Isto Posto… Chamar o Dunga?

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Muito se falou após a derrota de 7X1 para a Alemanha da necessidade inadiável de mudanças nas estruturas do futebol brasileiro. O país, consternado com a sucumbência humilhante da seleção canarinho frente ao representante maior, hoje, do futebol moderno, versátil e objetivo, conclamava por reformas que pudessem devolver ao país o ‘status’ perdido de celeiro de craques e jogadas invejáveis, que fizeram do Brasil a denominada politicamente de “Pátria de Chuteiras”, fonte de enriquecimento de cartolas e mantra propagandístico utilizado por políticos e governos para exacerbar o patriotismo do povo através de um ufanismo imbecilizante.

No entanto, em que pesem as reivindicações de torcedores e jornalistas, a CBF, gestora maior do futebol arte brasileiro, no primeiro gesto em direção – ou na contramão – das mudanças almejadas por todos anuncia como novo treinador da escrete canarinho o retorno de um velho conhecido, o Dunga, cuja experiência profissional como treinador perpassa pela eliminação da copa de 2010 frente a Holanda e a ausência, desde então, de propostas de trabalho.

Contudo, ingenuidade seria acreditar que outra atitude pudesse ser tomada pelo maior responsável por transformar uma modalidade desportiva tão amada em nosso país num antro de corrupção, traição e mentiras e injustiças como se pode justamente imputar à Confederação Brasileira de Futebol. Pois, a realidade do futebol no Brasil há muito tempo é bem diferente do que se anuncia aos quatros cantos pela imprensa descompromissada a serviço da cartolagem perniciosa.

A face verdadeira do futebol em nosso país se consubstancia, já há tempos elastecidos, numa mentira sem tamanho. E o que o cotidiano nos desvela diz respeito a uma modalidade esportiva desprovida de profissionalismo, e não a profusão de “Neymares”, com mais de cem mil atletas cavando seu pão diário num universo em que pouco menos de cinco por cento consegue auferir com seu trabalho salário maior que o mínimo, enquanto cartolas inescrupulosos se locupletam da noite para o dia.

Isto posto, caro torcedor, não alimente o sonho de que reformas sérias serão feitas no futebol para sanear a sujeira em que os cartolas o transformaram. Continuaremos, sobretudo, assistindo ao espetáculo horrendo da violência e da ganância travestidos de esporte, com estádios vazios, partidas deprimentes num campeonato insípido, porém suficiente para assegurar o lucro de abutres afeitos à fortuna e avessos ao trabalho.

Então, se nada mais se pode fazer, chama o Dunga para conter a choradeira.

Por: Adão Lima de Souza

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