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Antônio declara candidatura e se aproxima de Armando

Antonio CamposO advogado e ex-candidato à Prefeitura de Olinda pelo PSB, Antônio Campos, declarou que disputará uma vaga na Câmara Federal, em 2018. Em entrevista a este blog, Tonca, como é conhecido o irmão de Eduardo Campos, explicou que, ao deixar o PSB, optou pelo Podemos por causa de seu “programa inovador”.

No plano nacional, afirmou que será militante do senador Álvaro Dias, candidato do Podemos à Presidência da República. Já no plano estadual, Tonca faz oposição ao governador Paulo Câmara (PSB) e vem conversando com o senador Armando Monteiro (PTB), que já circula pelo interior de Pernambuco angariando apoios.

Tonca sinalizou que deverá estar no palanque de Armando em 2018. “O presidente do Podemos no estado, Ricardo Teobaldo, e eu estamos sintonizados, temos dialogado com as forças de oposição, destacando o diálogo com o senador Armando Monteiro, que tem mostrado um projeto e força para liderar uma nova etapa política de Pernambuco”.

Por que o senhor optou pelo Podemos? O senhor é candidato?

R – Optei pelo Podemos, que é a refundação do PTN, por apresentar um programa inovador, contemporâneo, que oxigena uma nova democracia que precisamos construir, mostrando um novo caminho para mudar o Brasil. Sou candidato a Deputado Federal.

O Podemos terá pré-candidato a presidente?

R – O Podemos está colocando o nome do Senador Álvaro Dias como pré-candidato à Presidência da República. Álvaro Dias tem história parlamentar e no executivo, como também uma vida pública exemplar, que o credenciam a tal pretensão. Serei um militante de sua campanha, que mostra a possibilidade de uma candidatura de centro esquerda viável para o Brasil superar a grave crise política que enfrenta.

Recentemente, o senhor esteve com Armando Monteiro. O apoia para governador?

R – A prioridade do Podemos em Pernambuco é fortalecer o partido e fazer uma bancada Estadual e Federal. O Presidente Estadual Ricardo Teobaldo e eu estamos sintonizados, temos dialogado com as forças de oposição a atual gestão do Governo de Pernambuco, destacando o diálogo com o Senador Armando Monteiro, que tem mostrado um projeto e força para liderar uma nova etapa política de Pernambuco.

Como vê o governo Temer?

R – Gostaria que o governo Temer, fosse o que Itamar foi para o governo Collor. Infelizmente, é um governo centrado no projeto das elites, sem programas para o povo. Os recentes fatos colocaram o Presidente Temer numa situação que a sua permanência não ajuda a superarmos a grave crise política que enfrentamos. Deveria ter a grandeza de renunciar. Fui autor de um dos pedidos de impeachment contra Temer na Câmara dos Deputados.

E a reforma política?

R – Essa é a mãe das reformas. Precisamos votar numa reforma política até setembro. O atual sistema político eleitoral partidário faliu. O projeto de partido movimento do Podemos é um contraponto a isso. Recentemente, fui convocado na categoria de jurista para colaborar na Comissão Especial da PEC 282, que trata de coligações partidárias, entre outros temas, que é umas Comissões que vem tratando da reforma política. É uma prioridade.

O senhor tem sido um crítico do governo Paulo Câmara. Como ver o atual governo?

R – O Governador Paulo Câmara não demonstrou ser o líder para o momento que Pernambuco ultrapassa, independentemente da crise nacional, que também atinge Pernambuco.

Como resolver ou minorar os índices de violência em Pernambuco?

R – Precisamos ter uma política de tolerância zero com o crack, combatendo o tráfico e dando ajuda humanitária aos usuários. Precisamos de um Governador que assuma e coordene pessoalmente as ações de segurança em nosso Estado. O diálogo com a Polícia Civil e Militar da atual gestão do Governo do Estado está profundamente arranhada. É preciso criar um novo ambiente de confiança. É preciso refundar o pacto pela vida em outras bases.

Como o Brasil pode vencer a crise?

R – O Brasil é maior que a crise e a nossa bússola é o respeito à Constituição Federal. Precisamos fortalecer ainda mais as instituições e sou favorável a antecipar o calendário eleitoral e fazer eleições diretas já, quando o povo poderá se expressar e escolher um Presidente legítimo. O Congresso pode votar uma PEC e fazer isso dentro da regra constitucional.

Quais são os planos do Instituto Miguel Arraes para 2017?

R – Tivemos um ano de 2016 com bastantes eventos e conteúdo sobre o centenário desse grande líder popular que foi Miguel Arraes. Estamos reestruturando o Instituto e vamos fazer dele um grande centro pensante dos problemas e soluções do Nordeste. Vamos elaborar uma agenda para o debate político de 2017/2018.

E as reformas trabalhistas e da previdência?

