Arquivos da Seção: E APOIS!
E APOIS! – ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA: Novas Favelas, Mesmas Senzalas.
OS “ELES” QUEREM NOS FAZER CRER que cento e vinte seis anos depois da Abolição da Escravatura não tenha havido tempo suficiente para reparar a maior das atrocidades humanas cometida contra nossos semelhantes. É o caso do Brasil, onde políticas seletivas pontuais, como cotas sociais ou raciais, impõem-se como se fossem medidas efetivas para compensar mais de três séculos de genocídio, pilhagem e barbárie que sustentou até agora a ganância de uma elite parasitária, perversa e depravada.
Diferentemente, porém, tem tentado fazer a Austrália, onde reconhecida a injustiça perpetrada contra os Aborígenes, levados por séculos de escravidão a quase completa dizimação, o governo aprovou leis antidiscriminativas com punições severas e facilidades e privilégios que, gradativamente, integra e aumenta a atuação dessa etnia na política, nas artes e nas áreas de trabalho. Ao passo que no Brasil, hipocritamente superada a questão étnica e racial, optou-se por nivelamento rasteiro em que brancos, índios e negros são cada vez mais “pretos de tão pobres e pobres de tão pretos”.
Diante disso, ouvir de uma pessoa leiga: “Se depois de séculos a abolição do escravismo não criou, ainda, as condições reais de equiparação e justiça social entre as etnias, então, hoje, assim como na entrada em vigor da Lei Áurea, o problema crucial não é de conceder a liberdade, pois esta não perdura sem condições efetivas, e, sim, uma política de redução de gastos para o patrão ou o governo”. Os Sociólogos e outras pessoas letradas a serviço dos “Eles” dirão que, devido à herança maldita dos portugueses, o Brasil, passados quinhentos anos, é, ainda, refém do assistencialismo e do clientelismo.
E quanto ao cidadão que diariamente é alvejado nos morros pela polícia, porque a política de segurança é sempre tratá-lo como suspeito, cujo ato de resistência imperdoável é a cor da pele e os sulcos escavados na face deformada pela miséria, entenderá, algum dia, que medidas reparadoras de verdade são somente aquelas capazes de proporcionar a emancipação do indivíduo ou de uma classe, pois, privilégios são distintos de prerrogativas? E que quando se diz que todos são iguais perante a lei, quer-se, todavia, ao mesmo tempo, afirmar que a Lei não é igual perante todos, porque alguns são mais iguais que os outros?
Por essas e outras, “Os Eles”, regalam-se na impunidade e dormem tranquilos. Pois, pelas frágeis políticas públicas de promoção e igualdade social, acreditam suprir as carências de uma sub-raça, formada de índios, negros e brancos sujos, já condenados pelo nascimento, e forjados pelo trabalho duro para o fracasso, por serem totalmente insignificantes perante o Estado, que sempre demonstrou, cabalmente, nutrir um profundo desprezo pelo povo.
Então, como dizia George Bernard Shaw: “A escravatura humana atingiu seu ponto culminante na nossa época sob a forma do trabalho livremente assalariado”. Por isso, ouçamos o que diz um bom samaritano: “onde há escravos, há açoite; onde há açoite, há ódio; onde há ódio, é fácil haver vingança e crimes”. E, como sabemos, hoje, “A favela é a nova senzala”. EU É QUE NÃO ACREDITO MAIS NOS “ELES”! E VOCÊ?
Adão Lima de Souza
E APOIS! – DE PETROLINA A PASADENA: A PANTOMIMA É A MESMA.
OS “ELES” QUEREM NOS FAZER CRER que supostos esquemas de fraude e desvio de verbas públicas possam se dá á revelia do Chefe do Executivo, devido, apenas a ação inescrupulosa de subordinados desavisados. É o caso da Petrobras e do são João de Petrolina, em que ministros e secretários agindo com desenvoltura e decisão própria fecharam acordos financeiros que ocasionaram enormes prejuízos ao erário público em total desconhecimento do então presidente da república e do agora prefeito desta cidade.
