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A copa já era! – Parte VI

images (1)O presente texto tem o propósito de apresentar onze argumentos, do goleiro ao ponta-esquerda, para demonstrar que a Copa já era! Ou seja, que já não terá nenhum valor para a sociedade brasileira e, em especial para a classe trabalhadora, restando-nos ser diligentes para que os danos gerados não se arrastem para o período posterior à Copa.

9. O atentado histórico à classe trabalhadora

A maior parte dos problemas vivenciados pelos trabalhadores nas obras da Copa está ligada à sua submissão ao processo de terceirização e de precarização das condições de trabalho, que acabaram sendo acatados, sem resistência institucional contundente, durante o período de preparação para a Copa, interrompendo o curso histórico que era, até então, de intensa luta pela melhoria das condições de trabalho no setor da construção civil, que é o recordista, vale destacar, em acidentes do trabalho. Essa luta, implementada pelo Ministério Público do Trabalho, tendo como ponto essencial o combate à terceirização, entendida como fator principal da precariedade que gera acidentes, já havia sido, inclusive, encampada pelo Governo Federal, em 2012, ao se integrar, em 27 de abril, ao Plano Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho.

O fato é que o evento Copa, diante da necessidade de se acelerarem as obras, acabou por jogar por terra quase toda, senão toda, a racionalidade que já havia sido produzida a respeito do assunto pertinente ao combate à terceirização no setor da construção civil, chegando-se mesmo ao cúmulo do próprio Superintendente Regional do Trabalho e emprego de São Paulo, vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego, Luiz Antônio Medeiros, um ex-sindicalista, declarar, sobre as condições de trabalho no Itaquerão, que: “Se esse estádio não fosse da Copa, os auditores teriam feito um auto de infração por trabalho precário e paralisado a obra. Estamos fazendo de conta que não vemos algumas irregularidades” (entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, em 03/04/14).

O período da preparação para a Copa, portanto, pode ser apontado como um atentado histórico à classe trabalhadora, que jamais será compensado pelo aludido “aumento de empregos”, até porque, como dito, tais empregos, no geral, se deram por formas precárias. Nas obras o que se viu e se vê – embora não seja visto pelo Ministério do Trabalho e Emprego – são processos de terceirização e quarteirização, sem uma oposição institucional, que, por consequência, produz o legado de grave retrocesso sobre o tema, que tende a se estender, perigosamente, para o período posterior à Copa.

Não se pode esquecer que quase todos os acidentes fatais acima mencionados, não por coincidência, atingiram trabalhadores terceirizados, e o Estado de exceção, acoplado ao silêncio institucional sobre as formas de exploração do trabalho (exceção feita a algumas iniciativas individualizadas de membros do Ministério Público do Trabalho) e acatado para garantir a Copa, acabaram servindo como uma luva a certas frações do setor econômico, que serão as únicas, repita-se, que verdadeiramente, se beneficiarão do evento, para desferir novo ataque aos trabalhadores, representado pela tentativa de fuga de responsabilidade da empresa responsável pela obra, transferindo-a à empresa contratada (terceirizada), que possui, como se sabe, quase sempre, irrisório suporte financeiro para arcar com os riscos econômicos envolvidos.

Sobre a morte de José Afonso de Oliveira Rodrigues, a construtora Andrade Gutierrez, responsável pela construção da arena em Manaus, defendeu-se, publicamente, dizendo que Martins trabalhava para a Martifer, empresa contratada para fazer as estruturas metálicas da fachada e da cobertura.

Quando da morte de Marcleudo de Melo Ferreira, também na obra da arena de Manaus, a Andrade Gutierrez repetiu a estratégia, expressando-se em nota:

É com pesar que a Construtora Andrade Gutierrez informa que por volta das 4h da manhã de hoje, 14/12/2013, o operário Marcleudo de Melo Ferreira, 22 anos, natural de Limoeiro do Norte – CE, funcionário de empresa subcontratada que presta serviços na montagem da cobertura da Arena da Amazônia, sofreu uma queda de uma altura de cerca de 35 metros, sendo socorrido e levado ao Pronto Socorro 28 de Agosto ainda com vida, onde não resistiu aos ferimentos e veio a falecer nesta manhã.