R – As reformas são necessárias, mas não essas colocadas pelo Governo Temer. Acho que o atual momento político contaminou a legitimidade de se fazer essas reformas agora.

Antônio: “Arraes não endossaria Câmara”

Antonio CamposNuma conversa, há pouco, com este blogueiro, o advogado Antônio Campos, que perdeu a eleição para a Prefeitura de Olinda, afirmou que se vivo fosse, o ex-governador Miguel Arraes não endossava o projeto de reeleição do governador Paulo Câmara. “O governo Paulo Câmara é um episódio na história da Frente Popular, que ainda vai ser melhor compreendido no futuro. É um governo de grupos não harmônicos, com poucos resultados e mal avaliado, um governador sem ânimo”, disse, para acrescentar: “Submeteu-se a alianças com forças adversárias históricas nossas, inclusive de Arraes, perdendo a hegemonia. Eduardo fez alianças, mas liderava a frente. Paulo Câmara é um chefe de recursos humanos, à procura de pagar uma folha de salários, aplicando a cartilha ortodoxa de um auditor de contas, de onde veio”. Veja a entrevista abaixo:

Você acha, com as últimas movimentações do governador Paulo Câmara, que ele conseguiu unir o arraesismo e o jarbismo sob o comando do eduardismo?

 Arraes, em entrevista, disse: “Acho que o personalismo em política é um erro, nós devemos é lutar para que surjam quadros novos (…) A posição de chefe, em política, é um grave defeito, um grave erro”. Sou contra esses “ismos” e acho que Arraes não estaria nesse projeto, nem estão legitimados a usar o seu nome.

Qual o balanço que o senhor faz do período em que o PSB está à frente do governo de Pernambuco?

É preciso delimitar esse balanço no tempo. Acho que a Era Arraes foi a Era dos avanços sociais e das defesas democráticas. A Era Eduardo Campos foi a Era do desenvolvimento econômico, favorecida também pelo momento econômico e pela conjuntura à época do Brasil e internacional. Eduardo também deixou um belo legado na educação, mostrando o caminho da real transformação. A eleição de Paulo Câmara é um episódio da história da Frente Popular.

O PSB que governa o Estado atualmente é o mesmo PSB que governou Pernambuco com o ex-governador Eduardo Campos?

Não. O governo Paulo Câmara é um episódio na história da Frente Popular, que ainda vai ser melhor compreendido no futuro. É um governo de grupos não harmônicos, com poucos resultados e mal avaliado, um governador sem ânimo. Submeteu-se a alianças com forças adversárias históricas nossas, inclusive de Arraes, perdendo a hegemonia. Eduardo fez alianças, mas liderava a frente. Paulo Câmara é um chefe de recursos humanos, à procura de pagar uma folha de salários, aplicando a cartilha ortodoxa de um auditor de contas, de onde veio. É um projeto de poder e não de transformação política, discriminatório e sem um líder.

Na sua avaliação, em que áreas o PSB poderia ter avançado mais nesses últimos 10 anos?

Vejo com muita preocupação a saúde, que está, na prática, a sua gestão privatizada, com resultados insuficientes e pouco fiscalizada. A segurança pública teve um retrocesso e hoje vive um caos e isso, em grande parte, é o reflexo da falta de comando do governador, que não tem diálogo com a tropa, nem fez o monitoramento da segurança pública de forma eficaz nos últimos 2 anos. Uma maior atenção às vítimas da seca e o anúncio da possibilidade do Estado deixar os carros pipas apenas na mão do Exército é preocupante, não por demérito do Exército, mas o Estado deveria estar nessa força-tarefa também, pois há risco real das pessoas morrerem de sede no interior. A gestão da cultura no Estado tem mais perdas do que avanços.

A vereadora Marília Arraes afirmou, recentemente, que o epicentro da corrupção em Pernambuco está no PSB. O senhor concorda com essa afirmação?

A corrupção deve ser combatida onde estiver. Como presidente da Comissão de Ética Nacional do PSB, se chegar às minhas mãos uma representação fundamentada e com indícios, abrirei o processo, oportunizando o direito de defesa e julgarei no colegiado dando o meu voto de forma técnica e imparcial, doa a quem doer.

O senhor acha que o envolvimento do nome do partido em operações como a Turbulência e a Fair Play podem arranhar a imagem do PSB?

O PSB é um partido que tem 72 anos de história, que vem de João Mangabeira, Jamil Haddad, Antônio Houais, Miguel Arraes, entre outros. Possíveis nomes atingidos terão o direito de se defender, não devem ser pré-julgados, mas o partido é maior do que esses episódios, que devem ser apurados e esclarecidos.

O senhor recorda como era a estrutura do PSB antes de assumir o governo estadual com Eduardo Campos? O senhor já tinha ligação com o partido?