Diferentemente, porém, dá-se, com as empresas privadas, onde os patrões, lidando com patrimônio próprio, exigem de seus subordinados a devida justificação por qualquer real que se gaste, já que cada atitude de qualquer funcionário sempre deve ser referendada por um chefe hierarquicamente superior, sob pena de total bancarrota. Entretanto, quando se trata de negócio público sempre é possível determinar um bode expiatório ou boi de piranha como melhor aprouver à imaculada moral de nossos administradores públicos. E, assim sendo, em virtude de fiscalização inerte ou inexistente, permanecem os reais culpados impunes.
Diante disso, ouvir de uma pessoa leiga: “Se um chefe não tem conhecimento de como sua empresa é conduzida por seus subordinados, podendo qualquer um depredar as finanças da empresa, gastando como bem quer o dinheiro arrecadado, então insistir na escolha de Administradores Públicos é condenar as cidades e a nação á falência previsível e inevitável”. Os doutores em Gestão Pública e outras pessoas letradas a serviço dos “Eles” dirão que, pela conjuntura política, devida a necessidade de cargos de confiança, ao gestor não se pode imputar responsabilidade objetiva.
E quanto ao cidadão carente de boa prestação de serviços essenciais, embrutecendo nas escolas e morrendo á míngua em hospitais públicos, entenderá, algum dia, que tais condutas são tão corriqueiras que, ao tentar se explicar, o prefeito ou o presidente da república está autorizado a recorrer, a título de desculpas, sempre as mesmas acusações infundadas contra adversários ou contra subalternos? E que, quando se fala em tomar as medidas cabíveis, instaurando processo administrativo para apurar as irregularidades e punir os responsáveis, quer-se, ao mesmo tempo, dizer que nada será investigado e nem ninguém será punido?
Por essas e outras, é que, no Brasil, todo político quer ser prefeito ou presidente da república, já que no caso de gestão temerária e nociva ao erário, afasta-se o personalismo para dá lugar a generosidade do contribuinte em financiar aventuras egoístas, pois o erro nunca é do chefe do executivo e, sim, de algum secretário ou ministro mal intencionado que, vendido à oposição, resolve prejudicar o probo gestor. E, assim, “Os Eles” mantém o “status Quo” pelo desprezo ao bem comum, enquanto se refestela com a condescendência de outras autoridades.
Então, como dizia o sábio Jesus Cristo: “Dizei-me com quem tu andas e eu direi quem tu és”. No entanto, como impedir que Judas caminhe conosco se a porta larga da corrupção se oferece para todos? Ademais, ressalte-se que “quando os homens são puros, as leis são desnecessárias; quando são corruptos, as leis são inúteis”. Por fim, observa Luís Fernando Veríssimo quão estranho é o Brasil: país de corruptos sem corruptores. EU É QUE NÃO ACREDITO MAIS NOS “ELES”. E VOCÊ?
Por: Adão Lima de Souza.
E APOIS! – ELEIÇÕES: REFORMAR AS LEIS OU OS COSTUMES?
OS “ELES” QUEREM NOS FAZER CRER que uma reforma eleitoral engendrada por quem se beneficia das mazelas de um processo orquestrado para manter quem já estar no poder seria eficaz para estancar a sangria desatada da corrupção política no Brasil. É o caso dos projetos apresentados no Congresso Nacional e da recente decisão do Supremo Tribunal Federal de proibir o financiamento de campanhas por empresas privadas, que corrobora, apenas, para oficializar o chamado caixa dois, tese de defesa dos mensaleiros.
No entanto, indiferente a toda essa manobra legislativa está o eleitor, difusor natural das práticas de corrupção eleitoral no país, por alimentar a crença de que se todos são ladrões, estando também ele no poder, não declinaria do seu direito de enriquecimento ilícito à custa do erário público já que, pela leniência do brasileiro, ser desonesto é a nossa cultura e nunca vai mudar. Enquanto isso, num altruísmo invejável, elege e reelege os mesmos sacripantas que desde outrora saqueiam os cofres públicos, numa orgia interminável com o dinheiro do contribuinte.
Diante disso, ouvir de uma pessoa leiga: “Se o eleitor acredita que qualquer um que chegue ao poder roubará igual ou muito mais do que os que lá estão, porque pressupõe que seja a mesquinhez, o egoísmo e a corrupção da índole do brasileiro, então votar em quem já se sabe mesquinho, egoísta e corrupto não é um exercício de cidadania, e sim, manifestação inolvidável de cumplicidade criminosa com quem, ao desviar verbas da saúde, condena à morte milhares de seres humanos pobres que nem ele”. Os Cientistas Políticos e outras pessoas letradas a serviço dos “Eles” dirão que, pelo sufrágio universal, um povo livre impõe a sua vontade soberana, elegendo aqueles que representam seus verdadeiros anseios.
