Arquivos da Seção: Cotidiano

Pronunciamento do ministro Luís Roberto Barroso.

I. Introdução

1. A propósito dos eventos e pronunciamentos do último dia 7 de setembro, o Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Luiz Fux, já se manifestou com relação aos ataques àquele Tribunal, seus Ministros e às instituições, com o vigor que se impunha.

2. A mim, como Presidente do Tribunal Superior Eleitoral cabe apenas rebater o que se disse de inverídico em relação à Justiça Eleitoral. Faço isso em nome dos milhares de juízes e servidores que servem ao Brasil com patriotismo – não o da retórica de palanque, mas o do trabalho duro e dedicado –, e que não devem ficar indefesos diante da linguagem abusiva e da mentira.

3. Já começa a ficar cansativo, no Brasil, ter que repetidamente desmentir falsidades, para que não sejamos dominados pela pós-verdade, pelos fatos alternativos, para que a repetição da mentira não crie a impressão de que ela se tornou verdade. É muito triste o ponto a que chegamos.

Þ Antes de responder objetivamente a tudo o que precisa ser respondido, faço uma breve reflexão sobre o mundo em que estamos vivendo e as provações pelas quais têm passado as democracias contemporâneas. É preciso entender o que está acontecendo para resistir adequadamente.

II. A Recessão Democrática no Mundo

1. A democracia vive um momento delicado em diferentes partes do mundo, em um processo que tem sido batizado como recessão democrática, retrocesso democrático, constitucionalismo abusivo, democracias iliberais ou legalismo autocrático. Os exemplos foram se acumulando ao longo dos anos: Hungria, Polônia, Turquia, Rússia, Geórgia, Ucrânia, Filipinas, Venezuela, Nicarágua e El Salvador, entre outros. É nesse clube que muitos gostariam que nós entrássemos.

2. Em todos esses casos, a erosão da democracia não se deu por golpe de Estado, sob as armas de algum general e seus comandados. Nos exemplos acima, o processo de subversão democrática se deu pelas mãos de presidentes e primeiros-ministros devidamente eleitos pelo voto popular. Em seguida, paulatinamente, vêm as medidas que desconstroem os pilares da democracia e pavimentam o caminho para o autoritarismo.

III. Três fenômenos distintos

1. Há três fenômenos distintos em curso em países diversos: a) o populismo; b) o extremismo e c) o autoritarismo. Eles não se confundem entre si, mas quando se manifestam simultaneamente – o que tem sido frequente – trazem graves problemas para a democracia.

2. O populismo tem lugar quando líderes carismáticos manipulam as necessidades e os medos da população, apresentando-se como anti-establishment, diferentes “de tudo o que está aí” e prometendo soluções simples e erradas, que frequentemente cobram um preço alto no futuro.

3. Quando o fracasso inevitável bate à porta – porque esse é o destino do populismo –, é preciso encontrar culpados, bodes expiatórios. O populismo vive de arrumar inimigos para justificar o seu fiasco. Pode ser o comunismo, a imprensa ou os tribunais.https://af39ba6382ea8a93018518045fe89f3a.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

4. As estratégias mais comuns são conhecidas:

a) uso das mídias sociais, estabelecendo uma comunicação direta com as massas, para procurar inflamá-las;

b) a desvalorização ou cooptação das instituições de mediação da vontade popular, como o Legislativo, a imprensa e as entidades da sociedade civil; e

c) ataque às supremas cortes, que têm o papel de, em nome da Constituição, limitar e controlar o poder.

5. O extremismo se manifesta pela intolerância, agressividade e ataque a instituições e pessoas. É a não aceitação do outro, o esforço para desqualificar ou destruir os que pensam diferente. Cultiva-se o conflito do nós contra eles. O extremismo tem se valido de campanhas de ódio, desinformação, meias verdades e teorias conspiratórias, que visam enfraquecer os fundamentos da democracia representativa. Manifestação emblemática dessa disfunção foi a invasão do Capitólio, nos Estados Unidos, após a derrota de Donald Trump nas eleições presidenciais. Por aqui, não faltou quem pregasse invadir o Congresso e o Supremo.

6. O autoritarismo, por sua vez, é um fenômeno que sempre assombrou diferentes continentes – América Latina, Ásia, África e mesmo partes da Europa –, sendo permanente tentação daqueles que chegam ao poder.

7. Em democracias recentes, parte das novas gerações já não tem na memória o registro dos desmandos das ditaduras, com seu cortejo de intolerância, violência e perseguições. Por isso mesmo, são presas mais fáceis dos discursos autoritários.

