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Vaccarezza é liberado para fazer tratamento médico
O Globo – O ex-deputado federal Cândido Vaccarezza foi liberado da prisão pelo juiz Sergio Moro nesta terça-feira. Detido na sexta-feira pela Polícia Federal (PF), o ex-líder dos governos Lula e Dilma na Câmara dos Deputados estava cumprindo prisão temporária, que expirou após cinco dias. O magistrado fixou uma fiança de cerca de R$ 1,5 milhão e determinou que a defesa de Vaccarezza apresente resultados de um tratamento médico a que ele está se submetendo.
A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) pediram a prisão preventiva de Vaccarezza, aquela que não tem prazo para acabar. A defesa argumentou que o ex-deputado tem um exame agendado para tratar um problema de saúde. Moro afirmou que o mais indicado, no momento, é a adoção de medidas alternativas à prisão. “No contexto do agendamento do referido exame, este Juízo reputa, por ora, mais adequado impor medidas cautelares alternativas ao invés da prisão preventiva requerida”, escreveu o juiz Moro.
Segundo o juiz, Vaccarezza deve entregar seu passaporte em 48 horas, não poderá deixar o país nem mudar de endereço sem avisar a Justiça, não poderá exercer cargos públicos, não pode ter contato com outros investigados e deve comparecer sempre que for requisitado pela Justiça. Vaccarezza deve deixar a Superintendência da PF de Curitiba, onde está preso, ainda nesta terça-feira. Ele tem dez dias para pagar a fiança.
A Lava-Jato acusa o ex-deputado de receber US$ 478 mil, entre 2010 a 2012, como propina para influenciar a contratação de uma fornecedora de asfalto norte-americana pela Petrobras.
O advogado Marcellus Ferreira Pinto, que defende Vaccarezza afirmou, por nota, que a decisão de soltura não o surpreende: “Confiamos na inocência de Vaccarezza, que teve seu nome indevidamente incluído nos fatos investigados no processo”.
Ex-líder de Lula e Dilma: novo partido e apoio a Temer
Líder dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados e recém-saído do PT, o ex-deputado Cândido Vaccarezza assumiu, na última quinta-feira (22), o comando do PTdoB de São Paulo pregando apoio a Michel Temer (PMDB).
Dizendo-se respaldado por ministros de Temer, Vaccarezza, que também foi secretário-geral petista, chega ao partido com o objetivo de fortalecer a sigla no Estado. Nascido como dissidência do PTB, o PTdoB será rebatizado em março, possivelmente de “Nova Democracia”. Haverá também troca de número do partido, que hoje é 70. Vaccarezza admite estar conversando com parlamentares do PT, mas nega a intenção de atrair, exclusivamente, descontentes petistas.
“Não queremos ser o PT dois. Não quero fazer contraponto ao PT. Nem tenho peso para isso”, disse.
Segundo Vaccarezza, a mudança do nome nasce da necessidade de afastar a ideia de que seja um desdobramento do PT. “E o nome PTdoB não quer dizer nada”, justifica o ex-petista.
Contrário à convocação de uma nova eleição presidencial, Vaccarezza diz que o partido “deve fazer parte da base do governo Temer e puxá-lo para avançar para o lado do povo”.
Ele também admite que conversou sobre sua filiação com ministros da chamada “cozinha” de Temer. “Quem faz campanha ‘fora Temer’ não tem base legal para defender eleição geral”, declara.
Ao responder se tem assediado parlamentares petistas, Vaccarezza diz que conversa com políticos de “diversos partidos”. Mas que mantém amigos no PT.
A esses petistas, Vaccarezza adiantou seu novo projeto político. Ele também contou seus planos ao presidente estadual do PTB, deputado estadual Campos Machado, e ao deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP).
Vaccarezza repete que, com a busca de novos filiados, não tem a intenção de esvaziar o PT. Mas de garantir a sobrevivência do seu novo partido, inclusive obtendo espaço na Câmara.
O objetivo é que a legenda chegue em março com seis deputados. Hoje, o PTdoB tem quatro, bancada que se dividiu durante a votação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Apesar da declaração de apoio de Vaccarezza a Temer, o deputado federal Silvio Costa (PTdoB-PE), um dos defensores do mandato de Dilma, já avisa que não concorda com esse posicionamento.
“Já conversei com Vaccarezza. Acho que nem vamos precisar discutir. Talvez o governo Temer não resista até lá”, diz Costa.
INDICIAMENTO
Líder do governo na Câmara dos Deputados entre janeiro de 2010 e março de 2012, Vaccarezza foi destituído do cargo pela então presidente Dilma Rousseff. Um dos pontos de conflito foi o fato de ele insistir numa aproximação com o PMDB, em detrimento da articulação sustentada pelo então ministro Aloizio Mercadante.
Em 2014, Vaccarezza não conseguiu se reeleger para a Câmara, derrota que atribui ao PT. Em 2015, foi indiciado pela Polícia Federal sob acusação de recebimento de propina derivada de contratos da Petrobras. O inquérito foi arquivado. Em agosto, deixou o PT dizendo que o impeachment de Dilma não fora um golpe.