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Festejos Juninos: Não há crise econômica quando se trata de gastar recursos de difícil controle e fiscalização.
Quando o assunto é festa junina, a crise econômica se esvai ao som de bandas inexpressivas pagas a peso de ouro pelos gestores municipais de plantão, nas cidades nordestinas que vivem o ano todo entre o Estado de Emergência e a Calamidade Pública.
Petrolina não destoa deste ritmo. Nem ao menos fora esclarecido a gastança de milhões de reais em festas passadas e a prefeitura já anuncia a próxima soma vultosa a ser desperdiçada com contratações de bandas e artistas solos para comemorar o santo da vez.
Serão outros tantos milhões gastos em detrimento dos programas educacionais e de saúde, tão urgentes e imprescindíveis para o contribuinte que religiosamente paga seus impostos, esperando melhor uso da fração que doa do fruto de seu trabalho árduo e sem perspectivas para sustentar a malversação do erário por parte de gestores perversos, porém, intocáveis pela justiça vacilante e humana.
Não se trata aqui de advogar pela defenestração de todo e qualquer evento destinado a proporcionar lazer ao cidadão, mas sim, de conclamar para que sejam feitos da forma menos onerosa para os cofres públicos, principalmente em tempos de crise, onde a palavra de ordem é conter despesas, a fim de bem aplicar os recursos no estritamente necessário, como Saúde e Educação.
Os festejos juninos devem acontecer, já que se trata de tradição cultural do nordestino. Contudo, numa cidade onde a indústria do entretenimento é bastante sólida, movimentando altas cifras durante todo ano, bem que poderia a prefeitura entregar a promoção e organização do São João à iniciativa privada, nas mãos de quem este empreendimento seria, sem dúvida, mais lucrativo, inclusive para própria prefeitura com maior arrecadação de impostos e o ressarcimento do valor gasto em equipamentos postos á disposição das empresas.
Por: Adão Lima de Souza
BR 247: Colapso da Sete Brasil pode custar 150 mil vagas
Um dos possíveis desdobramentos da Operação Lava Jato, o colapso da empresa Sete Brasil, pode significar o fim melancólico da indústria naval brasileira. Citada na delação premiada de Pedro Barusco, ex-gerente-executivo da Petrobras, como empresa envolvida no pagamento de propinas, a Sete, controlada pelo BTG Pactual, do banqueiro André Esteves, foi contratada pela Petrobras para fornecer sondas e plataformas. Com os contratos, subcontratou diversos estaleiros, que foram formados no Brasil, com empresas daqui e de fora, para dar impulso à política de conteúdo nacional nos equipamentos comprados pela Petrobras.
Agora, sem crédito e com a reputação manchada pela Lava Jato, a Sete Brasil pode fechar, gerando uma onda de calotes em toda a cadeia da nova indústria naval brasileira. De acordo com o cenário traçado pela própria companhia, traçado pelo presidente-executivo Luiz Orlando Carneiro, a situação é crítica as perdas potenciais com o colapso da empresa chegariam a R$ 28 bilhões. O mais grave, no entanto, seria a eliminação de 150 mil empregos na indústria naval.
Diante desse cenário, o governo federal vinha negociando um grande empréstimo do BNDES e do Banco do Brasil para a companhia. A operação, no entanto, foi abortada na semana passada, quando Barusco, que recolhia propinas na Petrobras, admitiu receber pagamentos ilícitos de empreiteiras também na Sete Brasil.
Reportagem da jornalista Josette Goulart, do jornal Estado de S. Paulo, aponta que as perdas seriam gigantescas. Os bancos credores têm US$ 4,3 bilhões a receber, mas a empresa não possui ativos – a não ser os contratos com a Petrobras. Os acionistas, que incluem ainda vários fundos de pensão estatais, levariam um tombo de R$ 8,3 bilhões. O FI-FGTS aportou R$ 2,5 bilhões na companhia e os estaleiros, liderados por empresas nacionais, já aportaram R$ 5,5 bilhões nos projetos.
Na festa de 35 anos do PT, a presidente Dilma Rousseff afirmou que a política de conteúdo nacional no pré-sal será mantida e, muito provavelmente, o novo presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, tentará encaminhar uma solução para a Sete Brasil.
Nobel de Economia alerta sobre a crise iminente do mercado imobiliário no Brasil.
O Brasil está à beira de uma possível bolha imobiliária, segundo o Nobel de Economia Robert Shiller, com os altos preços dos imóveis nas maiores cidades brasileiras.
O norte-americano, que antecipou o colapso no setor nos Estados Unidos que derivou na crise mundial de 2008, diz que, tomando como base os valores dos imóveis anunciados nas duas principais cidades do país, São Paulo e Rio de Janeiro, a manutenção de uma taxa de crescimento bem superior à inflação que reforça a observação de que os preços dos imóveis “aumentaram de forma dramática”, e isso pode resultar num colapso do setor imobiliário brasileiro.
Em entrevista ao EL PAÍS, Shiller faz questão de destacar em algumas de suas respostas que não é um especialista em Brasil, e que isso o impede de fazer projeções sobre o país “com confiança”. Entretanto, ressalta que o índice FipeZap apontou valorização de 13,5% nos preços de venda na cidade de São Paulo nos últimos 12 meses até fevereiro.
No município do Rio de Janeiro, a alta foi de 15,2% no mesmo período. O indicador, no entanto, se baseia apenas nos preços anunciados dos imóveis, desconsiderando eventuais descontos ou acréscimos posteriores visando ao efetivo desfecho do negócio.
“A taxa de aumento foi muito constante. O índice de inflação ficou um pouco abaixo de 6%. Trata-se de uma alta real de preços na casa de 7%”, diz, referindo-se exclusivamente ao caso da capital paulista. “Suspeito que isso seja excessivo, sobretudo porque entendo que o mercado hipotecário está se desenvolvendo no Brasil e erros podem facilmente ocorrer.”
O balanço atualizado do FipeZap até março, divulgado apenas neste mês de abril, após o recebimento das respostas de Shiller pelo EL PAÍS, mostram uma levíssima desaceleração na expansão registrada no período dos últimos 12 meses. No caso paulistano, de 0,2 pontos percentuais, para 13,3%; e no carioca, de 0,3 pontos percentuais, para 14,9%.
Mas desde janeiro de 2008, quando o índice começou a ser medido, a cidade de São Paulo registra a fortíssima valorização de cerca de 200%, e o Rio de Janeiro, de estratosféricos 250%.
“Acho que o Brasil se tornou vulnerável a uma crise por causa de seu crescimento econômico recente e o status de BRICS (grupo formado, além do Brasil, por Rússia, Índia, China e África do Sul)”, diz Shiller. O país, que chegou a avançar 7,5% em 2010, acumulou expansões de 2,7%, 1% e 2,3% nos anos imediatamente posteriores.
Shiller, que é professor de Economia na Universidade Yale, ganhou o Prêmio Nobel de Ciências Econômicas de 2013 junto com outros dois pesquisadores norte-americanos, Eugene Fama e Lars Peter Hansen, por suas “análises empíricas de preços de ativos”. Os estudos do economista também derivaram no índice Case-Shiller de preços de imóveis, principal referência sobre a trajetória do mercado residencial norte-americano.
Ele é autor ainda do livro Exuberância Irracional (Makron Books), em que abordava inicialmente os riscos da supervalorização do mercado de ações no início da década passada, em meio ao boom tecnológico, e co-autor de O Espírito Animal – Como a psicologia humana impulsiona a economia e a sua importância para o capitalismo global (Elsevier-Campus).
Por: Adão Lima de Souza Fonte: El País.