8. Uma das estratégias do autoritarismo, dos que anseiam a ditadura, é criar um ambiente de mentiras, no qual as pessoas já não divergem apenas quanto às suas opiniões, mas também quanto aos próprios fatos. Pós-verdade e fatos alternativos são palavras que ingressaram no vocabulário contemporâneo e identificam essa distopia em que muitos países estão vivendo.

9. Uma das manifestações do autoritarismo pelo mundo afora é a tentativa de desacreditar o processo eleitoral para, em caso de derrota, poder alegar fraude e deslegitimar o vencedor.https://af39ba6382ea8a93018518045fe89f3a.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

10. Visto o cenário mundial, falo brevemente sobre o Brasil e os ataques sofridos pela Justiça Eleitoral.

IV. Referências ao TSE e ao processo eleitoral

1. No tom, com o vocabulário e a sintaxe que é capaz de manejar, o Presidente da República fez os seguintes comentários que dizem respeito à Justiça Eleitoral e que passo a responder.

I. “A alma da democracia é o voto”.

1. De fato, o voto é elemento essencial da democracia representativa.

2. Outro elemento igualmente fundamental é o debate público permanente e de qualidade, que permite que todos os cidadãos recebam informações corretas, formem sua opinião e apresentem seus argumentos.

3. Quando esse debate é contaminado por discursos de ódio, campanhas de desinformação e teorias conspiratórias infundadas, a democracia é aviltada.

Þ O slogan para o momento brasileiro, ao contrário do propalado, parece ser: “Conhecerás a mentira e a mentira te aprisionará”.

II. “Não podemos admitir um sistema eleitoral que não fornece qualquer segurança”

1. As urnas eletrônicas brasileiras são totalmente seguras. Em primeiro lugar, elas não entram em rede e não são passíveis de acesso remoto. Podem tentar invadir os computadores do TSE (e obter alguns dados cadastrais irrelevantes), podem fazer ataques de negação de serviço aos nossos sistemas, nada disso é capaz de comprometer o resultado da eleição. A própria urna é que imprime os resultados e os divulga.

2. Os programas que processam as eleições têm o seu código fonte aberto à inspeção de todos os partidos, da Polícia Federal, do Ministério Público e da OAB um ano antes das eleições. Estará à disposição dessas entidades a partir de 4 de outubro próximo. Inúmeros observadores internacionais examinaram o sistema com seus técnicos e atestaram a sua integridade.

3. Ainda hoje, daqui a pouco, anunciarei os integrantes da Comissão de Transparência das Eleições, que vão acompanhar cada passo do processo eleitoral. Nunca se documentou qualquer episódio de fraude.https://af39ba6382ea8a93018518045fe89f3a.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

Þ O sistema é certamente inseguro para quem acha que o único resultado possível é a própria vitória. Como já disse antes, para maus perdedores não há remédio na farmacologia jurídica.

III. “Nós queremos eleições limpas, democráticas, com voto auditável e contagem pública de votos”

1. As eleições brasileiras são totalmente limpas, democráticas e auditáveis. Eu não vou repetir uma vez mais que nunca se documentou fraude, que por esse sistema foram eleitos FHC, Lula, Dilma e Bolsonaro e que há 10 (dez) camadas de auditoria no sistema.

2. Agora: contagem pública manual de votos é como abandonar o computador e regredir, não à máquina de escrever, mas à caneta tinteiro. Seria um retorno ao tempo da fraude e da manipulação. Se tentam invadir o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal, imagine-se o que não fariam com as seções eleitorais!

3. As eleições brasileiras são limpas, democráticas e auditáveis. Nessa vida, porém, o que existe está nos olhos do que vê.

IV. “Não podemos ter eleições onde (sic) pairem dúvidas sobre os eleitores”

1. Depois de quase três anos de campanha diuturna e insidiosa contra as urnas eletrônicas, por parte de ninguém menos do que o Presidente da República, uma minoria de eleitores passou a ter dúvida sobre a segurança do processo eleitoral. Dúvida criada artificialmente por uma máquina governamental de propaganda. Assim que pararem de circular as mentiras, as dúvidas se dissiparão.

V. “Não posso participar de uma farsa como essa patrocinada pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral”

1. O Presidente da República repetiu, incessantemente, que teria havido fraude na eleição na qual se elegeu. Disse eu, então, à época, que ele tinha o dever moral de apresentar as provas. Não apresentou.