Reiteramos o compromisso assumido com a segurança de todos os funcionários e que uma investigação interna está sendo feita para apurar as causas do acidente. As medidas legais estão sendo tomadas em conjunto com os órgãos competentes. Lamentamos profundamente o acidente ocorrido e estamos prestando total assistência à família do operário. Em respeito à memória do mesmo, os trabalhos deste sábado foram interrompidos. – grifou-se

Igual postura foi adotada pela Odebrecht Infraestrutura, responsável pela obra do Itaquerão, no que tange às mortes de Fábio Luiz Pereira e Ronaldo Oliveira dos Santos. Eis a nota publicada:

A Odebrecht Infraestrutura e o Sport Club Corinthians Paulista lamentam informar que no início da tarde de hoje um acidente na obra da Arena Corinthians provocou o falecimento de dois trabalhadores – Fábio Luiz Pereira, 42, motorista/operador de Munck da empresa BHM, e Ronaldo Oliveira dos Santos, 44 anos, montador da empresa Conecta. Pouco antes das 13 horas, o guindaste, que içava o último módulo da estrutura da cobertura metálica do estádio, tombou provocando a queda da peça sobre parte da área de circulação do prédio leste – atingindo parcialmente a fachada em LED. A estrutura da arquibancada não foi comprometida. Era a 38ª vez que esse tipo de procedimento realizava-se na obra e uma peça de igual proporção foi instalada há pouco mais de uma semana no setor Sul do estádio. Equipes do corpo de bombeiros estão no local. No momento, todos os esforços estão concentrados para oferecer assistência total às famílias das vítimas.

E para demonstrar que a terceirização, com a utilização da estratégia de se eximir de responsabilidade, não é privilegio da iniciativa privada, quando houve a morte de José Antônio do Nascimento na obra do Centro de Convenções do Amazonas, desenvolvida pelo Centro de Gestão Metropolitana do Município de Manaus ao lado da Arena da Amazônia, a entidade em questão expediu a seguinte nota:

O funcionário da Conserge, empresa que presta serviço para a Unidade de Gestão Metropolitana, José Antônio da Silva Nascimento, de 49 anos, morreu de infarto por volta das 9h da manhã deste sábado (14 de dezembro), quando trabalhava nos serviços de limpeza e terraplanagem para o asfaltamento do Centro de Convenções da Amazônia, localizado na Avenida Pedro Teixeira.

José Antônio se sentiu mal quando subiu em uma caçamba. Uma ambulância do Samu foi acionada imediatamente para realizar o atendimento, mas o trabalhador não resistiu. A Conserge está dando toda a assistência necessária à família da vítima.

Segundo a família de José Antônio, este trabalhava sob pressão devido ao atraso na obra. “Ele trabalhava de domingo a domingo”, afirmou sua cunhada, Priscila Soares.

Por ocasião da morte de Antônio José Pitta Martins, técnico especializado em operações de guindastes de grande porte, que veio de Portugal para trabalhar na obra da Arena da Amazônia, tendo sido atingido na cabeça por uma peça de ferro que se soltou de um guindaste, novamente a fala se repete. Em nota oficial, a empresa responsável técnica pela obra, Andrade Gutierrez, destaca que o trabalhador não era seu empregado, ao mesmo tempo em que deixa claro que “o acidente não interferiu no seguimento das obras”

Eis o teor da nota:

NOTA DE ESCLARECIMENTO

A Construtora Andrade Gutierrez informa que, por volta das 8h da manhã de hoje, 07/02/2014, um técnico de guindaste de grande porte, funcionário da empresa Martifer, sofreu um acidente nas dependências do sambódromo enquanto desmontava a máquina utilizada nas obras da Arena da Amazônia. O guindaste, que auxiliava os trabalhos da Arena, já estava com as operações encerradas desde 11/01/2014 e desmobilizado em uma área externa. O operador foi socorrido pela equipe de Segurança do Trabalho e levado pelo SAMU até o hospital 28 de Agosto, onde teve seu quadro de saúde estabilizado e foi transferido para o hospital João Lúcio. O acidente não interferiu no seguimento das obras da Arena da Amazônia. – grifou-se

A empresa Martifer Construções Metalomecânica S/A, por sua vez, emitiu nota de pesar, noticiando que iria “apurar as causas do acidente”.

A última morte foi a de Fabio Hamilton da Cruz, que se deu em acidente ocorrido no Itaquerão, após uma queda de oito metros de altura. Fabio, conforme foi várias vezes frisado pelos envolvidos, com difusão na imprensa, era empregado da WDS, uma subcontratada da Fast Engenharia, que fora contratada pela AmBev, que aceitou bancar os 38 milhões de reais para colocação de arquibancadas provisórias, exigidas pela FIFA para que o estádio tivesse a capacidade de público necessária para receber a abertura da Copa do Mundo.

*Jorge Luiz Souto Maior – professor livre-docente da Faculdade de Direito da USP e membro da AJD – Associação Juízes para a Democracia

Baixa adesão, altíssima voltagem

dinesGoverno e imprensa raramente convergem – o que é ótimo para a democracia –, porém nesta sexta-feira estavam afinadíssimos ao avaliar as manifestações do 15-M, o primeiro Dia Internacional de Lutas Contra a Copa: apoio reduzido e baixa adesão.

A utilização das jornadas de junho passado como base de comparação é um truque aritmético e retórico que não resiste a um exame mais atento dos fatos. A gigantesca participação em 2013 teve como alvo principal a inoperância do Congresso, corrupção, a precariedade dos serviços públicos, notadamente na esfera da saúde e transporte público.