O PSB era um partido orgânico e com pensamento político sólido. O PSB precisa resgatar essa origem e se recriar. Sou filiado ao PSB desde quando Eduardo Campos foi candidato a prefeito do Recife, em 1992, portanto, há 25 anos. Fui advogado do partido e de vários filiados em diversas causas relevantes. Coordenei o jurídico de mais de 5 eleições majoritárias do PSB.

Como o senhor vê o PSB daqui a 10 anos no Estado?

Caso o partido tenha a capacidade de se renovar e ter um projeto político estratégico para uma nova esquerda no Brasil, será o partido do futuro.  Caso fique nessas disputas de grupos sem pensar em um projeto político viável para o Brasil e para as eleições de 2018, ficará à margem da história.

Este ano tem eleição para as instâncias nacional, estadual e municipais do PSB. O senhor apoiará a reeleição de Carlos Siqueira e Sileno Guedes?

Apoio a recondução de Carlos Siqueira por ele ter conduzido a sua gestão com diálogo e de forma democrática. Acho que o PSB Estadual merece um novo presidente que oxigene a estrutura partidária.

A atualidade de Miguel Arraes

ARRAESUm homem além do seu tempo. O povo brasileiro vai celebrar em 2016 o centenário de nascimento de Miguel Arraes de Alencar (15/12/1916 — 13/08/2005). Arraes foi prefeito da cidade de Recife, deputado estadual, deputado federal e por três vezes governador do estado de Pernambuco.

Ainda sem mandato político, Arraes participou, em 1948, ativamente da campanha “O Petróleo é Nosso”, um dos movimentos de opinião pública mais vigorosos da história política brasileira. A repercussão desta enorme mobilização nacional resultou na reformulação da legislação de exploração do petróleo e na fundação da Petrobras, em 1953.

Como prefeito do Recife, criou, em 1960, o Movimento de Cultura Popular – MCP – que serviu de inspiração, em 1961, ao Centro Popular de Cultura – CPC – da União Nacional dos Estudantes – UNE. O revolucionário Método Paulo Freire, que consiste numa proposta para a alfabetização de adultos desenvolvida pelo educador pernambucano, foi acolhido pelo MCP nas gestões de Arraes na Prefeitura do Recife e Governo do Estado.

Em Pernambuco, ainda no seu primeiro governo, em 1963, foi assinado em seu gabinete “O Acordo do Campo”, pioneiro na implantação da justiça na relação trabalhista dos canavieiros com os donos de usinas estendendo o salário mínimo e 13º. Salário para os trabalhadores rurais. Arraes deu forte apoio à criação de sindicatos, associações comunitárias e às Ligas Camponesas. O diálogo era a marca principal da sua atuação política.

Sua fidelidade ao povo que o elegeu fez com que não aceitasse a sugestão de renúncia proposta pelos militares por ocasião do Golpe de 1964. Preso, foi exilado na Argélia, onde, ao lado da família, viveu por 14 anos. No exílio, Arraes ampliou sua compreensão do mundo através de estudos e convivência com grandes lideranças mundiais como François Mitterrand, Mário Soares, Yasser Arafat, Pablo Neruda, Gabriel Garcia Márquez, Mário Vargas Llosa, entre outros. Estendeu sua compreensão de diálogo entre os homens para uma visão maior de diálogo entre os povos.

Com a participação de Miguel Arraes e do governo da Argélia, o Grupo dos 77 nas Nações Unidas, uma coalizão de nações em desenvolvimento, que visa promover os interesses econômicos coletivos de seus membros e criar uma maior capacidade de negociação conjunta na Organização das Nações Unidas – ONU – realizou, em 1967, sua primeira reunião importante. Nessa ocasião foi divulgada a “Carta de Argel” que serviu de base para implantação de estruturas institucionais permanentes na relação entre os povos.

Retornou ao Brasil em 1979, quando foi decretada a anistia pelos militares golpistas que estavam sendo pressionados por vários setores da população brasileira. Eleito por mais duas vezes governador de Pernambuco, Miguel Arraes concentrou esforços no desenvolvimento de tecnologia apropriadas para a realização de obras de infraestrutura como abastecimento d’água e eletrificação rural – uma agenda permanente e atualíssima na região Nordeste.

A história de Miguel Arraes será sempre lembrada como a de homem que construiu através do diálogo uma compreensão do ser humano muito além das suas fronteiras territoriais. E que pode ser sintetizada no verso de Carlos Drummond de Andrade, lido na ocasião de sua posse no primeiro mandato de governador de Pernambuco: “Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo”.

O Instituto Miguel Arraes – IMA anunciou, hoje, à imprensa e à população, a programação que celebra o seu centenário, em dezembro.

Viva Arraes, guerreiro do povo brasileiro!

Por Antônio Campos, escritor e advogado, presidente do Conselho Deliberativo do IMA