2. Continuou a repetir a acusação falsa e prometeu apresentar as provas. Após uma live que deverá figurar em qualquer futura antologia de eventos bizarros, foi intimado pelo TSE para cumprir o dever jurídico de apresentar as provas, se as tivesse. Não apresentou.

3. É tudo retórica vazia. Hoje em dia, salvo os fanáticos (que são cegos pelo radicalismo) e os mercenários (que são cegos pela monetização da mentira), todas as pessoas de bem sabem que não houve fraude e quem é o farsante nessa história.

VI. “Não é uma pessoa no Tribunal Superior Eleitoral que vai nos dizer que esse processo é seguro e confiável”.

1. Não sou eu que digo isso. Todos os ex-Presidentes do TSE no pós-88 – 15 Ministros e ex-Ministros do STF – atestam isso. Mas, na verdade, quem decidiu que não haveria voto impresso foi o Congresso Nacional, não foi o TSE.

2. A esse propósito, eu compareci à Câmara dos Deputados após três convites: da autora da proposta, do Presidente da Comissão Especial e um convite pessoal do Presidente daquela Casa. Não fiz ativismo legislativo. Fui insistentemente convidado.

3. Lá expus as razões do TSE. Não tenho verbas, não tenho tropas, não troco votos. Só trabalho com a verdade e a boa fé. São forças poderosas. São as grandes forças do universo. A verdade realmente liberta. Mas só àqueles que a praticam.

4. Foi o Congresso Nacional – não o TSE – que recusou o voto impresso. E fez muito bem. O Presidente da Câmara afirmou que após a votação da Proposta, o assunto estaria encerrado. Cumpriu a palavra. O Presidente do Senado afirmou que após a votação da Proposta, o assunto estaria encerrado. Cumpriu a palavra. O Presidente da República, como ontem lembrou o Presidente da Câmara, afirmou que após a votação da proposta o assunto estaria encerrado. Não cumpriu a palavra.

5. Seja como for, é uma covardia atacar a Justiça Eleitoral por falta de coragem de atacar o Congresso Nacional, que é quem decide a matéria.

VII. Conclusão

1. Insulto não é argumento. Ofensa não é coragem. A incivilidade é uma derrota do espírito. A falta de compostura nos envergonha perante o mundo. A marca Brasil sofre, nesse momento, uma desvalorização global. Somos vítimas de chacota e de desprezo mundial.https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

2. Um desprestígio maior do que a inflação, do que o desemprego, do que a queda de renda, do que a alta do dólar, do que a queda da bolsa, do que o desmatamento da Amazônia, do que o número de mortos pela pandemia, do que a fuga de cérebros e de investimentos. Mas, pior que tudo, nos diminui perante nós mesmos. Não podemos permitir a destruição das instituições para encobrir o fracasso econômico, social e moral que estamos vivendo.

3. A democracia tem lugar para conservadores, liberais e progressistas. O que nos une na diferença é o respeito à Constituição, aos valores comuns que compartilhamos e que estão nela inscritos. A democracia só não tem lugar para quem pretenda destruí-la.

Þ Com a bênção de Deus – o Deus do bem, do amor e do respeito ao próximo – e a proteção das instituições, um Presidente eleito democraticamente pelo voto popular tomará posse no dia 1º de janeiro de 2023.

MOVA RUA: BASQUETE COMUNITÁRIO

CONFERÊNCIA: CORRUPÇÃO, COMPLIANCE E ATUAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO

Está aberto o período de pré-inscrição para a Conferência “Corrupção, Compliance e Atuação do Poder Judiciário”, previsto para ocorrer no dia 10 de Junho, a partir das 19 horas, no formato virtual.

O evento está sendo organizado pelo Colegiado Acadêmico do Curso de Direito, da Faculdade de Petrolina (FACAPE) e o Programa Escola Verde.

A inscrição é gratuita e haverá emissão de certificado com carga horária de 3 horas; mediante assinatura da lista de presença que será repassada durante o evento.

De acordo com o prof Celso Franca, um dos organizadores do evento, “será um espaço importante para se debater assuntos tão atuais e relevantes para a sociedade”.

PROGRAMAÇÃO

A Conferência terá inicio com a palestra especial da ex-ministra do STJ, jurista e advogada, Eliana Calmon, as 19hs.

Em seguida, haverá debate com a participação dos ilustres convidados, Ivan Galvão, Procurador do Estado de Pernambuco; Vinicius Cardona Franca, Procurador do Estado da Bahia; e Leandro Bastos Nunes, Procurador da República.