A Mini-Copa (das Confederações) não foi o alvo preferencial, entrou na pauta das demandas por contingência cronológica, deveria realizar-se dentro de poucas semanas e os novos estádios estavam no meio do caminho.

O pífio apoio obtido pelo 15-M não deve ser visto sob a ótica exclusivamente estatística. Até hoje pouco sabemos sobre o número de manifestantes que em 1789 foram a Versailles e depois percorreram Paris para derrubar a monarquia francesa, mas não restam dúvidas sobre a intensidade e a efetividade do histórico protesto.

Junho de 2013 foi acontecendo, rolando, se espraiando, ajudado pela repressão policial e pela catatonia do aparelho do Estado, enquanto o atual movimento anti-Copa, ainda que em dimensões experimentais, é organizado, tem estratégia, cronograma, desdobramentos, conexões. E um contexto político frenético, tanto no âmbito nacional, continental como internacional.

O agito deste maio — enganosamente inexpressivo como o veem os otimistas — tem algo de 1968, no início limitado, depois expandido pelo mimetismo de uma sociedade ainda analógica, porém intensamente politizada. Hoje, as ideologias são virais, instantâneas, contagiosas, fulminantes. Os estados de espírito transferem-se em alta velocidade, Caracas pode ser aqui e agora.

No ano passado, o então imbatível premiê Recep Erdogan começava a ser confrontado nas ruas de Istambul por ambientalistas, neste momento é bode expiatório, culpado até por fatalidades. Uma Ucrânia na ressaca da revolução laranja (2004), de repente despertou como campo de provas para um novo tipo de conflito bélico internacional, acionado por agentes provocadores e travado nas ruas por milícias mascaradas.

O mito do futebol – idolatrado, inviolável, inatingível, inatacável – despencou do pedestal. Tal como a China confrontada nas ruas de Saigon pelos vietnamitas. O impensável tornou-se possível. Isso pega, hoje tudo pega, basta um espirro.

As apressadas avaliações sobre o que aconteceu na última quinta não levam em conta que foi a primeira: até 12 de junho (quando a brazuca começar a rolar no gramado do Itaquerão, em São Paulo), há ainda três outras quintas-feiras. Cada uma estimulada pelas malfeitorias disponíveis no mercado da incivilidade: depredações estimuladas, greves ilegais, infiltrações partidárias e o suporte do crime organizado.

Cada um destes motins aumentará a tremenda pressão emocional sobre os 25 rapazes convocados para defender sozinhos nossos brios, cores, nossa capacidade de improvisar e, principalmente, o Esporte-Rei sequestrado pela corrupta multinacional chamada FIFA.

Alberto Dines – Colunista do EL Páis.

A copa já era! – Parte II

FifaO presente texto tem o propósito de apresentar onze argumentos, do goleiro ao ponta-esquerda, para demonstrar que a Copa já era! Ou seja, que já não terá nenhum valor para a sociedade brasileira e, em especial para a classe trabalhadora, restando-nos ser diligentes para que os danos gerados não se arrastem para o período posterior à Copa.

3. O prejuízo para o governo

O governo brasileiro, que tenta administrar todos os prejuízos do evento, vê-se obrigado, pelo compromisso assumido por ocasião da candidatura, a conferir para a FIFA garantias, que ferem a Constituição Federal e que, por consequência, estabelecem um autêntico Estado de exceção, para que o lucro almejado pela FIFA não corra risco de diminuição, entregando-lhe, além dos estádios, que a FIFA utilizará gratuitamente:

a) a criação de um “local oficial de competição”, que abrange o perímetro de 2 km em volta do estádio, no qual será reservada à FIFA e seus parceiros, a comercialização exclusiva, com proibição do livre comércio, inclusive de estabelecimentos já existentes no tal, caso seu comércio se relacione de alguma forma ao evento;

b) a institucionalização do trabalho voluntário, para serviços ligados a atividade econômica (estima-se que cerca de 33 mil pessoas terão seu trabalho explorado gratuitamente, sem as condições determinadas por lei, durante o período da Copa no Brasil);

c) o permissivo, conferido pela Recomendação n. 3/2013, do CNJ, da exploração do trabalho infantil, em atividades ligadas aos jogos, incluindo a de gandula, o que foi proibido, ainda que com bastante atraso, em torneios organizados pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol), desde 2004, seguindo a previsão constitucional e o Estatuto da Criança e da Juventude (ECA); d) a liberdade de atuar no mercado, sem qualquer intervenção do Estado, podendo a FIFA fixar o preço dos ingressos como bem lhe aprouver (art. 25, Lei Geral da Copa);

