Arquivos da Seção: Isto posto…

Isto Posto… Visitantes ilustres da tragédia.

chuva na janela

Não sei dizer se é coincidência ou não, mas, o fato é que político sempre arrancha uma tragédia em tempos de eleição para ter a quem refazer suas promessas falsas. Penso, às vezes, que tais calamidades, como as chuvas que derrubam casa e alagam tudo; ou as longas estiagens são obras inacabadas desses políticos profissionais que as mantém como ases na manga para utilizá-los quando sua lábia já não convencer mais ninguém.

Contudo, isso implicaria em admitir duas coisas: as teorias conspiratórias e a onipotência de nossos políticos. O que para o Brasil seria ainda mais perigoso  se eles tivessem uma dessas coisas sob seu controle. Felizmente não as tem porque não são nenhuma nem outra coisa. São somente políticos, na maioria, desonestos que contam sempre com conivência do eleitor em perdoar seus crimes. Talvez devido à fragilidade moral de nosso povo ou, quem sabe, o desespero causado pela privação de condições mínimas de subsistência.

Seja uma coisa ou outra, a verdade é que na tragédia todo político finge ser solidário. E todos acreditam na sinceridade de sua comoção quando, abandonando o conforto de seus palácios suntuosos, desembestam para os bairros miseráveis e chafurdam o pé na lama que é o cotidiano daquela gente movida pela esperança de dias melhores.

Lá estando, o político renova, junto ao povo desprovido de má-fé, o compromisso de se empenhar incansavelmente na luta pela construção de uma sociedade mais justa e igualitária, se for reeleito, onde a chuva, ao cair sobre a terra árida, seja momento de regozijo pela fartura da colheita anunciada ou o instante de contemplação poética através da vidraça embaçada pela água límpida e não a inundação dos velhos transtornos ocasionados pela falta do saneamento e urbanismo há muito prometido pelos ascendentes daqueles que ora prestam condolências diante do infortúnio.

Isto posto… Percamos o medo da chuva e exijamos o nosso lugar ao sol.

Por: Adão Lima de Souza

Isto Posto…CPI: Conluio Permanente de Implicados .

download (1)A oposição e o governo, ambos em busca de palanque político para 2014, encenam mais uma vez a brincadeira de cabo de guerra, desencadeada pela conhecida farsa da CPI, em que um lado finge que quer investigar e o outro afirma que só aceita se for investigado tudo, para no final nada se investigar. Fazendo valer a máxima de que quando se diz que será aberta uma sindicância para se apurar as irregularidades e punir os responsáveis se quer, de antemão, dizer que nada será investigado e, consequentemente, ninguém será punido.

Desse modo, o Brasil funciona. Pois se um governo é acusado de roubalheiras, os partidários, como bons arautos da moralidade pública, logo se lançam em sua defesa usando como eficiente arma de contra-ataque as mesmas acusações, já que as práticas impetradas são normas gerais em seus estatutos, cujos comportamentos predefinidos são mirabolantes formas de saquear os cofres públicos e depois se justificarem com imputações delituosas mútuas.

No caso específico, agora da CPI da Petrobras, o que se vê é mais do mesmo. De um lado, a oposição querendo evidenciar os pés de barro do governo de um partido que sempre se arrogou como paladino da moral, postilhões da verdade política já que sempre alegaram possuir o monopólio da ética.

De outro lado, o governo ainda não combalido devido à generosidade estúpida de uma nação que adota a corrupção como traço cultural, admitindo, mesmo que velado, seus atos desonestos impõe como condição para confessar seus crimes a voluntariedade dos partidos adversários em se reconhecerem também corruptos.

Assim, como sempre acontece, o melhor termo para o acordo será a criação de um CPI que como as outras tantas que tivemos o grande debate será inegavelmente qual deve ser o sabor da PIZZA.

Isto Posto…Por que não se poupar os gastos desnecessários com sessões, pagando salários a servidores e parlamentares e vamos direto ao assunto: Pizza de Marmelada. A final se todos roubaram quem punirá quem?

Por: Adão Lima de Souza.

Isto Posto… Golpe Militar: 50 anos de mentira e covardia.

lutoPara o filósofo francês, Alain Badiou, inventariar o século XX se impõe de imediato a contagem de seus mortos, pois os parâmetros históricos são os campos de extermínios, os massacres de minorias étnicas e a tortura decorrentes da crueldade e da covardia da ação criminosa do Estado.