PRÉ-INSCRIÇÃO

A pré-inscrição segue aberta até o dia 09/06, através do formulário eletrônico:
https://forms.gle/PQ2yzwphmB24GWGm9

A transmissão será através do Canal do Curso de Direito no YouTube.
link de acesso:
https://youtu.be/9XdwhfIIAyA

Brasil chega a 400 mil mortos por Covid 19 com inépcia do governo federal

Com o desprezo do governo federal e da população pelos riscos da Covid-19, passando pela insistência do presidente em investir em remédios sem eficácia contra a doença até a demora na compra de vacinas, entre outros tropeços, o Brasil ultrapassou nesta quinta-feira (29) a marca de 400 mil mortes provocadas pelo coronavírus, 14 meses após a detecção da doença no Brasil e apenas 37 dias depois de registrar 300 mil óbitos.

Às 12h41 desta quinta, o consórcio de veículos de imprensa formado por Folha, O Estado de S. Paulo, O Globo, G1, Extra e UOL registrava 400.021 mortes no país, com mais de 14,5 milhões de casos desde fevereiro de 2020. É o segundo maior saldo absoluto de mortos no mundo, superado apenas pelos mais populosos Estados Unidos (574 mil), onde a epidemia já dá sinais de declínio.

Sob a premência dos números e com a pressão de uma CPI para investigar sua gestão da pandemia, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem sido aconselhado a atenuar seu discurso a respeito da maior crise sanitária em cem anos.

Enquanto cruzavam as marcas de 100 mil cadáveres (em 8 de agosto de 2020), 200 mil (em 7 de janeiro deste ano) e de 300 mil (em 24 de março), os brasileiros ouviam da maior autoridade do país que o Sars-Cov-2 é uma “fantasia da grande mídia”, uma “gripezinha” e um “mimimi”.

As frases de Bolsonaro coincidem com a escalada de mortes, e, com as falhas de gestão em todos os níveis e o fatalismo de parte da população, ajudam a explicar por que o Brasil virou preocupação mundial na pandemia.

A pequena inflexão no discurso presidencial, simbolizada pelo uso esporádico em público da máscara de proteção que tanto criticava e pela ênfase na vacinação ainda podem estancar o agravamento da crise, mas não são suficientes, a essa altura, para reverter o quadro nem apagar um saldo de mortos que supera, por exemplo, o total das baixas de soldados britânicos na Segunda Guerra Mundial.

Colapsos simultâneos dos sistemas de saúde pelo país já ocorrem, com falta de insumos que vão de oxigênio a medicação para intubação. Acelerar a vacinação, com as encomendas de vacinas tardiamente fechadas e as entregas frequentemente atrasadas, ainda não é uma realidade.Apenas recentemente Bolsonaro passou a trabalhar pela imunização dos brasileiros.”Estamos fazendo e vamos fazer de 2021 o ano da vacinação dos brasileiros. Somos incansáveis na luta contra o coronavírus”, disse em pronunciamento em rede nacional no fim de março. Nem sempre foi assim.Com a Coronavac, vacina que vem garantindo a imunização dos brasileiros, o presidente colocou em dúvida a eficácia da droga por sua origem chinesa (algo que o ministro Paulo Guedes ecoou nesta semana) e travou guerra com o governador João Doria (PSDB), seu ex-aliado de palanque que adquiriu o produto.

Pandemia: Projeto Escola Verde distribuirá máscaras de proteção.

Projeto Escola Verde, desenvolvido por várias Instituições de Ensino Superior da região do Vale do São Francisco, em parceria com o MEC, está confeccionando máscaras de proteção contra o Coronavirus, tanto de tecido como de acetato tipo face shield, para doação às instituições de saúde, como Hospital Universitário, postos de saúde e Ubs’s, além da população em vulnerabilidade social tanto de Petrolina quanto de Juazeiro. No próximo dia 30 , sexta- feira, o Projeto Escola Verde irá destinar mais de 3.000 máscaras de acetato e 200 de tecido para as instituições de saúde e comunidades carentes da região. As máscaras são confeccionadas pelos estudantes da Univasf e outras instituições de Ensino, voluntários do Projeto. Além máscaras o projeto também está realizando a Campanha Vale Solidário que visa arrecadação de alimentos não perecíveis e produtos de higiene e limpeza, para as famílias que se encontram em situação de vulnerabilidade. As doações podem ser feitas nos campi da Univasf de Petrolina ou Juazeiro.
As doações serão recebidas pela portaria. Desde já agradecemos o empenho da comunidade do Vale do São Francisco. Este trabalho estará sendo realizado até que a população esteja segura do atual momento crítico pelo qual estamos passando.