E quanto ao eleitor que exerce com fervor e assiduidade o seu direito de votar, não atentando para a conduta de quem, amavelmente, conquista sua confiança, e, findada a contagem de votos o trai na primeira oportunidade, entenderá, algum dia, que a ação política de quem mereceu seu voto é a mais fiel manifestação da conduta dos que o elegeram? E que, quando se fala em amadurecimento da democracia pelo exercício do escrutínio, quer-se, ao mesmo tempo, reafirmar que o grau de honradez do eleito é diretamente proporcional a do votante, pois democracia é, antes de tudo, um exercício de deveres e não o gozo de privilégios?
Por essas e outras, é que “Os Eles” sempre sacam de suas cartolas imponentes um novo estratagema de ludibriar o eleitor já combalido por sua pusilanimidade espiritual, calcada na crença estúpida de que seu voto de nada serve contra os elegantes e espirituosos ladrões de impecável gestualidade nobre e cavalheirismo exacerbado. E desse modo, resta confirmada a tese de “total insignificância do cidadão perante o Estado”, secretamente defendida por quem ainda não é “Os Eles”.
Então, como se diz por aí “que voto não tem preço, mas sim, consequências”, sigamos nossa odisseia de escolhas inescrupulosas e, quem sabe, um dia, talvez, compreendamos as palavras do Bruxo do Cosme Velho que dizia na sua teoria do medalhão: “antes de mudar as leis, reformemos os costumes” Eu é que não acredito mais nos “ELES”. E VOCÊ?
Por: Adão Lima de Souza
E APOIS! – FACAPE: SEM FINALIDADE LUCRATIVA OU CAÇA-NÍQUEL?
OS “ELES” QUEREM NOS FAZER CRER que só porque a Instituição de Ensino Superior recebeu outorga da Constituição para cobrar taxa, em montante necessário para manutenção dos serviços educacionais prestados, os dirigentes podem instituir ou reajustar as mensalidade de acordo com a conveniência e oportunidade ditada por eles. É o caso da FACAPE, onde a atual gestão, ávida por abarrotar os cofres da Autarquia, vem continuadamente majorando, abusivamente, os valores já exorbitantes pagos pelo estudante, como se fosse este uma inesgotável fonte de recursos disponíveis, podendo lhe ser imposto qualquer sacrifício financeiro independentemente de justificativa plausível e transparência na aplicação do dinheiro arrecadado de forma voraz e excessiva.
E, apesar da mesma desculpa esfarrapada e da alegação constante da eficiência dessa gestão em equilibrar as finanças da instituição, nenhuma explicação será dada que justifique mais um aumento nas mensalidades, além de se comparar às instituições privadas, onde qualquer aumento de mensalidade é submetido ao mínimo de consenso, uma vez que, em que pese serem movidas pelo lucro, estas escolas-empresas precisam adequar seu preço aos praticados no mercado, para que se tornem competitivas, apesar da alta carga tributária a que estão submetidas. Ao contrário desta autarquia, privilegiada pela isenção tributária e a permissão para cobrar dos alunos taxa módica suficiente para manter a continuidade dos serviços, porém sempre extrapolando na majoração das mensalidades com o intuito inexplicável de satisfazer caprichos, sem sequer haver transparência na execução orçamentária milionária.
Diante disso, ouvir de uma pessoa leiga: “Se no Brasil as instituições públicas são conduzidas como negócio de família, não respondendo o gestor pela a administração temerária, então não há republicanismo algum, e sim, uma oportunidade imperdível de enriquecimento ilícito”. Os que recebem gordas comissões e generosas gratificações e outras pessoas letradas a serviço dos “Eles” dirão que, como o município não tem a obrigatoriedade constitucional de garantir o ensino superior, a autarquia instituída por este ente federativo pode, inescrupulosamente, ser usada como fonte de captação de receita.
