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Primeiro cartola de escândalo da Fifa é condenado nos EUA: veja quanto tempo de prisão e a multa que ele recebeu

FIFAGATEUm ex-juiz que durante anos presidiu a Federação de Futebol da Guatemala tornou-se o primeiro cartola a ser condenado nos Estados Unidos por causa do escândalo Fifagate, iniciado em maio de 2015 com a prisão de vários dirigentes em Zurique, na Suíça, e com muitas reverberações depois.

Héctor Trujillo, de 63 anos, foi condenado na última quarta-feira a oito meses de prisão pela Corte Federal do Brooklyn, em Nova York. Ele se declarou culpado por fraude e conspiração.

O guatemalteco também admitiu ter recebido quase US$ 200 mil (R$ 646,6 mil) em propinas de uma companhia que tentava garantir contratos exclusivos de marketing esportivo com a Federação.

A promotoria, porém, havia pedido que Trujillo ficasse três anos na cadeira, pagando também US$ 415 mil (R$ 1,34 milhão) em restituição pelos crimes cometidos. Já sua defesa argumentou que ele não deveria nem ser preso pelas infrações cometidas entre 2009 e 2016.

No fim das contas, o juiz decidiu que o ex-dirigente ficará preso por oito meses e pagará US$ 175 mil (R$ 565,77 mil) em restituição. Antes, ele já havia pago uma fiança de US$ 4 milhões (R$ 12,93 milhões) para responder ao processo em prisão domiciliar, ficando detido em sua mansão na cidade de Miami.

Trujillo foi preso em dezembro de 2015 em Port Canaveral, na Florida, durante um cruzeiro com sua família.

Ao ser detido, o então presidente da Federação argumentou que ele não havia feito nada contra as leis da Guatemala, apesar de ter quebrado uma série de regras do Comitê de Ética da Fifa.

“Apesar do acusado argumentar que não recebeu o mesmo tanto de dinheiro quanto outros acusados no Fifagate, sua conduta foi idêntica ao de outros dirigentes de futebol corruptos que foram envolvidos neste caso. E essa conduta corrupta merece uma sentença significativa”, escreveu a promotoria.

Já a defesa agiu rápido para tentar reduzir sua pena. Os advogados argumentaram que a prisão “obrigou” Trujillo a encerrar uma “linda carreira como jurista e advogado na Guatemala, onde ele possui reputação limpa e ilibada”.

Além disso, citaram que a prisão fez com que seu estado de saúde piorasse, com “dores insuportáveis” nas costas e quadril devido às “muitas semanas em encarceramento tanto na cadeia quanto em casa”.

A investigação do FBI sobre a corrupção na Fifa, iniciada há mais de dois anos, já resultou em mais de 40 admissões de culpa de dirigentes e executivos de marketing de empresas ligadas ao futebol. A maior parte dos casos envolve pagamento de propina de companhias para dirigentes por exclusividade nos direitos de transmissão de jogos das eliminatórias para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil.

Na Suíça, a Justiça também segue apurando o caso, enquanto a Fifa clama ter feito uma série de investigações internas para acabar com a corrupção e o pagamento de propinas na entidade que rege o futebol mundial

O Pau que dá em Francisco: Banco suíço vai pagar R$ 2 bi por evasão fiscal ao Governo Americano

Tio SAMO banco suíço Julius Baer, usado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e uma das principais instituições financeiras citadas em acordos de delação premiada na Operação Lava Jato, anunciou que vai pagar US$ 547 milhões (R$ 2,1 bilhões) como parte de um acerto com a Justiça americana. A instituição estava sob investigação criminal desde 2011 por ajudar clientes americanos a evadir o fisco nos EUA.

No Brasil, o banco é citado em diversas suspeitas sobre depósitos de propinas e, atualmente, tem diversas contas bloqueadas. Cunha mantém contas no valor de US$ 2,4 milhões. Ele nega, mas seus advogados entraram na Justiça suíça para impedir que extratos sobre suas movimentações fossem enviadas ao país e o pedido foi negado.

Quem também era cliente do Julius Baer era o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco. Em março de 2014, suas contas foram bloqueadas. Barusco, assim como Cunha, criou empresas offshore para tentar esconder o dinheiro, segundo investigações. Em 2013, Barusco abriu uma conta em nome de uma empresa de fachada, a Canyon Biew, no banco RBC da Suíça e transferiu do Julius Baer cerca de US$ 7,1 milhões.

Barusco ainda indicou que, para a abertura das contas na Suíça, utilizou os serviços do mesmo intermediário que ajudou o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que tem US$ 23 milhões bloqueados nos bancos suíços.

