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2018 Pesquisa pode jogar establishment nos braços de Marina

A primeira contatação da pesquisa CNI/Ibope que acaba de sair do forno é a de que o ex-presidente Lula, com 33% – mais do que o dobro do segundo candidato, Jair Bolsonaro (15%)- continua dando um nó no quadro, que pelo jeito vai ficar quase congelado até um definição sobre sua candidatura, em agosto.

Juntando esse resultado ao de outros levantamentos, como o mais recente DataFolha, por exemplo, é possível detectar alguns movimentos sutis, quem sabe tendências futuras. A ver:

1. Marina Silva é resiliente. Praticamente desaparecida do debate, com pouca exposição na mídia e nas redes e, sobretudo, com uma articulação anêmica na busca de alianças, ela empata tecnicamente com Bolsonaro no cenário sem Lula: 17% x 13%. Isso não é pouca coisa, e mostra que a ex-seringueira é, aos olhos do público, uma das principais herdeiras do voto do ex-presidente – queira ele ou não. Talvez pelo fato de, por sua biografia e história pessoal, seja a única a falar de verdade com os pobres, além de Lula.

2. Isso não quer dizer que ela terá esses votos na urna em outubro, pois não se sabem ainda os efeitos de um apoio declarado de Lula a outro candidato, muito provavelmente um petista ou, mais remotamente, Ciro Gomes. Marina não será.

3. Outra tendência confirmada pelo levantamento é a dificuldade dos candidatos da centro direita decolarem. Geraldo Alckmin continua com os 6% de sempre no quadro sem Lula, e os nanocandidatos desse campo também não ultrapassam o teto dos 1%: Henrique Meirelles, Flávio Rocha, Rodrigo Maia, etc.

4. À esquerda, Guilherme Boulos e Manuela D’Avila padecem do mesmo problema: 1%.

5. Ciro Gomes aparece com 8% no cenário sem Lula. Isso pode ser bom e mau. Bom, porque está à frente de Alckmin e é o candidato da centro-esquerda mais viável. Mau porque esperava-se mais, dada a sua movimentação em busca de alianças à direita e à esquerda e à constante ocupação de espaços a mídia. É possível, porém, que os resultados desse esforço estejam pesando negativamente. Não conseguiu ainda uma aliança forte e tem falado demais. É possível que esse estacionamento nas pesquisas continue a dificultar alianças sólidas.

Resumo da Ópera: o quadro continua à espera de Lula, menos para saber se ele será candidato do que para ver quem ele apoiará. Mas quem entende do riscado acha que, até lá, as forças do establishment, que não  irão de Lula nem de Bolsonaro, vão começar a se aproximar mais de Marina.

Por: Helena Chagas – Blog Os Divergentes

PT desiste de adiantar pré-candidatura de Lula

Lula e DilmaAlertados por advogados sobre a possibilidade de a Justiça Eleitoral impedir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de disputar a Presidência da República, em 2018, o PT e a equipe do ex-presidente desistiram da estratégia de antecipar o lançamento da candidatura de Lula para este ano.

O plano agora é priorizar grandes agendas públicas para Lula. A próxima deve ser a cerimônias de entrega da Medalha da Inconfidência, em Ouro Preto (MG), no dia 21 de abril, onde o petista deve ser o principal orador a convite do governador Fernando Pimentel (PT).

Em dezembro do ano passado, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que “a melhor maneira de tentar barrar essa interdição é colocar publicamente para a população a pré-candidatura. Aí não será mais um eventual pretendente”.

A ideia era aproveitar o 6.º Congresso Nacional do PT, marcado para os dias 3 e 4 de junho, em Brasília, para fazer um lançamento informal da pré-candidatura de Lula à Presidência. O objetivo seria blindar o ex-presidente das possibilidades de interdição judicial de sua candidatura. Lula é réu em cinco processos, sendo dois na Lava Jato, em Curitiba, e um na mesma operação em Brasília. Se for condenado em primeira e segunda instâncias, ele pode ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa.

Na sexta-feira, depois de participar do seminário O que a Lava Jato tem feito pelo Brasil, Falcão mudou de discurso, disse que não há necessidade de antecipar o calendário eleitoral ­ que prevê convenções partidárias em junho do ano que vem ­ e que a precipitação poderia ser entendida pela Justiça Eleitoral como campanha antecipada, aumentando a possibilidade de passivos judiciais do petista.

Questionado sobre a mudança de estratégia, Falcão respondeu: “Desde quando mudar de ideia é crime?”.