Arquivos da Seção: Isto posto…
Isto Posto… A Zona Azul de Juazeiro
A prefeitura de Juazeiro surpreendeu a população com a instalação de paquímetros em áreas centrais da cidade, a fim de dar inicio as operações do projeto de Zona Azul, que visa aumentar a arrecadação das finanças do município com a cobrança do uso do espaço público para estacionamento de veículos.
Ninguém discute, em tempos atuais, que o planejamento do espaço urbano para assegurar a mobilidade perpassa, sim, pela reorganização das vias de tráfego de veículos, definindo-se os locais destinados ao trânsito e estacionamento de carros e ás áreas restritas aos transeuntes.
Para tanto, necessário se faz a captação de recursos. E é natural que haja contrapartida pecuniária dos proprietários de carros para o devido custeio dos projetos de reestruturação destinados a aperfeiçoar a mobilidade urbana nas cidades.
Nessa seara, entra hoje a cobrança de estacionamento nas vias públicas como fonte de arrecadação eficiente e bastante para se implementar melhorias no trânsito, seja desestimulando o uso frequente do carro, pela a oneração do estacionamento – o que só funcionaria se houvesse transporte coletivo eficiente – , seja melhor sinalizando e regulamentando as vias de circulação de veículos no território da cidade.
Atualmente, além da cidade de Juazeiro, muitas outras cidades têm recorrido a esta medida fácil de captação de recursos financeiros. A vizinha Petrolina já há muito tempo se beneficia desta fonte arrecadadora. Porém, o que chama atenção em Juazeiro é que o atual prefeito optou por privilegiar o uso maciço da tecnologia por uma empresa privada, negando, com isso, a oportunidade de gerar emprego e renda para os cidadãos, como acontece na cidade de Petrolina, principalmente num momento em que o desemprego cresce desmedidamente.
Na vizinha cidade, a Zona Azul mobiliza uma boa quantidade de pessoas trabalhando na venda dos bilhetes que autorizam o estacionamento nas vias públicas, na fiscalização e multa dos veículos irregulares. Usufruindo, portanto, os petrolinenses, da oportunidade de trabalhar para manutenção do sustento seu e de sua família e contribuir com o aumento da arrecadação de tributos pelo município, criando, assim, um ciclo virtuoso na economia local.
Isto posto, caro prefeito, por que não retroceder e oportunizar essas vagas de emprego ao seu povo, ao invés de beneficiar apenas uma empresa e sua parafernália demoníaca?
Por: Adão Lima de Souza.
Isto Posto… A República sob suspeita.
O Brasil terminou o ano de 2015 mergulhado na mais profunda crise institucional da história recente da Nova República, fundada com a Constituição de 1988.
Embora, governo e seus porta-vozes – oficiais e não oficiais como a imprensa sustentada pela generosidade dos contratos de publicidade pagos pelo erário – insistam em tentar fazer a população crer que as instituições estão em pleno funcionamento, já que a crise se restringiria apenas ao âmbito político, deixando inoperante somente parte do Congresso Nacional e do Planalto, haja vista a profusão de trabalho da Operação Lava Jato, a verdade não escapa a percepção popular.
O Povo, apesar de não compreender bem a atual crise, sabe que as instituições estão seriamente comprometidas, pois, não é segredo para ninguém que os chefes dos Poderes Republicamos brasileiros estão fortemente implicados no enorme escândalo de corrupção que tomou o Brasil de assalto.
O Povo brasileiro, embora não saiba como solucionar o impasse, tem perfeita consciência que nenhuma das autoridades que presidem os três poderes está isenta de culpa.
A presidente Dilma Rousseff, chefe do Poder Executivo, ponto de origem dos recentes estratagemas de corrupção como o Mensalão e, agora, o Petrolão, mesmo tentando se abrigar, ainda, na bandeira da honestidade pessoal, não pode, em hipótese alguma, furtar-se a responsabilidade que possui pela roubalheira desenfreada patrocinada pelos seus colegas de partido, os mesmos que vem se revezando no quadro de assessores da Presidência da República.
