Arquivos mensais: dezembro 2018
Morre Amós Oz, um lutador incansável contra o fanatismo
Mais que um escritor, Amós Oz foi um militante da paz em Israel. Uma das vozes mais eloquentes em defesa da solução de dois estados para dois povos, desde quando isso ainda era um tabu no país, o israelense cultivou o humanismo judaico em sua literatura e ativismo.
Costumava dizer em artigos e palestras ao redor do mundo que a paz não aconteceria sem concessões dos dois lados. Em entrevista ao Estado, em 2011, afirmou que a divisão do território era a única saída para israelenses e palestinos: “Ambos se sentirão amputados. Mas não há outra alternativa”.
O jornalista israelense Ari Shavit o definiu, em seu livro Minha Terra Prometida, como o “profeta da paz, o guru do movimento pela paz, o rabino-chefe da congregação pacifista de Israel”. Oz, no entanto, não se arriscava a prever quando a paz chegaria. Dizia que era difícil ser um profeta na terra das profecias, porque existia muita competição.
Ao longo de sua vida, acumulou discordâncias com sucessivos governos israelenses e também com intelectuais e militantes pró-palestinos. Edward Said, por exemplo, chegou a chamá-lo de “o médico e o monstro”, por seu “caráter esquizofrênico”.
Nos últimos anos, Amós Oz se dedicou também a combater os discursos extremistas. No livro Como Curar um Fanático, sugeriu alguns antídotos do universo literário contra o fanatismo: curiosidade e bom humor. “O humor corrói as bases do fanatismo e a curiosidade agride o fanatismo ao trazer à baila o risco da aventura, questionando, e às vezes até descobrindo que suas próprias respostas estão erradas”, escreveu.
Israel perde, assim, um de seus maiores escritores. Os militantes da paz no Oriente Médio perdem um de seus mais combativos soldados.
Morte de Seixas pode complicar situação de Lula no STF
A morte de Sigmaringa Seixas representa, para Lula, mais do que a perda de um amigo: o advogado era o único interlocutor de absoluta confiança tanto do ex-presidente quanto de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
Se, mesmo com ele, o petista só colheu derrotas na corte, sem ele a situação ficaria ainda mais difícil, analisa um magistrado.
Emotivo, o advogado costumava chorar na época do mensalão, em 2012, ao falar da possibilidade de José Genoino ser condenado. Ele considerava a hipótese uma injustiça e percorreu vários gabinetes do STF defendendo a absolvição do amigo. Em vão.
A prisão de Lula, em abril, também foi um baque: Sigmaringa Seixas chegava a ranger os dentes ao falar sobre ela. E lamentava em especial os votos de ministros como Cármen Lúcia e Edson Fachin, sempre contrários ao petista —numa atitude que, para ele, era decepcionante.
No dia da prisão, Seixas viajou no avião da polícia com Lula e o acompanhou até a sala em que ficaria preso. Os dois arrumaram juntos o lençol na cama do ex-presidente. E o presidente Michel Temer colocou um avião da FAB para transportar o corpo de Seixas de São Paulo a Brasília.
Fonte: Mônica Bergamo – Folha de S.Paulo)
Temer sairá pela porta dos fundos
O presidente Michel Temer decidiu deixar o Palácio do Planalto à paisana após passar a faixa para o sucessor, Jair Bolsonaro. Foi descartada a opção de descer a rampa, o que o deixaria exposto ao público que vai acompanhar o evento.
Pelo roteiro, Temer vai deixar o Palácio do Planalto pelo elevador no momento em que Jair Bolsonaro iniciar seu discurso no parlatório.
Já Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, passou o Natal longe da família, cercado apenas de colegas que estão dando apoio a ele neste momento. O isolamento ocorre desde que o Estado revelou relatório do Coaf mostrando movimentações atípicas na sua conta.