e) a eliminação do direito à meia-entrada, pois a Lei Geral da Copa permitiu à FIFA escalonar preços em 4 categorias, que serão diferenciadas, por certo, em razão do local no estádio, sendo fixada a obrigatoriedade de que se tenha na categoria 4, a mais barata (não necessariamente com preço 50% menor que a mais cara), apenas 300 mil ingressos, sem quórum mínimo para cada jogo, e apenas dentre estes é que se garantiu a meia entrada para estudantes, pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos; e participantes de programa federal de transferência de renda, que, assim, foram colocados em concorrência pelos referidos ingressos;

f) o afastamento da aplicação do Código de Defesa do Consumidor, deixando-se os critérios para cancelamento, devolução e reembolso de ingressos, assim como para alocação, realocação, marcação, remarcação e cancelamento de assentos nos locais dos Eventos à definição exclusiva da FIFA, a qual poderá inclusive dispor sobre a possibilidade: de modificar datas, horários ou locais dos eventos, desde que seja concedido o direito ao reembolso do valor do ingresso ou o direito de comparecer ao evento remarcado; da venda de ingresso de forma avulsa, da venda em conjunto com pacotes turísticos ou de hospitalidade; e de estabelecimento de cláusula penal no caso de desistência da aquisição do ingresso após a confirmação de que o pedido de ingresso foi aceito ou após o pagamento do valor do ingresso, independentemente da forma ou do local da submissão do pedido ou da aquisição do Ingresso (art. 27).

4. O prejuízo para a cidadania

Para garantir mesmo que o lucro da FIFA não seja abalado, o Estado já anunciou que o evento terá o maior efetivo de policiais da história das Copas, com gasto estimado de 2 bilhões de reais, mobilizando, inclusive, as Forças Armadas, tudo isso não precisamente para proteger o cidadão contra atos de violência urbana, mas para impedir que o cidadão, vítima da violência da Copa, possa se insurgir, democraticamente, contra a sua realização.

A respeito das manifestações, vale frisar, é completamente impróprio o argumento de que como nada se falou antes, agora é tarde para os cidadãos se insurgirem. Primeiro, porque quando o compromisso foi firmado ninguém foi consultado quanto ao seu conteúdo. E, segundo, porque nenhum silêncio do povo pode ser utilizado como fundamento para justificar o abalo das instituições do Estado de Direito, vez que assim toda tirania, baseada na força e no medo, estaria legitimada. O argumento, portanto, é insustentável e muito grave, sobretudo no ano em que a sociedade brasileira se vê diante do desafio de saber toda a verdade sobre o golpe de 1964 e os 21 anos da ditatura civil-militar.

Deve-se acrescentar, com bastante relevo, que o evento festivo, composto por alguns jogos de futebol, está sendo organizado de modo a abranger toda a sociedade brasileira, impondo-lhe os mais variados sacrifícios, pois impõe uma intensa alteração da própria rotina social, atingindo a pessoas que nenhuma relação possuem com o evento ou mesmo que tenham aversão a ele.

O próprio calendário escolar foi alterado, para que não houvesse mais aulas durante a Copa, buscando, de fato, melhorar artificialmente o trânsito e facilitar o acesso aos locais dos jogos. A educação, que é preceito fundamental, que se arranje, pois, afinal, é ano da Copa! Algumas cidades, para melhor atingir esse objetivo da facilitar a circulação, mascarando os problemas do transporte, pensam, seriamente, em decretar feriados nos dias de jogo da seleção brasileira, interferindo, também, na lógica produtiva nacional.

Nos serviços públicos já se anunciaram alterações nos horários de funcionamento, de modo a não permitir coincidência com os dias de jogos do Brasil, sendo que em alguns Tribunais do Trabalho (Mato Grosso – em Cuiabá e nas cidades do interior; Rio Grande do Sul e São Paulo, com diferenças de intensidade e de datas); o funcionamento foi suspenso, gerando adiamento das audiências… Ou seja, o trabalhador, que esperou meses para ser atendido pela Justiça, verá sua audiência adiada para daqui a alguns novos meses, pois, afinal, era dia de jogo da Copa!

Somados todos esses fatores, é fácil entender que a Copa já perdeu todo o sentido para a nação brasileira. Não por outra razão, aliás, é que a aprovação para a realização da Copa no Brasil, em novembro de 2008, que era de 79% caiu, em abril de 2014, para 48%, e os que eram contrários subiram, no mesmo período, de 10% para 41%, sendo que mais da metade dos brasileiros considera que os prejuízos serão maiores que os ganhos.

 *Jorge Luiz Souto Maior –  professor livre-docente da Faculdade de Direito da USP e membro da AJD – Associação Juízes para a Democracia.

 

A copa já era! – Parte I

taca_copaO presente texto tem o propósito de apresentar onze argumentos, do goleiro ao ponta-esquerda, para demonstrar que a Copa já era! Ou seja, que já não terá nenhum valor para a sociedade brasileira e, em especial para a classe trabalhadora, restando-nos ser diligentes para que os danos gerados não se arrastem para o período posterior à Copa.

