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Isto Posto… O Brasil das autoridades e o Brasil real
O grande pensador Machado de Assis, insuperável cronista dos costumes de sua época, já afirmava nos idos de antigamente que existiam dois Brasis: um oficial e caricato que era o Brasil das autoridades, onde a incompetência e a imoralidade sempre andaram de mãos dadas e a passos largos; e o Brasil real. Aquele das pessoas comuns, trabalhadores que com o imenso esforço na labuta diária sustenta a voracidade de uma classe de governantes cruel e parasitária, desprovida do mínimo de decência e respeito pela coisa pública.
Hoje, as coisas permanecem assim. Há, de fato, dois países neste Brasil continental. Um luxuoso e perverso que é o Brasil das autoridades com seus discursos reticentes e embotados, cheios de frivolidades e demagogias; e outro – o das pessoas comuns, reais, cujo peso faz arquear as costas do mais robusto dos estivadores, porque seu preço equivale a parcela estratosférica das parcas finanças que o cidadão aufere com seu trabalho honesto e, a sua revelia, é destinada ao custeio de um Estado burocrático e caro, além de servir á locupletação dos que governam o país com demasiada sabedoria e interesse próprio.
O Brasil real é aquele dos hospitais sucateados e falidos, das epidemias de Dengue, Zika Vírus, Febre Chikungunya e Microcefalia. É aquele do ciclo vicioso das enchentes mortíferas nas cidades, da falta crônica de saneamento básico, das barragens que estouram devastando vidas e lugares, da negligência e do desamparo, do desemprego alarmante, da criminalidade sem controle, das taxas reais de inflação que sobrelevam os preços dos produtos de primeira necessidade, corrompendo o poder de compra do salário, da intolerável carga tributária que transforma o governo em sócio majoritário dos rendimentos das pessoas – já que somente o trabalhador paga impostos -, das passagens caras de ônibus coletivo, dos pedágios e dos fartos números de acidentes nas estradas esburacadas.
Já o Brasil, ficcional, oficial é o Brasil de Lula e Dilma e Michel temer e Eduardo Cunha e Renan e Sarney. O Brasil de cartas patéticas, de cerimônias inúteis, de palavreado bem comedido e vazio, de gastos exorbitantes com prédios imponentes e mansões suntuosas, do compadrio e apaniguamento nas instituições, do Poder Judiciário conivente com os desmandos e as falcatruas dos intocáveis senhores donos da república. É o Brasil do assistencialismo e do coronelismo eleitoreiro, das taxas de inflação e desemprego macaqueadas, da incompetência institucionalizada, porém, superestimada e protegida, dos carnavais e são joãos feitos com derrame de dinheiro público, dos lobbys indecorosos e projetos de lei casuísticos e nocivos ao erário aprovados por unanimidade pelo Parlamento subordinado ao Poder Executivo.
Isto posto, meu compatriota, o Brasil real é aquele em que eu você trabalhamos duros, enquanto, os políticos parasitas do Brasil oficial fazem orgias com o nosso dinheiro.
Por: Adão Lima de Souza