Coordenadores do Projeto Escola Verde:
Prof.Paulo Ramos – Univasf.

Prof. Celso Franca – Facape.

JOÃO CABRAL, RETRATOS EM BRANCO E PRETO

Sempre evitei falar de mim,

falar-me. Quis falar de coisas.

Mas na seleção dessas coisas

não haverá um falar de mim?

Em A fotobiografia de João Cabral de Melo Neto, ao nos defrontarmos com as coisas que o cercavam, descobrimos rastros do poeta, que muitas vezes dizem mais sobre ele que seus próprios versos, como sintetiza sua imagem mais desnuda no poema Dúvidas apócrifas de Marianne Moore.

Em resposta a Lira, Guedes diz que Congresso precisa aprovar ‘protocolo’ para garantir novo auxílio

BRASÍLIA – Cobrado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), a apresentar uma solução para uma nova rodada de auxílio emergencial, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o “protocolo” para dar segurança jurídica para a retomada do benefício está pronto, mas que é preciso o Congresso aprovar.

“[O presidente da Câmara dos Deputados] Arthur Lira fez hoje uma convocação por solução, posso entregar hoje se ele quiser. A solução para o auxílio é uma PEC de guerra embutida no pacto federativo”, afirmou durante evento da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA).

A “solução”, segundo o ministro, é votar uma proposta de emenda à Constituição (PEC) “de guerra”, que permita ao governo ampliar os gastos sem as amarras de regras fiscais. Para facilitar a tramitação, essa “cláusula da calamidade” pode ser incluída em uma PEC que já está tramitando no Congresso, a do pacto federativo. “Se vier auxílio emergencial sem escudo fiscal, inflação e juros sobem”, disse Guedes. Segundo ele, a “PEC de guerra” é uma demonstração de “não somos uma geração de oportunistas e covardes”.

Mais cedo, na primeira cobrança pública à equipe econômica, o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), disse que, com a indefinição sobre uma nova rodada do auxílio emergencial, a situação dos afetados com o agravamento da pandemia da covid-19 “está ficando crítica”. “Urge que o ministro Guedes nos dê com sensibilidade do governo uma alternativa viável, dentro dos parâmetros da economia como ele pensa e como a sociedade deseja, a situação está ficando crítica na população e precisamos encontrar uma alternativa”, disse Lira.

Ele reclamou que o Ministério da Economia até o momento não enviou nenhuma proposta para a retomada do auxílio ao Congresso. “Tudo dentro ainda de conversas que deveremos ter. Nada ainda foi encaminhado praticamente”, disse. “Temos urgente que tratar desses assuntos com a sensibilidade que o caso requer.”

Trata-se do primeiro embate entre Lira, recém empossado, e Guedes. O ministro da Economia torceu pela vitória de Lira como forma de melhorar sua relação com o Congresso, já que ele não tinha sintonia com o ex-presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ).

O auxílio emergencial foi pago a desempregados, beneficiários do Bolsa Família e trabalhadores informais em 2020. Foram cinco parcelas de R$ 600 e quatro de R$ 300. Com o agravamento da pandemia, aumentou a pressão para que o governo retome o benefício.

A equipe econômica quer atrelar uma nova rodada do auxílio a medidas de cortes de gastos, mesmo que sejam com efeitos no médio prazo. Além disso, Guedes vem repetindo que precisa de uma segurança jurídica para bancar a retomada do auxílio. Isso porque, em 2020, foi aprovado o orçamento de guerra, que, na prática, permitiu que houvesse uma ampliação dos gastos sem as “amarras” das regras fiscais. Neste ano, porém, não há calamidade pública e todas as normas estão em vigor. Descumpri-las pode fazer com o que o governo seja alvo de crime de responsabilidade.

“Tem que ser feito dentro de protocolos, ou corremos risco de descontrole completo. Se isso se estender no tempo sem contrapartidas, estamos incendiando finanças públicas”, disse Guedes.

O ministro quis demonstrar “sintonia” com o novo comando do Congresso. Segundo ele, há um acordo para que os trabalhos para garantir o respaldo à nova rodada ocorra nos próximos 15 dias, mesmo durante o Carnaval, e que o benefício saia em 20 dias. “Não podemos ter de novo ministro brigando com presidente da Câmara e governadores avançando sobre recursos da União”.