No Congresso Nacional, a situação é mais eloquente e desastrosa, pois, os presidentes das duas casas legislativas – Câmara de deputados e o Senado Federal – estão envolvidos até o pescoço no lamaçal de corrupção desvelado pela Operação Lava Jato. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, alvos de inquéritos no Supremo Tribunal Federal, espera para o próximo mês a decisão sobre o pedido de afastamento da presidência da casa feito pela Procuradoria Geral da República, ao mesmo tempo em que tramita no conselho de Ética da Câmara um processo de cassação do seu mandato por quebra de decoro parlamentar.
No senado, a história não é diferente. O presidente Renan Calheiro, fiel aliado da presidente Dilma na batalha contra o Impeachment, não goza de muita certeza de até quando será poupado da responsabilização pelos desmandos na Petrobras e em outras empresas estatais onde mantém seu feudo próprio e seus particulares esquemas de corrupção com o dinheiro público.
No Tribunal de Contas da União (TCU), órgão incumbido de fiscalizar o bom emprego do dinheiro do contribuinte, o ministro Augusto Nardes, o mesmo que recomendou e capitaneou os votos pela rejeição das contas do Executivo é acusado de ser chefe de um esquema de corrupção investigado pela Operação Zelotes. Enquanto isso, o presidente do TCU, Aroldo Cedraz, é acusado de beneficiar o filho em licitações fraudulentas no transporte teleférico do Rio de Janeiro e em milhares de processos que tramitam no Tribunal de Contas da União.
O presidente do supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, notório petista, desde a Ação Penal 470, que julgou o Mensalão tenta proteger os criminosos de colarinho branco, atuando sempre na direção da impunidade de malfeitores acostumados ás orgias com o dinheiro do cidadão. Além disso, parece que a dita conduta ilibada de parte dos membros da Suprema Corte não resiste sequer a buscas superficiais no google.
Isto posto, sem adentrar na esfera da corrupção instaurada nos Estados e Municípios, nem nos alongarmos na sequência interminável de acusações diárias contra membros do governo central, sempre metidos em atos de desvio de conduta traduzidos em cifras bilionárias do dinheiro público, quais os outros elementos que se fazem necessários para se ter uma crise institucional além dos citados? Qual será o destino deste Brasil de avanços éticos sazonais e efêmeros? De quantos joaquins e Sérgios precisaremos para enfim construímos uma nação realmente justa e solidária, tal qual se sonhou ao ser fundada a Nova República?
Por: Adão Lima de Souza
Isto Posto…Onde estão os Promotores de Justiça de Petrolina?
Onde estão os Promotores de Justiça de Petrolina que, através de exigências absurdas, colhidas numa interpretação tacanha da Lei, impedem o profissional músico de ganhar seu pão honestamente, exercendo seu ofício de espalhar, pelos bares da cidade, alegria a outros trabalhadores?
Onde estão os Promotores de Justiça de Petrolina que não responsabilizam ninguém pelo crescimento vertiginoso da insegurança em nossa cidade, cujos homicídios, somente no primeiro trimestre de 2015, alcançaram a cifra de 37 casos de mortes violentas?
Onde estão os Promotores de Justiça de Petrolina que assistem de camarote a expropriação violenta dos trabalhadores do CEAPE, com ameaças consumadas em ações noturnas comandadas pela prefeitura da cidade, a fim de repassar a área pública para satisfazer interesses particulares?
Onde estão os Promotores de Justiça de Petrolina que nenhuma providência tomaram contra a decisão do prefeito em transformar as escolas infantis em simulacro de campo-de-concentração, implantando cercas elétricas no entorno destas, a fim de vender a ilusão de segurança?
Onde estão os Promotores de Justiça de Petrolina que nenhuma satisfação dão a sociedade petrolinense pela morosidade policial em apontar reais suspeitos pela trágica e bárbara morte da menina Beatriz, durante festejos na escola Auxiliadora?
Se alguém tiver coragem para fazer esta pergunta, eu vos digo onde eles estão.
Estão protegidos em suas mansões suntuosas nos condomínios luxuosos, construídos a menos de quinhentos metros da margem do rio que deveriam proteger do despejo diário de toneladas de dejetos nas suas águas.
Estão há horas em seus closets, indecisos sobre que roupa exibir nas recepções em casa dos poderosos políticos da cidade.
Estão, agora mesmo, abarrotados de convites para cerimônias desimportantes, enquanto o cidadão comum espera apenas o devido empenho nas causas inadiáveis da segurança, da saúde, da educação.