E quanto ao jovem que não tem acesso a formação superior porque a instituição mantida pelo seu município, apesar de pública e, por isso, constitucionalmente vedada de cobrar mensalidade, pelo valor da “taxinha” mensal determina que só quem pode estudar nela é quem for rico, uma vez que escola superior é privilégio e não necessidade, entenderá, algum dia, que o fato da Constituição garantir educação gratuita nos estabelecimentos públicos de ensino, não é empecilho para que prefeitos, através dos apadrinhados que comandam estas instituições, se utilizem desse filão do mercado para alavancar a arrecadação municipal com as exorbitantes taxas cobradas de trabalhadores e filhos de trabalhadores que se arriscam nessas universidades sucateadas? E que, quando se fala em rigor da Lei, quer-se, ao mesmo tempo, dizer que a Lei que não vincula as autoridades executoras ao seu cumprimento não passa de protocolo de intenções, porque o lugar da Lei será onde quer que “Os Eles” queiram?
Por essas e outras, é que toda vez que o caixa se esvazia, os gestores correm a fazer reuniões, as véspera de feriados, a fim de aprovarem novos aumentos de mensalidades, sob a alegação de que sem mais dinheiro do estudante a faculdade fecharia, o que significa dizer que havendo o sacrifício espontâneo do aluno em pagar mais torna dispensável qualquer plano de contenção de despesas ou diminuição dos privilégios, a exemplo dos altos salários, gordas comissões e generosas gratificações àqueles bons prestadores de serviços à instituição. É assim que “Os Eles” mantém o “status Quo”. Refestelando-se na benevolência dirigida da Lei.
ENTÃO, como se diz por aí: “O importante da educação não é o conhecimento dos fatos, mas dos valore$”. Logo, considerando que o gestor nunca é responsabilizado pela administração temerária, uma vez que quem peca é a instituição, e já que sempre haverá um contribuinte dadivoso, pronto para paga mais caro pelo mesmo serviço ruim, não seria ingenuidade reconhecer que o grande mal da educação de hoje é sua incapacidade de distinguir conhecimento e sabedoria, pois, ao formar a mente, despreza o caráter e o coração. Desse modo, esperar um por vir significa guardar mais dinheiro para o próximo aumento. EU É QUE NÃO ACREDITO MAIS NOS “ELES”. E VOCÊ?
Por: Adão Lima de Souza
E APOIS! – DITADURA MILITAR: ANISTIA OU IMPUNIDADE?
OS “ELES” QUEREM NOS FAZER CRER que uma lei feita em benefício próprio seja digna o bastante para aplacar as dores das famílias que tiveram seus filhos vítimas das atrocidades dos militares durante a ditadura que envergonha nossa história recente. É o caso da lei de Anistia em que os nobres generais para escaparem da responsabilidade pelos assassinatos cometidos, mediante tortura, contra cidadãos brasileiros forjaram um perdão geral e irrestrito, num flagrante desrespeito às normas de Direito Internacional que protegem a Dignidade Humana e, por isso, determina ser imprescritível o crime de tortura.
Diferentemente, porém, se deu na vizinha Argentina que ao revogar lei igual levou a julgamento as altas patentes das Forças Armadas pelos crimes de lesa-humanidade como um sinal claro de que crimes contra a dignidade humana não são passíveis de prescrição, anistia ou esquecimento por parte da sociedade, se esta quiser permanecer no rol dos países que merecem respeito e admiração internacional. Contudo, as condenações só foram certas devido à mobilização do povo Argentino que, aos berros frente aos tribunais, exigiam como único resultado aceitável a punição dos culpado. Entretanto, para nós brasileiros, é forçoso admitir que a pusilanimidade e a nossa fraqueza de espírito nos impedem os gestos grandiosos como o de nossos hermanos.
Diante disso, ouvir de uma pessoa leiga: “Se é dado a quem comete crimes hediondos o poder de legislar em causa própria, abrandando ou anulando a sua pena, então, não há que se falar em segurança jurídica sem um franzir de testa ou aquele sorriso irônico de canto de boca”. Os inexcedíveis jurisconsultos e outras pessoas letradas a serviço dos “Eles” dirão que a prerrogativa de legalidade da lei independe das circunstâncias políticas que motivaram sua feitura ou de possíveis interesses escusos que se queira legitimar.