Fonte: https://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil/em-resposta-a-lira-guedes-diz-que-congresso-precisa-aprovar-protocolo-para-garantir-novo-aux%c3%adlio/ar-BB1dC0AR?ocid=mailsignout&li=AAggXC1

O Racismo à brasileira

Você já imaginou o que é ser negro? Qual a situação do negro aqui no Brasil? Porque a sociedade discrimina as pessoas de cor preta?

O racismo é um problema mundial, mas geralmente aqui em nosso País, é tratado como se não existisse. Esse faz de conta deixa-nos bastante cômodos, e camufla uma situação de fato no nosso dia a dia, em ocasiões corriqueiras e conversas informais, piadinhas que veiculam imagens estereotipadas que inferiorizam o negro. Bem, depois das piadas serem contadas e certamente provocarem risos, há que dê um aperto e mão ou um tapinhas nas costas de um colega de cor preta e diga: “é brincadeira, apesar de negro, você é nosso amigo”.

A outra forma é o subterfúgio, espécie de artimanha de isenção de responsabilidade social, no qual as pessoas atribui ao negro a culpa pela sua situação, pelo seu “destino”. Assim, ao invés de vítima, passa a ser o algoz de si mesmo, e de agredido ele passa a ser o agressor. Essa burla dos fatos pode ser exemplificada em frases como “É o negro que discrimina!”; “O negro é que é racista!”; “O negro é pobre porque quer!”.

O Mito da Democracia Racial

No que diz respeito somente aos negros, no Brasil há um mito que impede que muitos deles se identifiquem propriamente como pessoas negras e partam, juntamente com outras pessoas comprometidas com sua causa, para ação política. É o mito da democracia racial, eficaz por negar que exista conflito entre negros e brancos. No nosso entendimento, o conflito racial existe, sutil, velado, não declarado.

A sociedade resiste em livrar-se de seus mitos porque é difícil encarar a realidade. Quando se torna impossível sustentar a tensão entre o real e o imaginário, entre o objetivo e o subjetivo, são buscadas medidas paliativas que pouco resolve. No nosso caso, a realidade é a existência do racismo; o imaginário é a negativa de que este exista.
O fato de nesse pequeno ensaio estarmos discutindo essa questão interna, mas o racismo no mundo é endêmico. Vários estudos apontam a etnocentria como fator preponderante, entre outros. No caso dos movimentos e protestos atuais nos Estados Unidos, em que pese o assassinato do negro George Floyd, nos remete às correntes de pensamentos ou sentimentos que à medida que circulam socialmente fazem eclodir generalizados movimentos de protesto.

Claro que em momento de pandemia as emoções se exacerbam diante do imprevisto e das temeridades. A tendência é que os protestos atuais venham a ser substituídos por outros temas de protestos, conforme a pauta de cada época. Uma mudança substancial dos atuais protestos poderia surgir se provocasse uma nova legislação ou um novo pacto de lideranças comprometidas com mudanças estruturais no seio das sociedades. Tem sido muito difícil construir novos pactos em decorrência apenas de protestos. A esperança é que surja algum estadista que crie um fato novo para melhor entendimento de processos étnicos e culturais.

Bem! A pergunta que deixo aqui é: o que estamos deixando para as próximas gerações?

Por Celso Franca, Doutor em Educação pela Facultad Interamericana de Ciencias Sociales; Mestre em Sociologia (UFPE); Especialização em Gestão de Negócios Internacionais (FGV); Graduado em Ciências Sociais (UNIFACS); Prof. da FACAPE; Vice – Coordenador do Projeto Escola Verde – PEV.

Trump também tem seu Mandetta

Principal epidemiologista dos EUA, Anthony Fauci frequentemente diverge do presidente, corrigindo-o publicamente sobre as diretrizes da pandemia do coronavírus, e e ganha apoios dos americanos.

Invariavelmente as entrevistas diárias da Força-Tarefa do Coronavírus acabam em embate entre o presidente Donald Trump e Anthony Fauci — o respeitado diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas e principal especialista do assunto na Casa Branca. Ambos divergem publicamente sobre o modus operandi de enfrentar a pandemia, o pior pesadelo do presidente americano em ano eleitoral.

Aos 79 anos, com credenciais asseguradas pelo trabalho com seis presidentes americanos, Fauci sempre leva a melhor. Nos últimos dias, a hidroxicloroquina, se colocou entre os dois. O presidente insiste em introduzir o medicamento contra a malária no tratamento da Covid-19, apesar de não ter eficácia comprovada. Como médico, Fauci resiste e não esconde o desagrado. Está criado mais um impasse público.