1. A perda do sentido humano

O debate entre os que defendem a causa “não vai ter copa” e os que afirmam “vai ter copa” está superado. Afinal, haja o que houver, o evento não vai acontecer, ao menos no sentido originariamente imaginado, como instrumento apto a gerar lucros e dividendos políticos “limpinhos”, como se costuma dizer, pois não é mais possível apagar os efeitos deletérios que a Copa já produziu para a classe trabalhadora brasileira. É certo, por exemplo, que para José Afonso de Oliveira Rodrigues, Raimundo Nonato Lima Costa, Fábio Luiz Pereira, Ronaldo Oliveira dos Santos, Marcleudo de Melo Ferreira, José Antônio do Nascimento, Antônio José Pitta Martins e Fabio Hamilton da Cruz, mortos nas obras dos estádios, já não vai ter Copa!

Aliás, a Copa já não tem o menor valor para mais de 8.350 famílias que foram removidas de suas casas no Rio de Janeiro, em procedimento que, como adverte o jornalista Juca Kfouri, no documentário, A Caminho da Copa, de Carolina Caffé e Florence Rodrigues, “lembram práticas nazistas de casas que são marcadas num dia para serem demolidas no dia seguinte, gente passando com tratores por cima das casas”.

Essas práticas, segundo relatos dos moradores, expressos no mesmo documentário, incluíram invasões nas residências, para medir, pichar e tirar fotos, estabelecendo uma lógica de pressão a fim de que moradores assinassem laudos que atestavam que a casa estava em área de risco, sob o argumento de que na ausência de assinatura nada receberiam de indenização, o que foi completado com o uso da Polícia para reprimir, com extrema violência, os atos de resistência legítima organizados pelos moradores, colimando com demolições que se realizaram, inclusive, com pessoas ainda dentro das casas.

As imagens do documentário mencionado são de fazer chorar e de causar indignação, revolta e repúdio, como o são também as imagens da violência utilizada para a desocupação de imóvel da VIVO na zona norte do Rio de Janeiro, ocorrida no dia 11 de abril de 2014, onde se encontravam 5.000 pessoas.

Lembre-se que as remoções para a Copa ocorreram também em Cuiabá, Curitiba, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Manaus, São Paulo e Fortaleza, atingindo, segundo os Comitês Populares da Copa, cerca de 170 mil famílias em todo o Brasil.

A Copa já não tem sentido para o Brasil, como nação, visto que embora sejam gastos cerca de R$ 30 bilhões para o montante total das obras, sendo 85% vindos dos cofres públicos, a forma como se organizou – ou não se organizou – a Copa acabou abalando a própria imagem do Brasil.

Ou seja, mesmo se pensarmos o evento do ponto de vista econômico e ainda que, imediatamente, se possa chegar a algum resultado financeiro positivo, considerando o que se gastou e o dinheiro que venha a ser atraído para o mercado nacional, é fácil projetar um balanço negativo em razão da quebra de confiabilidade.

Se o Brasil queria se mostrar, como de fato não é, para mais de 2 bilhões de telespectadores, pode estar certo de que a estratégia já não deu certo. A propósito, a própria FIFA, a quem se concedeu benefícios inéditos na história das Copas, tem difundido pelo mundo uma imagem extremamente negativa do Brasil, que até sequer corresponde à nossa realidade, pois faz parecer que o Brasil é uma terra de gente preguiçosa e descomprometida, quando se sabe que o Brasil, de fato, é um país composto por uma classe trabalhadora extremamente sofrida e dedicada e onde se produz uma inteligência extremamente relevante em todos os campos do conhecimento, mas que, enfim, serve para demonstrar que maquiar os nossos problemas sociais e econômicos não terá sido uma boa estratégia.

2. Ausência de benefício econômico

Mesmo que entre perdas e ganhos o saldo econômico seja positivo, há de se indagar qual o preço pago pela população brasileira, vez que restará a esta conviver por muitos anos com o verdadeiro legado da Copa: alguns estádios fantasmas e obras inacabadas, nos próprios estádios e em aeroportos e avenidas, além da indignação de saber que os grandes estádios e as obras em aeroportos custaram milhões aos cofres públicos, mas que, de fato, pouca serventia terão para a maior parte da classe operária, que raramente viaja de avião e que tem sido afastada das partidas de futebol, em razão do processo notório de elitização incrementado neste esporte.

Oportuno frisar que o dinheiro público utilizado origina-se da riqueza produzida pela classe trabalhadora, vez que toda riqueza provém do trabalho e ainda que se diga que não houve uma transferência do dinheiro público para o implemento de uma atividade privada, vez que tudo está na base de empréstimos, não se pode deixar de reconhecer que foram empréstimos com prazos e juros bastante generosos, baseados na previsibilidade de ganhos paralelos com o evento, ganhos que, no entanto, já se demonstram bastante questionáveis.

