sabor do medo das ruas.
P. Estamos em um momento no qual a Igreja Católica começa amenizar o tom em relação aos homossexuais. No Brasil, porém, a bancada evangélica cresce e com ela as posições mais restritivas a respeito da liberdade sexual. Como se explica esse embate no país?
R. A Igreja Católica vem amenizando o tom talvez como resposta aoavanço do fundamentalismo religioso por parte das igrejas neopentecostais, que no Brasil elevam o tom cada vez mais. Já ouvi pastores e pastores deputados falando abertamente sobre a criminalização da homossexualidade. É assustador pensar que posso morar em um país que vai me punir por ser gay. Já não se trata de negar direitos, se trata de criminalizar. O Estatuto da Família que exclui as famílias monoparentais e homoafetivas e a cura gay estão em processo de aprovação. Nós vamos obstruir essas votações, mas é uma questão de número. Na Comissão de Direitos Humanos agora somos maioria, mas tudo pode mudar na próxima legislatura.
P. Quais são seus planos para as próximas eleições?
R. Minha reeleição é muito complicada. Pertenço a um partido de esquerda que não aceita doações de pessoas jurídicas, não tem recursos e, além disso, sou muito difamado por um segmento da sociedade. Sou o cara que defende as minorias, que defende os gays e transexuais, que apresentou o projeto de regulamentação da maconha. Tenho um prestigio diluído em um país inteiro e eu só posso ser escolhido por quem vota no Rio de Janeiro. Meu desafio é que a pessoa que está no Acre possa transferir seu voto, tanto colaborando com a campanha quanto dizendo a alguém que vote em mim. Mas é muito difícil.
Meu partido está desorganizado. Não há uma estratégia nacional seja por falta de recurso, de expertise, por divergências internas. A campanha vai ser difícil, minha reeleição não está garantida, porém eu gostaria porque ainda não acabei meu trabalho.
Candidato do PCB defende programa anticapitalista
O candidato do Partido Comunista Brasileiro (PCB) à Presidência da República, Mauro Iasi, nasceu em 10 de fevereiro de 1960, em São Paulo, é solteiro e professor da Escola de Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Sofia Manzano, que também é professora universitária, completa a chapa de Iasi, concorrendo à Vice-Presidência.
Na declaração de bens, o candidato diz que seus bens somam R$ 204.348,57. A previsão de gastos do PCB com a campanha presidencial está em R$ 100 mil.
A eleição deste ano será a primeira na qual Iasi participa como cabeça de chapa – em 2006, ele foi candidato a vice-governador de São Paulo, também pelo PCB.
Iasi participou da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT) na década de 1980 e trabalhou na campanha de Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência da República, em 1989, na primeira eleição direta para o cargo após a ditadura militar. Ele deixou o partido em 2004.
No programa de governo apresentado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foram colocados 21 pontos como propostas iniciais do PCB. O documento, intitulado Programa Anticapitalista, o Poder Popular e a Alternativa Socialista, diz que o Brasil tem hoje uma série de problemas estruturais advindos da opção capitalista, que beneficia uma pequena parte da população – os monopolistas, que controlam os principais meios econômicos e dominam toda a vida pública do país.
A proposta de Mauro Iasi defende mudanças profundas no atual sistema capitalista. “Somente a Revolução Socialista, entendida como um forte e poderoso processo de lutas populares que desemboque na construção de uma sociedade alternativa ao capitalismo e à ordem burguesa, será capaz de realmente resolver os problemas vividos pelos trabalhadores e setores populares”, destaca o programa de governo registrado pelo PCB no TSE.
O partido considera prioridades a construção do poder popular; a socialização dos principais meios de produção essenciais à garantia da vida; a realização de uma reforma agrária socializada; com uma política agrícola sustentável ecologicamente; a reversão imediata das privatizações e a estatização de setores estratégicos; bem como de todo o sistema financeiro; e a garantia de saúde pública e educação pública e de qualidade para todos.