E quanto ao delinqüente comum submetido a perseguição, condenação prévia e execução sumária nas faxinas étnicas promovidas pelo Estado através da força policial ou das forças armadas sob a cínica alegação de manutenção e preservação das instituições democráticas, entenderá, algum dia, que o liame que separa o crime comum do crime “dito” político é apenas de cunho subjetivo, uma vez que a prerrogativa do estrato social incide determinantemente na estereotipação do agente criminoso? E que quando se diz que todos são iguais perante a lei, quer-se, todavia, ao menos tempo, dizer que há quem cumpre a lei feita e há aqueles fazem a lei a ser cumprida?
Por essas e outras, que com dois pesos e duas medidas, “Os Eles”, esquivando-se da espada e fazendo a balança da justiça pender para satisfação de seus interesses corruptos, regalam-se na impunidade grassante, demonstrando cabalmente o desprezo pelos cidadãos de segunda classe, cuja insignificância perante o Estado resta justificada pelo aleamento e esquecimento notórios de uma sociedade que se acomoda bem à cumplicidade criminosa.
Então, parafraseando Jorge Videla, um desprezível general argentino condenado à prisão perpétua pelos crimes de lesa-humanidade, notável pelas atrocidades cometidas, passo a passo com os honoráveis generais brasileiros, o governo não pode titubear diante do que é sua obrigação de punir os assassínios do Regime Militar , “começando com os Militares Subversivos, depois com os Simpatizantes e, por último, com todos os Tímidos”, para que não pese sobre a índole do povo brasileiro mais esta covardia. EU É QUE NÃO ACREDITO MAIS NOS “ELES”.
Por: Adão Lima de Souza
E APOIS! – QUADRILHA: TRÊS POBRES OU QUARENTA RICOS?
OS “ELES” QUEREM NOS FAZER CRER que quarenta homens atuando juntos num tenebroso esquema de corrupção não seja prova inequívoca de formação de quadrilha. É o caso, ainda, do julgamento do mensalão, em que o discurso de autoridade da Suprema Corte se sobrepôs à irrefutabilidade dos fatos, porque, pela redefinição dada, doravante, só quem pode cometer crime de quadrilha é pobre, uma vez que as pessoas afortunadas, ao se associarem para a prática de delitos, não o fazem por meio de quadrilha ou bando, e sim, através de partidos políticos.
Diferentemente disso, dá-se, com o pobre que, tendo a infeliz ideia de se render a torpeza de, em comunhão com dois ou mais comparsas, perpetrar um delito qualquer, inegavelmente responderá pelo crime de quadrilha ou bando, suportando todas as consequências danosas que sua conduta atrair. Não contando, por sua vez, com a grandiloquência dos discursos generosos de autoridades judiciárias estarrecidas ante a impensável audácia daqueles que propugnam pela aplicação indistinta da Lei a quem comete crime.
Diante disso, ouvir de uma pessoa leiga: “Se, em se tratando de pessoas ricas e influentes, termos como ladrão, bandido, delinquente são rechaçados em benefício de outros mais elegantes como improbidade, peculato e cleptomania, então, falam-se duas línguas em nosso Direito: uma que achincalha e castiga severamente o delinquente pobre e outra que salvaguarda da mesma pena ‘as distrações pecaminosas’ dos intocáveis senhores de nossa altruísta república”. Os legalistas e outras pessoas letradas a serviço dos “Eles” dirão que, pelo requisito da abstração, a Lei deve ser aplicada indistintamente a ricos e pobres, sob pena de desmoronamento da segurança jurídica.
E quanto ao dito cidadão comum que, impotente, assiste a expropriação do patrimônio público, por ganância e pelo desejo nefasto de subjugar os menos afortunados, feita por quem tem o dever de protegê-lo, entenderá, algum dia, que no que diz respeito ao Direito Penal, no Brasil, criminoso é somente aquele sobre quem pesa a maldição da miséria ou da cor de sua pele? E que quando se diz que a lei penal não tem destinatário específico, quer-se, todavia, ao mesmo tempo, reafirmar a tese dos “Eles” de que, em casos como o do mensalão, não aplicá-la é preservar a harmonia social?
É por essas e outras que, no Brasil, “Os Eles” sempre se deleitaram na impunidade, pois, independemente de qual crime viessem a cometer, nunca deixaram de contar com a generosidade e leniência de estâncias judiciárias, cuja rotina sempre foi de “arrogância com os pequenos e subserviência com os grandes” para manutenção do status Quo sustentado pelo desprezo ao bem comum e a reconhecida insignificância do cidadão.
