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Dilma com Getúlio

IMG-20160127-WA0003E tudo começou com Duda Mendonça: AGORA É LULA! Deu certo. Sem Duda, o Brasil talvez não tivesse essa onça. O Lulinha transformado em paz e amor arrasou no guia, no palanque, nos debates. Os contra mudaram, confiantes. Motivo tinha: Lula passou fome; entrou com 9 anos na escola; a mulher perdeu o filho e morreu no hospital público; o diploma de torneiro foi o primeiro anel de Doutor.

Achou pouco os oito anos conferidos nas Diretas e apontou o pódio para Dilma. Criador e criatura se estranharam já na rampa do Planalto. Abraços e beijinhos só pra fazer de conta. Doze anos passados os apóstolos se desentenderam. Mais que na Torre de Babel. Na campanha da reeleição teve de tudo. No segundo turno caiu o Neves, ficou a criação de Lula. A Petrobras do tempo de Getúlio padeceu sob os poderes de Cerveró. O ano de 2015 veio pendurado na bestafera. As algemas cantaram soltas. Foi cadeia pra todo lado. Nunca antes na história do País ninguém fora preso, por causa de petróleo.  Com exceção da campanha do “Petróleo é Nosso” na ditadura de Getúlio.

Outras empresas entraram na concorrência, ou melhor, na ocorrência do boletim policial. Mais gente presa. A inflação aproveitou o ensejo e zumbiu nos ouvidos da Presidenta. A Suíça saiu do fornecimento de queijo podre, para fornecer o endereço do dinheiro sujo. A delação virou mote nas esquinas. Lava-jato passou a ser título de crédito policial. As autoridades de vários matizes se juntaram no acocho. A palavra sigilo foi suprimida, inclusive com efeito retroativo. A Convenção de Genebra foi pras cucuias.

Até o samba mereceu mudança radical. Fora-se o tempo da malandragem: mas a orquestra sempre toma providência, tocando alto pra polícia não manjar. A polícia ganhou ares divinos. É onipresente. Rádio, jornal, televisão, internet, WhatsApp só pensam naquilo. É óbvio que o tralalá tomou conta dos discursos. Dilma, dentre outras, lamentou não poder armazenar vento. Lula jurou de pé junto que tinha uma alma honesta. Empolgou-se.

Desafiou: “não existe viva alma mais honesta do que eu”. Saiu da Polícia Federal até a Igreja Católica. Levou, portanto, o caso para a teologia. Julgamento de alma se faz no Juízo Final. E tem muito jogo pela frente. Por outro lado, a Presidenta Dilma começou com a Petrobras quebrada e voou para 1954. Reclamou que Getúlio e ela viviam o mesmo Calvário.

Ocorre que Getúlio fustigado com a prova de corrupção matou-se no seu segundo governo. Eleição democrática, romântica, popular: “Bota o retrato do velho, bota no mesmo lugar, O sorriso do velhinho faz a gente trabalhar”. Saíra com o rabo entre as pernas e voltara nos braços do povo para o mesmo lugar. Getúlio descobriu que seu irmão Benjamin Vargas e seu capanga, o anjo da guarda, Gregório Fortunato estavam envolvidos num mar de lama. Além do dinheiro a morte de um oficial da Aeronáutica. O major aviador Rubens Florentino Vaz, que protegia Carlos Lacerda, tombou na Rua Toneleros, no Rio de Janeiro em 05 de agosto de 1954.

Pressionado pelas acusações e por certo envergonhado com seus assessores Getúlio resolveu dar um Xeque-mate em Lacerda. Escreveu a Carta Testamento e deu um tiro no peito esquerdo. Como previa na última frase: “saio da vida para entrar na história”; virou mito. Tony Ramos que o diga. O que quis dizer Dilma Rousseff com a comparação que fez de si mesma com Getúlio? Tenho na memória repetidas vezes ela própria dizendo de si mesma: “Não tenho conta na Suíça”.

Recentemente, convidou o astro Wagner Moura para dar conselho no Planalto. Wagner, para o público em geral, é o Capitão Nascimento, do filme Tropa de Elite. Ele tortura, mata, esfola e se diz contra a corrupção. O bem maior é a vida. O assassino é antes de tudo um ladrão. O torturador não merece perdão, diz a Constituição. Nascimento é sinônimo de morte.

Duda Mendonça foi absolvido no chamado Mensalão. Resta então apenas uma pergunta: E AGORA LULA?

Por: Gilberto Marques, advogado criminalista e colaborador do blog do Magno Martins.