Estão vacilantes em aplicar a Lei aos facínoras que fazem fanfarras com o dinheiro público – aliás, verdadeiras orgias com o erário, como vemos anualmente nas Festas Juninas em Petrolina e nas folhas mensais de pagamento de pessoal.
Estão firmes e impiedosos manejando os rigores da Lei contra frágeis proprietários de bares noturnos que só querem trabalhar honestamente e, com seu trabalho, contribuir para o crescimento econômico local gerando emprego e renda.
É sabem onde estão os Promotores de Justiça de Petrolina? Estão protegidos sob a égide dos privilégios que chamam de prerrogativas.
Por: Adão Lima de Souza
ISTO POSTO…ADEUS ANO VELHO!
O ano de 2015, que se findou ontem, foi, sem dúvida alguma, o ano da corrupção. Melhor dizendo, foi o ano do desvelamento da corrupção. Como diria Ponciano Ratel, colunista deste blog, foi o ano em que se aclarou o “grassamento da roubalheira, encravada na pele apodrentada do governo como chatos nas partes pudendas”.
Foi, apesar da forte esperança do brasileiro, o ano em que escândalos de pilantragem e roubalheira foram a tônica dos dias, das conversas antes descontraídas de mesa de bar, da descoberta do estratagema montado e gerido desde o alicerce por um Governo eleito com a promessa de assegurar a melhor partilha de riquezas, fomentar o desenvolvimento do trabalhador, mas, que preferindo os atalhos da política, instaurou uma verdadeira quadrilha para surrupiar os cofres públicos em nome de seu projeto de poder.
Foi o ano em que o grande estandarte do Partido dos Trabalhadores, PT, Luiz Inácio Lula da Silva, deixou cair sua máscara. Pois, tanto no Mensalão como no Petrolão, não escapou de ser apontado como o chefe supremo, devido os fortes indícios de enriquecimento ilícito seu e de sua família. Especialmente do o filho Lulinha, que de tratador de elefante num zoológico se transformara num dos homens mais ricos do país. E, por isso, atualmente é alvo de uma operação da Polícia Federal.
Foi o ano em que o ex-presidente LULA, conhecido como o pai dos pobres no Brasil, já que supostamente acabou com a fome no País, com seu Instituto, tentou legitimar a fortuna acumulada de mais de R$ 53 milhões, ganhos com supostas palestras financiadas pelas generosas empreiteiras Camargo Correia e Odebrecht, implicadas na Operação Lava, que apura um esquema de corrupção dentro da Petrobras da ordem de mais R$ 42 bilhões.
Foi, também, o ano em que até a presente delação Dilma Rousseff, nossa desenxabida “presidenta” conseguiu preservar o mandato e sua última bandeira… A da honestidade, apesar da nebulosa compra-e-venda de Pasadena, por ela avalizada, e das fraudes contábeis no orçamento, chamadas de “Pedaladas Fiscais”.
isto posto, foi, por fim, o ano em que descobrimos que nossas conquistas sociais são sempre sazonais, durando em média uma década ou duas, até que alguém consiga anular tudo o que foi feito, por exemplo, como no Plano Real que estabilizou a moeda, e agora, em 2015, o Petismo conseguiu desmantelar.
Assim sendo, só nos resta dizer sobre o ano de 2015: Adeus ano velho! Já se vai tarde!
Por: Adão Lima de Souza
Isto Posto… O STF deve atravessar a rua, no caso do Impeachment?
O Ministro Edson Fachin, ao ser indicado para ocupar a vaga deixada no Supremo Tribunal Federal pelo aclamado Joaquim Barbosa, durante a sua sabatina no Senado, quando indagado sobre a decisão da Suprema Corte a respeito do financiamento de campanha por parte das empresas, disse: “há certas circunstâncias que o STF não deve atravessar a rua”.
Decorrido algum tempo, a ironia impiedosa se precipita sobre o novo ministro, cujas origens advocatícias retroagem ao tempo de defesa dos movimentos sociais, que outrora o Partido dos Trabalhadores tão bem representava, ao deitar em seu colo a decisão sobre os acontecimentos recentes que marcaram a admissibilidade do pedido de impeachment de Dilma Rousseff pelo presidente da Câmara Federal, Deputado Eduardo Cunha.