ENTÃO, como se diz por aí: “direito tem quem no Direito manda”. E como, irônico, porém sabiamente, dizia o saudoso deputado Sérgio Naya, qualquer dos “Eles” ou do povo sabe que o preço da justiça se acomoda fácil no canhoto de um cheque. EU É QUE NÃO ACREDITO MAIS NOS “ELES”. E VOCÊ?
E APOIS! – MAIS MÉDICOS: MAIS SAÚDE OU MAIS VOTOS?
OS “ELES” QUEREM NOS FAZER CRER que é desarrazoado se opor a programas claramente eleitoreiros como o “Mais Médicos”, pois são medidas inestimáveis para fazer submergir do estado de coma em que se encontra a saúde pública no Brasil. E que tal atitude é própria daqueles que torcem pelo quanto pior melhor, já que não se conformam com os extraordinários avanços ocorridos na última década em áreas prioritárias como educação e saúde, É o caso da postura dos médicos estrangeiros , a exemplo dos cubanos, que submetidos às más condições de trabalho e remuneração , ao fugirem, denunciam o total descaso do governo em relação à saúde, e, por isso, são criminalizados.
E, a fim de manter a aparência do programa tão amplamente alardeado como redentor das mazelas e do descaso da saúde, o governo, a título de medida preventiva , como tem sido pontual em bravatas e paliativos improfícuos, sinaliza, agora, com perseguição policial àqueles que se ausentarem do trabalho por mais de 48 horas, transformando a saúde pública em negócio de polícia, e os médicos cubanos, que só querem viver nos padrões mínimos de conforto que a sociedade brasileira goza, são agora taxados de bandidos dignos dessa perseguição, pretendendo, com isso, assegurar tratamento melhor aos usuários do SUS.
Diante disso, ouvir de uma pessoa leiga: “Se a ausência ao trabalho agora justifica perseguição policial, então, talvez fosse mais eficiente à vigilância obrigar logo os médicos cubanos a usarem tornozeleiras eletrônicas, deixando claro que a distância entre médico e bandido é somente a nacionalidade”. Os humanistas de plantão e outras pessoas letradas a serviço dos “Eles” dirão que, sendo bem mais relevante o cuidado com a saúde da população, relativizar o direito á liberdade de alguns cubanos é menos prejudicial e atende a ponderação dos princípios constitucionais, quando em rota de colisão.
E quanto ao cidadão relegado ao descaso completo pelas autoridades , padecendo em macas sujas, espalhadas pelos corredores de hospitais sucateados porque o dinheiro da saúde se esvai pelo esgoto imundo da corrupção, entenderá, ele, algum dia, que por serem pobres e numerosos, qualquer do povo que morra à míngua por falta de atendimento médico é importante apenas enquanto número frio para as estatísticas oficiais? E que, quando se diz que saúde é garantia constitucional , quer-se, ao mesmo tempo, afirmar que o fato de ser direito assegurado em lei não significa, exatamente, que deva ser cumprido, pois existem leis e leis?
Por essas e outras, é que até hoje nenhum projeto sério foi apresentado para sanear as mazelas da saúde pública, como mudar as diretrizes curriculares das universidades de medicina, priorizando pessoas em vez de mercado e lucro, e, expandir as vagas pelos distantes rincões desse imenso país. Ao contrário disso, “Os Eles”, sempre conseguem aprovar propostas mirabolantes para área da saúde, em que se gastam somas vultosas de dinheiro e tudo permanece igualzinho ao que era, sem médicos, sem remédios, sem leitos, sem higiene, mas, com falsos administradores nomeados para receberem salários astronômicos devido a íntima ligação com os intocáveis senhores da “Res publica”.
ENTÃO, como se diz por aí: “Não é sinal de saúde estar bem adaptado a uma sociedade doente” Contudo, como dizia Albert Schweitzer, felicidade é nada mais que boa saúde e memória ruim. E, para arrematar, o que nos conforta é aquela sentença acolhedora escrita na entrada de alguns cemitérios pelo interior do Brasil: “Nós que aqui estamos, por vós esperamos”. EU É QUE NÃO ACREDITO MAIS NOS “ELES”. E VOCÊ?