Com paciência equivalente à de um monge budista, Fauci frequentemente entra em ação para desmentir o presidente. A cada divergência, especula-se que ele será demitido.

Mas quem ousa? Há 36 anos na Casa Branca, o epidemiologista foi consultor de Ronald Reagan, George Bush (pai), Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama. Tem prática com pandemias e surtos, enfrentou Sars, Mers e Ebola.

O novo coronavírus, que vitimou 10 mil americanos e confinou 97% do país em casa, tornou-se seu maior desafio e, ao mesmo tempo, alçou-o ao posto de celebridade. Não é à toa que recebeu do jornal “The New York Times” o apelido de “explicador em chefe” dos EUA. Dele, espera-se a lucidez e a coragem para enfrentar o impaciente presidente. A vacina, por exemplo, não chegará no tempo desejado por Trump.

Trump quis reabrir a economia e chegou a anunciar a retomada das atividades na Páscoa. Fauci discordou e persistiu no mantra fique-em-casa-e-pratique-o-distanciamento-social para mitigar os efeitos da Covid-19. O presidente capitulou e a contragosto estendeu a quarentena até dia 30.

Entre um cientista preso aos fatos e um presidente apegado à intuição, os americanos preferem obedecer às diretrizes do primeiro: a única forma de abreviar o trágico pesadelo que enreda todo o planeta é permanecer em casa, a despeito da paralisação da economia. Qualquer paralelo entre a tensão instalada entre o presidente Jair Bolsonaro e o ministro Luiz Henrique Mandetta não é mera coincidência.

Fonte: Portal G1

Português “bem dizido”: emprego de algumas palavras e expressões semelhantes.

1. Que ou Quê

  • Que é pronome, conjunção, advérbio ou partícula expletiva.
  • Quê é um substantivo (com o sentido de “alguma coisa”), interjeição (indicando surpresa, espanto) ou pronome em final de frase (imediatamente antes de ponto final, de interrogação ou de exclamação)

Exemplos:
Que você pretende, tratando-me dessa maneira? Você pretende o quê?
Quê!? Quase me esqueço do nosso encontro.

2. Mas ou Mais

  • Mas é uma conjunção adversativa, de mesmo valor que “porém, contudo, todavia, no entanto, entretanto”.
  • Mais é um advérbio de intensidade, mas também pode dar ideia de adição, acréscimo; tem sentido oposto a menos.

Exemplos:
Eu iria ao cinema, mas(porém) não tenho dinheiro.
Ela é a mais (menos) bonita da escola.

3. Onde, Aonde ou Donde

  • Onde significa “em que lugar”.
  • Aonde significa “a que lugar”.
  • Donde significa “de que lugar”.

Exemplos:
Onde (em que lugar) você colocou minha carteira?
Aonde (a que lugar) você vai, menina?
Donde (de que lugar) tu vieste?

4. Mal ou Mau

  • Mal é advérbio, antônimo de “bem”.
  • Mau é adjetivo, antônimo de “bom”.

Exemplo: Ele é um homem mau (não é bom); só pratica o mal (e não o bem).

  • Mal também é substantivo, podendo significar “doença, moléstia, aquilo que é prejudicial ou nocivo”

Exemplo: O mal da sociedade moderna é a violência urbana.

5. A par ou Ao par

  • A par é usado, no sentido de “estar bem informado”, ter conhecimento”.
  • Ao par só é usado para indicar equivalência entre valores cambiais.

Exemplos:
Estou a par de todos os acontecimentos.
O real está ao par do dólar.

6. Ao encontro de ou De encontro a

  • Ao encontro de indica “ser favorável a”, “ter posição convergente” ou “aproximar-se de”.
  • De encontro a indica oposição, choque, colisão.

Exemplo: Suas ideias vêm ao encontro das minhas, mas suas ações vão de encontro ao nosso acordo. (Suas ideias são tais quais as minhas, mas suas ações são contrárias ao nosso acordo)

7. Há ou A na expressão de tempo

  • Há é usado para indicar tempo decorrido.
  • A é usado para indicar tempo futuro.

Exemplos:
Ele partiu há duas semanas.
Estamos a dois dias das eleições.

8. Acerca de, A cerca de ou Há cerca de

  • Acerca de é locução prepositiva equivalente a “sobre, a respeito de”.
  • A cerca de indica aproximação.
  • Há cerca de indica tempo decorrido.

Exemplos:
Estávamos falando acerca de política.
Moro a cerca de 2 Km daqui.
Estamos rompidos há cerca de dois meses.