No caso do estádio Mané Garrincha, em Brasília, por exemplo, com custo final estimado em R$1,9 bilhões, levando-se em consideração o resultado operacional com jogos e eventos obtidos em um ano após a conclusão da obra, qual seja, R$1.137 milhões, serão precisos 1.167 anos para recuperar o que se gastou, o que é um absurdo do tamanho do estádio, ainda que o Ministro do Esporte, Aldo Rebelo, e o secretário executivo da pasta, Luis Fernandes, tenham considerado o resultado, respectivamente, “um êxito” e “um exemplo contra o derrotismo”.

O problema aumenta, gerando indignação, quando se lembra que não se tem visto historicamente no Brasil – desde sempre – a mesma disposição de investir dinheiro público em valores ligados aos direitos sociais, tais como educação pública, saúde pública, moradias, creches e transporte.

O que se sabe com certeza é que a FIFA, que não precisa se preocupar com nenhum efeito social e econômico correlato da Copa, obterá um enorme lucro com o evento. “Uma projeção feita pela BDO, empresa de auditoria e consultoria especializada em análises econômicas, financeiras e mercadológicas, aponta que a Copa do Mundo de 2014 no Brasil vai render para a Fifa a maior arrecadação de sua história: nada menos do que US$ 5 bilhões entrarão nos cofres da entidade (cerca de R$ 10 bilhões).”

 *Jorge Luiz Souto Maior  – professor livre-docente da Faculdade de Direito da USP e membro da AJD – Associação Juízes para a Democracia.

COPA DO MUNDO: Tropa de Choque ganha ‘Kit Robocop’ em São Paulo.

CavaloChamados de kit Robocop, novos equipamentos serão utilizados pelos integrantes da cavalaria da Tropa de Choque da Polícia Militar de São Paulo durante possíveis confrontos em manifestações ocorridas na Copa do Mundo. Os policiais utilizarão um exoesqueleto de polipropileno, material resistente a pancadas. 

Duzentos kits foram comprados, ao custo de R$ 2,3 mil para cada conjunto. Os cavalos também estarão “equipados”: viseira de acrílico, botas antiderrapantes, protetor facial e cobertura de couro no peito. No caso dos animais, cada conjunto saiu por cerca de R$ 600. 

A intervenção do Comando de Policiamento de Choque (CPChoque) será o último recurso, de acordo com a cúpula da corporação. “Vamos entrar [nas manifestações] só se estiver à beira de uma guerra civil”, disse o tenente-coronel Carlos Celso Savioli, comandante do CP Choque.

 

“Eu quero que o Brasil perca a Copa”

copa

José Campos Lara, nascido há 55 anos no Estado de Minas Gerais e torcedor do Fluminense, aproveita um dos crônicos congestionamentos que retardam o cotidiano do Rio do Janeiro e saca do porta-luvas do seu táxi a carteirinha de médico do seu filho, nefropediatra.

“Eu quero que o Brasil perca a Copa…”, exclama. “Este país não investe em hospitais nem em educação, vocês precisavam ouvir as dificuldades que o meu filho encontra para poder fazer o seu trabalho. Sinto muito, mas espero que o Brasil seja eliminado na primeira fase, os políticos precisam de um castigo.”

Há quatro anos, semanas antes da Copa do Mundo da África do Sul, as ruas do Rio já estavam enfeitadas com bandeiras e cartazes de apoio à seleção canarinha. Hoje, os sinais visuais de entusiasmo brilham por sua escassez.

No mítico Maracanã, sede da final, a maior referência à Copa são alguns postes pintados de verde e amarelo. Nos bairros de Copacabana e Ipanema não se nota nada especial.

Na favela do Vidigal, as crianças brincam de correr com camisas de seus ídolos e de clubes de vários países, mas não se veem cartazes de apoio à seleção.

A tradição de decorar o país antes de uma Copa, que teve seu apogeu nas décadas de 1980 e 1990, parece estar murchando.

O protesto volta às ruas brasileiras a um mês da Copa

Mundo

Depois de vários meses de um quase silêncio, os sindicatos e os movimentos sociais brasileiros lançaram o sinal inequívoco de que a próxima Copa do Mundo, que começará em pouco mais de um mês, não será o evento pacífico e calmo que pretendem a FIFA e o Governo de Dilma Rousseff.

Pode ser dada por inaugurada a nova grande temporada de mobilizações e protestos no Brasil, pois as que aconteceram nesta quinta-feira em várias capitais do país devem se somar nas próximas semanas às já convocadas por diferentes setores sociais.

A ressonância midiática do Mundial e a proximidade das eleições presidenciais, previstas para o próximo 5 de outubro, facilitarão o que poderia ser uma tormenta perfeita.

Dilma Rousseff prometeu que esta será a “Copa das Copas”, em referência ao mega investimento realizado em instalações e infraestrutura e à eclosão de alegria e cor que o povo brasileiro costuma protagonizar durante as competições mundiais.