Fonte: Coluna do Estadão
O desafio de Guedes e Moro
As duas principais estrelas do próximo governo, Paulo Guedes (Economia) e Sérgio Moro (Justiça) enfrentarão como entrave à agenda que tentarão implementar a resistência do Congresso, avesso tanto a projetos que cortem gastos públicos quanto àqueles que pretendem endurecer as leis de combate à corrupção.
Em sua coluna na Folha, Bruno Boghossian discorre sobre os obstáculos políticos que a dupla enfrentará. “A lei da sobrevivência política ainda pode impor aos congressistas uma mudança de cálculos. Moro é um personagem popular e a economia precisa de medidas duras para voltar aos trilhos. Se o país não crescer e os políticos continuarem barrando medidas anticorrupção, poucos vão se reeleger em 2022”, ressalva.
Sérgio Cabral negocia sua delação premiada; Judiciário está na oferta
Condenado até agora a 197 anos de prisão, Sérgio Cabral sempre negou ter recebido propinas. Admitia, no máximo, ter usado sobras de campanha para seus luxos. Agora, numa reviravolta em sua resistência em reconhecer o óbvio, Cabral quer fazer uma delação premiada.
O líder máximo da organização criminosa fluminense deu uma procuração para o seu novo advogado, João Bernardo Kappen, negociar a colaboração com o Ministério Público Federal no Rio de Janeiro e com a PGR. Kappen já começou a conversar, ainda em estágio inicial, com autoridades ligadas à Lava-Jato no Rio.
Mas, afinal de contas, o que Cabral teria a contar, após dezenas de delações terem esquadrinhado a roubalheira incrustada no Rio?
O cardápio inicial inclui o Judiciário — tanto o Tribunal de Justiça do Rio quanto o STJ — ex-chefes do MP fluminense, as jogadas nebulosas da Copa do Mundo e da compra de votos para a Olimpíada de 2016, além de detalhamentos de fatos já narrados em outras colaborações.
Extinção do Ministério do Trabalho: só com projeto de lei
A equipe de transição enfrenta uma corrida contra o tempo para formar a estrutura do novo governo, que terá 22 ministérios, com a fusão de pastas e a extinção do Ministério do Trabalho. Segundo informações do Ministério do Planejamento, pasta que passará a integrar o Ministério da Economia, o governo atual precisará editar, nos últimos dias de 2018, uma medida provisória (MP) e diversos decretos para que os futuros ministros e secretários tomem posse em 1º de janeiro.
Por envolver a redistribuição de órgãos em diversas pastas, a extinção do Ministério do Trabalho poderá exigir um projeto de lei. A medida provisória é necessária para a fusão das pastas e a criação das secretarias especiais que herdarão várias funções dos ministérios incorporados. Sem a MP, alguns ministros e secretários nem podem tomar posse. Em tese, o texto pode ser publicado no Diário Oficial da União em edição extraordinária, ou em 31 de dezembro ou em 1º de janeiro.
Orçamento
Além da MP, o governo terá de editar decretos para remanejar a verba de ministérios extintos para os futuros superministérios da Justiça e da Economia. Aprovado na última quarta-feira (19), o Orçamento Geral da União para 2019 estabeleceu as dotações conforme a estrutura atual de governo. O futuro mandatário precisará editar um ou mais decretos de crédito suplementar para remanejar as verbas das pastas que deixarão de existir para os superministérios.
Por: Jornal do Brasi
IPVA terá redução média de 3,2% em 2019
O Governo de Pernambuco informa que o valor do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) terá uma redução média de 3,18% em 2019, em relação a 2018. O percentual é calculado conforme a variação de preços de mercado estipulada pela Fundação Instituto de Pesquisas Aplicáveis (FIPE). No caso dos automóveis foi registrada uma queda de 3,11%, enquanto que os caminhões tiveram uma depreciação de 4,57%.
Os contribuintes que optarem pelo pagamento em cota única, em fevereiro, terão um desconto de 7%. Já os proprietários que decidirem pelo parcelamento em até três vezes irão pagar a primeira prestação também em fevereiro e quitar o IPVA nos meses subsequentes, com a última parcela em abril. As datas de vencimento variam de acordo com o número final da placa dos veículos.
