Arquivos diários: 16 de abril de 2018

Dodge defende prisão após 2ª instância e redução do foro privilegiado para reforçar autoridade do Judiciário

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, voltou a defender nesta segunda-feira (16) a possibilidade de executar pena de prisão após condenação em segunda instância e a redução do foro privilegiado para políticos e autoridades nas cortes superiores.

Durante palestra num congresso na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, ela disse que tais medidas reforçam a autoridade dos juízes de primeira instância e dos tribunais de segunda instância.

“Nos acostumamos a um modelo em que a autoridade do juiz e do tribunal de segunda instância era muito fragilizada em um sistema de quatro instâncias. Ficava-se sempre aguardando a resposta de cortes superiores”, afirmou a procuradora para uma palestra formada de estudantes de Direito.

“Esse sistema tem restabelecido, o que em qualquer pais é muito importante, a autoridade do Judiciário desde a primeira instância. É um fator que tem sido compreendido pela população como relevante, e acho que é muito essencial. Cada juiz precisa ter a autoridade da sua própria decisão garantida”, disse a procuradora-geral sobre a execução da pena”, completou Dodge.

Em 2016, a Procuradoria Geral da República (PGR) defendeu a possibilidade de prender um criminoso após a condenação em segunda instância, tese aprovada no Supremo Tribunal Federal (STF) por maioria de 6 votos a 5. No entanto, recentemente, cresceu a pressão sobre a Corte para rever essa possibilidade.

Defensores da prisão após segunda instância alegam que, de outro modo, réus com condições de pagar bons advogados podem arrastar o processo por meses e até décadas.

Do outro lado, quem é contra esse entendimento afirma que ele fere a Constituição e a presunção de inocência. O caso de maior repercussão recente de um réu preso após condenação em segunda instância é do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Foro privilegiado

Na palestra, Dodge foi questionada se vê uma tendência em diminuir o alcance do foro privilegiado – no STF, já existem 8 votos a favor de mandar à primeira instância investigações de autoridades não relacionadas ao cargo; o julgamento será retomado no próximo dia 2 de maio.

Para ela, o foro privilegiado gerou um sistema em que há “apropriação de recursos públicos, corrupção generalizada e enraizada nas nossas estruturas de poder”.

“Não só porque define lugar especial para esses réus, mas também porque alimenta a ideia de que o juiz federal, de primeira instância, não tem credibilidade suficiente para julgar essas pessoas. O que temos que fazer é caminhar num modelo oposto”, defendeu a procuradora-geral.

Dodge falou ainda sobre os avanços na lei e na jurisprudência nos últimos anos que permitiram, segundo ela, o sucesso da Operação Lava Jato. Ao final, questionada sobre interferências políticas nas investigações, respondeu que a Constituição de 1988 trouxe garantias aos juízes e procuradores para protegê-los de pressões externas.

“O modo como são recrutados, via concurso baseado no mérito, também imuniza. São mecanismos adotados em países mais democráticos do mundo. Criamos mesmos mecanismos e os adotamos. É preciso assumir com coragem esse papel e exercê-lo de acordo com as garantias que temos. Isso temos conseguido e nos últimos quatro anos o sucesso da lava jato demonstra que podem agir sem medo”, disse.

Fonte: Portal G1

SD lança pré-candidatura de Aldo Rebelo à Presidência

O ex-ministro Aldo Rebelo foi lançado, na tarde de hoje, pré-candidato à Presidência da República pelo Solidariedade. O anúncio foi feito na sede do partido em São Paulo, na Vila Mariana, Zona Sul da cidade.

“O lugar que sempre coube, por tradição, às candidaturas identificadas com o interesse nacional, com o desenvolvimento, com o crescimento da economia, com a redução das desigualdades e com a valorização da democracia e da tolerância”, disse sobre o espaço que pretende ocupar na corrida eleitoral.

Ele se filiou recentemente ao partido de Paulinho da Força, após deixar o PSB por discordar com entrada do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa.

“Eu não considerei a candidatura do ex-ministro Joaquim Barbosa nem um perigo, nem uma ameaça para ninguém. Apenas a agenda que eu suponho que ele defenda não tem semelhança com a agenda que eu sempre defendi. E como havia uma inclinação do partido pela candidatura do ex-ministro, eu preferi naturalmente deixar o partido à vontade. E procurar, já que havia um convite, uma legenda que tem identidade com meu pensamento, com minha trajetória, com os meus valores e com as perspectivas que eu vejo como promissoras para o Brasil”, afirmou sobre a mudança.

Aldo Rebelo fez parte dos governos Lula e Dilma. É também ex-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) e um dos criadores da União da Juventude Socialista, vinculada ao PCdoB, partido no qual permaneceu por 40 anos, de 1977 a 2017.

Um dos principais quadros da história do PCdoB, Aldo Rebelo foi ministro das Relações Institucionais entre 2004 e 2005, no governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

De 2005 a 2007, Aldo Rebelo presidiu a Câmara dos Deputados.

Torcedor do Palmeiras, ele comandou, no governo Dilma Rousseff, os ministérios do Esporte (2011-2014), da Ciência e Tecnologia (2015) e da Defesa (2015-2016).

Durante o governo Dilma, Aldo se tornou um dos principais conselheiros da então presidente, participando semanalmente da reunião da coordenação política, grupo criado por ela para definir as estratégias do governo para aprovar medidas no Congresso.

Durante a crise política do governo Dilma, que resultou no impeachment da ex-presidente, Aldo Rebelo chegou a depor à comissão especial do Senado como testemunha de defesa. O PCdoB se posicionou contra o impeachment.

Sérgio Moro diz que foro privilegiado é “escudo”

A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o assunto, marcada para o dia 2 de maio, deverá reduzir a abrangência do foro privilegiado, mas sua total eliminação só será possível por meio de uma emenda constitucional. Questionado se o fim do instituto não traria o risco de pressão política sobre decisões de juízes de primeira instância, Moro disse que outros atores atuam no processo, como o Ministério Público, e manifestou esperança de que a “sociedade civil” fiscalize o Judiciário.

“Toda mudança tem benefícios e, eventualmente, efeitos colaterais”, afirmou, ressaltando que o foro privilegiado não funciona na prática. “A vida é um experimento. Governar também é, e leis também são”, afirmou em entrevista durante simpósio legal realizado na Faculdade de Direito da Universidade de Harvard.

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, também defendeu o fim do foro privilegiado, que violaria o princípio constitucional de que todos são iguais perante a lei. Para ela, o instituto é um dos elementos que contribuíram para o sistema de corrupção existente no Brasil. Dodge afirmou que a extinção do privilégio aumentará a credibilidade dos juízes de primeira instância.

“Uma das grandes lições da Lava Jato é que as respostas mais efetivas e firmes contra a corrupção vieram de juízes que estão no primeiro grau da carreira e, não por acaso, dois deles estão aqui neste evento”, declarou Dodge no mesmo evento, referindo-se a Moro e a Marcelo Bretas, juiz da Lava Jato no Rio de Janeiro.