Agora, o Ministro Fachin, terá de decidir se o STF deve atravessar a rua ou permanecer no abrigo da calçada. E esta bifurcação confirma a profecia daqueles que o velho bruxo do Cosme Velho, Machado de Assis, alcunhava de céticos, pois, vemos que, de fato, as coincidências são o que de mais irônico e cruel traz o tempo, para descrever e circunscrever aquilo que todos temem como destino.
Assim sendo, na última terça-feira, depois de uma eleição conturbada no plenário da Câmara de Deputados, o PC do B, partido da base aliada de Dilma obteve do Ministro Fachin uma liminar suspendendo o andamento do processo de impeachment, sob o argumento de evitar danos futuros às partes envolvidas, devido a ausência de clareza no rito processual a ser empregado.
Diante disso, atendido ao pedido de suspensão, o ministro marcou para o próximo dia 16, quarta-feira, em plenário da Corte Maior, a decisão final, sobre se é válida ou não a comissão eleita por voto secreto, se o presidente da Câmara Federal devia ou não oportunizar a defesa prévia da denunciada, se quem afasta a presidente, no caso de admissibilidade do processo pelo plenário da câmara, deve ser o Senado ou a própria Câmara, se pode haver candidaturas avulsas para a comissão julgadora, enfim, se o rito a ser empregado deve ser o da lei 1.079/1950, acolhido durante o processo de deposição de Fernando Collor, ou um rito novo a ser criado pelo próprio STF.
Isto posto, caberá ao ministro que enfatizara a necessidade de neutralidade do Tribunal Supremo como medida salutar de garantia de segurança jurídica, decidir se dará um passo, por ele mesmo, não recomendado, em direção a travessia da rua íngreme ou reafirmar sua lucidez primeira., deixando à classe política a negociação das soluções para os problemas políticos. Até dia 16.
Por: Adão Lima de Souza
Isto Posto …. Ocupar e Resistir
Ocupar e resistir. Este foi o grito empunhado pela garotada do Estado de São Paulo que derrubou o arrogante Secretário Estadual de Educação, Herman Voorwald, e conseguiu dissuadir o governador Geraldo Alckmin de levar adiante o processo de Reorganização Escolar, que pretendia dividir as escolas por ciclo, implantando unidades escolares com apenas alunos de 6 a 10 anos, algumas; outras somente com adolescentes de 11 a 14 anos; enquanto jovens entre 15 e 17 anos estudariam em escolas exclusivas.
Depois de várias manifestações promovidas pelos adolescentes – cinicamente tratados de “pessoas” pela imprensa fascista, a fim de justificar a repressão policial ao se tentar vender a ideia de que se tratava de indivíduos adultos e não apenas crianças – o governador, vendo sua popularidade derreter nas pesquisas de opinião pública, enquanto a justiça paulista, num gesto cuidadoso negava reiteradamente a reintegração de posse das escolas ocupadas, ao passo que começava a chover liminares por todo Estado mandando suspender o projeto autoritário do professor da USP, achou por bem sinalizar com a possibilidade de o Estado ampliar o diálogo com pais, alunos e comunidade escolar.
Diante desse lapso de sobriedade do senhor Geraldo Alckmin de abrir o diálogo em vez de ordenar a repressão brutal ensaiada pelos policiais violentos que a sociedade brasileira tem tolerado não se sabe até quando, o prepotente secretário de educação, Herman Voorwald, que já ocupava o cargo há cinco anos, talvez tenha compreendido que para políticos do calibre do governador de São Paulo, dividendos eleitorais superam laços de amizade e qualquer possível êxito de um projeto educacional.
No entanto, a proposta, embora pudesse favorecer a gestão das unidades ao possibilitar a adoção de estratégias pedagógicas focadas na idade e fase de aprendizado dos educandos, pois segundo o levantamento realizado pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), há uma tendência de queda de 1,3% ao ano da população em idade escolar no Estado de São Paulo, levando, entre os anos de 1998 e 2015, a rede estadual de ensino a perder 2 milhões de alunos, não conseguiu emplacar pela forma desrespeitosa, cruel e apressada como estava sendo posta em prática. O que revoltou os adolescentes, levando-os a promoverem diversas ocupações de escolas por todo o Estado durante semanas, desgastando a imagem do governador e cavando a cova na qual seria sepultado o secretário de educação e seus esforços antidemocráticos de condução dos assuntos educacionais.