No Brasil, cuja história dá conta de duas sangrentas ditaduras, não há outra questão de maior relevância senão esta: a da contagem de seus mortos, principalmente do período recente de nossa história, quando por vinte e um anos perdurou um sangrento, cruel e covarde regime de exceção imposto pelos militares.

Hoje, 31 de março, o Golpe Militar, chamado carinhosamente pelos torturadores impunes de “Revolução”, completa 50 anos sem que se tenha ainda sinalizado para possibilidade de se começar a contar os seus mortos, já que os arquivos secretos desta época de trevas continuam trancafiados na memória assassina e condescendente dos que chefiam esta nação desde 1964.

Acreditou-se, por um tempo, que com a chegada de uma ex-guerrilheira ao poder se pudesse vislumbrar o devido ajuste de contas histórico, abrindo-se os tenebrosos arquivos dos porões da ditadura, não como medida revanchista, mas, sobretudo, para que se pudesse, de fato, revelar às novas gerações os atos de extrema violência, crueldade e covardia perpetrada por aqueles cuja missão deveria ser proteger seu povo e não massacrá-los como fizeram as Forças Armadas deste país, sob a cínica promessa de defesa das instituições democráticas.

Agora, após meio século transcorrido, familiares, parentes e amigos dos jovens brutalmente torturados e trucidados pelos militares, permanecem mergulhados no sofrimento e na angústia de nada saber sobre o que, de fato, aconteceu nos denominados “Anos de Chumbo”. Sem o consolo de saber se e onde foram enterrados os corpos sobre os quais os generais ensandecidos saciaram sua carência mórbida por sangue e seu desejo necrófilo pelo espetáculo sádico da tortura e da morte.

Por isso, diante da cumplicidade de nossos governantes, ao manterem sob sigilo perpétuo a verdade sobre este capítulo da história brasileira, os cidadãos decentes permanecem alijados da verdade, alheios aos atos inumanos praticados por quem confiamos nossa vida, nosso destino, por acreditarmos que estarão prontos ao sacrifício pela nação e pelo o povo, conforme seu juramento.

E o que vemos é um esforço desproporcional por parte do governo para manter ocultos os crimes dos militares durante a ditadura, não oportunizando ao cidadão o resgate de nossa história, construída pelo sofrimento indescritível de corpos jovens submetidos à tortura, dos abortos elétricos, dos paus-de-arara e outras atrocidades que satisfizeram  a bestialidade de militares que sempre traíram o povo brasileiro,  seja nas negociatas com agentes estrangeiros, seja na brutal repressão interna.

Isto posto… Que “Braço Forte, Mão Amiga” é essa que nunca exitou em disparar sua arma contra o povo? E a presidente Dilma, que tal se presenteasse o Brasil neste dia com a abertura dos arquivos secretos da Ditadura Militar?

 Por: Adão Lima de Souza.

Isto Posto… Estelionato Eleitoral ou Cumplicidade Delituosa do Eleitor?

urnaHá, no Brasil, um entendimento enraizado de que todo político é desonesto, inescrupuloso, egoísta e traidor, pois, lança mão de todo e qualquer artifício e de falsas promessas para conquistar o voto do eleitor, porém, quando se elege finge esquecer-se dos compromissos firmados com a sociedade e se empenham, unicamente, em projetos individualistas, frequentemente escusos, que possam fazê-lo enriquecer de forma rápida.

Por essas razões, o cidadão ao escolher aquele que merece seu voto de confiança para representá-lo no parlamento, vereadores, deputados e senadores, ou conduzir a Administração Pública nas funções de prefeito, governador e presidente da república, o faz guiado pelo entendimento de que se todos são iguais, é indiferente em quem se vai votar e, portanto, melhor candidato é aquele que sinaliza com alguma satisfação de interesse próprio do eleitor, porque as coisas são assim e dessa maneira permanecerão já que qualquer um que se eleger agirá de igual modo.

Ou seja, de antemão, significa dizer que sendo os eleitos advindos do seio da sociedade; toda sociedade é incuravelmente corrupta.