Fazia 64 anos que o Mundial não voltava ao Brasil, país onde o futebol é vivido como uma questão de vida ou morte: como se fosse uma religião. Mas nenhuma destas razões parece ser um correto catalisador do entusiasmo popular.

Algo falhou para que os brasileiros decidissem voltar às ruas no momento mais crítico, quando todos os olhos do mundo estão no país. O mal-estar social diante da forma como tem se gestado esta Copa do Mundo é palpável e o corroboram as pesquisas de opinião.

Por enquanto, mobilizações de diferentes dimensões começaram a alterar a rotina de Rio de Janeiro, São Paulo, Florianópolis, Belo Horizonte, Salvador e Manaus.

Parece que o grito de guerra “Não vai ter Copa” voltou a acender como a pólvora.

Fonte: EL País.

Embaixador do Brasil na Espanha diz que decisão de Diego Costa de jogar pelo seleção espanhola é ‘legítima’

DiegoPaulo César de Oliveira Campos, embaixador do Brasil na Espanha, considerou “correta e legítima” a decisão do jogador Diego Costa, nascido na cidade brasileira de Lagarto, de atuar pela seleção espanhola.

“Não me incomoda sua decisão. O que acontece com Diego Costa é que, como os artistas, um jogador que decide isto é porque quer o melhor e ter as melhores oportunidades”, disse o embaixador do Brasil na Espanha.

“Diego Costa não tinha possibilidades de jogar com o Brasil e sim com a Espanha. Me parece correto e legítimo. Se a Espanha ganhar com Diego Costa, teremos um brasileiro lá, assim como se Portugal ganhar, teremos Pepe. Há jogadores que nascem no Brasil, aprendem a jogar no Brasil e depois vão para outros países desenvolver suas carreiras”, afirmou Campos.

Questionado sobre qual jogador da seleção brasileira poderia se destacar no próximo Mundial, o embaixador não duvidou em responder que Neymar, jogador do Barcelona.

“Há uma grande expectativa sobre Neymar. A cada Mundial um jogador se destaca e ele é muito jovem. A juventude não é necessariamente ruim se souber utilizar no campo e é preciso saber assimilá-la”, comentou.

“Acho que pode ter uma presença importante, mas não é só Neymar quem tem ganhar as partidas no Brasil, ele é só uma estrela em uma equipe de jogadores muito importantes”, disse Campos, que qualificou a seleção espanhola como “uma grande equipe”.

“A Espanha vem com um percurso importante de muito êxito e não é um adversário fácil, mas tem que ter cuidado porque o fato de ser favorito sempre é ruim”, confessou.

“Da mesma forma que Espanha ou Brasil, há equipes importantes como Argentina, Alemanha e Portugal com Cristiano Ronaldo, Pepe e Coentrão, que pode ganhar. Para ganhar, a equipe tem que chegar madura no final, não no início. Se uma equipe começa muito forte pode ser que não chegue tão forte no final”, opinou.

 Fonte: MSN

Embaixada brasileira é apedrejada em Berlim em protesto contra a Copa

Copa

Na madrugada desta segunda-feira (horário local), a Embaixada brasileira em Berlim foi apedrejada por cerca de dez pessoas encapuzadas. Segundo informa a imprensa alemã, o motivo do ataque seria a realização da Copa do Mundo. O grupo lançou cerca de 80 pedras e destruiu grande parte dos vidros do primeiro andar do prédio. Em carta divulgada na internet, um grupo anônimo assumiu a autoria do apedrejamento.

“Para chamar a atenção para o que a Copa do Mundo significa e derrubar a Fifa, fizemos uma ação com as armas mais simples do povo, as pedras. Com as mesmas pedras jogadas pelo batalhão de choque, nós demolimos a fachada da embaixada”, diz a carta, que ainda contêm as expressões “Não vai ter Copa” e “Vai ter revolta”.

Segundo o jornal alemão Bild, 31 vidraças foram quebradas. Os responsáveis fugiram sem ser identificados, mas a polícia local já iniciou investigação para tentar localizá-los e não descarta a hipótese de motivações políticas para o ataque.

A Embaixada informou, porém, que não há nenhuma evidência de que o ataque seja relacionado à Copa. Nesta semana, a revista alemã Der Spiegel publicou reportagem sobre os problemas com a organização do evento esportivo.

Fonte: MSN 

O Brasil para inglês ver

Rufato*Luiz Ruffato

A pedido, listamos mais algumas informações sobre o Brasil, que esperamos ser úteis para os cerca de 600 mil torcedores que deverão desembarcar aqui por ocasião da Copa do Mundo de Futebol.

NOSSOS UNIVERSITÁRIOS – Pesquisa do Instituto Paulo Montenegro e da Ong Ação Educativa revela que 38% dos estudantes do ensino superior são analfabetos funcionais, ou seja, um em cada três universitários não domina habilidades básicas de leitura e escrita.