O intermediário era Bernardo Freiburghaus, com escritórios no Rio de Janeiro e que, desde a eclosão da operação, se mudou para Genebra. Os ex-diretores da Petrobras Renato Duque e Jorge Zelada também contrataram o Julius Baer para investir dinheiro de propina, de acordo com a força-tarefa da Lava Jato. Em Berna, fontes confirmam que o Julius Baer está colaborando e que foi do banco que veio em abril um informe apontando para suspeitas de lavagem de dinheiro sobre Cunha. Oficialmente, a instituição não comentar o caso.

Nos EUA, porém, o banco é uma das instituições financeiras suíças processadas por ajudar clientes americanos a retirar dinheiro do país e abrir contas secretas em Genebra ou Zurique. O banco, para evitar multas ainda maiores, anunciou que chegou a um “acordo de princípios” com a Procuradoria-Geral de Nova York.

Comitê de Ética da Fifa suspende Blatter e Platini do futebol por oito anos

BlatterO Comitê de Ética da Fifa anunciou nesta segunda-feira que o suíço Joseph Blatter e o francês Michel Platini estão suspensos do futebol por oito anos.

Os dois foram considerados culpados pelo caso em que o Blatter pagou 2 milhões de francos suíços (cerca de R$ 8 milhões) a Platini em 2011, por serviços prestados entre 1998 e 2002.

Segundo o Comitê de Ética da Fifa, porém, nenhum dos dois conseguiu justificar o pagamento. Além da suspensão, Blatter também foi multado em 50 mil francos suíços (R$ 200 mil), e Platini, em 80 mil francos suíços (R$ 320 mil).

Em comunicado, o Comitê explica, no entanto, que o pagamento não feriu o artigo do estatuto da entidade que versa sobre “propina e corrupção” e sim que Blatter agiu em “conflito de interesses” e “contra a Fifa”. A suspensão de Platini é baseada na mesma interpretação.

Os dois já cumpriam suspensão provisória de 90 dias desde o começo de outubro por causa do mesmo caso. No período, foram impedidos de exercer qualquer atividade ligada ao futebol.

Ambos ainda devem recorrer da decisão do comitê, ou ao Comitê de Apelação, ou diretamente ao Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) – nesse caso, porém, precisariam de autorização da Fifa. A tendência é que o recurso ganhe caráter de urgência, uma vez que as eleições presidenciais da Fifa estão marcadas para 26 de fevereiro de 2016.

Platini, inclusive, era considerado o favorito na corrida presidencial. A data limite para a apresentação de candidaturas é 26 de janeiro, o que significa que o francês tem pouco tempo para tentar esgotar todas as vias de recursos.

Entenda o caso

No dia 8 de outubro de 2015, o Comitê de Ética da Fifa confirmou a suspensão provisória de Blatter e Platini por 90 dias.

A decisão veio dias depois da Promotoria suíça anunciar a abertura de um processo contra Blatter por suspeitas de gestão desleal e abuso de confiança, além de investigar “um pagamento irregular” de dois milhões de francos suíços (cerca de dois milhões de euros no câmbio de hoje) que este fez ao presidente da Uefa, Platini, “em prejuízo da Fifa”.

O pagamento em questão foi realizado em 2011, sem o conhecimento dos demais do Comitê Executivo da entidade. Tanto Blatter quanto Platini alegam que o dinheiro era referente ao período de 1998 a 2002, quando o francês atuou como consultor especial.

No período, Platini recebia um salário aproximado de 200 mil francos suíços anuais (R$ 800 mil). Os dirigentes, no entanto, dizem que acertaram um pagamento extra, a ser feito quando possível – Blatter alegou ao francês que a entidade não tinha como transferir todo o montante naquele momento, apesar de um superávit expressivo. A quantia de dois milhões, então, foi paga em nove anos depois, em 2011, meses antes de Blatter ser reeleito para mais um mandato na Fifa – a transferência não apareceu na prestação de contas da entidade.

A dupla admitiu que existiu apenas um acordo de cavalheiros pelo pagamento, sem um contrato formal, mas que era perfeitamente legal à luz das leis suíças. Assim, os dois se declararam inocentes e recorreram da suspensão provisória de 90 dias, mas tiveram os respectivos recursos negados.

Por outro lado, a lei do país europeu, segundo o jornal The Guardian, fixa um período de realização de pagamentos de no máximo cinco anos após o serviço prestado caso não haja um documento oficial.

Em 23 de novembro, o Comitê de Ética da entidade, chefiado pelo alemão Hans-Joachim Eckert, anunciou a abertura de um processo contra os dois por causa do pagamento, dias depois de um relatório de investigação ser finalizado. Oficialmente, eles foram acusados de corrupção, conflito de interesses, contabilidade falsa e por falta de cooperação com o comitê.

Na última quinta-feira, Blatter compareceu à sessão do Comitê de Ética da Fifa para fazer sua defesa. Perante a quatro juízes, ele fez esclarecimentos por oito horas. Mais tarde, declarou em nota que as evidências apresentadas o inocentariam. Já Platini enviou apenas seus advogados, em protesto por considerar que já foi declarado culpado pelo órgão.