Arquivos mensais: agosto 2018
Tumulto e manifestações na convenção nacional do PSB
Em uma convenção nacional conturbada, o PSB oficializou neste domingo (5), a decisão de não coligar com nenhum outro partido na disputa à Presidência da República nas eleições 2018. A votação foi simbólica.
O resultado faz parte de um acordo que a sigla fez com o PT na semana passada. Assim, os candidatos aos governos estaduais poderão levar para seus palanques o apoio a qualquer outro postulante ao Palácio do Planalto de acordo com os interesses regionais.
A convenção, no entanto, foi marcada por tumultos e manifestações de grupos que defendiam o apoio formal ao candidato do PDT, Ciro Gomes. O presidente da sigla, Carlos Siqueira, lembrou que o partido tentou ter um candidato próprio com a indicação do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa mas, diante da sua negação, a sigla ficou “sem opção”.
Ele também rechaçou o termo “neutralidade” e disse que a decisão é a de não coligar com os candidatos que se colocaram na disputa ao Palácio do Planalto. “Isso não significa neutralidade, porque neutralidade não existe nem nas pessoas e nem nos partidos”, disse.
Siqueira disse ainda que a atuação do PSB no pleito eleitoral será grande já que, em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto está Jair Bolsonaro (PSL), e o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, está preso. Antes da votação, o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, fez um breve discurso em que pediu que os convencionais decidissem pelo apoio a Ciro Gomes.
A posição do PSB foi tomada após um acordo fechado com o PT na semana passada para desidratar a campanha de Ciro Gomes. A costura entre as cúpulas dos dois partidos, no entanto, sacrificou candidaturas regionais dos dois partidos e gerou reações indignadas em Pernambuco e Minas Gerais.
A legenda petista articulou um processo de asfixia da candidatura de Ciro para manter a hegemonia no campo da esquerda mesmo com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva preso e condenado na Lava Jato – apesar da prisão e potencial inelegibilidade de Lula com base na Lei da Ficha Limpa, o partido vai anunciá-lo oficialmente como candidato.
DRONES EXPLODEM DURANTE DISCURSO DE MADURO, QUE SAI ILESO, DIZ CARACAS
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, interrompeu de modo abrupto um discurso transmitido pela TV neste sábado (4) e os soldados presentes saíram correndo após várias explosões, no que Caracas qualificou como uma tentativa de ataque contra o venezuelano. Maduro não foi ferido.
Segundo o ministro da Informação, Jorge Rodríguez, drones armados com explosivos detonaram próximo do local do discurso, em um evento comemorativo dos 81 anos da Guarda Nacional, em Caracas. Sete soldados ficaram feridos e foram hospitalizados.
“Trata-se de um atentado contra a figura do presidente Nicolás Maduro”, disse .
“Exatamente às 17h41 [horário local; 18h41 em Brasília], diversas explosões foram ouvidas”, afirmou. “A investigação claramente mostra que elas vieram de dispositivos parecidos com drones que levavam explosivos.”
Bombeiros contradizem a versão oficial. Três oficiais falaram à agência Associated Press em condição de anonimato que um tanque de gás explodiu em um apartamento nas proximidades do evento.
Horas depois do incidente, Maduro fez um pronunciamento na TV. Disse que inicialmente pensou que fosse um problema de mal funcionamento no evento, até que ouviu a segunda explosão.
“As investigações começaram imediatamente e alguns responsáveis já foram presos”, afirmou.
Essas investigações, disse o ditador, apontam para envolvimento da “extrema-direita” e da Colômbia no caso.
Maduro disse ainda que várias pessoas que “planejaram e financiaram” o ataque estão na Flórida e pediu cooperação do presidente dos EUA, Donald Trump.
Nem Colômbia nem os EUA haviam se pronunciado até o encerramento desta edição.
O vídeo mostra Maduro falando sobre a economia venezuelana quando o áudio para. Ele e outros no palanque olham para cima, assustados.
Maduro estava acompanhado da mulher, Cilia Flores, e diversos militares de alta patente. Flores estremece e se apoia na pessoa ao lado.
“Vamos apostar no bem do nosso país. A hora da recuperação chegou”, dizia o ditador no momento em que a câmera se desviou dele.
A câmera então mostra dezenas de soldados correndo, e a transmissão para.
Em um vídeo postado nas redes sociais, uma mulher filma a cerimônia de um prédio nas proximidades e diz ouvir duas explosões.
“Correndo feito ratos”, ela diz, em referência às autoridades. “Todos os carros chiques da elite tentando sair ao mesmo tempo.”
O regime venezuelano frequentemente acusa a oposição de planejar ataques para derrubar Maduro, reeleito recentemente em um pleito contestado por vários países.
“A direita insiste na violência para tomar os espaços públicos que não conseguem ganhar o voto”, disse Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Constituinte chavista, após o incidente, que chamou de um “atentado terrorista”.
A Venezuela vive atualmente seu quinto ano de uma severa crise econômica que provocou desnutrição, hiperinflação e emigração em massa, em meio a uma concentração de poder nas mãos dos chavistas.
No ano passado, o policial rebelde Óscar Pérez sequestrou um helicóptero e disparou contra prédios governamentais no que ele disse ser uma ação contra o ditador. Pérez foi perseguido, capturado e morto por forças venezuelanas em janeiro.
Um capitão da Guarda Nacional, Juan Carlos Caguaripano, atacou no começo do ano passado uma base militar com um grupo de oficiais e ex-oficiais. Ele foi capturado pouco tempo depois.