NOSSAS UNIVERSIDADES – Apesar de importantes ações afirmativas, como a criação de cotas raciais e sociais, mantém-se uma estranha distorção no ensino superior: os filhos de famílias ricas usufruem de boas universidades públicas (ou seja, estudam de graça), enquanto os filhos de famílias pobres cursam universidades privadas de qualidade duvidosa (ou seja, pagam para estudar, diretamente ou por meio de financiamento governamental). Segundo dados do Ministério da Educação, oito em cada dez universitários estão matriculados em instituições que cobram matrícula e mensalidade.

NOSSO SISTEMA DE SAÚDE – Embora todos tenham direito ao Sistema Único de Saúde, a má qualidade dos serviços oferecidos empurrou 48 milhões de pessoas para planos de saúde privados. Entre 2005 e 2012, segundo o Conselho Federal de Medicina, o número de leitos hospitalares credenciados pelo SUS diminuiu 10,5%. A presença de médicos na rede privada é quatro vezes maior que na rede pública. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam a existência de 17,6 médicos para cada 10 mil habitantes – metade do encontrado em países da Europa. Em alguns estados, como o Maranhão, esse número cai para sete médicos para cada 10 mil habitantes.

NOSSA MORTALIDADE INFANTIL – O Brasil diminuiu em 73% a taxa de mortalidade infantil (crianças que não chegam a atingir um ano de idade) nos últimos vinte anos. No entanto, o índice permanece alto, 16,7 por mil nascidas vivas, segundo a OMS, longe do ideal, que é de 10 mortes por mil nascimentos. O Brasil ocupa o 97º lugar no ranking mundial.

NOSSO SANEAMENTO BÁSICO – Apenas 46% do total das residências têm coleta de esgoto – e, destes, somente 38% dos dejetos recebe tratamento, conforme dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento do Ministério das Cidades. Estudo do Instituto Trata Brasil e do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável revela que 340 mil pessoas tiveram infecções gastrintestinais em 2013, registrando 2.235 mortes.

NOSSOS RIOS – Levantamento da Ong SOS Mata Atlântica, que avaliou 96 rios em sete estados, constatou que a qualidade da água em 49% deles é regular, 35% ruim e 9% péssima. Apenas 11% dos rios e mananciais mostraram boa qualidade. E nenhum dos locais analisados foi avaliado como ótimo.

NOSSAS FLORESTAS – De acordo com o IBGE, restam apenas 12% de mata nativa da Mata Atlântica, 46% da caatinga e do pampa, 51% do cerrado, 80% da Amazônia e 85% do Pantanal. Entre 2000 e 2005, o Brasil se tornou o maior desmatador do mundo, respondendo por 47% das perdas globais. Na Amazônia, entre agosto de 2012 e junho de 2013, as perdas acumuladas chegaram a 1.885 quilômetros quadrados, um aumento de 103% em relação ao período anterior. Existem 650 espécies em risco de extinção no país.

NOSSO SALÁRIO MÍNIMO – Com R$ 724 (cerca de 324 dólares) o trabalhador deve suprir suas necessidades básicas e de sua família: alimentação, moradia, educação, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social. É o que consta da nossa Constituição. Em 2012, conforme pesquisa do IBGE, 43% das famílias brasileiras apresentaram renda média mensal equivalente a menos de um salário mínimo.

NOSSA DISTRIBUIÇÃO DE RENDA – Segundo pesquisa do IBGE, 10% da população ganha, por mês, o equivalente à metade de toda a renda recebida pelos brasileiros. De um total de 190 milhões de habitantes, 760 mil pessoas, ou 0,4% da população, recebem acima de 20 salários mínimos por mês (R$ 14.480 ou 6,5 mil dólares). A lista de bilionários da revista Forbes deste ano inclui 65 brasileiros – eram 46 no ano passado.

NOSSA MOBILIDADE – No ar, a cidade de São Paulo concentra 411 helicópteros em operação, a maior frota do mundo – são 2.200 pousos e decolagens por dia. No chão, conforme dados do Denatram, são seis milhões de veículos, e a cada dia são incorporados novos 365 – com média de um carro para cada dois habitantes. Por conta do trânsito, em 2008, 63% dos paulistanos perdiam entre 30 minutos e três horas por dia para se deslocar entre a casa e o trabalho ou a escola.

NOSSOS IMÓVEIS – O índice FipeZap mostra que, desde janeiro de 2008, quando foi criado, o preço dos imóveis subiu 200% em São Paulo e 250% no Rio de Janeiro.

NOSSA ECONOMIA – O Brasil é a sétima maior economia do mundo, movimentando 2,2 trilhões de dólares em produtos e serviços por ano.

*Luiz Ruffato é colunista do Jornal El País.