Isto posto, louvemos aos bravos garotos que nos ensinaram que território político se conquista ocupando espaços e resistindo as investidas truculentas do gestor de plantão.
Por: Adão Lima de Souza
Isto Posto … Elliot Ness nos Estados Unidos, Sérgio Moro no Brasil… Por que não?
Em artigo assinado pelo editor-executivo Ian Dey do jornal britânico The Sunday Times, analisando o trabalho do Juiz Sérgio Moro, compara nosso magistrado ao agente do Tesouro dos EUA, Elliot Ness, que levou Al Capone à Justiça e pôs fim a violenta máfia de bebidas, cuja história é contada no filme “Os Intocáveis”, do diretor Brian De Palma, 1987.
O título do artigo é “Eliot Ness brasileiro está fora de controle” (Brazil’s Elliot Ness ‘out of control’). Isto, segundo o texto, porque a postura de “intocável” do juiz Sérgio Moro é digna de críticas das entidades internacionais que o acusam de “desrespeitar a Constituição Federal brasileira, e também tratados de defesa dos direitos humanos em seus mandados de prisão” contra personagens historicamente agentes ou mandatários de todo tipo de corrupção neste país, mas que devido a alastrante impunidade que sempre reinou entre nós, jamais creram, por um minuto sequer, que poderiam responder por seus crimes, uma vez que controlavam presidentes da república e as altas autoridades do Poder Judiciário do Brasil, nunca pairando sobre suas cabeças a possibilidade de prisão.
Para o Times, a atitude de Moro, além de levantar suspeitas de que ele estaria se preparando para uma candidatura à Presidência da República nas próximas eleições, em um momento de forte pressão pela saída de Dilma Rousseff, estaria também ignorando o princípio da inocência, tão caro – afirmação deste autor- e cotidianamente respeitado quando o preso em questão é algum figurão, donatário de alguma das capitanias hereditárias em que se transformaram as instituições deste país, e nunca quando algum insípido e insignificante cidadão sem poder nenhum de influência junto aos órgãos repressores desta nação de doutores de títulos hereditários e de dinheiro é lançado nos porões dos presídios brasileiros durantes anos sem julgamento e, às vezes, sem o mínimo de indício de culpa.
O que não sabe o ilustre editor do Times é que se houver alguma arbitrariedade nas medidas adotadas pelo juiz Sérgio Moro, como menciona poderia está havendo possível ilegalidade no caso do CEO do Grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, por este está preso desde junho sem julgamento – ou porque não assinou acordo de delação premiada, como insinua o Jornal – isso seria apenas a aplicação de medida de justiça retributiva à sociedade por todos os crimes que este senhor e sua empresa tem cometido contra o povo deste país, com ardilosos estratagemas de corrupção montados nas empresas públicas, como a Petrobras e outras, desde tempos distantes na nossa insipiente e insciente república.
Quantos de nosso povo têm, ainda, que indiretamente, morrido à míngua em macas imundas de hospitais sucateados devido aos orçamentos fraudados por estes mesmos honoráveis senhores, até então intocáveis donos de nosso país? Agora, que amargam um pouco do castigo consequente de sua prática corriqueira de delitos, querem sua parcela de clemência? E porque quando se trata desses sacripantas, por serem afortunados e poderosos, assomam multidões de juristas a supervalorizarem os princípios do Direito, como medida de reclamar as garantias constitucionais frente às arbitrariedades possivelmente impetradas por magistrados que não temem impor os rigores da Lei a quem quer que seja?
É possível, sim, que haja algum resquício de arbitrariedade, não quero pecar pela ingenuidade, porém, como afirmo mais acima, estas “pequenas arbitrariedades”, agora, impostas contra notórios contraventores, não apequena mais nosso sistema judiciário, tão fortemente maculado pelas iniquidades cometidas contra o cidadão comum e pela ausência de manifestação de repúdio da parte de nossos juristas mais respeitáveis ou de jornalistas como o senhor editor-executivo Ian Dey do jornal britânico The Sunday Times.
