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Ele fala para não desistir’, diz menino cego sobre o ídolo Raul Seixas
Desde cedo, João Pedro Machado, de 7 anos, sabe a importância de ser perseverante. Fã do Raul Seixas, ícone do rock brasileiro, o menino garante que aprendeu a lição ouvindo “Tente outra vez”. “Ele fala para a gente não desistir”, diz a criança, que não enxerga. A canção é apenas uma das muitas músicas do cantor baiano que o garoto decorou.
João mora com a família em Guarapuava, na região central do Paraná. A mãe, a dona de casa Daiane Nizer, conta que o interesse pelo cantor surgiu há um ano, quando o menino ouviu umas das músicas em uma novela. “A paixão passou a ser alimentada pelo pai, que também é um grande fã”, relata a mãe.
Desde então, todos os dias, Daiane precisa colocar o celular para tocar Raul. “Ele pega o meu celular, põe na orelha e, se deixar, fica ouvindo 24 horas”, conta ela. Segundo a mãe, basta o filho ouvir de duas a três vezes a mesma canção para decorar a letra. Foi assim com “Dez mil anos atrás”, “Maluco beleza”, “Cowboy fora da lei”, “Metamorfose ambulante”…
Além da família, todo mundo da escola em que João estuda sabe da simpatia que o menino tem pelo cantor.
“No começo, precisamos dar bronca, falar sério. Ele cantava as músicas até mesmo durante as aulas. Agora, só no recreio e na entrada”, relata a mãe.
Em dia de apresentação no colégio, como no Dia dos Pais, nunca há surpresas: João sempre pede para cantar Raul.
“Eu até propus uma música infantil. Ele não quis se recusou a ensaiar até. Quando disse que podia ser Raul, ficou super feliz”, relata a supervisora Adriana Fátima de Campos, que se apresentou com João.
“As letras são as mais bonitas. É a voz mais bonita”, justifica o garoto. A mãe diz já estar acostumada com o gosto musical do filho. “Fico feliz que ele se interesse por música. Acho que o fato de ser cego faz com que a audição seja mais aguçada”, afirma Daiane.
A família de João só soube da deficiência visual quando o menino tinha seis meses. “Ele nasceu prematuro, ficou na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Deixaram de fazer um exame e a gente ficou sabendo tarde demais”, lembra a mãe. Ainda segundo Daiane, a desconfiança só surgiu depois que ela notou movimentos estranhos dos olhos.
João sobre Raul Seixas
Apesar da condição, o garoto leva uma vida normal. Ele frequenta uma escola pública, onde, na mesma sala, há outro aluno que também não enxerga.
Os dois fazem as mesmas lições de casa que os demais colegas – só que em braile – e João vai ao colégio de van com outras crianças. “O motorista de antes costumava por Raul no rádio para eu ouvir”, lembra a criança.
Em casa, o menino só não anda mais de bicicleta e brinca mais de bola porque adora passar tempo ouvindo televisão. Ele não perde as lutas do Ultimate Fighting Championship (UFC) e sabe os nomes de mais de dez lutadores, entre eles, Chris Weidman e Anderson Silva.
A mãe diz que, às vezes, o garoto até se arrisca a narrar os combates em inglês. O mesmo acontece com o futebol. João gosta de acompanhar jogos de futebol e, mais uma vez, a música se faz presente: ele sabe cantar os hinos do São Paulo, do Corinthians, do Flamengo, do Santos… mas ainda não decidiu, oficialmente, para qual dos times torce.
“Eu sinto que a única coisa que ele queria muito fazer e não pode é jogar futebol”, lamenta a mãe. Entretanto, João garante que não é menos feliz por isso. Ele afirma que o que quer, de verdade, é ser cantor para poder cantar as músicas do Raul Seixas para todo mundo. “A única coisa que me deixa triste é ele ter morrido. Queria que estivesse vivo para ver como eu imito bem igualzinho”, afirma.
Fonte: G1
Não entendo, não engulo este latim *
Li há uns dois anos, um livro intitulado “Prova, provão, camisa de força da educação”. Eu, que durante o tempo de escola, não devotava minha atenção para o que transcorria em sala de aula, ao chegar à universidade e observar o “modus operandi” do nosso sistema educacional, não julguei pertinente uma “autoreprimenda”.