O PCB também prega um sistema de previdência e assistência social gratuito; o não pagamento da dívida pública; a garantia e ampliação de todos os direitos dos trabalhadores; a recomposição imediata dos salários; a redução da jornada de trabalho, sem redução salarial; auditoria imediata das remessas de lucro das corporações transnacionais; o fim da Polícia Militar e a apuração e punição de todos os crimes contra os direitos humanos cometidos durante a ditadura militar (1964-1985).
Candidato do PSTU promete construir Brasil para trabalhadores
O trabalhador metalúrgico e siderúrgico Zé Maria, candidato do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) à Presidência da República, nasceu em Santa Albertina, no interior de São Paulo, é solteiro e fará 57 anos no dia 2 de outubro, três dias antes das eleições.
Zé Maria completou o ensino médio e disputará pela quarta vez a Presidência – concorreu ao cargo em 1998, 2002 e 2010. O candidato declarou à Justiça Eleitoral que tem bens no valor de R$ 20 mil e o partido estimou os gastos da campanha em R$ 400 mil.
Ele foi um dos fundadores do PT, partido do qual foi expulso em 1992, e da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
A companheira de chapa de Zé Maria é a servidora pública Cláudia Durans.
Programa de governo apresentado pelo PSTU ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) inclui 16 propostas e tem o objetivo de “construir um Brasil para os trabalhadores”.
“A estratégia não é governar para os trabalhadores, mas levar os próprios trabalhadores ao poder, para que governem por si próprios através de suas organizações”, diz o programa do PSTU. O partido defende que todos os parlamentares recebam salário equivalente ao de um operário qualificado e que seus mandatos possam ser revogados a qualquer momento.
O PSTU propõe a estatização de todo o sistema financeiro e o rompimento da dívida pública como forma de viabilizar recursos para investir em saúde, educação e transporte público. Defende, ainda, a anulação dos leilões do pré-sal e de todos os campos entregues às multinacionais, a volta do monopólio estatal do petróleo e a Petrobras 100% estatal. Também está no programa de governo a anulação de todas as privatizações feitas nos últimos governos e a reestatização dessas empresas sem indenização.
Para enfrentar a inflação, o programa do PSTU defende aumento geral dos salários e congelamento dos preços dos produtos. O partido propõe uma reforma agrária que garanta terra aos sem-terra e, para isso, defende o combate ao latifúndio agroexportador, além da redução da jornada de trabalho de 44 horas para 36 horas semanais, sem redução nos salários.
Constam ainda do documento registrado no TSE o fim do fator previdenciário e o aumento das aposentadorias, a estatização dos transportes, que ficaria sob o controle dos trabalhadores e receberia investimentos equivalentes a 2% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país). Pelo programa de governo, a educação teria 10% do PIB e a saúde, também 10%. O PSTU defende ainda salário igual para trabalho igual, saneamento básico para todos e combate ao racismo.
Aécio quer alterar Mais Médicos e manter Bolsa Família
O candidato do PSDB ao Palácio do Planalto, senador Aécio Neves, afirmou nesta quarta-feira (16) que, se for eleito em outubro, não terá o “menor constrangimento” em manter os programas sociais criados pelo PT no governo federal, como o Bolsa Família e o Mais Médicos. O presidenciável participou de sabatina promovida pelo jornal Folha de S.Paulo, pelo portal UOL, pelo SBT e pela rádio Jovem Pan em São Paulo.
Segundo o senador do PSDB, é normal na política “copiar” os projetos que deram certo e aprimorá-los. Na tentativa de dissipar os boatos que afirmam que há risco de extinção do Bolsa Família caso a oposição vença as eleições deste ano, Aécio reafirmou que o programa de transferência de renda criado no governo Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) será mantido por sua eventual gestão.
“Política e administração pública é você copiar as coisas que dão certos e aprimorá-las. […] Não tenho o menor constrangimento de mantê-los e aprimorá-los [os programas sociais do PT]”, disse o candidato tucano na entrevista.
BOLSA FAMÍLIA
“O Bolsa Família, no nosso governo, vai continuar. O que eu quero é tirá-lo do programa eleitoral. O que eu quero é transformá-lo em programa de Estado”, complementou.
Indagado pelos jornalistas sobre as polêmicas geradas no país com a contratação de profissionais cubanos para o programa Mais Médicos, o presidenciável do PSDB disse que, na hipótese de ser eleito, irá manter a iniciativa federal, inclusive com os médicos da ilha caribenha.