Ademais, se como dizem os mais versados na Lei, as medidas do juiz Sérgio Moro podem estabelecer precedentes nocivos ao nosso já frágil Ordenamento Jurídico, do que termos total consciência é que nenhuma das arbitrariedades que possam advir será, para nós, inédita, pois já carregamos as costas marcadas pelos absurdos chicotes dessa classe parasitária e devassa que domina este país. Agora, podemos nos regozijar de termos, por enquanto, a oportunidade do açoite.
Isto posto, façamos o melhor desse chicote que nos entrega o juiz Sérgio Moro. E que mal há que ele deseje ser presidente da república? Esta prática é tão salutar nos Estados Unidos: juízes rigorosos na aplicação da Lei tornando-se chefe do Executivo! Entretanto, parece que a questão perpassa mesmo é pelo que denominou Paulo Freire de “hospedar o opressor” – ou lucrar com ele. Pois, basta alguma pessoa rica receber o mesmo tratamento que um pobre, como ser presa preventivamente, e, sob a égide de defender os mais caros princípios legais e éticos, surgem centenas de especialistas na melhor doutrina do Direito, ávidos por hermenêuticas que salvaguardam privilégios sob o codinome de prerrogativas, sempre usufruídas pelos mais afortunados.
Por: Adão Lima de Souza
Isto Posto … Mauricio Macri e a esquerda latino-americana
Há pouco tempo atrás, era resultado quase certo em toda pesquisa de opinião, os povos sulamericanos expressarem sua profunda decepção com os rumos que a incipiente democracia latino-americana havia tomado.
Os consultados afirmavam sempre que o modelo de sociedade adotado pós-ditaduras escancaradas, que varreram a esperança e a liberdade para longe do continente, estava sendo pautado pelos interesses minoritários daqueles que toda vida lucraram com o sistema de coisas que se impunha com crueldade contra os menos afortunados, pois que os regimes ditos democráticos tentavam sempre conciliar a privação suportada pela população fragilizada economicamente e o desperdício da opulência dos locupletados que faziam feira em Miami, nos Estados Unidos, pagos com o árduo esforço da classe trabalhadora.
A partir do final do século passado, por volta de 1998, por aí, outros ventos começaram a soprar na América do Sul. Os ventos da esperança traduzida numa promessa de uma nova política que satisfizesse a célebre frase dos Teólogos da Libertação, aqueles que como o nosso Leonardo Boff, afirmava que a política da mudança é aquela que se concretiza a partir de uma “opção preferencial pelos pobres”.
Então, assistimos, à revelia dos velhos imperialistas, governos mais inclinados à pauta de reivindicações populares, tomarem as rédeas de nações como Venezuela, Brasil, Argentina, Bolívia, Nicarágua, Guatemala, Paraguai, Uruguai e Peru, empunhando o grito dos excluídos pela promessa de um novo socialismo, o Bolivarismo, uma nova ditadura do proletariado, como ficou conhecido o alinhamento político com o presidente da Venezuela Hugo Chaves.
Agora, parece que ventos impiedosos voltam a soprar sobre a América do Sul, tangendo para longe a possibilidade de se firmarem governos que se coadunem com uma pauta contrária à velha agenda liberal dos capitalistas seculares e modernos, pois estes são eternamente cruéis na persecução do lucro a todo custo.
Então como foi que a esquerda fracassou na América do Sul?
Na Argentina, a vitória do candidato Mauricio Macri parece sinalizar uma direção oposta a governos como o de Dilma, o de Maduro, o de Evo Morales, o de Rafael Correa, o de Cristina Kirchner. Enquanto no Brasil e na Venezuela, reina o clima de insegurança política, de crise institucional, de governos sem credibilidade ou tentando manter sua credibilidade por meio de prisões dos seus opositores como é o caso mais agudo de Nicolas Maduro na Venezuela, cujas pesquisas mais recentes apontam para uma derrota eleitoral no dia 06 de dezembro.
E como explicar esse fracasso? Culpa exclusiva da direita capitalista que despreza qualquer agenda mais socializante? Ou culpa da ineficiência de governos populistas que descuidaram dos primados mais básicos da economia e gastaram o que tinham e o que não tinham, como fizeram Lula e Dilma, no Brasil, no projeto de escravidão de consciência que chamam de políticas afirmativas ou conquistas sociais?