A escola – quem haverá de desdizer? – é absolutamente prejudicial, erva daninha vendida como maçã sem veneno. Sim, o livro supramencionado. Com as lacunas da memória, recordo-me do autor sustentar uma total ruptura com o que aí está, interior à nossa educação. Tal me veio à memória, quando eu rabiscava uma prova – infantil, como quase todas. O professor queria saber se eu era capaz de repetir o que ele dissera, em meio aos nossos cochilos, em sala de aula. “O que é isso?” – perguntava o maestro. “Isso é isto” – respondo, a um passo da genialidade.
Que (não) me perdoem os mestres, mas não há como levá-los a sério. Caso o ato de apreender e repetir fosse pertinente, o Abujamra, ator que tanto gosto, teria criado algo. Mas, não. Nietzsche, para refletir como convém, teve de abandonar a “universidade”, o idealismo alemão. Cioran, outrossim, descobriu os ludíbrios da filosofia e encetou caminhada por outras veredas. Na literatura, Graciliano, como diz o professor Luis Eduardo, foi brindado com a sorte de frequentar minimamente a escola.
Além: não bastasse a parvoíce perpetuada através da dinâmica aula-prova, ainda somos agraciados com os “professores carrascos”, anunciados por Werneck. São eles que, dentro da estrutura do ensino privado, representam os “mimos” das faculdades, engordando os cofres destas com meta pré-fixada: 70% de reprovação de cada turma. No fim das contas, os “julgadores” exercem suas vaidades, com arrimo no regimento, muito embora possuam certa insuficiência intelectiva.
Ora, conto-lhes, enfim, uma “fofoca acadêmica”. Numa dessas seleções para professor, depois de uma aula brilhante, profunda, um dos avaliadores sentenciou: nota quatro. Interrogado, ante a surpresa dos demais, o primeiro respondeu: “achei muito chata”. Se não compreendo, pois, não acho que devo estudar mais. Já que tenho poder de decisão, nota quatro. Se o relato é verídico? Como você, eu também preferia que não fosse.
“Emergimos do mar para indagar, Abel.”
* Verso retirado do poema “Recusa”, Drummond in Boitempo II.
Breno S. Amorim, estudante de Direito.
PAULO COELHO: antes de Compostela, o caminho apontado por Raul Seixas.
Na esteira da crescente produção cinematográfica brasileira, o gênero biografia tem se avolumado. As películas abordam desde as histórias de vida de irrelevantes cantores até a saga de pretensos líderes religiosos, com seus processos de curas milagrosas, desencadeados pela fé e a força da “grana que ergue e destrói coisas belas”.
Um dos mais recentes desses filmes é o longa metragem “Não pare na pista” que retrata a vida de Paulo Coelho, desde os dissabores do cotidiano de tédio e inquietude ao estrelato como escritor de espiritualidades, tão reiteradamente traduzido em línguas diversas quanto o velho bardo inglês.
Na história do velho Mago, contada com a mesma costumeira falta de traquejo cinematográfico na construção de roteiros e enredos e tramas e na frágil dramatização dos episódios reais vividos pelo homenageado, vê-se um Paulo Coelho atormentado pelo desejo de tornar-se um grande escritor. A história passa pela sua mocidade ao mesmo tempo em que é retrata a experiência espiritual vivida no caminho de São Tiago de Compostela, na Espanha, que lhe daria o subsídio para construir seus famosos livros, consagrando-se como um dos mais bem sucedidos escritores da atualidade.
A saga de Dom Paulo Coelho se processa de modo enfadonho, calcada nas divergências ideológicas com seu pai, expressas pela rebeldia juvenil, até a entrada em cena de Raul Seixas. O velho Raul resgata o personagem do caminho do ostracismo através de parcerias em sucessos inesquecíveis como as músicas “AL Capone, Meu Amigo Pedro, Sociedade Alternativa” e, dentre outras, a que dá nome ao filme: Não Pare na Pista.
A partir desse momento, o que se observa com a entrada em cena do velho Raul, é a salvação primeira de Paulo Coelho, compreendendo pelas palavras do roqueiro que as grandes coisas devem ser ditas de modo simples. Depois disso, juntos compuseram músicas que tocam a alma das pessoas há décadas, como Tente Outra Vez. Logo, pode-se afirmar que o primeiro dos caminhos foi indicado ao mago pelo Raul Seixas, muito antes daquele percorrido pelo autor de o Alquimista, em busca de espiritualidade e entendimento de si mesmo.