Diante de tal constatação, pensar assim parece bastante confortável, pois consola nossa consciência e nos faz dormir em paz, livres dos terrores noturnos a que teríamos de suportar se não nos esquivássemos da realidade dos fatos. Porque, em verdade, admitir que tudo na política é do modo que é e continuará assim para sempre é, além de confortável para nossa consciência, reconhecer que nossos representantes fazem justamente aquilo para que os elegemos, pois se são corruptos o são por determinação do próprio eleitor e, por isso, sequer podem ser admoestados.

Enfim, acreditar que no tocante à política, comportamentos sádicos, mesquinhos, desonestos e covardes são sua essência significa, a um só tempo, perdoar as faltas de nossos representantes e a nós mesmos pela escolha errada – ou certa? – que fizemos. O que torna irrefutável afirmar que tudo está na mais perfeita ordem e harmonia uma vez que toda ação de nossos vereadores, deputados, senadores, prefeitos, governadores e presidente traduz, inegavelmente, a vontade do cidadão que o elegeu.

Entretanto, sou da opinião que persistir com a crença de que qualquer um que consiga o poder fará exatamente como os que lá estão, significa admitir que todos eles estão perdoados pelos erros que cometerem, pois os cometem para concretizar nossa vontade. E isso, é justamente do que precisam as mentes corruptas para se deleitarem na benfazeja sociedade brasileira, que para negar sua cumplicidade delituosa julga conveniente perdoar mal feitores renovando a confiança neles com novos mandatos eletivos.

Para encerrar, estou convicto de que não se trata mesmo de estelionato eleitoral, mas sim de cumplicidade delituosa da parte do eleitor que compra a ideia de imutabilidade da situação ao negociar seu voto ou se omitir diante dos desmandos políticos sob a alegação de que nada pode fazer para mudar isto.

Isto posto… Caro eleitor se nada pode fazer para acabar com a corrupção política no país, que tal não renovar a confiança em quem já lhe traiu?

Por: Adão Lima de Souza

Isto Posto… Quadrilha ou não; o dinheiro volta?

O-caminho-do-dinheiro-750x400

A mais alta Corte de Justiça brasileira, revisando entendimento há pouco tempo atrás proferido na Ação penal 470, denominada simbolicamente de julgamento do “Mensalão”, decidiu que o fato de 40 pessoas se unirem num esquema de corrupção não é suficiente para dizer se houve Quadrilha, bando, associação criminosa ou gangue, denominações atribuídas a um grupo de pessoas que tem por objetivo praticar crimes ou atividades consideradas ilegais em determinado ordenamento jurídico.

Ainda mais, segundo a Ministra Rosa Weber, “não houve dolo (vontade de fazer) na criação ou participação dos réus em associação criminosa”, somente na prática de crimes em série de peculato, gestão fraudulenta, corrupção e lavagem de dinheiro. E que, por isso, é desproporcional e contraditória a fixação de uma pena dois anos e seis meses por formação de quadrilha. Principalmente no país onde você é obrigado a cumprir um sexto, ou seja, 05(cinco) meses.

Diante disso, para nós os leigos, soa pertinente a crítica dura do Ministro Joaquim Barbosa ao afirmar que o discurso: “Considero que houve uma exacerbação nas penas aplicadas de quadrilha ou bando (Min. Luís Carlos Barroso)”, é político e contribui para a corrupção das instituições que se quer combater, pois, “quando se tem a oportunidade de usar o sistema jurídico para coibir essas nódoas, parte-se para a consolidação daquilo que se aponta como destoante, com fórmulas prontas de salvaguarda”.

Entretanto, sou da opinião que um mês ou cem anos de prisão para esse grupo imaculado de amigos inofensivos, resultaria uma e, somente, a mesma coisa: IMPUNIDADE. Então porque não esquecemos essa história de esse ou aquele mensaleiro e nos preocupamos em trazer o dinheiro de volta, pois, independemente, de ter havido ou não o tal mensalão, um número grande de milhões escorreu pelo ralo da corrupção endêmica que é a política no Brasil.

Para encerrar, estou convicto de que não se trata mesmo de formação de quadrilha, porque o que houve, de fato, foi uma “estupenda orgia” com o dinheiro do povo. Isto posto… Quando o dinheiro voltará?