Cabe a Ciência Política explicitar tais questionamentos, já que gozam os cientistas de legitimidade para isso. O que posso dizer é que tanto Lula como Dilma, como Chaves, Evo, Rafael Correa, como Fidel e Raul Castro, pagam o preço que é cobrado quando o outorgado do povo se embevece pelo poder e maquina para nele permanecer vitaliciamente. E a que preço estaria eu me referindo senão o da relutância e, portanto, incapacidade de preparar sucessores capazes de dar continuidade ao projeto de transformação social necessário.
O que geralmente acontece – e o Brasil e a Venezuela são exemplos irrefutáveis dessa prática – é, no apagar das luzes, o detentor do poder, ludibriado pela popularidade que angariou com medidas que mais estabelecem servidão que liberdade, decide escolher alguém sem a menor destreza para o cargo, apenas para provar sua força ou simplesmente não ter adversário a sua altura no próximo pleito. O resultado é o fracasso.
Isto posto, fiquemos atentos aos ventos que começam a soprar na sofrida América do Sul, para que o condor continue abrindo as asas sobre nós. E vivamos “o amor que traz a luz do dia. E deixa que o sol apareça. Sobre a América. Sobre a América, sobre a América do sul”.
Por: Adão Lima de Souza
Isto Posto … Estado Islâmico: o efeito colateral da guerra ao terror!
O ataque sofrido pelo povo francês na bela cidade de Paris, no último dia 13, é condenável sob todos os aspectos humanitários. Porque nenhum ser humano desejaria tanto horror e sofrimento ao seu semelhante. A não ser aqueles cuja guerra tem sido seu ofício, como os extremistas mulçumanos e os cristãos civilizados, líderes políticos do ocidente.
E foram estes, que no afã de sua guerra ao terror, numa investida insana contra a existência de um continente inteiro dominado por tradições islâmicas, frágil diplomacia de xeiques, califas e reis de araque, patrocinadores do fanatismo religioso, condição necessária e suficiente para sustentar seus califados e dinastias sanguinolentas, decidiram armar e preparar militarmente o mais atroz e feroz regimento paramilitar de extremistas islâmicos, cuja disposição sempre fora subjugar todo o mundo considerado infiel perante os cânones da religião que professam.
Hoje, porém, após as campanhas bélicas comandadas pelos estados Unidos e seus associados como a França e a Rússia que, também, recentemente tivera mais de duzentos concidadãos brutal e covardemente assassinados na explosão de um avião de passageiros, devido a outro ataque terrorista reivindicado por este mesmo Estado Islâmico que até então despertava a simpatia do governo russo, assim como um dia habitou os planos e as graças de líderes britânicos, alemães, americanos e, infelizmente, de líderes franceses, agora atônitos ante o horror suportado pelo seu povo diante de tamanha carnificina.
Então, agora, queremos saber como o mundo civilizado lidará com estre monstro sem controle, criado pela diplomacia armamentista do ocidente. Ocidente este que mesmo depois de tanto sofrimento ocasionado pelas grandes guerras do século passado, ainda crê que linhas imaginárias riscadas na areia, territórios invisíveis de compra e venda ou filosofias e religiões criadas a toque de caixa, ou mantidas pelo sangue dos inocentes, são capazes de distingui-los, pelo grau de civilidade provavelmente inserido na diferença de costumes que acreditam possuir, daqueles a quem denominam de selvagens e incivilizados porque seus costumes e tradições são outros.
Isto posto, que resposta o ocidente dará agora para arrefecer o efeito colateral em que se transformou o ISIS, fruto de ações conjuntas das grandes potências bélicas. Quando anteriormente decidiram se aliar aos grupos radicais do oriente, a fim de impor seu modelo de democracia, por considerarem que o modelo que o mundo deseja é aquele em os mais ricos impõem seus ritos sociais enquanto condena a liturgia de povos subordinados à violência e a brutalidade de líderes do tipo de Bashar al-Assad, presidente da Síria, ora demonizado pelos Estados Unidos de Obama, ora santificado pela Rússia de Vladimir Putin, talvez jamais esperassem que um tivessem de se deparar como tamanha hediondez nas ações de seus pupilos.
Por: Adão Lima de Souza