Por: Adão Lima de Souza
Gênesis
Antes tudo era indizível. E os gestos não traduziam nada além das mais urgentes necessidades cotidianas. Enquanto os olhares, distantes, concentravam-se em desvelar a paisagem inocente. Nenhum movimento corporal expressava senão os limites do desconhecido, porém, secretamente desejado. Assim, passavam-se os dias enfadonhos!
Um dia, os olhos se encontraram; e, refletiram-se um no outro como dois espelhos postos frente a frente, em que as imagens se multiplicam indefinidamente. Daí em diante, a incompreensão se estabeleceu entre eles, ocupando o desvão das palavras até então nunca ditas.
Enquanto o tempo fluía como as águas mansas de um rio, a estranheza se apoderava dos corpos, trazendo à superfície da pele descobertas sobre os sentidos refreados pela incipiência da imaginação. Nunca mais os dias foram os mesmos. Agora, as coisas pareciam ter cheiro e sabor que penetravam agudamente nos poros. A respiração em descompasso, prenunciava a proximidade das transgressões que se sentia fincar na vontade, cavando sucos profundos na carne com a faca afiada dos desejos contidos. À noite, as estrelas adquiriam formas e nomes; e o frio se intensificava, confirmando o absurdo da existência intransponível do muro imaginário erguido pelo distanciamento dos corpos que se queriam.
Naquele instante, em que revelações pululavam ante os olhos atônitos, porém, irresistivelmente atraídos pela incontrolável carência de se lançar ao desconhecido, toda existência ganhava a tonalidade das cores por eles inventadas, ao mesmo tempo em que os corpos, agora nus, eram emoldurados pela confabulação. E de repente, os dias pareciam se deixar envolver pela lentidão, assumindo ares de eternos como se fosse um deus caprichoso que se recusasse a seguir sua infinitude. Todavia, eram dias prazerosos, de calmaria e de uma apetecível angústia que os envolvia e os embalava na rede intangível do querer.
E, assim, aos poucos, na esteira inarredável dos acontecimentos, foram ruindo as fronteiras invisíveis, que outrora mantinha na ignorância seus corpos moldados para a entrega incondicional ao prazer, retendo-os à beira do abismo desse estranho sentimento que nos faz desafiar os deuses. Então, sem se aperceberem do pecado que cometiam, folgaram as amarras que os sufocavam, desatando às pressas os nós da proibição, para que os corpos sedentos pudessem, suavemente, percorrer as formas sinuosas da estrada que levava a macieira condenada pela maldição da culpa. Ao tempo em que as bocas se colavam, mãos ágeis percorriam as curvas perigosas, um do corpo do outro, como se o destino dependesse daquele beijo para selar a sina dos futuros amantes. Enquanto isso, na macieira frondosa, a mesma que daria origem também a mecânica fria dos homens sérios, os frutos se multiplicavam, abençoando a fluidez com que os corpos, metamorfoseados, misturavam-se até fundir-se em um só.
Desse dia para cá, passou-se a chamar mundo a nossa casa! Pois que Deus disse: haja humanidade! E o homem e a mulher; fizeram-se em gestos ternos e hostilidades!
Por: Autran Lima
BRASIL… Três vezes menos culto.
A cultura brasileira, neste mês de julho, apequenou-se pela perda de três dos seus maiores expoentes nesse interminável deserto de novidades. Aqui registramos a homenagem do blog Cidadania Ativa pela contribuição desses intelectuais para o enriquecimento da cultura de nosso povo.
João Ubaldo Osório Pimentel Ribeiro (1941-2014)
Escritor, jornalista, roteirista e professor, formado em direito e membro da Academia Brasileira de Letras. Foi ganhador do Prêmio Camões de 2008, maior premiação para autores de língua portuguesa.
Ubaldo Ribeiro teve algumas obras adaptadas para a televisão e para o cinema, além de ter sido distinguido em outros países, como a Alemanha. É autor de romances como Sargento Getúlio, O Sorriso do Lagarto, A Casa dos Budas Ditosos, que causou polêmica e ficou proibido em alguns estabelecimentos e Viva o Povo Brasileiro.