“Mesmo em um cenário econômico ainda bastante adverso, nós conseguimos oferecer a oportunidade para que as pessoas quitem o IPVA com um bom abatimento, além da chance do parcelamento. São medidas que auxiliam tanto a programação financeira da população, quanto o fluxo de caixa do Estado. É importante frisar que metade do valor arrecadado com o tributo é destinada aos municípios”, afirma o secretário da Fazenda, Marcelo Barros.
Os carnês de pagamento começarão a ser enviados pelo Detran-PE aos proprietários a partir de 20 de janeiro de 2019, mas já poderão ser acessados no site do órgão (www.detran.pe.gov.br) no início do ano
Brasil é o 8º país com maior número de mortes de jornalistas
O Brasil termina 2018 como o oitavo país com o maior número de assassinatos de jornalistas no mundo até o momento. No total foram quatro mortes no ano marcado por eleições, o mesmo número registrado nas Filipinas.
Os dados foram divulgados hoje pela entidade Press Emblem Campaign (PEC), com sede na Suíça, e que reúne o número de profissionais mortos em casos relacionados com seu trabalho. No total, foram registrados 113 assassinatos de jornalistas em 2018, um aumento de 14% em comparação a 2017.
O maior número de vítimas foi registrado no Afeganistão e México, cada um com 17 casos. Na Síria, foram onze mortos, contra oito no Iêmen e na Índia. Seis mortes no jornal Capital Gazette ainda colocaram os americanos entre os países com a maior taxa de vítimas, seguidos pelo Paquistão, com cinco assassinatos.
No caso do Brasil, a entidade indica que Ueliton Bayer Brizon, do Jornal de Rondônia, foi morto em janeiro deste ano. Naquele mesmo mês, Jefferson Pureza Lopes, da rádio Beira Rio FM de Goiás, também foi assassinado. Em junho, Jairo Sousa, da Rádio Pérola (Pará) se somou à lista das vítimas. Já Marlon Carvalho, das rádios Gazeta/Jacuipe, na Bahia, foi morto em agosto.
O Brasil ainda aparece entre os nove lugares mais perigosos para se trabalhar como jornalista nos últimos cinco anos. Foram 22 mortes entre 2014 e 2018, o mesmo número registrado na Somália e não distante dos 29 casos no Iêmen.
Mulheres
Outra constatação do levantamento foi o número elevado de mulheres mortas cumprindo sua profissão de jornalista. Em 2016, foram cinco casos, contra 17 em 2017. Para 2018, o levantamento aponta para sete vítimas.
Por regiões, a mais perigosa continua sendo a Ásia, contra 36 mortes de jornalistas em 2018. Mas a América Latina vem em segundo lugar, com 32 vítimas e superando o Oriente Médio, com 24 mortes.
Em uma década, a entidade estima que 1,2 mil jornalistas foram mortos pelo mundo cumprindo sua missão de informar. Isso representa mais de dois casos por semana. De acordo com a PEC, a comunidade internacional está longe de conseguir adotar a meta da Unesco de reduzir em 50% o número de mortes entre os jornalistas.
Associação repudia violência
O jornalista Daniel Bramatti, presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), afirma que, no Brasil, as mortes de jornalistas ocorrem com maior frequência em cidades pequenas, onde há disputa por parcos recursos e os profissionais se tornam alvo após denunciar desvios. “Esses crimes se inserem no contexto da violência política. Mas ninguém deve ser morto em razão do que fala ou escreve. Nossa meta é acabar com a impunidade e zerar essa contagem”, diz.
Bramatti explica que a entidade tem um programa intitulado Tim Lopes, que combate à impunidade de crimes contra jornalistas e comunicadores. O projeto já investigou os dois casos com mais indícios de relação entre o assassinato e a atividade profissional da vítima. “Nos dois episódios, as autoridades foram pressionadas a apurar os crimes, e em ambos houve prisão de suspeitos, um passo importante para que se faça justiça”.
Por: O Estado de S.Paulo