9. Afim ou A fim de

  • Afim é adjetivo equivalente a “igual, semelhante”.
  • A fim de é locução prepositiva que indica finalidade.

Exemplos:
Nós temos vontades afins.
Ela veio a fim de estudar seriamente.

10. Senão ou Se não

  • Senão significa “caso contrário, a não ser”.
  • Se não ocorre em orações subordinadas adverbiais condicionais; equivale a “caso não”.

Exemplos:
Nada fazia senão reclamar.
Estude bastante, senão não sairá sábado à noite.
Se não estudar, não sairá sábado à noite.

11. Nós viemos ou Nós vimos

  • Nós viemos é o verbo vir no pretérito perfeito do indicativo, ou seja, no passado.
  • Nós vimos é o verbo vir no presente do indicativo.

Exemplos:
Ontem, nós viemos procurá-lo, mas você não estava.
Nós vimos aqui, agora, para conversar sobre nossos problemas.

12. Torcer por ou Torcer para

  • Torcer por, pois o verbo torcer exige esta preposição.
  • Torcer para é usado, quando houver indicação de finalidade, equivalente a “para que”, “a fim de que”.

Exemplos:
Torço pelo Santos.
Torço para que o Santos seja o campeão.

13. Desencargo ou Descargo

  • Desencargo significa “desobrigação de um encargo, de um trabalho, de uma responsabilidade”.
  • Descargo significa “alívio”.

Exemplos:
Filho que se forma é mais um desencargo de família para o pai.
Devolvi o dinheiro por descargo de consciência.

14. Sentar-se na mesa ou Sentar-se à mesa

  • Sentar-se na mesa significa sentar-se sobre a mesa.
  • Sentar-se à mesa significa sentar-se defronte à mesa. O mesmo ocorre com “estar ao computador, ao telefone, ao portão, à janela …

Exemplos:
Sentei-me ao computador para trabalhar.
Sentei-me na mesa, pois não encontrei cadeira alguma.

15. Tilintar ou tiritar

  • Tilintar significa “soar”.
  • Tiritar significa “tremer de frio ou de medo”.

Exemplos:
A campainha tilintava sem parar.
O rapaz tiritava de frio.

16. Ao invés de ou Em vez de

  • Ao invés de indica “oposição, situação contrária”.
  • Em vez de indica “substituição, simples troca”.

Exemplos:
Em vez de ir ao cinema, fui ao teatro.
Descemos, ao invés de subir.

17. Estadia ou Estada

  • Estadia é usado para veículos em geral.
  • Estada é usado para pessoas.

Exemplos:
Foi curta minha estada na cidade.
Paguei a estadia de meu automóvel.

18. A domicílio ou Em domicílio

  • A domicílio só se usa quando dá ideia de movimento.
  • Em domicílio se usa sem ideia de movimento.

Exemplos:
Enviarei a domicílio seus documentos.
Fazemos entregas em domicílio
Levaram a domicílio as compras.
Damos aulas particulares em domicílio.

19. Estágio ou Estádio

  • Estágio é preparação (profissional, escolar ..).
  • Estádio significa “época, fase, período”.

Exemplos:
Estou no primeiro ano de estágio na empresa.
Naquela época o país passava por um estádio de euforia.

20. Perca ou Perda

  • Perca é verbo.
  • Perda é substantivo.

Exemplo: Não perca a paciência, pois essa perda de gols não se repetirá, disse o jogador ao técnico.

21. Despercebido ou Desapercebido

  • Despercebido significa “sem atenção”.
  • Desapercebido significa “desprovido, desprevenido”.

Exemplos:
O fato passou-me totalmente despercebido.
Ele estava desapercebido de dinheiro.

22. Escutar ou Ouvir

  • Escutar significa “estar atento para ouvir”.
  • Ouvir significa “perceber pelo sentido da audição”.

Exemplos:
Escutou, a tarde toda, as reclamações da esposa.
Ao ouvir aquele som estranho, saiu em disparada.

23. Olhar ou Ver

  • Olhar significa “estar atento para ver”.
  • Ver significa “perceber pela visão”.

Exemplo: Quando olhou para o lado, nada viu, pois ele saíra de lá.

24. Haja vista ou Hajam vista

  • Haja vista pode-se usar, havendo ou não a preposição a à frente, estando o substantivo posterior no singular ou no plural.
  • Hajam vista pode-se usar, quando não houver a preposição a à frente e quando o substantivo posterior estiver no plural.

Exemplos:
Haja vista aos problemas.
Haja vista os problemas.
Hajam vista os problemas.