Principais Obras
Romances
- Setembro não tem sentido – 1968
- Sargento Getúlio – 1971
- Vila Real – 1979
- Viva o povo brasileiro – 1984
- O sorriso do lagarto – 1989
- O feitiço da Ilha do Pavão – 1997
- A Casa dos Budas Ditosos – 1999
- Miséria e grandeza do amor de Benedita – 2000
- Diário do Farol – 2002
- O Albatroz Azul – 2009
Escreveu ainda contos, crônicas e histórias infantis.
Psicanalista, educador, teólogo e escritor, é autor de livros e artigos abordando temas religiosos, educacionais e existenciais, além de uma série de livros infantis.
Principais Obras
Teologia
Da Esperança
Creio na Ressurreição do corpo
Variações sobre a vida e a morte
Poesia, Profecia e Magia
Pai Nosso
O Poeta, o Guerreiro e o Profeta
Filosofia da religião
O Enigma da Religião
O que é Religião?
Protestantismo e Repressão
Dogmatismo e Tolerância
O Suspiro dos Oprimidos
Perguntaram-me se acredito em Deus
Filosofia da ciência e da educação
Conversas com quem gosta de ensinar
Histórias de quem gosta de ensinar
A alegria de ensinar
Por uma educação romântica
Entre a ciência e a sapiência
Filosofia da Ciência
Fomos maus alunos
A Pedagogia dos caracóis
A Escola com que Sempre Sonhei sem Imaginar que Pudesse Existir
O Livro sem Fim
Ariano Vilar Suassuna (1927 – 2014)
Dramaturgo, romancista, ensaísta e poeta. Idealizador do Movimento Armorial e autor de obras como Auto da Compadecida e O Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta, foi um preeminente defensor da cultura do Nordeste do Brasil.
Principais Obras
Teatro
- Uma mulher vestida de Sol, (1947);
- Cantam as harpas de Sião ou O desertor de Princesa, (1948);
- Os homens de barro, (1949);
- Auto de João da Cruz, (1950);
- Torturas de um coração, (1951);
- O arco desolado, (1952);
- O castigo da soberba, (1953);
- O Rico Avarento, (1954);
- Auto da Compadecida, (1955);
- O casamento suspeitoso, (1957);
- O santo e a porca, (1957);
- O homem da vaca e o poder da fortuna, (1958);
- A pena e a lei, (1959);
- Farsa da boa preguiça, (1960);
- A Caseira e a Catarina, (1962);
- As conchambranças de Quaderna, (1987);
- Fernando e Isaura, (1956)”inédito até 1994″.
Romance
- A História de amor de Fernando e Isaura, (1956);
- O Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta, (1971);
- História d’O Rei Degolado nas caatingas do sertão /Ao sol da Onça Caetana, (1976)
Palestras
- Defesa contra a teoria da evolução.
Poesia
- O pasto incendiado, (1945-1970);
- Ode, (1955);
- Sonetos com mote alheio, (1980);
- Sonetos de Albano Cervonegro, (1985);
- Poemas (antologia), (1999).
Por: Adão Lima de Souza
Projeto “Philarmonica pela Cidade” faz apresentação itinerante
PETROLINA – No próximo dia 18 o bairro do Gercino Coelho receberá a O Projeto “Philarmonica pela Cidade”, na paróquia do bairro. Depois será a vez da população da Vila Eduardo, no próximo dia 25. O Philarmonica pela Cidade foi pensado para ir onde o público está, democratizando o acesso a música de concerto em todas as suas faces, fomentando a formação de plateia in loco.
Para estes encontros por Petrolina, um repertório eclético num verdadeiro passeio musical: do clássico a MPB, da música regional ao melhor de nossos compositores.
Os concertos sempre acontecem as 18 horas e toda a realização do evento tem o apoio da logística a partir das paróquias dos seus bairros. “Será uma honra receber você e sua família para nos prestigiar. Todos estão convidados a ouvir, relembrar e vivenciar este momento único de reencontro com nossa própria essência sonora a partir da sonoridade desta Centenária, amiga e sua Philarmonica 21 de Setembro”, reforça o convite o secretário executivo de Cultura, Ozenir Luciano.
ASCOM – PMP