Ele, no entanto, afirmou que criará novas regras para o programa, entre as quais isonomia de salários entre os profissionais estrangeiros e passar a exigir que os médicos de Cuba se submetam ao exame de revalidação do diploma, uma das principais exigências das entidades médicas brasileiras.
Fonte: Portal G1
Candidato ao Governo de Pernambuco pelo PSOL envia Carta Aberta à população
A cobertura da imprensa de hoje (ontem) foi tomada por uma proposta do candidato Armando Monteiro para que sua própria campanha ao Governo do Estado e a de Paulo Câmara não continuassem a desrespeitar o direito de livre circulação das pessoas pelas cidades. Tal proposta se fundamenta na dificuldade imposta ao deslocamento das pessoas pelo desproporcional volume das duas milionárias campanhas, que vêm ocupando com suas peças de publicidade as calçadas, paradas de ônibus e pontes, principalmente no Recife.
Lamento muito o fato de alguém que se predispõe a ser Governador do Estado demonstrar total descaso com o espaço público. Aproveito para sugerir que Armando Monteiro cumpra em sua campanha o que propôs, e estenda o cuidado que demonstrou ter com os exageros da campanha do PSB à sua própria.
Em especial, com o volume dos carros de som, que tem excedido – em muito – o razoável. Na terça-feira à tarde, por exemplo, sua coligação realizou uma atividade na Praça Maciel Pinheiro, e o trabalho no nosso comitê, que fica nas proximidades, ficou comprometido porque as pessoas sequer conseguiam se escutar.
Como usuário diário do transporte público, espero que o respeito com quem se utiliza das já precárias paradas de ônibus na Região Metropolitana seja minimamente estabelecido.
No mais, repudio a atitude de Paulo Câmara, que disse que não era necessário acordo, por fazer tudo dentro do que determina a lei, o que é desmentido pelo alto número de reclamações e multas da Justiça Eleitoral. E os relatos incontáveis, com fotos, nas redes sociais demonstram que a lei tem sido insuficiente pra garantir o respeito ao cidadão. Nisso fico com Drummond: “as leis não bastam, os lírios não nascem das leis!”
Recife, 15 de Julho de 2014.
Zé Gomes/Candidato do Governo do Estado de Pernambuco – “Mobilização por Poder Popular!”
Joseph Bandeira tem pedido de registro de candidatura impugnado pelo Ministério Público Eleitoral
O ex-prefeito de Juazeiro, Joseph Bandeira (PSB), teve seu nome incluído em uma lista proposta pela Procuradoria Regional Eleitoral da Bahia (PRE/BA) contendo 30 ações de impugnação de registros de candidatura no estado.
Foram alvos de ações de impugnação na Bahia os candidatos às eleições 2014 que se enquadravam na Lei da Ficha Limpa (nº 135/2010), tendo sido analisados 982 pedidos de registro de candidatura para cargos eletivos majoritários (senador, governador e vice) e proporcionais (deputados federal e estadual).
A rejeição de contas dos candidatos pelos Tribunais (da União, do Estado e dos Municípios) foi o motivo mais recorrente nos pedidos de impugnação da PRE/BA.
No âmbito federal, as exceções ficam apenas por conta dos candidatos à deputado federal Adalberto Lélis Filho e Joseph Bandeira. Lélis tornou-se inelegível por ter sido condenado pelo TRE pela prática de crime eleitoral, cuja sentença já transitou em julgado. Já Bandeira foi condenado por crime contra a administração pública, além dos Tribunais de Contas da União e do Estado.
Na Bahia, a estratégia da Procuradoria é de ampliar, ao máximo, a aplicação da Lei da Ficha Limpa. “Só impugnamos os candidatos que se enquadrem, em tese, nessa lei”, afirmou o procurador Regional Eleitoral, José Alfredo de Paula Silva.
Após as ações de impugnação, cabe à Justiça Eleitoral julgar os pedidos e decidir pelo deferimento ou não dos registros. Os candidatos com registros impugnados têm sete dias para contestar a impugnação.