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Banco Mundial defende o aumento do Bolsa Família
O governo precisa ampliar o Bolsa Família para evitar o aumento da pobreza na recessão, defendeu o Banco Mundial em estudo publicado em fevereiro.
Ao propor o incremento no programa social, a instituição “fez seu papel de advogar pelos pobres”, disse seu economista Emmanuel Skoufias.
“Se isso é possível, o Brasil que tem que decidir”, afirmou à Folha, ao ser questionado sobre a viabilidade da proposta em um momento em que cortar gastos é o mote do governo.
Segundo o Banco Mundial, deter o avanço da pobreza durante a crise depende de aumento do investimento no programa social de R$ 28 bilhões em 2016 para R$ 30,4 bilhões neste ano. A previsão do governo é gastar R$ 29,3 bilhões em 2017.
Esse seria o modo mais efetivo de impedir que o país some 2,5 milhões de novos pobres entre 2015 e 2017 –um retrocesso no combate à desigualdade da última década.
Entre 2004 e 2014, mais de 28 milhões de brasileiros saíram da linha abaixo da pobreza, de acordo com o relatório da instituição.
Sem esse investimento, o banco calcula que a proporção de pessoas em situação de extrema pobreza (com renda per capita inferior a R$ 70) subiria de 3,4% em 2015 para 4,2% em 2017. Com a ampliação do programa, o número em 2017 cairia para 3,5%.
Considerando a faixa de pobreza (renda per capita de até R$ 170), a proporção subiria de 8,7% para 9,8% em um cenário sem elevação do orçamento do programa, ante 9,5% caso o investimento seja feito.
REDE DE SEGURANÇA
“Até agora o Bolsa Família foi considerado um programa de redistribuição, mas ele também pode ser uma rede de segurança no sentido de dar dinheiro para pessoas que precisam. E, quando a economia melhorar, essas pessoas não precisarão continuar sendo beneficiárias”, disse Skoufias em palestra no Insper na sexta-feira (10).
Esses novos beneficiários sairiam rápido do programa porque o perfil do “novo pobre” brasileiro é de pessoas mais jovens e qualificadas, que têm mais facilidade em serem contratadas quando a economia voltar a gerar empregos do que o que o economista chama de “pobres estruturais”, que já sofriam com rendas baixas mesmo antes da recessão.
Mas, numa situação de crise fiscal, em que o governo busca fazer cortes em todas as frentes para obedecer ao teto de gastos aprovado em 2016, de onde viriam os recursos para esse investimento?
“Do dinheiro do governo direcionado aos ricos. Dos gastos tributários, a chamada ‘bolsa empresário’, por exemplo”, disse o economista do Banco Mundial.
CENÁRIO PIOR
De acordo com Ricardo Paes de Barros, professor do Insper e economista-chefe do Instituto Ayrton Senna, o impacto da recessão sobre a pobreza no Brasil pode ser pior do que o estimado pelo Banco Mundial.
O estudo usa como base dados de desemprego para fazer suas projeções. Mas a renda de quem continuou ocupado também caiu durante a crise, o que pode aumentar a proporção de pobres.
A soma de todos os salários pagos no Brasil já caiu quase R$ 10 bilhões desde dezembro de 2014, quando o indicador atingiu o pico de R$ 185,2 bilhões.
A cifra refere-se a trabalhadores formais. Se considerado o setor informal, o tombo pode ter sido maior.
Fonte: Fernanda Perrin – Folha de S.Paulo.
O pacote de bondades da Presidente Dilma.
Na véspera do feriado do Dia do Trabalho, Dilma Rousseff anunciou, em cadeia nacional de rádio e televisão, um pacote de bondades para o trabalhador, a surrada estratégia para amenizar ondas desfavoráveis na opinião pública.
Da correção da tabela do Imposto de Renda, que garante uma mordida menor do fisco, passando por um reajuste de 10% do Bolsa Família, e até o compromisso de manter a valorização do salário mínimo, “um instrumento que mudou a lógica econômica no país, ao fortalecer a renda dos mais pobres durante os anos do PT no poder”, segundo o governo.
Trata-se de uma estratégia sinuosa, onde o Governo abre mais o cofre após o compromisso público de reduzir seus gastos neste ano, e ainda, com efeitos colaterais preocupantes, como a inflação que tira o poder de compra do mesmo que é beneficiado pelo aumento dos 10% do Bolsa Família.
Espremida por seguidas denúncias na Petrobras, e até o fantasma da demissão, que ronda, por exemplo, o setor automotivo, a mandatária aproveitou para listar as benfeitorias do seu Governo e do anterior, numerando 20 milhões de empregos gerados nos últimos 11 anos, ou o ganho real de 70% dos salários nesse período, mensagens esta que antecipam um pouco do que trará a candidata à reeleição durante a corrida eleitoral. “Nosso Governo será sempre o da defesa dos direitos e das conquistas trabalhistas”, avisou Rousseff, estendendo a velha fórmula getulista de adoçar os ouvidos dos menos favorecidos.
Rousseff falou da alta nos preços dos alimentos, chamando-a de incômodos temporários, ocasionados, muitas vezes, por fatores climáticos. Num momento em que a sétima economia do mundo, como confirmou o Banco Mundial nesta semana, parece acordar de um inebriante otimismo que varreu o Brasil nos últimos anos, a tentativa do PT é de insistir na mensagem de que vale a pena acreditar que o futuro pode ser melhor ainda, com mais dinheiro no bolso, estabilidade e inflação controlada, além de uma disposição para promover novas mudanças.
O problema é que os instrumentos utilizados para que isso aconteça continuam mantendo o país numa espécie de armadilha que mantém o país preso a um desempenho insosso: previsão de crescimento da economia tímida: de 2,3% a 2,5%, segundo o Ministério da Fazenda, enquanto o mercado aposta em algo abaixo de 1,7%.
Agora, resta a Presidente Dilma esperar os frutos eleitorais desse pacote de bondades.
Por: Adão Lima de Souza Fonte: El País